23 de julho de 2021

THE ALLMAN BROTHERS BAND - IDLEWILD SOUTH (1970)

 


Idlewild South é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana chamada The Allman Brothers Band. O lançamento oficial do disco aconteceu em 23 de setembro de 1970, através dos selos Atco e Capricorn. As gravações ocorreram entre fevereiro e julho daquele mesmo ano, nos estúdios Capricorn Sound (em Macon), Criteria e Atlantic South (em Miami) e Regent Sound (em New York City); todos nos Estados Unidos. A produção ficou majoritariamente com Tom Dowd e também com Joel Dorn.

 

Esta é a segunda vez que o site aborda a The Allman Brothers Band e, para aqueles que desejarem mais informações, deixamos o link AQUI.




 

Antecedentes

 

Em 1970, a The Allman Brothers Band era formada pelo vocalista/organista Gregg Allman, pelos guitarristas Duane Allman e Dickey Betts, pelo baixista Berry Oakley e pelos bateristas Jai Johanny Johanson e Butch Trucks.

 

A The Allman Brothers Band foi formada em março de 1969, e começou a escrever músicas e a fazer turnês juntos. Naquele mês de agosto, o grupo gravou seu álbum de estreia autointitulado, que foi lançado em novembro pela Capricorn Records, uma divisão da Atlantic Records.

 

O disco recebeu uma resposta comercial pobre, vendendo menos de 35 mil cópias no lançamento inicial. Executivos da gravadora sugeriram ao empresário da banda e presidente da Capricorn, Phil Walden, que ele mudasse o grupo para Nova York ou Los Angeles a fim de aumentar sua exposição. "Eles queriam que agíssemos como uma banda de rock "e nós apenas lhes dissemos para "se foderem"”, lembrou Trucks.

 

De sua parte, os membros da banda permaneceram otimistas, optando por ficar no Sul. "Disseram-nos que cairíamos no esquecimento lá", disse Gregg Allman, mas a colaboração entre a banda e a Capricorn Records “ transformou Macon de uma cidadezinha sonolenta em um lugar muito moderno, selvagem e louco; cheio de motociclistas e roqueiros ".

 

Em março de 1970, a esposa de Oakley alugou uma grande casa vitoriana na 2321 Avenida Vineville, em Macon, que eles apelidaram de “a Casa Grande".

 

Idlewild South foi o primeiro esforço da banda com Tom Dowd, conhecido por seu trabalho com Cream e John Coltrane. Dowd ouviu a banda ensaiando pela primeira vez enquanto visitava o Capricorn Sound Studios, em Macon, perguntando o nome deles e comentando com Walden: "Tire-os de lá e os entregue no estúdio. Eles não precisam ensaiar; eles estão prontos para gravar".

 

Dowd foi inicialmente escalado para trabalhar com a banda em seu álbum de estreia, mas foi impedido no último minuto. Inicialmente, o conjunto pediu ao amigo e colega Johnny Sandlin para produzir seu segundo álbum, mas conforme a gravação se aproximava, tornou-se óbvio que queriam que ele coproduzisse o disco com Dowd.

 

Em uma de suas primeiras sessões, Sandlin estava dando sugestões e atuando como coprodutor, embora ninguém tivesse informado Dowd; Sandlin ficou constrangido e não retornaria ao estúdio.


Duane Allman


 

Gravações

 

As primeiras sessões de gravação para Idlewild South ocorreram em meados de fevereiro de 1970, no recém-construído Capricorn Sound Studios, em Macon.

 

Posteriormente, a banda mudou-se para o Criteria Studios, em Miami, em meados de março, onde Dowd se sentia mais confortável produzindo álbuns; já que ele via o então novo estúdio da Capricorn como um trabalho em andamento e impróprio para gravar.

 

O grupo estava constantemente na estrada enquanto Idlewild South era desenvolvido, levando a um processo de gravação fraturado e concluído aos trancos e barrancos. Eles se reuniram novamente com Dowd durante pequenas pausas nos shows.

 

Além disso, o líder do grupo, Duane Allman ainda recebeu convites para tocar como músico de sessão em outro lugar; nas "raras ocasiões em que [a banda] poderia retornar a Macon para um breve intervalo", Allman pegava a estrada para Nova York, Miami ou Muscle Shoals para contribuir com as sessões de outros artistas.

 

Nos dias em que a banda estaria disponível, o empresário Walden ligava a Dowd para informá-lo; ele costumava assistir ao show deles e passar o resto da noite no estúdio. Depois de quase meio ano e mais de três estúdios de gravação diferentes, a produção foi encerrada em julho de 1970.

 

A The Allman Brothers Band optou por gravar a maior parte de Idlewild South ao vivo, com todos os músicos tocando juntos. Em raras ocasiões, eles voltariam para seções de overdub, pois não estavam de acordo com o padrão.

 

"A ideia é que parte da coisa dos Allman Brothers é a espontaneidade - a elasticidade. As partes e os tempos variam de uma forma que só eles são sensíveis", disse Dowd.

 

Duane frequentemente deixava uma música sozinha para mais trabalho e testes na estrada.

 

Joel Dorn, predominantemente um produtor de jazz da Atlantic, entrou em cena para produzir uma música do álbum, "Please Call Home", que foi gravada no Regency Sound Studios, em 14 de julho de 1970. O grupo estava em Nova York na época e Dowd não estava disponível.

 

Após o processo de gravação, Duane foi convidado a se juntar a Eric Clapton e seu novo grupo Derek & the Dominos na gravação de seu álbum de estreia, Layla and Other Assorted Love Songs. Clapton, mais tarde, convidou formalmente Allman para se juntar ao grupo, mas ele recusou relutantemente, expressando lealdade aos membros da Allman Brothers e o conceito musical que a originou.


Gregg Allman


 

Ideias Musicais

 

"Revival" inicialmente tomou forma como instrumental, com a letra como uma reflexão tardia. A canção assume decididamente um toque gospel no meio do caminho, acentuado por "palmas de mão parecidas com as de uma igreja".

 

"Don't Keep Me Wonderin", escrita por Gregg Allman, com Duane na guitarra slide e Thom Doucette na gaita. "Midnight Rider" se desenvolveu rapidamente e trazia letras contribuídas pelo roadie Robert Payne, que deu uma sugestão a Gregg Allman enquanto estavam juntos em seu armazém de equipamentos. Como não tinham uma chave do então próximo Capricorn Sound Studios, a dupla invadiu o estúdio e gravou uma demo rápida com Twiggs Lyndon no baixo e Johanson nas congas.

 

Duane eventualmente criou as linhas de violão para "Revival" e "Midnight Rider", já que ele foi mais rápido para gravar e mais experiente tecnicamente devido ao seu trabalho de sessão no Muscle Shoals.

 

"In Memory of Elizabeth Reed" foi inspirada por uma mulher com quem Betts estava envolvido em Macon, a namorada do músico Boz Scaggs. Para disfarçar sua identidade, a canção recebeu o nome de uma lápide que Betts viu no cemitério Rose Hill, onde os membros da banda costumavam se aventurar em seus primeiros dias para relaxar e escrever canções. Esta é uma lenda consideravelmente desenvolvida sobre a gênese da canção, muito alimentada por uma entrevista improvisada que Duane Allman deu à revista Rolling Stone. A canção é a primeira composição de Betts gravada pela banda.

 

"Hoochie Coochie Man" foi o rearranjo da banda para uma melodia de Muddy Waters escolhida pelo baixista Berry Oakley e também oriunda dos dias de Betts tocando-a em sua banda anterior, The Second Coming. Apresentando Oakley em seu único vocal no estúdio, é quase duas vezes mais rápida que o original de Waters.

 

"Please Call Home" foi gravada em Nova York com o produtor de jazz Joel Dorn em duas tomadas. “Leave My Blues at Home" contém toques de funk e um fade out estendido nas guitarras gêmeas da banda.

 

Título do Disco

 

O nome do álbum veio do apelido da banda para uma cabana, de 165 dólares mensais, que o grupo alugou em um lago fora de Macon, no início de seus dias lá, as idas e vindas ocupadas que os lembravam do Aeroporto Idlewild na cidade de Nova York.

 

Idlewild South era o lar de ensaios e festas e era "onde a irmandade aconteceu", de acordo com o roadie Kim Payne; "Houve um pacto feito lá em torno de uma fogueira - todos por um e um por todos. Todos acreditaram [na banda] 100 por cento".

 

De acordo com Linda Oakley, esposa do baixista Oakley, o grupo manteve uma festa de véspera de ano novo em 1970, onde eles, à meia-noite, se juntaram em um coro de "Will the Circle Be Unbroken". "Foi um momento crucial, um testamento de amor", disse ela. Muito do material apresentado no álbum se originou naquela cabana.


A formação clássica da banda


 

Vamos às faixas:

 

REVIVAL

 

A ótima “Revival” abre o disco com um clima bastante divertido e uma inegável pegada country.

 

A letra menciona amor livre:

 

People can you feel it? Love is everywhere.

People can you hear it? Love is in the air.

We're in a revolution. Don't you know we're right.

Everyone is singing. Yeah! There'll be no one to fight




 

Em sua primeira contribuição como compositor para a banda, o guitarrista Dickey Betts inicialmente compôs "Revival" como instrumental. Ele começou a cantar junto, e as letras vieram como uma reflexão tardia, o que não era típico.

 

Betts tendia a compor canções instrumentais naturalmente; comentando mais tarde: "Você tem que ter uma abordagem totalmente diferente; um instrumental tem que ser realmente cativante e quando você consegue é muito satisfatório porque você transcendeu as palavras e se comunicou com emoção".

 

Duane Allman toca o violão ouvido em "Revival", já que ele era melhor em obter um bom som acústico devido à sua experiência em estúdio.

 

A faixa foi lançada como single e atingiu a 92ª na principal parada norte-americana desta natureza.

 

DON’T KEEP ME WONDERIN’

 

Guitarras afiadas e vocais mais “agressivos” marcam outra grande música, “Don’t Keep Me Wonderin’”.

 

A letra fala sobre um relacionamento:

 

Oh, tell me 'bout the car I saw,

parked outside your door,

tell me what you left me waiting,

two or three hours for

 

MIDNIGHT RIDER

 

A pegada bluesy e os ótimos vocais de Gregg marcam um verdadeiro clássico, “Midnight Rider”.

 

A letra fala sobre um homem em uma corrida:

 

Well, I've got to run to keep from hiding

And I'm bound to keep on riding

And I've got one more silver dollar

But I'm not gonna let them catch me, no

Not gonna let 'em catch the midnight rider




 

O arranjo dos versos apresenta o violão de Duane Allman carregando as mudanças da música, sustentado por uma seção rítmica guiada por congas e um órgão. As frases da guitarra solo de Dickey Betts ornamentam os refrãos e a pausa instrumental, enquanto o canto poderoso e cheio de alma de Gregg Allman, com reverberação que produz harmonia, fez com que a música se tornasse conhecida por alguns como a peça de assinatura de Allman.

 

A canção foi lançada como single e não conseguiu emplacar em nenhuma parada de sucesso. Versões cover de sucesso foram gravadas por Joe Cocker, Paul Davidson e Willie Nelson.

 

IN MEMORY OF ELIZABETH REED

 

A bela instrumental “In Memory of Elizabeth Reed” traz um inegável clima de ‘jam session’.

 

HOOCHIE COOCHIE MAN

 

“Hoochie Coochie Man” é um Blues Rock vigoroso, com ótima atuação de Duane Allman na guitarra.

 

A letra é em tom divertido:

 

I'll make all you little girls,

turn your heads around.

Then I'm gonna take you little girls,

gonna take you right on down... with me yeah

 

Trata-se de uma versão para a música de mesmo nome, originalmente composta por Willie Dixon.

 

PLEASE CALL HOME

 

A belíssima balada “Please Call Home” quebra o ritmo do disco, mas de maneira orgânica e – porque não – brilhante.

 

A letra mostra um certo conformismo:

 

I guess I saw it comin day by day.

But, oh, I could not stand the failure.

Before you leave, there's just one thing I must say,

Please, call home if ya change your mind.

Oh, I don't mind.

 

LEAVE MY BLUES AT HOME

 

O álbum se encerra com a ótima pegada Blues Rock na memorável “Leave My Blues at Home”.

 

A letra menciona um romance:

 

And I feel I have to scream

whenever I get the notion.

And though I try so hard,

I can't hold back my emotions

 

Considerações Finais

 

Idlewild South conseguiu atingir a principal parada norte-americana de álbuns, conquistando a 38ª posição.

 

Em comparação com a estreia do conjunto, o disco vendeu apenas "um pouco melhor, apesar da crescente reputação nacional da banda, e incluiu canções que se tornariam a base de seu repertório - e, eventualmente, das rádios de rock".

 

Jim Hawkins, engenheiro do álbum, lembrou que Walden o informou que Idlewild South foi lançado com 50 mil cópias em sua primeira semana, antes de se estabelecer em mil por semana.

 

Enquanto o álbum ajudou a aumentar a popularidade do grupo, o nome da Allman Brothers realmente cresceu em fama devido às suas apresentações ao vivo. Walden duvidou do futuro da banda, preocupado se eles se estabeleceriam, mas o boca a boca se espalhou devido à agenda de turnês implacável da banda, e as multidões aumentaram.

 

Ed Leimbacher, da Rolling Stone, escreveu que Idlewild South "é um bom presságio para o futuro dos Allmans", chamando-o de "um grande passo à frente do primeiro", mas considerou o segundo lado do LP uma decepção. Robert Christgau, do The Village Voice, deu ao álbum um "B +" e o considerou uma peça complementar ao trabalho de Duane Allman em Layla, observando que "muitas pessoas pensam que Duane Allman já é um titã no ranking da guitarra elétrica”.

 

Uma revisão retrospectiva, de nota máxima, de Bruce Eder na Allmusic, considerou-o "o melhor álbum de estúdio da história do grupo, blues elétrico com uma textura acústica, solo virtuoso, slide e órgão tocando, e uma seleção matadora de canções".

 

Em 2014, a revista Rolling Stone listou-o entre os álbuns mais "inovadores", cobrindo seu impacto no Southern rock: "Em seu segundo álbum, os Allman Brothers se transformaram de meros roqueiros de blues em uma montagem criando um tipo inteiramente novo de música sulista".

 

A sorte do conjunto começou a mudar ao longo de 1971, quando o ganho médio da banda dobrou. "Percebemos que o público era uma grande parte do que fazíamos, que não podia ser duplicado em um estúdio. Uma lâmpada finalmente se apagou; precisávamos fazer um álbum ao vivo", disse Gregg Allman.

 

At Fillmore East foi gravado em três noites - 11, 12 e 13 de março de 1971 - no Fillmore East em Nova York, pelo qual a banda recebeu 1.250 dólares por noite.

 

At Fillmore East foi lançado em julho de 1971, pela Capricorn Records, como um álbum duplo, pelo preço de um único LP. Enquanto os discos anteriores da banda levaram meses para chegar às paradas (muitas vezes perto do final do top 200), o álbum começou a subir nas paradas depois de alguns dias.




 

Formação:

Gregg Allman - Voz, Órgão, Piano

Duane Allman - Guitarra slide, Guitarra solo, Violão

Dickey Betts - Guitarra solo

Berry Oakley - Baixo, Voz em "Hoochie Coochie Man"

Jai Johanny Johanson - Bateria, Congas, Timbales, Percussão

Butch Trucks - Bateria

Músicos Adicionais:

Thom Doucette - Gaita, Percussão

 

Faixas:

1. Revival (Betts) - 4:04

2. Don't Keep Me Wonderin' (G. Allman) - 3:40

3. Midnight Rider (Allman/Payne) - 3:00

4. In Memory of Elizabeth Reed (Betts) - 6:54

5. Hoochie Coochie Man (Dixon) - 4:54

6. Please Call Home (G. Allman) - 4:00

7. Leave My Blues at Home (G. Allman) - 4:15

 

Letras:

Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/allman-brothers-band/

 

Opinião do Blog:

A The Allman Brothers Band é uma verdadeira instituição do Rock ‘n’ Roll. Uma das mais incríveis bandas da história do estilo.

 

Seu segundo álbum, Idlewild South, traz o estilo que consagrou a banda: um Rock divertido, repleto de melodia e com as influências da música ‘sulista’ norte-americana. Este caldeirão musical produziu canções memoráveis e que seriam influências diretas para o nascente ‘Southern Rock’.

 

Em um disco sem músicas de enchimento, as preferidas do Blog são a versão matadora para “Hoochie Coochie Man”, a lindíssima “Please Call Home” e a clássica “Midnight Rider”.

 

Enfim, Idlewild South é um dos grandes álbuns da história do Rock e uma obra inegavelmente influente. O registro definitivo do talento do grande guitarrista Duane Allman e a prova de que a The Allman Brothers Band é uma verdadeira referência para fãs do Rock ‘n’ Roll.

6 comentários:

  1. GOSTO DE TODOS OS ÁLBUNS DO A.B.B., PENA QUE NÃO TEREMOS MAIS...

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    1. É uma pena mesmo. Ainda bem que temos os discos para ouvirmos.

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  2. Lenda do rock, pena que o tempo passou.

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  3. É triste ver que somente Dickey Betts e Jaimoe ainda estão por aí... Duane e Berry nos deixaram cedo demais, Gregg e Butch ainda nos presentearam com boa música por bastante tempo, mas a magia dos quatro primeiros discos da Allman Brothers Band nunca foi repetida. Os dois primeiros discos do grupo empalidecem diante do monumento que é o "At Fillmore East", mas são bons em si. Tenho-os na coletânea "Begginings", que reúne os dois primeiros LPs da banda num único CD, bastante conveniente para quem tem problema de espaço em casa; soube que nela o 1º LP foi remixado pelo Tom Dowd, mas, sinceramente, não vi diferença. Enfim, disco obrigatório para quem gosta do rock da passagem dos anos 60 para os 70.

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    1. Eu sempre preferi discos de estúdio e acho que os 4 primeiros discos do grupo são atemporais. É uma banda praticamente obrigatória, pois o que criaram é inspiração pra todo mundo que curte boa música, claro, na minha opinião.

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