9 de novembro de 2015

FREE - FREE (1969)


Free é o segundo álbum de estúdio da banda britânica de mesmo nome, ou seja, o Free. Seu lançamento oficial ocorreu em outubro de 1969 pelo selo Island Records. As gravações se deram entre janeiro e junho daquele mesmo ano, nos estúdios Morgan Studios e Trident Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção ficou por conta de Chris Blackwell.

O Blog tem como um de seus melhores posts aquele sobre o álbum Fire And Water (1970), justamente do Free, que pode ser visto aqui. Brevemente, far-se-á uma pequena introdução sobre o grupo para depois se analisar o álbum.


Tons Of Sobs, primeiro álbum do Free, foi lançado no Reino Unido em 14 de março de 1969. O estilo proposto em sua estreia é predominantemente o Blues Rock.

Embora o álbum não houvesse conseguido repercutir nas paradas de sucesso do Reino Unido, chegou ao humilde 197º lugar nos Estados Unidos.

O Free era uma nova banda quando gravou Tons Of Sobs e seus músicos eram extremamente jovens; nenhum deles havia feito vinte anos e o mais jovem, o baixista Andy Fraser, estava com apenas 16 anos de idade.

O grupo havia conseguido uma boa experiência através de constantes turnês, sendo que seu álbum de estreia consistiu na maior parte de seu set-list ao vivo.

Quando a banda assinou contrato com a Island Records, de Chris Blackwell, Guy Stevens foi contratado para produzir o álbum (e ele mais tarde se tornaria inesquecível produzindo os primeiros álbuns do Mott the Hoople e do lendário álbum do The Clash, London Calling, de 1979).

Andy Fraser
Ele optou por uma atitude minimalista na produção, muito devido ao extremamente baixo orçamento de cerca de 800 libras, criando um som muito cru e estridente. Embora a relativa inexperiência da banda, com estúdios, também fosse um fator que contribuiu para o resultado final da produção.

Mesmo assim, o trabalho traz canções memoráveis como “Walk In My Shadow” e “I'm A Mover”.

Mas o Free conquistaria o público através de suas performances impressionantes nos shows da banda.

Na turnê para divulgar seu primeiro trabalho, o Free faria shows de abertura para o Blind Faith (de Eric Clapton) no Reino Unido e depois seguindo para a Europa onde fariam a abertura de bandas como Spooky Tooth e Jethro Tull.

Entre a turnê de divulgação para seu trabalho de estreia, o Free intercalava sessões de estúdio já trabalhando para seu segundo disco, desta feita autointitulado.

Há uma diferença marcante na musicalidade da banda para seu segundo trabalho, bem como na voz de Paul Rodgers. Se Tons Of Sobs havia sido produzido por Guy Stevens, Free foi produzido pelo próprio chefe da Island Records, Chris Blackwell.

Este álbum viu o florescimento da parceria musical entre Paul Rodgers e o baixista Andy Fraser, que havia sido vislumbrado em Tons Of Sobs em canções como “I'm A Mover”, sendo que oito das nove faixas são creditadas à parceria Fraser e Rodgers.

Possivelmente, como um dos resultados da influência de Fraser como compositor, o baixo é muito mais proeminente neste trabalho em relação ao álbum anterior. O instrumento é usado como uma guitarra-base, dirigindo as músicas, enquanto a guitarra de Kossoff se desenvolve a partir dele.

O álbum é notável por sua capa extremamente inovadora e impressionante, creditada a Ron Rafaelli, da The Visual Thing Inc. Ele é destaque no livro 100 Best Album Covers, ao lado de exemplos mais conhecidos, como a lendária capa, de autoria de Peter Blake, para Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967), dos Beatles.

Paul Rodgers
Rafaelli fez a capa fotografando sua modelo com luzes estroboscópicas para fazer uma silhueta de encontro a um fundo, no qual poderia, então, sobrepor um design.

Assim, o álbum tem um design de uma mulher feita de estrelas pulando em todo o céu. O nome da banda é impresso em letras extremamente pequenas na parte superior da capa (desta forma, como o formato CD é muito menor que o LP, isso o torna quase ilegível no primeiro).

Vamos às faixas:

I'LL BE CREEPIN'

Um bom riff é a base da primeira faixa do álbum Free. O baixo de Andy Fraser está bastante proeminente e domina o ambiente. A pegada Bluesy é muito marcante e o ritmo cadenciado encanta. A atuação vocal de Paul Rodgers é impecável. O solo principal da guitarra de Paul Kossoff esbanja talento. Faixa incrível!

A letra é sobre desilusão amorosa:

Take all you things and move far away
Take all your furs and rings baby
But don't you sing hurray
You can change your address
But you wont get far
Don't make no difference wherever you are
Yeah 'cos I'll be creepin' baby
And I'll be creeping 'round your door


“I'll Be Creepin'” foi lançada como single, mas não obteve maior repercussão em termos de paradas de sucesso.



SONGS OF YESTERDAY

Outra vez em um ritmo bem cadenciado, "Songs Of Yesterday" traz o baixo de Andy Fraser como o principal destaque da canção, em uma posição dominante. Quem também brilha é o baterista Simon Kirke, fazendo um ótimo trabalho. Kossoff transborda feeling nos solos e Rodgers tem outra grande atuação nos vocais.

A letra possui alto teor de melancolia:

Sad song
Then i'll get on
On my way
Just like a song of yesterday
Listen to what i'm gonna say



LYING IN THE SUNSHINE

Uma lenta e suave melodia é a marca inicial da terceira composição presente no disco. O andamento arrastado traz um clima melancólico para a música, mas longe de ser ruim. Paul Rodgers opta por uma atuação vocal mais sóbria e contida e que se casa de maneira eficiente com o instrumental. A faixa demonstra uma faceta mais intimista do conjunto.

A letra possui sentido de leveza:

So let us lie in the sun
Let us dream all alone
Let our worries fly away
So happy here
So let me stay



TROUBLE ON DOUBLE TIME

O Rock com forte influência de Blues está de volta em "Trouble On Double Time". Aqui a guitarra de Paul Kossoff está mais ativa, embora o baixo de Andy Fraser ainda se sobressaia de maneira bastante acentuada. Kossoff destrói em outro solo muito bom. Mais um grande momento do álbum.

A letra é simples e se refere à fidelidade:

You know my school teacher
Told me before i left school
That a man with two women's
Not a man but a fool



MOUTHFUL OF GRASS

"Mouthful Of Grass" é uma faixa instrumental, a qual é dominada por um andamento arrastado e preenchida por um sentimento bastante bucólico. Há uma certa influência celta na melodia da canção, na qual se destacam Fraser e Kossoff.



WOMAN

"Woman" traz novamente uma pegada Bluesy, mas com uma dose surpreendente de peso, flertando muito proximamente com o Hard Rock da década seguinte. Desta maneira, a guitarra de Paul Kossoff brilha intensamente, sobre uma base perfeita construída por Fraser e Kirke. Como toque final, outra brilhante atuação de Rodgers. Faixa sensacional!

A letra é divertida e tem teor de interesse:

Marry me today
I'll give you everything, except my car, baby
Marry me today
I'll give you everything, but my guitar
But my guitar and my car



FREE ME

A introdução de "Free Me" apresenta o baixo de Fraser ainda mais dominante, em um clima tenso e obscuro. A voz de Rodgers contribui decisivamente para este aspecto sombrio apresentado pela canção. Kossoff faz um solo minimalista por volta dos dois minutos e meio que extrapola no feeling. Uma composição com forte influência Blues/Soul em um momento interessantíssimo do disco.

A letra intercala amor e sofrimento:

Morning comes
And the evening follows
Life without you
Knows no tomorrow
You leave me weary
And you leave me tired
But you fill my soul
With strange desire
But I love you babe
Yes I love all of you



BROAD DAYLIGHT

"Broad Daylight" talvez seja a faixa mais conhecida do álbum Free. A canção apresenta a guitarra de Paul Kossoff imprimindo peso e intensidade em um novo toque no Hard Rock. A melodia apresentada é belíssima, envolve o ambiente, catalisada pela monumental atuação de Paul Rodgers. O solo da guitarra de Kossoff é incrível. Um clássico.

A letra é uma mensagem de esperança:

Now the clock says it's time for bed
Time for sleep the moon just said
Time for tears in your dreams
Will the tears all disappear come


“Broad Daylight” é um dos maiores clássicos do Free. Mesmo assim, lançada como single, não conseguiu repercutir nas principais paradas de sucesso.



MOURNING SAD MORNING

A nona - e última - faixa de Free é "Mourning Sad Morning". Logo no início é possível ouvir a flauta de Chris Wood, um dos fundadores da banda Traffic. Trata-se de outra canção com uma pegada mais leve e lenta, mas desta feita com uma musicalidade bastante triste e melancólica. Rodgers casa de maneira perfeita seu vocal com a sonoridade e é o maior destaque da música.

A letra possui sentido romântico:

In the evening i sit
And my thoughts they turn to you
In the evening i think of my home
And i need you to remember
All the love we used to know
Think of me sometimes
My love



Considerações Finais

Com seus singles causando pouco (ou mesmo nenhum) barulho, o álbum não foi nada bem, comercialmente falando, em seu período de lançamento.

Mesmo assim, atingiu a modesta 22ª posição na principal parada de sucesso britânica, mas não repercutiu nada na correspondente norte-americana.

Mas, com o passar do tempo e o Free se tornando conhecido – bem como seus membros no decorrer de suas próprias carreiras – o álbum Free passou a ser admirado e muito respeitado. Tanto que a banda Three Dog Night fez versões cover de “I'll Be Creepin'” e “Woman”.

Ao mesmo tempo, enquanto Fraser e Rodgers fortaleciam uma parceria como compositores, as tensões dentro da banda aumentavam.

Kossoff, cuja espontaneidade natural tinha sido alimentada até então, particularmente, ressentia-se em ser obrigado a seguir rigidamente partes muito específicas da guitarra-base criadas por Fraser.

Foi um período estranho que viu ambos, Kossoff e o baterista Simon Kirke, chegarem perto de deixarem a banda.

Só a intervenção sempre diplomática do chefe da gravadora, Chris Blackwell, parece ter evitado isso, assim como manteve a banda disciplinada e focada na gravação do disco.

Dave Thompson, do Allmusic, dá ao álbum uma nota 4 de um 5 máximo possível, apontando o disco como uma referência no Blues Rock britânico.

Apesar dos problemas, a banda continuou junta, fazendo turnês e se mantendo sempre exibindo seu talento em shows durante todo o ano de 1969.

Assim, entre um show e outro, o grupo entra o ano de 1970 já compondo e fazendo gravações do que seria seu terceiro álbum de estúdio, Fire And Water.


Formação:
Paul Rodgers - Vocal
Paul Kossoff - Guitarra
Andy Fraser - Baixo
Simon Kirke - Bateria

Faixas:
01. I'll Be Creepin' (Fraser/Rodgers) – 3:27
02. Songs of Yesterday (Fraser/Rodgers) – 3:33
03. Lying in the Sunshine (Fraser/Rodgers) – 3:51
04. Trouble on Double Time (Fraser/Rodgers/Kirke/Kossoff) – 3:23
05. Mouthful of Grass (Fraser/Rodgers) – 3:36
06. Woman (Fraser/Rodgers) – 3:50
07. Free Me (Fraser/Rodgers) – 5:24
08. Broad Daylight (Fraser/Rodgers) – 3:15
09. Mourning Sad Morning (Fraser/Rodgers) – 5:04

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/free/

Opinião do Blog:
Certamente o Free não teve o sucesso que merecia e, até hoje, permanece uma banda não tão conhecida do público em geral, ao menos no Brasil. Mas trata-se de uma das formações mais talentosas da história do Rock.

Seus álbuns iniciais, como o que está apresentado neste post, mostra uma banda com forte influência do Blues norte-americano, fundindo-o de maneira especial com sua forte veia Rock. Mais que isto, já em Free, a banda apresenta pequenos toques do Hard Rock sensacional que apresentaria no futuro, como no álbum Fire And Water (1970).

Saber que se tratavam de adolescentes gravando este trabalho de tanta qualidade realmente causa espanto. O baixo de Andy Fraser está o tempo todo presente, criando a base sobre a qual a guitarra de Paul Kossoff desfila todo o talento do músico. Tudo isto é recheado com uma atuação impecável de Paul Rodgers, um vocalista muito acima da média.

As letras são simples, mas não comprometem a qualidade do trabalho.

O álbum Free ainda não representa o ápice do conjunto homônimo, mas é um disco de qualidade muito alta. As composições são fortes e de um bom gosto absurdo.

A Bluesy "I'll Be Creepin'" encanta com seu ritmo lento e forte, bem como em "Songs Of Yesterday". As baladas com toques melancólicos funcionam de maneira muito eficiente como em "Lying In The Sunshine" e em "Mourning Sad Morning".

Ainda há a incrível e pesada "Broad Daylight", um clássico inconteste da banda. Sem falar em "Woman", uma das melhores composições do catálogo do grupo.

Enfim, o Free era uma banda composta por músicos muito jovens, mas com um talento extraordinário para suas baixas idades. Seu segundo trabalho apresenta um grupo desenvolvendo sua identidade musical, demonstrando canções inspiradas e de muito bom gosto, apontando para um futuro que seria brilhante. Álbum muito bem recomendado pelo Blog!

6 de novembro de 2015

MOTÖRHEAD - BOMBER (1979)


Bomber é o quarto álbum de estúdio gravado pela banda inglesa Motörhead (o terceiro a ser lançado). Seu lançamento oficial aconteceu em 27 de outubro de 1979, através do selo Bronze Records. As gravações se deram entre 7 de julho e 31 de agosto daquele mesmo ano, nos estúdios Roundhouse Studios e Olympic Studios, ambos em Londres, na Inglaterra. A produção ficou por conta de Jimmy Miller.

O Motörhead é uma verdadeira instituição do Rock & Roll e que dispensa quaisquer apresentações. O Blog vai tratar dos fatos que antecederam o lançamento do disco para depois apresentá-lo, faixa à faixa, como manda a nossa tradição.


Em 9 de março 1979, o Motörhead tocou a música "Overkill" no famoso programa da televisão britânica daquela época, Top of the Pops, para apoiar o lançamento do single previamente ao álbum Overkill.

Overkill foi lançado em 24 de março de 1979 e se tornou o primeiro álbum do Motörhead a entrar no top 40 da parada de álbuns do Reino Unido, alcançando a 24ª colocação, com o single “Overkill” atingindo a 39ª posição na parada de singles.

Estes lançamentos foram seguidos pela "Overkill" Tour, pelo Reino Unido, que começou em 23 de março daquele ano.

Outro single para promover Overkill foi lançado em junho de 1979, acoplando a faixa "No Class", como o lado A, com a canção inédita "Like a Nightmare" no lado B. Ele saiu-se pior, em comparação, tanto com o álbum quanto em relação ao single anterior, mas alcançou o 61º lugar na parada de singles do Reino Unido.

Durante Julho e Agosto, com exceção de uma pausa para aparecer no Reading Festival, a banda estava trabalhando em seu próximo álbum, o qual viria a ser Bomber. Para a produção, o lendário Jimmy Miller (que havia trabalhado com ninguém menos que os Rolling Stones) foi o escolhido.

No entanto, a banda não teve a oportunidade de trabalhar as músicas em shows previamente, como eles haviam feito com o álbum anterior, Overkill.

Segundo Lemmy: "eu gostaria que tivéssemos tocado as canções no palco em primeiro lugar, como fizemos com o álbum Overkill, se nós pudéssemos tê-las tocado por três semanas na estrada o resultado seria menos polido".

Ainda sobre o resultado das canções no disco, Joel McIver cita o vocalista e baixista Lemmy em seu livro Overkill: The Untold Story of Motörhead: "Ouça a nossa forma de tocá-las ao vivo e compare-as com o álbum".

Durante a gravação de Bomber, Jimmy Miller estava cada vez mais sob a influência de heroína, em um ponto de desaparecer completamente do estúdio e ser encontrado adormecido ao volante de seu carro. Ironicamente, o álbum apresenta primeira canção anti-heroína da banda - “Dead Men Tell No Tales”.

Lemmy Kilmister
Miller havia produzido alguns dos trabalhos mais alardeados do Rolling Stones entre 1968 e 1973, mas, após muitos contratempos durante as sessões de Goats Head Soup (1973), a relação teve fim.

No documentário The Guts and the Glory, o baterista Phil "Philthy Animal" Taylor se maravilha, "Nós costumávamos pensar que estávamos mal em estarmos atrasados, mas ele estava, assim, metade de um dia de atraso, ou ainda mais atrasado, e suas desculpas eram maravilhosas".

Em sua autobiografia, White Line Fever, Lemmy afirma: "Overkill era supostamente uma espécie de álbum de retorno para Jimmy Miller, que é exatamente o que acabou por ser para ele. Ele havia se envolvido muito pesadamente com heroína (que provavelmente começou quando ele estava trabalhando com os Stones) e se perdeu por alguns anos ... mas meses mais tarde, quando estávamos a trabalhar com Miller em Bomber, foi tristemente claro que ele estava de volta à droga".

A banda voltou para o Roundhouse Studios em Londres, com uma gravação adicional ocorrida no Olympic Studios.

Em uma das faixas, “Step Down”, Eddie Clarke é destaque nos vocais. Em seu livro de memórias, Lemmy revela que Clarke "vinha reclamando que eu estava ficando o centro das atenções, mas ele não quis fazer nada sobre isso. Eu fiquei doente dele tanto reclamar, então eu disse, 'Certo, você vai cantar uma merda neste álbum' ... ele odiava, mas na verdade, ele era um bom cantor, Eddie ".

'Fast' Eddie Clarke
Durante a gravação de Bomber, o Motörhead tocou no Reading Festival ao lado de Police e do Eurythmics.

A capa é bem legal, contando com o mascote da banda, Snaggletooth, o qual foi criado por Joe Petagno. Vamos às faixas:

DEAD MEN TELL NO TALES

Logo na primeira faixa de Bomber é possível sentir a identidade musical do Motörhead. Um riff pesado, direto, embora um pouco mais cadenciado para os padrões da banda. A bateria de Phil Taylor está insana e o baixo de Lemmy dá as cartas. Ótimo início.

A letra é uma mensagem anti-heroína:

You used to be my friend,
But that friendship´s coming to an end,
My meaning must be clear,
You know pity is all that you hear,
But if you´re doing smack,
You won´t be coming back,
I ain´t the one to make your bail,
Dead Men Tell No Tales

“Dead Men Tell No Tales” é um dos clássicos do Motörhead. A faixa é uma das prediletas entre a sua grande massa de fãs.



LAWMAN

A intensidade do álbum continua pesada na sua segunda canção. Outra vez o Motörhead aposta em um ritmo mais cadenciado, mas sem abrir mão de seu peso característico. Outro bom trabalho de Taylor na bateria e os vocais agressivos de Lemmy se casam perfeitamente com o instrumental. Um solo muito interessante da guitarra de Eddie Clarke coroa a música.

A letra faz uma dura crítica à Polícia:

Every time you speak to me
Makes it plain that you don't see
What´s really happening here
You just confuse respect with fear



SWEET REVENGE

Em "Sweet Revenge" o andamento fica ainda mais lento, embora o peso continue muito presente. O caminhar arrastado da canção dá maior destaque ao trabalho de Taylor na bateria, bem destacado. Outro inspirado solo da guitarra de Eddie Clarke. Mais um momento de brilho no álbum.

A letra seugere o tema vingança e tortura:

So sweet to see you,
Writhe and crawl and scream for life,
But I can´t listen now,
I´m too busy with the knife,
I don´t hear you laughing,
My dismembered friend,
I don´t hear you laughing,
You don´t like my Sweet Revenge



SHARPSHOOTER

Já na quarta faixa do disco, o Motörhead apresenta uma música bastante direta e rápida, capitaneada por um riff muito veloz e um baixo, por parte de Lemmy, bem destacado. A interpretação de Kilmister nos vocais é interessante.

A letra é boa e remete a armas:

You´re the contract, I´m gonna nail you down,
I´m the contact, with your final round,
And I´m stalking you, and that ain´t all I do,
Sharpshooter



POISON

Nesta faixa, o grupo aposta em um Rock bem direto e com um riff muito bom, conquistando o ouvinte com sua intensidade. Na canção, o destaque total é da guitarra de 'Fast' Eddie Clarke, brilhando tanto nos solos quanto na base.

A letra é uma crítica duríssima ao casamento e a forma como o pai de Lemmy abandonou-o com sua mãe:

My Father, he used to be a Preacher,
Never taught me nothing but scorn,
If I ever catch him on the street, yeah,
I´ll make him wish he´d never been born



STONE DEAD FOREVER

A marcante introdução de "Stone Dead Forever", ao baixo de Lemmy Kilmister, é uma das mais conhecidas dentro da discografia do Motörhead. A canção apresenta um riff simples, mas tão bom quanto contagiante. O ritmo é rápido e intenso; o refrão também se destaca. A música ainda contém um dos melhores solos da guitarra de 'Fast' Eddie Clarke. Clássico!

A letra é boa e fala sobre o destino:

It's been a long time
And a long long wait
And you caught your fingers in the pearly gates
You better leave your number
And we'll call you
You know your problems they ain't exactly new
The dark side of the road
And it´s your time to go
Whatever happened to your life
Stone dead forever

“Stone Dead Forever” é um grande clássico do Motörhead e uma de suas mais vibrantes composições.

Uma das mais famosas versões para a canção está presente no álbum Garage Inc. (1998), do Metallica.



ALL THE ACES

A guitarra de 'Fast' Eddie Clarke está ainda mais pesada em "All The Aces", abusando de solos que simplesmente 'cortam' a canção. O ritmo é mais rápido, mas muito envolvente. Outra boa composição presente no álbum.

A letra é uma duríssima crítica ao show business:

You know you´re the boss, but I´m the one it costs,
Gotta see the books, you give me dirty looks,
You know you make me vomit, and I ain´t far from it,
You know you can rob me, but you can´t stop me,
All The Aces, don´t like people who ain´t got no faces



STEP DOWN

Já em "Step Down", o Motörhead apresenta uma pegada mais Bluesy, com a guitarra de Clarke dando um verdadeiro show, abusando de um feeling acima da média. Os vocais são feitos pelo próprio Clarke e, embora não façam feio, não possuem o inigualável timbre único de Kilmister. O ritmo arrastado e malicioso fazem da faixa uma peça única e brilhante do disco.

A letra tem sentido de nostalgia:

I ain´t no beauty, but I´m a secret fox,
I´m gonna put all my presents, inside my favourite box,
And then so long, the universal song,
I know I mustn´t Step Down

O guitarrista Eddie Clarke é quem faz os vocais nesta música.



TALKING HEAD

Já em sua nona canção, Bomber apresenta uma típica sonoridade da discografia do Motörhead: rápida, pesada e muita intensa. O riff principal e base da música é bom e inspirado. A bateria de Taylor faz outro bom trabalho.

A letra é uma crítica à televisão:

Television screams, this ought to be a dream,
Remember what I say,
Don´t be hypnotised by sugar coated lies,
Don´t switch it on today,
It´s the way things are, from that pickle jar,
You´re hungry you get fed,
But if you play the game, you become the same,
Another Talking Head



BOMBER

A décima - e última - faixa de Bomber é homônima ao álbum, ou seja, "Bomber". Rápida, em alta velocidade, contando com a dose corretíssima de peso e transpirando inspiração, Bomber é uma canção incrível. Destaque para a atuação vocal perfeita de Lemmy e o feeling absurdo da guitarra de Eddie Clarke. Fecha o disco de maneira perfeita.

A letra é baseada no romance de mesmo nome, ou seja, Bomber, escrito por Len Deighton:

No night fighter,
Gonna stop us getting through,
The sirens make you shiver,
You bet my aim is true,
Because, you know we aim to please,
Bring you to your knees,
It´s a Bomber


“Bomber” é um dos maiores clássicos da história do Motörhead e uma de suas canções que definem sua sonoridade.

O bombardeiro a que se refere a canção se tornou a inspiração para um equipamento de iluminação usado para seus shows, um tubo de alumínio de quarenta pés, uma réplica de um bombardeiro Heinkel He 111.

A canção foi lançada como single, atingindo a 34ª colocação na principal parada de sucesso desta natureza.

O lado B do single continha uma faixa até então inédita, “Over the Top”, a qual depois foi incluída em relançamentos posteriores do álbum.

Presente quase que constantemente nos shows, “Bomber” é facilmente encontrada em vários álbuns ao vivo que foram lançados pelo Motörhead durante sua carreira, como o clássico No Sleep 'til Hammersmith (1981) e Everything Louder than Everyone Else (1999), por exemplo.

Entre as versões cover mais famosas estão as de bandas como Girlschool, Mudhoney e Onslaught.


Considerações Finais

Bomber foi muito bem recebido, especialmente pela então crescente base de fãs do, na época, jovem Motörhead.

O álbum atingiu a excelente 12ª posição da principal parada de sucessos do Reino Unido, embora não tenha causado repercussão na correspondente norte-americana.

Em 1º de Dezembro, o disco foi seguido pelo lançamento do single "Bomber", que, conforme foi citado acima, atingiu o número 34 na parada de singles britânica.

A turnê britânica e europeia veio em seguida, com o Saxon como banda de apoio. Os shows contavam com uma aeronave espetacular, em forma de bombardeiro, como equipamento de iluminação.

Durante a turnê de "Bomber", a United Artists juntou várias gravações do Motörhead ocorridas durante as sessões no Rockfield Studios, entre 1975 e 1976 e lançou-as como o álbum On Parole, que alcançou a posição número 65 na principal parada de sucessos britânica, em dezembro de 1979.

Jason Birchmeier do Allmusic escreve: “Há um par de canções assassinas aqui, a saber “Dead Men Tell No Tales”, “Stone Dead Forever” e “Bomber”, mas no geral, as canções de Bomber não são tão fortes quanto as de Overkill foram. Assim, este é um ponto discutível para se levantar, mas Bomber ainda é um álbum Top do Motörhead, um dos seus melhores de todos os tempos, sem dúvida”.

Em 2011, o biógrafo do Motörhead, Joel McIver escreveu: "Alguns pensam que o esforço de escrever dois álbuns 'assassinos' no espaço de um ano foi demais para Motörhead, nesta fase inicial, e que Bomber - lançado em 27 de outubro, sete meses após seu antecessor - não poderia almejar confrontar Overkill".

Em sua autobiografia, White Line Fever, Lemmy chama Bomber de "um registro de transição", mas admite que "há um par de faixas realmente bobas nele, como "Talking Head"".

Em 1980, em entrevista na revista Sounds, Clarke comparou Bomber desfavoravelmente em relação ao clássico Ace of Spades (1980), indicando: "Bomber parecia errado. Não estava tudo lá".

Bomber ultrapassa a casa de 60 mil cópias vendidas no ano de lançamento apenas no Reino Unido.



Formação:
Lemmy (Ian Kilmister) - Vocal, Baixo, Baixo de oito cordas
"Fast" Eddie Clarke - Guitarra, Backing Vocal, vocal principal "Step Down"
Phil "Philthy Animal" Taylor - Bateria

Faixas:
01. Dead Men Tell No Tales (Kilmister/Clarke/Taylor) - 3:07
02. Lawman (Kilmister/Clarke/Taylor) - 3:56
03. Sweet Revenge (Kilmister/Clarke/Taylor) - 4:10
04. Sharpshooter (Kilmister/Clarke/Taylor) - 3:19
05. Poison (Kilmister/Clarke/Taylor) - 2:54
06. Stone Dead Forever (Kilmister/Clarke/Taylor) - 4:54
07. All the Aces (Kilmister/Clarke/Taylor) - 3:24
08. Step Down (Kilmister/Clarke/Taylor) - 3:41
09. Talking Head (Kilmister/Clarke/Taylor) - 3:40
10. Bomber (Kilmister/Clarke/Taylor) - 3:43

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/motorhead/

Opinião do Blog:
O Motörhead é uma das instituições da história do Rock. A longa e duradoura carreira do grupo, na ativa desde o final da década de 70, e os seus 22 álbuns de estúdio lançados, confirmam uma banda batalhadora e talentosa.

Além disso, o conjunto que possui como líder e mentor uma das mais emblemáticas figuras do Rock, o baixista Lemmy Kilmister, possui uma identidade sonora única, um DNA inconfundível, capaz de tornar identificável quaisquer de suas músicas já nos minutos iniciais. Coisa para poucos.

Bomber é produto da fase dourada do grupo, período este que originou seus álbuns mais significativos, como Overkill (1979) e Ace of Spades (1980). Bomber se localiza exatamente entre eles e, para o Blog, se não no mesmo, está em um patamar muito próximo de qualidade.

Phil Taylor faz jus ao apelido Philty Animal e destroça insanamente a bateria ao longo de Bomber. O baixo de Lemmy se faz presente e sua voz única é um ingrediente essencial da sonoridade do Motörhead. 'Fast' Eddie Clarke talvez seja quem mais brilhe no disco, com riffs contagiantes e precisos, além de solos que transbordam feeling.

A visão única de vida de Lemmy Kilmister é refletida em suas letras, as quais fogem dos lugares comuns e trazem uma abordagem visceral, por vezes angustiante, sobre a realidade da vida. Muito interessante.

Não há música de enchimento em Bomber. Suas 10 faixas são, no mínimo, boas. Mas há algumas canções realmente matadoras no trabalho.

Composições que orgulhosamente estão no melhor patamar sobre o qual a lendária banda produziu contagiam os ouvintes como as 'matadoras' "Dead Men Tell No Tales", "Lawman" e "Sweet Revenge".

A banda esbanja feeling na marcante "Step Down", a qual o Blog considera que estaria perfeita na voz única de Kilmister.

Mas há ainda duas das melhores músicas que o Motörhead já fez: a inigualável "Stone Dead Forever" e "Bomber", uma canção que sintetiza o que o grupo é, constituinte de seu próprio DNA.

Enfim, não importa muito o que os críticos pensam sobre Bomber. Para o Blog, o álbum está entre os melhores discos da longa carreira do Motörhead e é um dos preferidos de quem escreve este site. O grupo capitaneado por Lemmy Kilmister é um dos mais importantes e influentes da história do Rock, influência esta decisiva para o Heavy Metal e sua vertente Thrash Metal. Bomber é um álbum excelente e obrigatório na coleção de qualquer fã de Rock.

2 de novembro de 2015

DEF LEPPARD - PYROMANIA (1983)


Pyromania é o terceiro álbum de estúdio da banda inglesa chamada Def Leppard. Seu lançamento oficial aconteceu em 20 de janeiro de 1983, através dos selos Vertigo (Europa) e Mercury (EUA). As gravações se deram entre janeiro e novembro de 1982, nos estúdios Park Gates Studios e Battery Studios, ambos na Inglaterra. A produção ficou a cargo do lendário Robert John “Mutt” Lange.

O Def Leppard apareceu nos primórdios do Blog por meio de seu álbum Hysteria. O Blog vai tratar um pouco dos fatos que antecedem o lançamento do disco para depois se concentrar no álbum propriamente.


Por volta de 1981, a banda começou a chamar a atenção de Robert John "Mutt" Lange, notório produtor que trabalhava com o AC/DC.

Lange concordou em trabalhar com o Def Leppard em seu segundo álbum, High 'n' Dry, o qual foi lançado em 11 de julho de 1981 e se caracteriza pela meticulosa abordagem do produtor no disco.

High 'n' Dry é um excelente trabalho e possui faixas exuberantes como “Let It Go”, “High 'n' Dry (Saturday Night)”, “Lady Strange” e “Bringin' On the Heartbreak”, sendo que a última atingiu a 64ª posição da principal parada de singles dos Estados Unidos.

Além do mais, High 'n' Dry possui uma importância vital na história do Def Leppard. O trabalho do grupo juntamente a Lange, no estúdio, ajudou a começar a definir uma identidade sonora para a banda.

Joe Elliott
Apesar dos números de vendas inexpressivos para o álbum, o videoclipe de "Bringin' On the Heartbreak" tornou-se um dos primeiros da vertente Heavy Metal tocado na MTV, em 1982, trazendo visibilidade para banda nos Estados Unidos.

Após o lançamento do álbum, uma turnê européia se seguiu. O grupo era a atração de abertura para Ozzy Osbourne e Blackfoot.

Phil Collen, ex-guitarrista da banda glam chamada Girl, substituiu Pete Willis, em 12 julho de 1982, que havia sido demitido no dia anterior por causa do consumo excessivo de álcool no trabalho.

Willis viria a ressurgir com as bandas Gogmagog e Roadhouse. Esta mudança de guitarristas ocorreu durante a gravação do terceiro álbum do grupo, Pyromania, de 1983.

O álbum foi parcialmente gravado com o guitarrista original, Pete Willis, cujo trabalho na guitarra-base aparece em todas as músicas.

Phil Collen contribuiu com solos de guitarra e outras partes que ainda não haviam sido gravadas por Willis. No lançamento do LP original, Willis é visível ao fundo da fotografia do cantor Joe Elliott, enquanto Collen possui sua própria foto pessoal como novo membro, em tempo integral, do grupo.

O álbum também pode ser visto como uma transição entre um som mais Heavy Metal de seus dois primeiros álbuns e o início de uma direção mais “comercial” dos lançamentos seguintes.

Steve Clark
O disco causou certa polêmica por sua arte da capa, a qual mostra uma imagem animada de um edifício arranha-céu com uma grande chama e fumaça preta que sai de um andar elevado e uma mira apontando para a chama.

Alguns comerciantes se sentiram ofendidos pela imagem e se recusaram, inicialmente, a venderem o álbum.

Vamos às faixas:

ROCK! ROCK! (TILL YOU DROP)

Teclados proeminentes bem no início dão lugar a um riff bastante empolgante, com uma boa pegada Rock 'n' Roll. O refrão é simples, mas funciona de forma perfeita. Os Backing Vocals também são reforçados no refrão. Os vocais de Joe Elliott são bons e intensificam o instrumental. Ótimo início.

A letra é simples e em tom de diversão:

Ridin' into danger, laughin' all the way
Fast, free and easy, livin' for today
Gotta lip service, get it while you can
Hot, sweat'n'nervous love on demand
Anything goes! (Oh)
Anything goes! (All night long)

A canção teve um videoclipe lançado para a promoção do álbum e que obteve boa circulação na MTV norte-americana.



PHOTOGRAPH

Outro riff inspirado abre a segunda faixa de Pyromania, "Photograph". O ritmo é o mesmo da canção anterior, oscilando o relativo peso das guitarras com uma melodia simples e bastante acessível. Tudo isto é embalado pela boa voz de Elliott. O refrão é bem suave e contagia. O solo de guitarra perto dos 3 minutos também é bom. Outra música bem acima da média.

A letra é em conteúdo romântico:

I'd be your lover, if you were there
Put your hurt on me, if you dare
Such a woman, you got style
You make every man feel like a child, oh
You got some kinda hold on me
You're all wrapped up in mystery
So wild and free, so far from me
You're all I want, my fantasy

“Photograph” é um dos maiores clássicos da história do Def Leppard.

Foi o principal single lançado para promover Pyromania, atingindo a 12ª posição da principal parada norte-americana desta natureza. Também alcançou a 32ª e a 66ª colocações nas correspondentes canadense e britânica, respectivamente.


Há duas versões ligeiramente diferentes do videoclipe. A versão sem censura mostra uma cena de faca no início, e, na versão censurada do vídeo, praticamente idêntica, a cena da faca é substituída por um gato preto estacionário, entre outros pedaços menores removidos.

Há várias aparições de uma modelo representando Marilyn Monroe no vídeo, pois a música é realmente sobre a estrela e a declaração de Joe Elliott de que ele não apenas "quer [sua] fotografia", mas que é tudo o que ele tem dela, e deve admirá-la de longe.

Entre as versões cover mais famosas estão a de Jani Lane (Warrant), The All-American Rejects e do Santana. Aparece em vários games como Grand Theft Auto V, Guitar Hero III: Legends of Rock e Rock Band 3.

Em 2009, duas premiações para “Photograph” foram oferecidas pelo canal de TV VH1: a 13ª posição na lista greatest hard rock songs of all time e foi nomeada a 17ª greatest song of the past 25 years.



STAGEFRIGHT

"Stagefright" começa com um peso extra, graças a um riff bem encorpado. Imediatamente, desde seu princípio, o ouvinte é levado de volta aos primeiros álbuns do Def Leppard, pois a verve da New Wave Of British Heavy Metal está fervendo. Apenas o refrão é contagiado por uma melodia suave e mais comercial. Excelente momento do trabalho.

A letra é sobre flerte e sedução:

You come on like a lady dressed to kill
Never thought you could be caught, but you will
A little understanding, a little love
A headline act around the back, is what I'm thinkin' of



TOO LATE FOR LOVE

Já em sua quarta faixa, Pyromania apresenta um Def Leppard apostando em um ritmo mais cadenciado, contando com guitarras bastante pesadas e uma seção rítmica bastante presente e marcante. O andamento arrastado intensifica a pegada da canção que está na linha tênue entre o Heavy Metal e o Hard Rock. Outra música muito acima da média.

A letra fala de garotas:

Standing by the trapdoor aware of me and you
Are the actor and the clown they're waiting for their cue
And there's a lady over there she's acting pretty cool
But when it comes to playing life she always plays the fool

“Too Late For Love” também foi lançada como single para promover o álbum e acabou atingindo a modesta 86ª posição da parada britânica desta natureza.

O videoclipe lançado promovendo a faixa tem duração bem menor que a música original constante do álbum.



DIE HARD THE HUNTER

Em "Die Hard The Hunter", o Def Leppard aposta em uma longa introdução mais soturna para, após o encerramento dessa, introduzir uma melodia mais suave e acessível, abusando da presença do baixo e com as guitarras distorcidas dando às caras eventualmente. A canção não chega a ser tão leve quanto as duas primeiras do álbum, mas está longe do peso de suas antecessoras imediatas.

A letra tem temática violenta:

Back in the city, he's a man on the loose
He is the shadow that's-a following you
He takes no prisoners when he's hunting for game
He's got a bullet and it carries your name
(You can't do that) You can't do that



FOOLIN'

"Foolin'" conta com uma levada suave e, ao mesmo tempo, sóbria que traz um clima menos animado à canção. As guitarras estão bem acentuadas e, por diversas vezes, 'cortam' a música de forma pesada e certeira. Joe Elliott tem uma boa atuação, intercalando vocais mais contidos com outros mais agudos.

Novamente, a temática é sobre garotas:

Close your eyes don't run and hide
Easy love is an easy ride
Just wakin' up from what we had
Could stop good love from going bad

“Foolin'” é outro grande sucesso do Def Leppard. Lançada como single, atingiu a 28ª posição da principal parada norte-americana desta natureza.

Também teve um videoclipe para promoção do disco. “Foolin'” faz parte da trilha sonora do game Rock Band 3.



ROCK OF AGES

"Rock Of Ages" possui uma pegada bem suave e leve, com a canção flertando deliberadamente (e de maneira bastante profunda) com a música Pop do início da década de 80. O resultado é que, embora emblemática, a música carece bastante de algo que está explícito em seu nome: Rock. Um pequeno, mas muito bom, solo de guitarra aparece bem no meio da execução da faixa.

A letra é simples e divertida:

Rise up! gather 'round
Rock this place to the ground
Burn it up let's go for broke
Watch the night go up in smoke
Rock on! Rock on!
Drive me crazier, no serenade
No fire brigade, just-a pyromania

“Rock Of Ages” é um dos principais clássicos da história do Def Leppard e também grande responsável pelo sucesso do álbum. Seu nome foi inspirado no homônimo hino de louvor cristão.

Lançada como single, atingiu a 16ª posição da principal parada norte-americana desta natureza, bem como alcançou a 41ª colocação da correspondente britânica. Seu videoclipe promocional foi intensamente veiculado nos Estados Unidos.


A banda estava em um estúdio de gravação quando o vocalista Joe Elliott tropeçou em um hinário deixado por um membro de um coral de crianças que havia acabado de usar o estúdio. No livro, ele viu as palavras "Rock of Ages", as quais o levaram a escrever a letra da canção.

A canção aparece várias vezes no filme Balls of Fury, de 2007, assim como no longa metragem Rock Of Ages, de 2012.

Está presente nos games Brutal Legend, Guitar Hero III e Rock Band 3.



COMIN' UNDER FIRE

"Comin' Under Fire" apresenta uma pegada Heavy bem oitentista, com a banda abusando do peso no baixo de Rick Savage. As guitarras estão bem pesadas, cortando a canção em diversos momentos com solos, sendo o principal contagiante e inspirado. Grande momento do álbum.

A letra possui teor sensual:

It's so easy to put on a show
Your body says yes but you won't let it go
But my passion won't let it slip away
Oh am I goin' crazy?

Lançada como single, não obteve maior repercussão nas principais paradas de sucesso.




ACTION! NOT WORDS

Nesta faixa, a pegada é bem mais Hard Rock e suave, com menos peso nas guitarras e apostando mais em uma contagiante melodia. Os vocais de Elliott são bons e combinam de maneira harmoniosa com o instrumental.

A letra é em tom de rebeldia:

Oh Shock me! Make it electric
Shock me! Make it last
Shock me! Gimme thunder'n'lightning
Shock me! Ooh babe I need it fast
'Cos all I need is some action
Action, action, action not words
Gimme action, action, action not words
C'mon and shock me
Let the cameras roll!

Foi mais um single retirado de Pyromania, mas sem grande repercussão nas paradas de sucesso.




BILLY'S GOT A GUN

A décima - e última - faixa de Pyromania é "Billy's Got A Gun". A banda aposta em uma canção mais pesada e densa. O ritmo é bem cadenciado, arrastado e o peso está presente, em doses generosas, com outra boa atuação de Elliott. Encerra muito bem os trabalhos.

A letra é boa e em sinal de rebeldia:

His innocence he suffered for
In a world of black and white
They were wrong and he was right
He's just looking for a clue
It's a nightmare come true
He's going underground to track that danger down
Oh Billy, and why you got that gun?

Outro single do álbum que não causou maior barulho nas principais paradas de sucesso.



Considerações Finais

Catapultado por singles de muito sucesso, a fusão de Heavy Metal, Hard Rock e generosas pitadas Pop mostrou-se uma escolha mais que acertada e a banda alçou voos até então inimagináveis.

Pyromania atingiu a espetacular 2ª posição da principal parada de álbuns norte-americana, a Billboard. Também alcançou a boa 18ª colocação da correspondente britânica. Além disso, conquistou o 4º, o 23º e o 26º lugares nas paradas de Canadá, Suécia e Nova Zelândia, respectivamente.

Pyromania recebeu críticas, em sua maioria positivas, sendo comumente considerado, junto com seu sucessor Hysteria, um dos melhores esforços da banda até hoje.

O revisor Steve Huey, do AllMusic, deu ao álbum uma classificação máxima, de cinco estrelas, afirmando que era "onde a visão da banda se uniu e consolidou em algo mais." Ele também descreveu as músicas como "cativantes, com brilhantes ganchos melódicos em vez de riffs de guitarra pesados, embora estes últimos apareçam de vez em quando".

Huey ainda marca Pyromania como um disco extremamente influente.

Com seus ganchos melódicos e extraordinária exposição na MTV norte-americana, Pyromania tornou-se um enorme sucesso comercial, agindo como um dos principais catalisadores do movimento Glam Metal do Hard Rock norte-americano dos anos 80.

O álbum vendeu seis milhões de cópias nos EUA apenas em 1983 (cerca de 100.000 cópias foram vendidas por semana durante grande parte do ano de lançamento). Só não atingiu o topo da Billboard porque lá estava Thriller (1982), o álbum de Michael Jackson considerado o mais vendido da história da música.

Em 2004, o álbum foi classificado como o 384º colocado na lista de 500 Greatest Albums of All Time. Em 2006, a revista Q colocou o álbum como 35º lugar em sua lista dos 40 Best Albums of the '80s. Também está presente no livro 1001 Albums You Must Hear Before You Die.

A turnê norte-americana do Def Leppard em apoio a Pyromania começou como banda de abertura para Billy Squier, em março, e terminou como banda principal diante de uma platéia de 55 mil pessoas, no Jack Murphy Stadium, em San Diego, Califórnia, em setembro do mesmo ano.

Como um testemunho da popularidade do grupo na época, uma pesquisa Gallup, nos EUA, em 1984, apontou o Def Leppard como banda de rock favorita do público votante, ficando à frente de nomes como Rolling Stones, AC/DC e Journey. No entanto, na sua nativa Inglaterra, em pesquisa semelhante, o Duran Duran garantiu o primeiro lugar.

Pyromania ultrapassa a casa de 10,7 milhões de cópias vendidas apenas na América do Norte.



Formação:
Joe Elliott - Vocal
Steve Clark - Guitarra
Phil Collen - Guitarra
Rick Savage - Baixo
Rick Allen - Bateria
Pete Willis - Guitarra-base
Músicos Adicionais:
Thomas Dolby - Teclados

Faixas:
01. Rock! Rock! (Till You Drop) (Clark/Savage/Lange/Elliott) - 3:52
02. Photograph (Clark/Willis/Savage/Lange/Elliott) - 4:12
03. Stagefright (Savage/Elliott/Lange) - 3:46
04. Too Late for Love (Clark/Lange/Willis/Savage/Elliott) - 4:30
05. Die Hard the Hunter (Lange/Clark/Savage/Elliott) - 6:17
06. Foolin' (Clark/Lange/Elliott) - 4:32
07. Rock of Ages (Clark/Lange/Elliott) - 4:09
08. Comin' Under Fire (Lange/Clark/Willis/Elliott) - 4:20
09. Action! Not Words (Lange/Clark/Elliott) - 3:49
10. Billy's Got a Gun (Clark/Savage/Willis/Elliott/Lange) - 5:56

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/def-leppard/

Opinião do Blog:
É evidente que o maior sucesso comercial do Def Leppard é seu álbum seguinte, Hysteria, lançado em 1987. Mas isto não apaga o feito de Pyromania, o trabalho que catapultou o grupo inglês a parâmetros inimagináveis, caindo no gosto do público, especialmente o norte-americano.

Outro fator que revela o valor inestimável de Pyromania é que o álbum também foi uma forte influência para o Hard Rock dos Estados Unidos, o Glam Metal. O disco foi lançado quando o movimento estava começando a borbulhar.

Embora o grupo nasceu como uma banda do movimento New Wave Of British Heavy Metal, Pyromania se encontra exatamente entre o momento no qual o conjunto abandonaria sua sonoridade inicial para apostar em um Hard Rock com elevadíssima influência Pop, construindo uma sonoridade acessível e leve, como pode ser ouvida em Hysteria.

O seu terceiro álbum, Pyromania, já apresenta o grupo nesta transição. O ouvinte encontra faixas Rock/Pop como "Rock! Rock! (Till You Drop)" ou "Photograph", as quais estariam perfeitamente encaixadas em trabalhos posteriores do grupo.

Mas também há canções que se voltam ao passado mais Heavy Metal, como "Billy's Got a Gun"; músicas, estas, que dão colorido especial ao álbum.

A banda é formada por músicos muito competentes e não há o que se discutir neste quesito. As guitarras de Steve Clark e Phil Collen trabalham bem e a voz de Joe Elliott é, no mínimo, marcante.

As letras são na média e contribuem para o sucesso do disco.

Variando em momentos mais 'pop' e outros muito mais pesados, Pyromania se sai muito bem em qualquer momento que o ouvinte escolha. Não há canções de enchimento e o disco é bastante homogêneo.

Claro que canções que consagraram o trabalho como "Photograph" e "Rock! Rock! (Till You Drop)" possuem o valor incalculável de mostrar o caminho das pedras para a banda conquistar o mundo. Mas é nos momentos mais sombrios e densos do álbum que o Blog se encanta mais, como na fabulosa "Stagefright", possivelmente a melhor de Pyromania.

Portanto, o álbum Pyromania é uma obra única não só dentro da discografia do Def Leppard, bem como dentro do estilo Hard Rock. Oscilando entre o peso e a acessibilidade sonora, a banda registrou um momento único em sua carreira, muito possivelmente seu ápice na qualidade das composições. Álbum obrigatório na coleção de fãs do estilo e mais que recomendado pelo Blog!