15 de novembro de 2013

KISS - ROCK AND ROLL OVER (1976)


Rock And Roll Over é o quinto álbum de estúdio da banda norte-americana chamada KISS. Seu lançamento oficial aconteceu no dia 11 de novembro de 1976, através do selo Casablanca. As gravações ocorreram entre setembro e outubro daquele mesmo ano, no Star Theatre, em Nova Iorque, Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Eddie Kramer.



Nos primórdios do Blog, foi contada uma parte da saga do KISS rumo ao estrelato e, brevemente, um pouco da história do grupo, quando abordou-se o disco Destroyer, de 1976:


Para a próxima análise, começar-se-á a partir do momento posterior ao lançamento de Destroyer.

Destroyer foi o disco musicalmente mais ambicioso, em se tratando de estúdio, do KISS até aquele momento. O álbum conteve uma produção bastante complexa (utilizando orquestra, coro, e outros inúmeros efeitos), sendo uma ruptura do som cru dos três primeiros álbuns de estúdio .

A arte do álbum foi desenhada por Ken Kelly, que havia desenhado Tarzan, Conan e que também trabalhou com bandas como Rainbow e Manowar .

Comercialmente falando, Destroyer vendeu bem inicialmente e se tornou o segundo disco de ouro do grupo (após Alive) e rapidamente caiu nas paradas. Somente quando a balada "Beth" (o B- Side para o single Detroit Rock City) começou a ganhar mais divulgação, nas rádios FM, fez um novo pico de vendas do disco.

Peter Criss


Em outubro de 1976, o Kiss apareceu no programa de TV chamado The Paul Lynde Halloween Special, dublando "Detroit Rock City”, "Beth" e "King of the Night Time World".

Para muitos adolescentes, esta era a sua primeira exposição ao Kiss  e toda a sua teatralidade em suas apresentações, algo sempre impactante quando visto pela primeira vez. O show foi co-produzido por Bill Aucoin .

Além das três músicas apresentadas, o Kiss foi tema de uma breve e cômica entrevista, conduzida pelo próprio Paul Lynde . Nela, Lynde brincou ao ouvir os primeiros nomes dos membros do grupo com "Oh , eu adoro um bom grupo religioso".

O grupo foi apresentado a Lynde por Margaret Hamilton, vestida como a Bruxa Malvada do Oeste de O Mágico de Oz.

O programa de TV trouxe ainda mais popularidade ao conjunto. Então, a banda sentiu que era o momento de gravar e lançar o mais rápido possível um novo trabalho, aproveitando a maré de sorte e o surto inicial de fama.

O álbum foi gravado no Teatro Star, em uma espécie de “ao vivo”, e, para se obter de maneira adequada o som da bateria, Peter Criss gravou as faixas em um banheiro, com a comunicação via vídeo-link com o resto do conjunto.

Criss também faz dois vocais no disco, nas faixas "Baby Driver" e "Hard Luck Woman". Paul Stanley, que originalmente queria que a última música fosse cantada por Rod Stewart, deu-a a Criss, depois que Gene Simmons insistisse que o bateria devia cantá-la em seu lugar.

Apesar de "Hard Luck Woman" não ter sido o sucesso comercial de "Beth", acabou se tornando outro single top 20 para o KISS.

Paul Stanley


"Calling Dr. Love" tornou-se obrigatória nos concertos, sendo tocada em praticamente todas as turnês desde o lançamento do álbum.

A arte da capa foi criada pelo artista Michael Doret, que trabalhou com o KISS novamente em seu álbum de 2009, Sonic Boom.

I WANT YOU

Abre o trabalho a música “I Want You”.

A primeira faixa do álbum começa com o ritmo suave e melódico, sugerindo ser uma balada. Mas, tão logo a ideia passe pela cabeça do ouvinte, todo o instrumental ganha força mostrando que se trata de uma canção com base no Hard setentista. A guitarra de Ace Frehley está ótima (especialmente os solos) e os vocais de Paul Stanley são do mais alto nível.

A temática da canção é de conquista amorosa:

You can walk in a haze
You can travel till you die
You can live in a dream
And your life will pass you by
Every day that you hesitate
You're never changin' the hands of fate
You can fight but tonight
There's nothing you can do



TAKE ME

A segunda canção do álbum é “Take Me”.

Um riff bem empolgante e com certa dose de peso é a grande base da segunda faixa do disco. Stanley opta por vocais bem fortes e animados, com a boa e velha veia roqueira, mas sem cometer excessos. Tudo é bem construído e amarrado em uma ótima composição.

As letras têm forte conteúdo sexual:

Sittin' in the back
Her head down in my lap
The moonlight shinin' down on her hair
The radio was playin'
Her fingertips were strayin'
Her mama didn't know she was there, no



CALLING DR. LOVE

O clássico “Calling Dr. Love” é a terceira música de Rock And Roll Over.

Um riff espetacular, com o melhor do Hard Rock dos anos setenta é a base da canção. Desta feita, os vocais são comandados pelo baixista Gene Simmons e são colocados de maneira perfeita para combinar ao instrumental da faixa. O refrão empolga, abusando dos backing vocals. Outro solo com muito feeling.

A letra aborda a temática de sedução/sexual:

And even though I'm full of sin
In the end you'll let me in
You'll let me through, there's nothin' you can do
You need my lovin', don't you know it's true

Composta por Simmons, a inspiração para sua criação veio de um episódio do programa humorístico “Três Patetas” a que o baixista assistiu e que envolvia os personagens como médicos.



Um clássico do KISS, “Calling Dr. Love” aparece em várias coletâneas e também em alguns álbuns ao vivo lançados pelo grupo.

Aparece em alguns seriados de TV, no game Rock Band e até mesmo é mencionada no livro The Wastelands, da saga The Dark Tower, de Stephen King. Bandas como The Eletric Hellfire Club e a brasileira Dr. Sin já fizeram versões do clássico.

Lançada como single para promover Rock And Roll Over, alcançou a 16ª posição na parada norte-americana desta natureza.



LADIES ROOM

“Ladies Room” é a quarta música do álbum.

O riff que embala toda a canção é muito inspirado, sendo forte, com boa dose de peso, mas repleto de melodia, como pede um bom Hard Rock. Gene Simmons faz os vocais e opta por uma interpretação um pouco mais suave, mas combinando perfeitamente com a parte instrumental.

A letra tem tom sexy novamente:

Meet, meet you in the ladies room
Meet, meet you in the ladies room
For my money, you can't be too soon
You can't be too soon



BABY DRIVER

A quinta faixa do álbum é “Baby Driver”.

O ritmo inicial do disco continua forte e apostando em um Hard Rock cheio de malícia em sua quinta canção, “Baby Driver”. O riff criado é cheio de melodia e sensualidade, reforçado pela cozinha de Simmons e Criss. Aliás, é o próprio baterista quem canta nesta boa música.

A letra aborda uma mistura de flerte com carros:

Go baby driver
Don't want to sleep alone
Ooh, what a rider
Push that pedal to the floor, yeah
Nobody knows where you're goin'
Nobody cares where you've been
And if you want to hear some stories
Ask that girl to let you in
I mean let you in



LOVE ‘EM AND LEAVE ‘EM

“Love ‘Em And Leave ‘Em” é a sexta canção de Rock And Roll Over.

Os riffs roqueiros são mantidos e um deles é a base desta música do trabalho. Simmons faz uso de seus típicos vocais, misturando uma pequena dose de agressividade e muito de sensualidade/malícia. O refrão é ótimo e a guitarra de Frehley está muito boa outra vez.

Mais uma vez a letra tem sentido sexual:

Well, make a reservation
Between the hours of ten and two, how do you do
You've got the time to remember
I've gotta slick proposition you
There's nothing else I'd rather do



MR. SPEED

A sétima faixa do disco é “Mr. Speed”.

Como é típico na discografia setentista do KISS, a banda aposta em um riff cheio de malícia, ritmo e melodia. Entretanto, nunca deixa de ter certo peso. Em “Mr. Speed”, o grupo vai certeiro novamente, mantendo o nível do trabalho. O refrão é contagiante, embalado pela sensacional voz de Paul Stanley.

A letra tem abordagem de flerte/sexy:

Well, you know, I got the kind of lovin' that you need
The kind of lovin' that you need
I'm so fast, that's why the ladies call me Mr. Speed



SEE YOU IN YOUR DREAMS

A oitava canção do álbum é “See You In Your Dreams”.

A base desta faixa é novamente um riff com doses precisas de peso e melodia, construído com uma cadência que se funde de maneira muito harmônica com os vocais mais graves de Gene Simmons. O solo de Ace Frehley também contribui decisivamente para a excelente música composta pelo KISS.

A letra fala de uma obsessão romântica:

When you're in the room, you're home too soon
You can't get me out of your mind
And you get in bed, you cover your head
My letter to you is signed
And this is what I'm sayin'



HARD LUCK WOMAN

O clássico “Hard Luck Woman” é a nona música do trabalho.

Apostando em uma melodia bem suave e cativante, executada de maneira predominantemente acústica, “Hard Luck Woman” é uma balada cantada pelo baterista Peter Criss. Suas linhas são repletas de tons leves e se casam de maneira interessante com o vocal mais ríspido de Criss, quebrando de maneira inteligente o ritmo mais acelerado do disco.

A letra possui temática mais romântica:

Before I go let me kiss you
And wipe the tears from your eyes
I don't wanna hurt you, girl
You know I could never lie

“Hard Luck Woman” é um clássico do KISS e foi pensada para seguir o grande sucesso de “Beth”, lançada no álbum anterior. Embora Paul Stanley tivesse a composta pensando nos vocais de Rod Stewart, foi ele mesmo que sugeriu que Criss (que canta “Beth” em Destroyer) fizesse os vocais, após a também insistência de Simmons para que o baterista a cantasse.



A ideia foi bem sucedida, pois foi o primeiro single para promover o álbum e alcançou a 15ª posição na parada norte-americana deste tipo de lançamento.

Há versões covers feitas por diferentes artistas, como as bandas Pretty Maids e Rosenfeld, bem como o cantor country norte-americano Garth Brooks.



MAKIN’ LOVE

A décima – e última – faixa de Rock And Roll Over é “Makin’ Love”

Desta feita o KISS apostou mais na velocidade do riff principal da canção, alternando-o com passagens um pouco mais cadenciadas. Claro, a melodia e o peso estão presentes, mas tudo se encaixando no pacote Hard Rock magistral do grupo. Os vocais de Paul Stanley estão beirando a perfeição, como de costume.

A letra tem temática sexual:

Red light, green light, don't say "No"
I really want her, she says
"Stop, baby" go, go, go
I really want her by my side
The whole night through
We do all the things that we wanna do
Well, come on baby, don't leave me sad
'Cause you're good lookin', the best I've had



Considerações Finais

A missão de Rock And Roll Over, lançado menos de oito meses após Destroyer, era manter o sucesso comercial alcançado pelo seu antecessor. Podemos dizer que o álbum a cumpriu de maneira muito eficiente.

O disco foi amparado por dois singles que conseguiram atingir o Top 20 da parada norte-americana deste tipo de lançamentos. Isto garantiu que tanto “Hard Luck Woman” quanto “Calling Dr. Love” tivessem boa repercussão e circulação pelas rádios dos Estados Unidos.

O álbum atingiu a ótima 11ª posição na parada norte-americana de discos, contando com as 7ª e 9ª colocações nas paradas canadense e sueca, respectivamente. Entretanto, não repercutiu naquele ano na parada britânica.

Com o sucesso de Rock And Roll Over, o KISS pode continuar a excursionar para públicos cada vez maiores e, também, aumentar o número de apresentações.

Continuando sua estratégia de se manter na mídia, compôs, lançou e gravou o excelente Love Gun pouco mais de 6 meses após o lançamento deste álbum aqui apresentado.

Rock And Roll Over supera a casa de 1 milhão de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.

Gene Simmons


Formação:
Paul Stanley - Vocal, Guitarra Base, Violão
Gene Simmons - Vocal, Baixo
Ace Frehley - Guitarra Solo, Backing Vocals
Peter Criss - Bateria, Percussão, Vocal

Faixas:
01. I Want You (Stanley) - 3:04
02. Take Me (Stanley/Delaney) - 2:56
03. Calling Dr. Love (Simmons) - 3:44
04. Ladies Room (Simmons) - 3:27
05. Baby Driver (Criss/Penridge) - 3:40
06. Love 'Em and Leave 'Em (Simmons) - 3:47
07. Mr. Speed (Stanley/Delaney/Frehley) - 3:18
08. See You in Your Dreams (Simmons) - 2:34
09. Hard Luck Woman (Stanley) - 3:34
10. Makin' Love (Stanley/Delaney) - 3:14

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indica-se o acesso a: http://letras.mus.br/kiss/

Opinião do Blog:
É apenas repetir o óbvio apontar-se o KISS como uma das mais importantes e marcantes bandas da história da música. Seu nome estará sempre cravado entre os maiores para a eternidade.

É claro que todo o trabalho de marketing encima do grupo (e que nunca nega isto, especialmente o baixista Gene Simmons) muitas vezes deixa que as pessoas não percebam a força e a qualidade de sua obra musical. De nada serviria a promoção comercial se as músicas fossem ruins.

E Rock And Roll Over está entre as melhores obras da discografia do KISS, pelo menos para o Blog.

Nos palcos e clipes, o KISS abusa da teatralidade, reforçado pela caracterização dos membros do conjunto em personagens, reforçando uma construção fantasiosa, transformando os músicos em heróis e/ou seres fantásticos. Absolutamente genial, pois contribui enormemente para todo o marketing sobre o conjunto.

Mas não é apenas isto. O KISS é, antes de tudo, uma banda de Rock.

Rock And Roll Over aposta em uma sonoridade setentista, com base no estilo Hard Rock. Para tanto, o trabalho de guitarras está soberbo. Os riffs exploram o peso na medida correta, repletos de melodia e com boas doses de malícia. Destaque para o bom gosto dos solos de Ace Frehley no disco.

Para isto contribuem o baixo sempre presente de Gene Simmons e a correta bateria de Peter Criss.

Mesmo tendo uma das mais belas vozes da história do Rock, Paul Stanley, o KISS opta por utilizar outros membros do grupo cantando em algumas faixas. Gene e Peter o fazem de maneira correta e inteligente.

Nas letras, temos outra amostra de que o KISS é uma banda acima da normalidade. Seus compositores usam e abusam da temática sexual, apoderando-se de uma arma eficiente para atrair os púbicos mais jovens. Mas tudo é feito de maneira inteligente e sutil, sem apelar para baixarias.

Desta maneira, Rock And Roll Over é um álbum excepcional com canções cativantes. As mais famosas são mesmo “Hard Luck Woman” e “Calling Dr. Love”, mas faixas como “I Want You”, “Mr. Speed” e “Makin’ Love” estão no mesmo patamar.


Sem música de enchimento e sem enrolação, Rock And Roll Over vai direto ao ponto e mostra uma banda com sede de sucesso. Apostando em composições que nos brindam com o melhor do Rock & Roll, este é um disco mais que obrigatório da genial banda KISS.

3 de novembro de 2013

SAVATAGE - HALL OF THE MOUNTAIN KING (1987)


Hall Of The Mountain King é o quarto álbum de estúdio da banda norte-americana chamada Savatage. Seu lançamento oficial ocorreu em 28 de setembro de 1987, através do selo Atlantic Records. A produção ficou a cargo de Paul O’Neill em conjunto com a própria banda. As gravações aconteceram naquele mesmo ano, no Record Plant Studios, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Algumas bandas, por mais qualidade que tenham, simplesmente não conseguiram alcançar a fama e o reconhecimento que mereciam. O Savatage é um dos maiores exemplos de um grupo cujo sucesso não foi, nem de longe, o que desejava. Quem conhece o conjunto sabe que ele merecia uma fama bem maior que a qual obteve.



O Savatage foi formado pelos irmãos Criss e Jon Oliva, originalmente, no ano de 1978, sob o nome Avatar. Com Steve Wacholz na bateria, o grupo começou a tomar forma.

Já era 1981 quando o Avatar fazia shows na área de Tampa, Flórida, já com o baixista Keith Collins. No repertório, composições próprias e covers de “Eruption”, do Van Halen, e de “You Really Got Me” (da versão que o Van Halen fez da canção).

Com o crescer da fama, o Avatar começou a tomar parte em algumas compilações de Heavy Metal com bandas ainda desconhecidas, a mais famosa delas a The YNF Pirate Tape, de uma rádio de Tampa.

Em 1983, devido a questões de direitos autorais, o Avatar foi forçado a mudar de nome. Com a fusão das palavras “Savage” e “Avatar”, surgiu o nome Savatage.

Os dois primeiros lançamentos da banda foram realizados pelo selo independente Par Records. O primeiro álbum, Sirens, saiu em abril de 1983, demonstrando uma sonoridade baseada no Heavy Metal Tradicional. Ótimas canções como “Holocaust” e “Out on the Streets” estão nele.

Quase um ano depois, em Março de 1984, foi lançado o EP chamado The Dungeons Are Calling. A faixa-título e a ótima “City Beneath The Surface” são os destaques.

Jon Oliva


Nesses dois primeiros trabalhos, o grupo era formado pelo vocalista Jon Oliva, o guitarrista Criss Oliva, o baixista Keith Collins e o baterista Steve Wacholz. A sonoridade era bem baseada no Metal Tradicional.

Com a repercussão dos trabalhos anteriores, em 1985, a banda assinou um contrato com a Atlantic Recording Corporation e lançou seu segundo álbum, Power of the Night.

Power of the Night foi produzido por Max Norman, o qual iria produzir Countdown to Extinction, o álbum clássico do Megadeth de 1992. Norman apresentou uma abordagem pouco ortodoxa para uma banda de metal, a qual incluiu o uso liberal de teclados por parte de Jon em canções como "Fountain Of Youth" e estruturas mais comuns a Broadway como em "Warriors".

O trabalho foi bem recebido pelos críticos, mas ficou aquém das expectativas de vendas. Atlantic fez um orçamento para fornecer fundos a fim de lançar um videoclipe para "Hard for Love", com a condição de que esta fosse renomeada "Hot for Love", com intenções de aumentar a publicidade. A banda se recusou a mudar o nome da música e, consequentemente, o vídeo não foi lançado.

Em 1986, ocorreu o lançamento de seu terceiro álbum, Fight for the Rock, uma tentativa frustrada de uma abordagem mais comercial, imposta pela gravadora e a qual a banda passou a chamar de Fight for the Nightmare. Após o disco sair, o Savatage saiu em turnê com Metallica, Kiss e Motörhead.

Muitos fãs de Savatage vêem o trabalho, em grande parte, como uma decepção. A banda em si não estava feliz com o registro, especialmente com a pressão da gravadora para incluir duas versões cover (“Day After Day” do Badfinger e “Wishing Well” do Free).

 Jon Oliva tinha sido contratado, também, pela Atlantic Records, para escrever material para outros artistas da gravadora, tais como John Waite e outros pop-rockers. Mais tarde, a Atlantic virou-se e perguntou ao Savatage se eles gostariam de gravar o supracitado material.

Criss Oliva


Em uma demonstração de ingenuidade juvenil, a banda concordou. Isto foi a bomba que não só quase destruiu sua imagem na imprensa,  mas também por pouco não dizimou o grupo e enviou Jon em seu início de vício em álcool e drogas.

Ele admitiu, recentemente, no entanto, que o álbum tinha pontos fortes, incluindo o cover de "Day After Day" do Badfinger. Durante aquele tempo, o baixista Keith Collins deixou a banda e Johnny Lee Middleton foi seu substituto. Desde 1987, Johnny foi o único membro, além de Jon, consistente do Savatage, participando em cada disco de estúdio.

Gravado em Nova Iorque, com o novo produtor Paul O’Neill – que contribuiria com letras e apontando um novo direcionamento à banda, o quarto álbum de estúdio do Savatage é o marco de um novo caminho que o grupo iria traçar.

24 HOURS AGO

Abre o álbum a faixa “24 Hours Ago”.

Um riff bem pesado e marcante já dá as caras nos momentos iniciais da canção. Os vocais de Jon estão bem agressivos, acompanhando o peso da melodia, a qual possui um andamento mais arrastado. Os solos são bem interessantes.

A letra usa a morte como um parâmetro de novo início:

Engines grind
I hit the red line
I'm movin' fast
Forget the past
I'm burning tread
In my head
I am gone
Twenty four hours ago
Yeah

Na época de seu lançamento, “24 Hours Ago” foi uma faixa marcante para o Savatage. O videoclipe foi a forma escolhida para divulgar a canção e ele teve extensa circulação na MTV dos Estados Unidos, dentro de sua programação destinada ao Heavy Metal.



BEYOND THE DOORS OF THE DARK

“Beyond The Doors Of The Dark” é a segunda faixa do disco.

Uma introdução mais lenta, suave e repleto de uma triste melodia marca o início da segunda música do trabalho. Poucos momentos depois, o Heavy Metal está de volta. O riff principal da canção é outra vez brilhante, cheio de peso e fúria, entretanto, apostando sempre na melodia. Como na faixa anterior, a aposta é um andamento mais cadenciado. Criss arrasa nos solos. Há a presença de alguns coros durante a música.

A letra traz um sentido de condenação eterna:

It's time to meet your fate
Heaven can wait
All the walls are closing in
Things crawl on your skin
He's grabbing down at you
There's nothing you can do
No place to run and hide



LEGIONS

A terceira canção do álbum é “Legions”.

O baixo de Johnny Lee Middleton está bastante proeminente no início de “Legions” e é parte importante no sucesso desta interessante música. Quem também dá um show é a guitarra de Criss Oliva, com solos repletos de feeling e um ótimo riff. “Legions” é uma faixa mais direta que as suas predecessoras, sem momentos mais intricados.

A letra remete à disputa de poder:

Scream loud
Let the masses hear you
Banging hard across the ground
Shatter the darkest lights
Oh no
Heed the master's calling
Congregate
Celebrate
The power you've obtained



STRANGE WINGS

A quarta música do trabalho é “Strange Wings”.

Um solo inspiradíssimo é a excelente abertura de “Strange Wings”. O riff é pesado, lento e repleto de melodia, remetendo imediatamente ao Hard Rock dos anos oitenta, sendo esta a clara influência presente nesta canção. Criss Oliva dá um show na guitarra. O vocal da faixa é feito pelo saudoso Ray Gillen (Black Sabbath, Badlands).

A letra fala de uma misteriosa mulher:

She, she took control of my very soul, yeah
She's still a mystery
In her arms I long to be
I don't know why
I turn and reach to the sky



PRELUDE TO MADNESS

A quinta música de Hall Of The Mountain King é “Prelude To Madness”.

Teclados acompanham a sonorização de uma tempestade no início da canção. Depois, acompanhando a dinâmica da faixa aparece a guitarra de Criss Oliva, a qual forma um interessante dinamismo com elementos de orquestração. Uma música bastante interessante, com elementos sinfônicos e complexos, deixando-a extremamente cativante. Ressalte-se que “Prelude To Madness” é totalmente instrumental.



HALL OF THE MOUNTAIN KING

Homônima ao álbum, “Hall Of The Mountain King” é a sexta faixa.

Outra vez brilhando intensamente, Criss Oliva inicia a canção com solos inspirados e um riff espetacular. Ele aposta, como em praticamente todo o trabalho, no andamento cadenciado, com muito peso e, ao mesmo tempo, melodicamente. Jon acompanha tudo isto com uma interpretação agressiva e maliciosa. A música possui momentos com variações do riff e andamentos mais suaves, porém, cativantes.

A letra se refere a um reino fantasioso e à loucura de seu rei:

Far away
In a land caught between time and space
Where the books of life lay
We fear this castle of stone
The mountain king roams
All alone in here
But he's not the only one
Lost inside
Forever hidden from the sun

“Hall Of The Mountain King” é um dos grandes clássicos do Savatage. Também foi divulgada através de videoclipe que, assim como “24 Hours Ago”, teve extensa divulgação na MTV norte-americana.



THE PRICE YOU PAY

A sétima faixa do disco é “The Price You Pay”.

Com um andamento mais tradicional e um riff que remete ao Judas Priest, “The Price You Pay” é bastante direta e tem clara influência do Heavy Metal clássico. Ela conta com ótimas presenças tanto de Jon quanto de Criss. Momento inspirado do álbum.

A letra combina o sentimento de medo com o de culpa:

Can your mind reach beyond tonight
I believe your love for life
Will never die
So my child you ask
What does this mean
Cut the chains and chase the dream



WHITE WITCH

“White Witch” é a oitava canção de Hall Of The Mountain King.

Apostando, desta vez, em um andamento mais veloz e direto, “White Witch” lembra o Heavy Metal britânico do início dos anos 80 (a New Wave Of British Heavy Metal). É uma faixa que tem um riff consideravelmente mais rápido, embora seja muito melódico. A interpretação de Jon também se casa perfeitamente com o instrumental.

A letra tem forte conotação de magia e feitiço:

Wrapped and enraging
I use to maintain it
Do you want some more?
Give her your money
Sell her your soul
The deadliest of whores



LAST DAWN

A nona música do álbum é “Last Dawn”.

Com pouco mais de 1 minuto, “Last Dawn” é um pequeno e suave solo de Criss Oliva.



DEVASTATION

A décima – e última – faixa de Hall Of The Mountain King é “Devastation”.

A bateria de Wacholz é rapidamente acompanhada por um brilhante e criativo riff surgido da guitarra de Criss Oliva. O andamento é cadenciado e pesado, na linha do Heavy Metal tradicional. O destaque maior é mesmo para Criss, novamente preciso e melódico. A banda encerra o disco com uma música mais direta.

A letra tem clara influência no Apocalipse bíblico:

Start your fields afire
Watching them burn
Tomorrow will be
Another world's turn
To win is the end
To be a part of judgment day
We should have listened
To what Christ had to say



Considerações Finais

Lançado pela Atlantic Records, Hall Of The Mountain King esteve longe de ser um grande sucesso comercial. Mesmo assim, obteve a modesta 124ª posição na parada norte-americana de álbuns.

O álbum também teve, pela primeira vez na carreira do grupo, sua arte de capa desenvolvida pelo artista Gary Smith, fato que ocorreria em outros álbuns posteriores da banda.

"Prelude to Madness" é um arranjo do compositor norueguês Edvard Grieg de sua composição "In The Hall Of The Mountain King" baseada em Peer Gynt, de Henrik Ibsen. Estranhamente, Grieg não é creditado para esta música, mas para a seguinte faixa-título - que, ironicamente, é uma canção original do Savatage.

A introdução de "Prelude to Madness" apresenta teclados e guitarra tocando "Mars, the Bringer of War" da suíte do compositor inglês Gustav Holst, Os Planetas.

Hall Of The Mountain King supera a casa de 300 mil cópias vendidas.



Formação:
Jon Oliva – Vocal, Piano
Criss Oliva – Guitarras
Johnny Lee Middleton – Baixo
Steve Wacholz – Bateria, Percussão
Músico Adicional
Robert Kinkel – Teclado

Faixas:
01. 24 Hours Ago (J. Oliva/C. Oliva/Middleton/O'Neill) - 4:56
02. Beyond the Doors of the Dark (J. Oliva) - 5:07
03. Legions (C. Oliva/J. Oliva) - 4:57
04. Strange Wings (C. Oliva/J. Oliva/O'Neill) - 3:45
05. Prelude to Madness (Grieg/C. Oliva/O'Neill) - 3:13
06. Hall of the Mountain King (C. Oliva/J. Oliva/Middleton/O'Neill) - 5:55
07. The Price You Pay (C. Oliva/J. Oliva/Wacholz) - 3:51
08. White Witch (C. Oliva/J. Oliva) - 3:21
09. Last Dawn (C. Oliva) - 1:07
10. Devastation (C. Oliva/J. Oliva) - 3:37

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indica-se o acesso a: http://letras.mus.br/savatage/

Opinião do Blog:
Para Jon Oliva, membro fundador e líder do Savatage, a banda acabou por falta de dinheiro (leia-se sucesso comercial). Ao mesmo tempo, ele afirmou que seu fim foi decretado com a terrível morte de seu irmão e co-fundador  do grupo, Criss Oliva, em 1993 (em um acidente automobilístico).

O Savatage continuou sem Criss até 2001, ano de seu último álbum de estúdio, Poets And Madmen, mas Jon afirma que nunca ganhou dinheiro com o grupo.

Mas é inegável que a banda possui, até hoje, fãs ardorosos, e um inquestionável legado musical, com ótimos álbuns e canções lançados durante toda sua carreira.

Mais especificamente em Hall Of The Mountain King, o Savatage começava a explorar e definir o que seria sua linha musical nas obras futuras.

Na primeira metade do disco, há faixas mais longas, em que a banda flerta com o Rock Progressivo (levemente) e, também, usa orquestrações e elementos sinfônicos. Há canções extremamente interessantes como “24 Hours Ago”, "Beyond the Doors of the Dark", “Legions” e mesmo a faixa-título.

Por outro lado, o conjunto compôs canções que apontam em uma direção mais tradicional do Heavy Metal, como “Devastation” e “White Witch”.

Jon Oliva canta de maneira agressiva e, mesmo não sendo um vocalista excepcional, faz muito bem seu trabalho. O baixo de Middleton também é bastante presente, casando-se construtivamente com a bateria de Wacholz.

Mas o show é dado por Criss Oliva, com riffs impregnados de peso e melodia e seus solos que conseguem ser cheios de feeling, no momento exato da música.

As letras superam a média, construídas de maneira inteligente e contribuem para o resultado final do trabalho.


Hall Of The Mountain King apontava para o futuro musical do Savatage, sendo um trabalho relevante e consistente. Não há músicas de enchimento e apresenta um guitarrista extremamente inspirado. Álbum obrigatório de uma banda que merecia muito mais reconhecimento que teve.