11 de setembro de 2011

JUDAS PRIEST - BRITISH STEEL (1980)



British Steel é o sexto álbum de estúdio da banda inglesa de Heavy Metal chamada Judas Priest. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 14 de abril de 1980 e teve a produção de Tom Allon. O álbum foi gravado entre janeiro e fevereiro de 1980, no Startling Studios, em Ascot, na Inglaterra.

Em 1977, o Judas Priest gravou seu terceiro álbum de estúdio, Sin After Sin. O álbum trouxe algumas canções que ficaram bem conhecidas dos fãs, como “Starbreaker”, “Dissident Aggressor” e o cover de John Baez, “Diamonds & Rust”. Foi a primeira vez que um trabalho do grupo entrou nas paradas britânicas.

Nesta época, o baterista Alan Moore havia deixado a banda e o substituto Simon Phillips foi chamado apenas para gravar o álbum. Sin After Sin foi o primeiro trabalho da banda com a gravadora Columbia Records, após a polêmica saída do Judas Priest de sua antiga gravadora, a Gull Records, que culminou com o grupo perdendo os direitos sobre seus dois primeiros álbuns.

Sin After Sin teve produção do, na época, ex-baixista do Deep Purple, Roger Glover em parceria com o próprio Judas Priest. Para a turnê que se seguiu, foi contratado o baterista James Leslie Binks, ou Les Binks.

Impressionados com a performance de Binks durante a turnê, o grupo o convida para se tornar o baterista permanente do Judas Priest.

A formação: Hill, Halford, Downing, Tipton e Binks:



Assim a banda passa a contar com a seguinte formação: Rob Halford nos vocais, Glenn Tipton na guitarra, K. K. Downing na guitarra, Ian Hill no baixo e Les Binks na bateria.

Com esta formação, a banda compõe e grava seu quarto álbum de estúdio, que é lançado em fevereiro de 1978, Stained Class. O álbum trouxe composições creditadas pelos cinco membros da banda, sendo Les Binks creditado como um dos criadores do grande clássico "Beyond the Realms of Death".

Infelizmente, anos depois de seu lançamento, Stained Class recebeu atenção negativa quando dois jovens fizeram um pacto suicida e o realizaram em dezembro de 1985, após ouvirem a faixa “Better By You, Better Than Me”, presente no álbum. Um dos dois jovens conseguiu se matar, enquanto o outro não, mas ficando desfigurado.

A família do jovem sobrevivente entrou com uma ação contra o Judas Priest, alegando que a música possuía mensagens subliminares que incentivavam a prática do suicídio. Obviamente a banda foi inocentada de todas as acusações. Na realidade, o conteúdo da canção é sobre alguém desiludido com o status do mundo atual, abandona seu amor e se une a um esforço de guerra.

Stained Class foi o primeiro álbum do Judas Priest a conseguir entrar na parada norte-americana da Billboard, na 104ª posição.

Ainda em 1978, a banda lançaria seu quinto álbum de estúdio, Killing Machine, em outubro daquele ano. Nos Estados Unidos o disco saiu com o nome de Hell Bent For Leather. Também na versão norte-americana há uma faixa extra, "The Green Manalishi (With the Two-Pronged Crown)" um cover de Fleetwood Mac, que acabou se tornando um sucesso do grupo.

Killing Machine também conseguiu entrar na parada norte-americana, na 128ª posição, graças a ótimas faixas como “Hell Bent For Leather”, “Killing Machine” e “Delivering The Goods”, por exemplo. A gravadora mudou o nome do álbum nos Estados Unidos, alegando que o grupo não necessitava de “implicações homicidas” para a divulgação do trabalho.

Em Killing Machine, o Judas Priest apresentou canções consideravelmente mais curtas e com um maior apelo comercial, entretanto, a banda não abandonou sua pegada fortemente Heavy Metal e o conteúdo lírico sombrio.

A turnê que se seguiu ao lançamento do álbum foi um sucesso e contou com a gravação de apresentações em Tóquio, no Japão para o lançamento de um álbum ao vivo.

Em setembro de 1979 é lançado o ao vivo Unleashed In The East, que trouxe ainda mais sucesso para o grupo britânico. O álbum atingiu a 10ª posição da parada britânica e 70ª posição da parada norte-americana, tornando-se o disco de maior vendagem do Judas Priest até aquele momento.

Algumas críticas foram feitas a Unleashed In The East, as quais diziam que o álbum, lançado como um ‘ao vivo’, teria sofrido diversas melhorias com o grupo em estúdio. Anos mais tarde, quando se encontrava fora do grupo, Rob Halford afirmou que todas as gravações de instrumentos presentes no trabalho são de fato dos shows, mas seus vocais teriam ficado arruinados durante a gravação.

Desse modo, apenas os vocais teriam sido regravados em estúdio, mimetizando o ambiente de uma gravação ao vivo.

Ainda em 1979, Les Binks deixa o Judas Priest, dizendo-se decepcionado com o direcionamento musical adotado pela banda. Seu substituo veio a ser o baterista Dave Holland, que era da banda Trapeze.

Dave Holland:



No início de 1980, a banda se reúne para gravar e compor seu sexto álbum de estúdio, British Steel.

Embora sendo creditado como gravado no Startling Studios, na realidade, British Steel teve sua gravação realizada em Tittenhurst Park. Na verdade, Startling Studios era o estúdio de gravação localizado em uma casa, a Tittenhurst Park.

Tittenhurst Park era a casa em que John Lennon e Yoko Ono moraram no início da década de setenta e na qual John fundou o estúdio Ascot Sound Studios. Quando Lennon se mudou para os Estados Unidos definitivamente, o músico desejava vender a propriedade para alguém que fosse desfrutar os estúdios e ao mesmo tempo cuidar dos mesmos.

Lennon então vendeu Tittenhurst Park para um amigo, seu ex-companheiro de banda, o baterista Ringo Starr, que renomeou o estúdio para Startling Studios.

Quando o Judas Priest foi gravar British Steel, a banda achou a própria casa em Tittenhurst Park mais adequada para a gravação e moveu todo o equipamento de gravação para a mesma.

Como a técnica de Sampling não existia na época, muitos ‘efeitos especiais’ que constam no álbum foram feitos através da criatividade e improvisação da banda. Em “Breaking The Law” foram usadas garrafas de leite esmagadas, em “Metal Gods”, cabos de som arremessados ao solo, tacos de bilhar e até o faqueiro de Ringo Starr sendo batido foram utilizados para reproduzir a marcha dos “Metal Gods”.

A capa de British Steel apresenta uma lâmina, tipo de barbear, com o nome da banda e do álbum impressos na mesma, sendo segurada por uma mão. No Reino Unido, o álbum foi lançado com um desconto especial de 3,99 libras.

“Rapid Fire” abre o álbum. Com um ótimo e rápido riff, a faixa contagia, contando com um belo trabalho de Holland na bateria, que mantém o ritmo da música em alta velocidade. Contando com bons solos e vocais inspirados de Rob Halford. Excelente início de trabalho preparando o ouvinte para o que ainda está por vir.

Um excepcional riff abre a segunda faixa do álbum, o tremendo clássico da banda, “Metal Gods”. A canção apresenta um ritmo bem mais cadenciado que a música predecessora, mas conta com peso na medida exata. E solos inspirados, claro.

A letra fala de uma guerra entre humanos e máquinas que possuem inteligência artificial, as quais os próprios humanos teriam criado.

Presença quase obrigatória nos shows do Judas Priest, “Metal Gods” ainda deu o apelido pelo qual os fãs da banda chamam os membros.

A próxima faixa entrou para a história da banda e, talvez, seja seu maior clássico. “Breaking The Law” levou o Judas Priest ao patamar dos maiores nomes do Rock, sendo uma faixa que é conhecida tanto por fãs de Heavy Metal quanto por ouvintes ocasionais.

A faixa é simples, direta, curta e não possui solo de guitarra. Mesmo assim, na sua simplicidade, acabou conquistando muitos fãs. O riff é sensacional, especialmente na abertura da canção. O refrão é marcante e os vocais de Halford, perfeitos.

“Breaking The Law” foi lançada como single, atingindo a 12ª posição na parada britânica. Também aparece em duas eleições do canal VH1, na 40ª posição das melhores canções de Heavy Metal e a 12ª posição de melhores canções de Hard Rock.

O single "Breaking The Law":



Também há um videoclipe de “Breaking The Law”, clássico, que conta, entre outras cenas, com Rob Halford cantando em um Cadillac conversível.

Desnecessário dizer que é presença obrigatória nos shows da banda desde o lançamento do álbum, sendo que suas versões nos shows da banda são um pouco diferentes da versão de estúdio, ora com andamento mais rápido, ora com um pouco mais de peso, ou mesmo com a inclusão de solo de guitarra na canção. Um verdadeiro hino!

A quarta faixa do álbum é mais uma canção fantástica, “Grinder”. Talvez a faixa mais pesada do álbum, conta com um dos melhores riffs de guitarra da discografia da banda. O dueto de guitarras formado por Tipton e Downing torna a canção ainda mais contagiante. Uma verdadeira aula de Heavy Metal. Vocais precisos e um solo de guitarra sensacional dão ainda mais brilho a esta excepcional faixa!

Outro clássico da banda está presente na quinta faixa do álbum. Trata-se de “United”, que acabou se tornando uma das faixas preferidas dos fãs do Judas Priest, sendo seu refrão cantado em conjunto por Halford e os fãs nas apresentações do grupo.

As letras são verdadeiramente uma homenagem aos fãs da banda que estavam junto ao grupo desde o início do mesmo.

“United” é consideravelmente mais lenta que as canções que a precedem, tendo uma sonoridade bem mais próxima a um Hard Rock, ou mesmo, lembrando o estilo ‘Arena Rock’.

Lançada como single para promover o álbum British Steel, “United” atingiu a 26ª posição da parada britânica de singles.

A sexta faixa do álbum é mais um clássico do Judas Priest, “Living After Midnight”. A bateria inicial da faixa, por Holland, é excelente. O riff, bastante próximo a um Hard Rock, é simples, mais cadenciado, e ao mesmo tempo, empolgante. O solo de Tipton é ótimo.

A canção fala de noitadas e diversão e é bem descontraída. Halford chegou a afirmar que as letras foram inspiradas na época de gravação do álbum, em que ele só ‘funcionava’ no período noturno.

Também foi feito um videoclipe para a faixa, contando com Holland tocando uma bateria invisível em seu início e fãs realizando solos em guitarras de cartolina.

Lançada como single, atingiu a 12ª posição da parada britânica dessa natureza.

"You Don't Have to Be Old to Be Wise" é uma faixa que possui um ritmo mais cadenciado, baseada em um excelente e inspirado riff. Possui uma sonoridade bem clássica, de Heavy Metal clássico. O refrão é ótimo e o maior destaque da faixa é sem dúvida para a atuação vocal de Rob Halford, simplesmente espetacular.

A oitava faixa do álbum é “The Rage”. A canção começa quase com um clima que pode ser inspirado em um reggae, com uma linha de baixo bem concebida por Ian Hill. Mais uma vez os vocais de Rob Halford são um espetáculo. A música é bem mais cadenciada, mas conta com peso na medida certa. Mais uma boa canção.

Fecha o álbum a faixa “Steeler”. É uma canção bem rápida, direta e simples. Conta com um riff bem rápido e que traz um ritmo bastante veloz para a canção. Conta com bons solos e bons vocais, fechando o trabalho com chave de ouro. Não chega a ser um clássico, mas mesmo assim é outra ótima música.

British Steel foi um sucesso quase instantâneo, comercialmente, de crítica e junto aos fãs. Até hoje é o álbum da banda que mais vendeu em todo o mundo.

British Steel atingiu a 34ª posição da parada norte-americana de álbuns, a Billboard, ficando ainda melhor colocado na parada britânica, onde atingiu a 4ª posição.

Em 2009, a banda fez uma turnê pelos Estados Unidos em que tocava British Steel na íntegra e na ordem durante os shows. A banda também já tocou todas as músicas dos álbuns Rocka Rolla (1974) e Defenders Of The Faith (1984), mas nunca na ordem em que apareciam no LP original e nem na mesma turnê.

Talvez a melhor definição para o que representa British Steel tenha sido dito pelo guitarrista da banda norte-americana de Heavy Metal Anthrax, Scott Ian. Segundo ele, British Steel foi o álbum que definiu o Heavy Metal de maneira definitiva, pois afastou de uma vez por todas os últimos traços de blues presentes no gênero e, mais, definindo-o com suas características mais fundamentais.

Ian ainda completa que o nome do álbum, British Steel, seria perfeito. Em suas palavras: "Even the title... how does it get more metal than that?" Nada mais a se declarar.

Formação:
Rob Halford: Vocal
Glenn Tipton: Guitarra
K.K. Downing: Guitarra
Ian Hill: Baixo
Dave Holland: Bateria

Faixas:
01. Rapid Fire (Halford/Tipton/Downing) - 4:08
02. Metal Gods (Halford/Tipton/Downing) - 4:00
03. Breaking the Law (Halford/Tipton/Downing) - 2:35
04. Grinder (Halford/Tipton/Downing) - 3:58
05. United (Halford/Tipton/Downing) - 3:35
06. You Don't Have to Be Old to Be Wise (Halford/Tipton/Downing) - 5:04
07. Living After Midnight (Halford/Tipton/Downing) - 3:31
08. The Rage (Halford/Tipton/Downing) - 4:44
09. Steeler (Halford/Tipton/Downing) - 4:30

Letras:
Para o conteúdo das letras, recomendamos o acesso a: http://letras.terra.com.br/judas-priest/

Opinião do Blog:
Quando se fala de Judas Priest, está se mencionando uma das melhores bandas de todos os tempos. O nome do grupo é praticamente sinônimo de Heavy Metal e os caras se orgulham bastante disso.

Mas o Priest não é ‘apenas’ isto. Embora seja uma banda que sempre baseou sua sonoridade no Heavy Metal clássico, o grupo nunca temeu experimentar e flertar com sonoridades diferentes e seus álbuns apresentam estilos diversificados entre si, quase sempre com resultados muito bons. Portanto, um dos pontos fortes do Judas Priest é sua criatividade.

British Steel representa a obra-prima da banda. É um álbum que apresenta cerca de seis clássicos da banda (as seis primeiras faixas do trabalho). E as outras três também seriam destaques se não estivessem em um disco tão acima da média!

Não há muito o que se falar sobre o álbum. Se você gosta de Heavy Metal, é um álbum obrigatório. Se não é, mesmo assim vale à pena conhecer um dos melhores discos de todos os tempos.

Vídeos Recomendados:

Breaking The Law


United, ao vivo


Metal Gods, ao vivo


Living After Midnight


Grinder, ao vivo


Contato: rockalbunsclassicos@hotmail.com

9 de setembro de 2011

WHITESNAKE - WHITESNAKE (1987)



Whitesnake é o sétimo álbum de estúdio da banda inglesa de Hard Rock homônima, ou seja, o Whitesnake. O seu lançamento oficial ocorreu no dia 7 de abril de 1987 e teve a produção sob responsabilidade de Mike Stone, em um primeiro momento, e posteriormente com Keith Olsen. O álbum foi gravado entre setembro de 1985 e novembro de 1986.

Em janeiro de 1984, o Whitesnake havia acabado de lançar o álbum Slide It In apenas na Europa. Neste momento, a formação da banda contava com seu líder David Coverdale nos vocais, Mel Galley e Micky Moody como guitarristas, Colin Hodgkinson no baixo, Jon Lord nos teclados e Cozy Powell na bateria. Uma grande formação.

Simultaneamente, o Whitesnake havia conseguido um contrato com o selo Geffen, uma grande gravadora norte-americana. Seria ela a responsável por lançar e distribuir os álbuns do grupo apenas nos Estados Unidos.

Slide It In recebeu críticas bem variadas. A maioria dos comentários negativos ficariam por conta da qualidade da produção do álbum, especialmente a sua mixagem, tida como seca, sem brilho. Assim, o produtor David Geffen insistiu com Coverdale que para o lançamento de Slide It In nos Estados Unidos, o disco deveria sofrer uma nova mixagem.

Ao mesmo tempo, a banda estava fazendo uma turnê e sofria com as mudanças em sua formação, uma característica imutável do grupo. O guitarrista Moody e o baixista Hodgkinson deixam a banda, sendo substituídos pelo guitarrista John Sykes (Thin Lizzy) e pelo retorno do baixista Neil Murray ao Whitesnake.

Formação com Powell, Coverdale, Sykes e Murray



Coverdale finalmente aceita fazer a nova mixagem de Slide It In e Sykes e Murray regravam as partes da guitarra solo e do baixo, respectivamente.

Mesmo com a desconfiança de Coverdale quanto ao resultado da nova mixagem, Slide It In é lançado em abril de 1984 nos Estados Unidos. O álbum atinge a 40ª posição da parada norte-americana de discos, a Billboard.

Canções como “Slide It In”, “Slow An’ Easy” e “Love Ain’t No Stranger” tornam-se sucesso e alavancam as vendas do álbum nos Estados Unidos, ultrapassando a casa de 1 milhão de cópias vendidas. Assim, Geffen sugere a Coverdale começar a levar seu trabalho nos Estados Unidos mais a sério.

Durante a turnê em 1984, o guitarrista Mel Galley quebra seu braço, deixando o Whitesnake com uma formação contando com apenas uma guitarra, de John Sykes. Poucas semanas depois, mais uma baixa, com Jon Lord avisando que deixaria o Whitesnake para retornar ao Deep Purple que reativaria a formação MK II.

O tecladista Richard Bailey entra para o grupo para a continuação da turnê. Com o objetivo de reforçar o nome da banda nos Estados Unidos, várias datas são marcadas no país, com o grupo fazendo shows de abertura para a banda DIO e para o Quiet Riot. A turnê terminaria com a apresentação histórica da banda frente a um público de 100 mil pessoas em janeiro de 1985, no Rock In Rio original, no Brasil.

Mel Galley, embora inativo, continuava como membro da banda até declarar em entrevista que planejava reformar sua banda anterior, o Trapeze, e assim acabou demitido do Whitesnake.

Slide It In ainda apresentava o Whitesnake com uma sonoridade com influências de Blues, mas para o próximo álbum o grupo apresentaria um direcionamento mais voltado para o Hard Rock produzido nos anos oitenta.

No início das gravações do novo álbum, ainda em 1985, fica decidido que John Sykes gravaria tanto a guitarra base quanto os solos. O baterista Cozy Powell que vinha já se desentendendo com Coverdale desde a turnê, também deixa o grupo. Para seu lugar, é contratado Aynsley Dunbar, que tocou no Journey. Também foi contratado para a gravação do disco o tecladista Don Airey, que havia tocado com Ozzy Osbourne e no Rainbow.

Ainda em 1985, Coverdale e Sykes rumaram para o sul da França, na cidade de Le Rayol, em busca de comporem novo material para o álbum. Nestas sessões surgiriam dois grandes clássicos do álbum e da carreira do Whitesnake: “Still Of The Night” e “Is This Love”.

Coverdale, Sykes e Murray foram para Los Angeles para buscarem então o novo baterista, que, como foi dito, acabou sendo Aynsley Dunbar. Há uma lenda que cerca de 60 bateristas foram testados antes de Dunbar ser o escolhido.

Com Coverdale, Sykes, Murray e Dunbar, a banda foi para Vancouver no Canadá para começarem a gravar o álbum Whitesnake. Lá surgiu o primeiro dos problemas para sua gravação: Sykes não conseguia ficar satisfeito com os sons de sua guitarra de maneira alguma! O problema só ficou solucionado, algum tempo depois, quando Coverdale conseguiu a ajuda de seu amigo Bob Rock, que ficara famoso por ajudar no álbum do Bon Jovi, Slippery When Wet, de 1986.

O próximo problema seria ainda mais sério: Coverdale contraiu uma sinusite séria, que se tornou uma infecção e começou a atrasar toda a gravação do álbum. Ainda ficaria pior, pois o vocalista e líder da banda seria obrigado a sofrer uma cirurgia, tendo um longo prazo de seis meses para sua reabilitação. A doença foi tão séria que na época, acreditava-se que David não poderia mais cantar.

Depois da longa recuperação, Coverdale voltaria para continuarem o processo de gravação do álbum. Já em sua volta, a relação com o guitarrista John Sykes e com o produtor Mike Stone se deteriorou rapidamente e ambos deixam o processo de gravação.

Coverdale inicia a gravação dos vocais com Ron Nevison, mas logo depois começa a trabalhar com Keith Olsen, que foi quem acabou fazendo o processo final de produção e mixagem do álbum. Como dito anteriormente, foi nesta altura que Don Airey foi chamado para gravar os teclados do trabalho, assim como o tecladista Bill Cuomo auxiliou tocando em algumas passagens do disco.

O líder da banda convida o jovem guitarrista holandês Adrian Vandenberg para gravar o solo de guitarra em “Here I Go Again”, uma regravação da própria banda que acabou incluída no álbum. Neste período, Coverdale convida o jovem para entrar no Whitesnake.

A arte da capa é bem simples e foi desenvolvida por Hugh Syme, apresentando um brasão como símbolo da banda.

O álbum é aberto com um clássico da banda, “Crying In The Rain”.

Na realidade, a música é uma canção do Whitesnake que foi lançada no quinto álbum de estúdio da banda, Saints & Sinners, de 1982. Coverdale decidiu dar uma nova roupagem à canção, mostrando a nova sonoridade da banda.

Em comparação com a versão anterior, a canção já começa forte e mostrando um novo direcionamento musical, baseado no Hard Rock dos anos oitenta, principalmente feito nos Estados Unidos. A faixa tem um ritmo mais lento, mas com certo peso, calcada em um ótimo riff.

Segundo Coverdale, Sykes não gostava nenhum pouco da influência de blues na sonoridade da banda e fez a regravação abandonando totalmente o estilo bluesy que a versão original de “Crying In The Rain” possui.

Embora tenha sido lançada como single para promover o álbum Whitesnake, não obteve sucesso nas paradas de singles. Mesmo assim, permanece como uma das faixas preferidas dos fãs e está no set list da banda quase como presença permanente desde 1982, mas é tocada durante os shows, desde 1987, em sua versão presente no álbum de 1987.

Continuando com a nova sonoridade desenvolvida no trabalho, “Bad Boys” é a segunda faixa do álbum. Possui um riff bem rápido, simples e direto, ao mesmo tempo, muito bom. Coverdale casa sua voz perfeitamente com a canção, tornando a faixa bastante empolgante. Uma ótima canção do disco.

A terceira faixa do trabalho trouxe um novo clássico para o Whitesnake. Está se falando de “Still Of The Night”. A música apresenta outro grande e belo riff de guitarra e ótimo trabalho da bateria de Dunbar. Uma das grandes canções da discografia da banda.

A inspiração para a canção veio com o falecimento da mãe de Coverdale. Segundo ele, estava revirando seus pertences e encontrou uma fita cassete antiga e a ouviu. Era de seus tempos de Deep Purple e se tratava de uma canção em que ele e Ritchie Blackmore estavam trabalhando, mas que depois fora descartada.

Coverdale disse que o resultado final da canção é bastante diferente do que estava na fita cassete original, principalmente pelo fato de Sykes detestar blues e ter trazido a canção para uma sonoridade bem próxima do Hard Rock oitentista. Ela foi desenvolvida enquanto a dupla estava no sul da França.

“Still Of The Night” se tornou um grande sucesso e chegou a ser comparada com o clássico absoluto do Led Zeppelin, “Black Dog”, sendo sugerida como uma possível fonte de inspiração para Coverdale e Sykes comporem o clássico.

A canção foi lançada como single e atingiu a 16ª posição na parada britânica de singles. Nas paradas norte-americanas de singles, alcançou a 18ª posição e a 79ª posição, respectivamente, na Mainstream Rock e na Billboard Hot 100.

Também foi gravado um videoclipe para a canção, o qual foi muito repetido durante o ano de seu lançamento. Conta com a participação da então futura esposa de Coverdale, a bela Tawny Kitaen. A cantora finlandesa Tarja Turunen gravou uma versão para a canção.

Tawny Kitaen e Coverdale:



A quarta faixa do disco é outra regravação de uma canção antiga do Whitesnake, “Here I Go Again”, mas com uma nova roupagem.

Se a versão original contida no álbum Saints & Sinners, de 1982, já havia feito sucesso, esta nova virou um verdadeiro ‘hit’ na época. O solo foi gravado pelo jovem guitarrista Adrian Vandenberg, com John Sykes fazendo a guitarra base.

A música é outro clássico do Whitesnake, presente quase sempre nos shows da banda. Lançada como single, atingiu a 9ª posição da parada britânica deste tipo de lançamento. Nos Estados Unidos foi ainda melhor, 1ª posição da Billboard!

Eleição realizada pelo canal VH1 colocou “Here I Go Again” na 17ª posição das melhores músicas dos anos oitenta. O videoclipe também se tornou um clássico, pois tinha a atriz Tawny Kitaen aparecendo somente em uma lingerie branca.

Mais um sucesso é a quinta faixa do álbum, “Give Me All Your Love”. É mais uma faixa com a sonoridade bem mais pesada que os álbuns anteriores do Whitesnake, apostando no Hard Rock. É uma das melhores faixas do álbum. Ótimo solo.

Lançada como single, também foi muito bem. Alcançou a 18ª posição no Reino Unido, assim como ficou com a 22ª e a 48ª Mainstream Rock e da Billboard Hot 100, respectivamente, nos Estados Unidos.

O videoclipe, no entanto, não obteve o mesmo êxito dos outros que foram gravados para promover o álbum. Talvez por ser o único do álbum “Whitesnake” a não contar com a fundamental presença da atriz Tawny Kitaen.

A sexta faixa do álbum é outro clássico da banda, uma das músicas mais conhecidas de toda a discografia do grupo. Trata-se de “Is This Love”, uma balada romântica em que o Whitesnake esbanja feeling e sentimento.

A canção surgiu quando Coverdale e Sykes estavam no sul da França compondo para o álbum. Coverdale disse que a ideia para “Is This Love” surgiu quando um diretor da gravadora EMI o ligou para perguntar se ele tinha alguma contribuição para um próximo álbum da cantora pop Tina Turner.

“Is This Love” foi parte de duas eleições do canal VH1: 87ª posição na lista de melhores “Love Songs” e a 10ª na de “Power Ballads”.

Como single, mais sucesso: 9ª posição na parada britânica e 2ª posição na parada norte-americana. A canção ficou tão conhecida que chegou a fazer parte de trilha sonora de novela global no fim da década de oitenta.

Capa do single "Is This Love"



O videoclipe também foi exibido inúmeras vezes durante os anos que se seguiram ao lançamento do álbum e é mais um que contava com a bela Kitaen. As rádios foram outras que se cansaram de tocar “Is This Love”.

Com um ótimo riff, “Children Of The Night” é a sétima faixa de Whitesnake. Trata-se de uma canção que conta com ótima performance vocal de Coverdale, o ponto alto da canção. É uma música mais direta, o solo de Sykes também é bem inspirado.

“Straight for the Heart” é a oitava canção do trabalho. Segue a mesma linha da canção anterior, contando com outro riff muito bom e ótimos vocais de Coverdale. O refrão é contagiante.

Fecha o álbum “Don’t Turn Away”. É uma canção consideravelmente mais cadenciada, quase uma balada, mas com guitarras bem fortes e presentes. O solo é mais uma vez muito inspirado e Coverdale faz ótimos vocais. Boa faixa.

O álbum Whitesnake saiu na Europa com o nome de 1987 (contendo duas faixas extras, "Looking for Love" e "You're Gonna Break My Heart Again") e no Japão foi chamado “Serpens Albus”.

O disco foi um tremendo sucesso comercial, sendo, inclusive, o principal responsável por alavancar as vendas do álbum anterior do Whitesnake, Slide It In.

Uma curiosidade sobre o álbum Whitesnake é que nos videoclipes promocionais, nenhum dos músicos que gravaram o trabalho aparecem. Com exceção do vocalista Coverdale e o guitarrista convidado Adrian Vandenberg, que gravou apenas o solo de “Here I Go Again”, quem aparece nos clipes são o baixista Rudy Sarzo, o baterista Tommy Aldridge e o outro guitarrista Vivian Campbell, que formariam a banda para a turnê.

Embora seja um clássico, muito fãs mais antigos do Whitesnake acusaram a banda de realizar uma mudança na sonoridade em busca exclusivamente de sucesso comercial, traindo suas raízes mais ligadas ao Blues.

Coverdale respondeu às estas críticas dizendo que as principais referências que Sykes e ele buscaram para compor o álbum foi os álbuns do Led Zeppelin e o EP Jailhouse Rock, do Elvis Presley. Este, segundo Coverdale, foi a principal influência para a composição de “Still Of The Night”.

Formação:
David Coverdale – Vocal
John Sykes – Guitarra, Backing Vocals
Neil Murray – Baixo
Aynsley Dunbar – Bateria, Percussão

Faixas:
01. Crying in the Rain (Coverdale) - 5:37
02. Bad Boys (Coverdale/Sykes) - 4:09
03. Still of the Night (Coverdale/Sykes) - 6:38
04. Here I Go Again (Coverdale/B. Marsden) - 4:33
05. Give Me All Your Love (Coverdale/Sykes) - 3:30
06. Is This Love (Coverdale/Sykes) - 4:43
07. Children of the Night (Coverdale/Sykes) - 4:24
08. Straight for the Heart (Coverdale/Sykes) - 3:40
09. Don't Turn Away (Coverdale/Sykes) - 5:11

Letras:
Para o conteúdo das letras, recomendamos o acesso a: http://letras.terra.com.br/whitesnake/

Opinião do Blog:
Tanto na época quanto nos dias atuais, muita gente torce o nariz para a mudança de sonoridade que o Whitesnake realizou a partir dos meados dos anos oitenta, mais precisamente no álbum analisado neste post, o homônimo Whitesnake.

Sem dúvidas, a fase em que o grupo tinha um som Hard Rock, mas com fortes influências de Blues, é sensacional. Álbuns como Trouble, Lovehunter e Come An' Get It, só como exemplos, são excelentes, repletos de ótimas canções.

Mas a verdade é que a banda estourou comercialmente no mundo e, mais particularmente, nos Estados Unidos, com a fase mais baseada na sonoridade oitentista. Para este blog, as duas fases são ótimas e contam com excelentes trabalhos. Whitesnake, Slip Of The Tongue e até mesmo o recente Forevermore são álbuns que contam com verdadeiros clássicos da banda.

O álbum Whitesnake possui algumas músicas essenciais para qualquer fã do melhor Hard Rock: “Still Of The Night”, “Bad Boys” e “Give Me All Your Love” são das melhores faixas do estilo na década de oitenta. Isso sem mencionar o ‘super hit’ “Is This Love”.

Álbum mais que recomendado pelo blog.

Vídeos Recomendados:

Still Of The Night


Here I Go Again, ao vivo


Give Me All Your Love


Is This Love


Contato: rockalbunsclassicos@hotmail.com

6 de setembro de 2011

SEPULTURA - ROOTS (1996)



Roots é o sexto álbum de estúdio da banda brasileira de Heavy Metal chamada Sepultura. Seu lançamento oficial aconteceu no dia 20 de fevereiro de 1996 e teve sua produção em uma parceria entre o produtor Ross Robinson e a própria banda. As gravações ocorreram entre outubro e dezembro de 1995 no Indigo Ranch, em Malibu, na Califórnia, nos Estados Unidos.

Foi por volta do ano de 1984 que o Sepultura foi formado, pelos irmãos Max e Igor Cavalera, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Os irmãos convidaram os amigos de colégio para formarem uma banda. Após a morte de seu pai, os irmãos ficariam mais determinados a montarem um grupo musical.

As primeiras influências musicais dos irmãos Max e Igor foram as bandas clássicas, como Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. O nome Sepultura surgiu quando Max fez a tradução da canção do Motorhead “Dancing On Your Grave”. Os irmãos também gostavam de bandas como Judas Priest, Iron Maiden e Motorhead, mas a vida deles mudaria quando lhes apresentaram uma fita cassete com músicas da banda Venom. Isto inspirou até a primeira forma como o nome da banda apareceria nos primeiros lançamentos.

O antigo logo da banda:



A banda passa por mudanças em sua formação, incluindo a presença do vocalista Wagner Lamounier, que se tornaria o líder da banda Sarcófago, mas acabaria se estabilizando com Max Cavalera nos vocais e guitarra base, Paulo Júnior no baixo, Jairo Guedes na guitarra solo e Igor Cavalera na bateria.

Em um festival de bandas, o dono da gravadora Cogumelo Records assiste à uma apresentação do Sepultura e decide contratá-los. É dada ao grupo a oportunidade de fazer seu primeiro lançamento, um EP lançado pela gravadora e dividido com outra banda mineira, o Overdose. É lançado em 1985 o EP Bestial Devastation, e a banda parte em turnê pelo Brasil para sua divulgação.

Em agosto de 1986 é lançado o álbum de estreia da banda, também pela Cogumelo Records, Morbid Visions. A gravadora relançaria o álbum e o EP anterior juntos em um mesmo LP. Nesta época, o Sepultura processaria o selo Shark por lançar estes álbuns fora do Brasil sem possuir os direitos para tal.

Os primeiros lançamentos do Sepultura retratam uma sonoridade mais próxima ao Death Metal, com temática e sonoridade bastante agressivas.

Próximo à virada de ano de 1986 para 87, o Sepultura passaria por algumas mudanças. A primeira delas foi a decisão do conjunto se mudar e estabelecer sua base em São Paulo. A outra seria em sua formação, pois o guitarrista Jairo Guedes demonstra desinteresse em tocar “Death Metal”, e se retira da banda.

O escolhido para substituir Jairo no Sepultura foi um paulista. O guitarrista Andreas Kisser já havia feito algumas Jams com a banda e pareceu ser o nome ideal para fazer parte do conjunto.

Em 1987 a banda grava seu segundo álbum de estúdio e o último pela Cogumelo Records, Schizophrenia. O disco já foi feito com Andreas Kisser na guitarra solo, apresentando uma nova orientação musical, demonstrando mais influências do Thrash Metal. O álbum vende cerca de dez mil cópias apenas nas primeiras semanas depois de seu lançamento.

Enquanto a banda tinha dificuldades em marcar mais shows – muitos donos de casas noturnas temiam marcar apresentações da banda devido ao seu estilo – o Sepultura envia fitas para rádios norte-americanas. Finalmente, a banda consegue chamar a atenção de uma grande gravadora, a Roadrunner Records, que, após assistirem a uma apresentação da banda, decidem lançar Schizophrenia no mercado internacional.

Já em 1989 o Sepultura lançaria seu terceiro álbum de estúdio, Beneath The Remains. O álbum foi gravado no Rio de Janeiro e contou com a produção do norte-americano Scott Burns, que já havia trabalhado com nomes como Death e Morbid Angel. A Roadrunner Records tinha algumas dúvidas sobre a capacidade de venda do grupo e disponibilizou um pequeno orçamento para a gravação do trabalho. Mesmo assim, Burns aceita trabalhar com o grupo, pois tinha interesse em conhecer o Brasil. Intérpretes foram utilizados para a comunicação entre produtor e conjunto.

Com clássicos do quilate de “Inner Self” e “Mass Hypnosis”, Beneath The Remains foi sucesso imediato. Apostando ainda mais em uma sonoridade próxima ao Thrash Metal, o álbum foi aclamado pela crítica especializada, sendo até mesmo comparado ao clássico Reign In Blood, do Slayer (de 1986). A revista Terrorizer chegou a elegê-lo como um dos 20 melhores álbuns de Thrash Metal de todos os tempos.

É o primeiro álbum do Sepultura a ter sua arte da capa feita pelo artista Michael Whelan e no qual a banda deixa seu logotipo original que tinha um estilo mais Death Metal. Max Cavalera ainda afirmaria que foi em Beneath The Remains que a banda encontrou sua verdadeira sonoridade.

Beneath The Remains foi o responsável por abrir as portas do exterior para o Sepultura. Uma longa turnê por Europa e Estados Unidos foi agendada e auxiliou a promover a fama de performances poderosas da banda em seus shows, mesmo com seus membros sendo limitados falantes da língua inglesa. Na Europa a banda toca com os alemães do Sodom. O primeiro show nos Estados Unidos ocorre em 31 de outubro de 1989, no Ritz, em Nova Iorque, sendo banda de abertura de King Diamond.

Em 1990 a banda decide deixar sua terra natal e mudar definitivamente para os Estados Unidos, indo viver em Phoenix, no Arizona. A banda excursiona bastante durante o ano de 1990, tocando em diversos festivais.

Em um deles a banda conhece a empresária da banda Sacred Reich, Gloria Bujnowski, que mais tarde, o grupo convidaria para também ser sua empresária. Ainda em 1990, o grupo regrava o clássico “Troops Of Doom”, seu hit do álbum Morbid Visions, para ser lançada juntamente com o álbum Schizophrenia, remixado pela Roadrunner. Beneath The Remains é tido por muitos fãs, como o melhor trabalho da banda.

Em 1991 sairia outro álbum clássico do Sepultura, Arise. O álbum foi gravado na “casa de Scott Burns”, no Morrisound Studios, em Tampa, na Flórida. Também contando com um orçamento significativamente melhor, Arise possuiu uma gravação e resultado final significativamente melhor que seus precedentes.

Embalado por clássicos como “Arise”, “Dead Embryonic Cells” e “Desperate Cry”, o álbum Arise colocou definitivamente o Sepultura entre as grandes bandas de Thrash Metal da época. Várias resenhas de diversos e importantes veículos de comunicação especializados em Heavy Metal apresentavam críticas positivas tanto para o álbum quanto para a banda.

Em 1991, o Sepultura faz grandes shows, como no Rock In Rio II, para cerca de 70 mil pessoas. Arise chega a vender 160 mil cópias apenas nas primeiras 8 semanas de seu lançamento.

Já em 1992, as turnês com as bandas Helmet e Ministry e, depois, com Alice In Chains e Ozzy Osbourne, consagram a banda internacionalmente. No mesmo ano, Max se casa com a empresária da banda, Gloria. Arise é tido por muitos fãs como o ponto mais alto da carreira da banda.

Em 1993 foi lançado o quinto álbum de estúdio da banda, Chaos A. D. O trabalho trouxe ainda mais sucesso para o grupo tanto junto à crítica quanto comercialmente. Algumas resenhas de críticos do exterior chegam a afirmar que ‘Chaos’ é um dos melhores álbuns de Heavy Metal de todos os tempos.

‘Chaos’ mostra um Sepultura diferente. A banda aposta em elementos diferentes em sua sonoridade. O Death/Thrash metal são postos praticamente de lado, e, embora mantenha o peso nas canções, há uma aposta em sonoridades tribais, em mais groove, em elementos de música chamada ‘industrial’, deixando a agressividade característica da banda em um segundo plano.

Liricamente o grupo aposta em temas políticos e sociais. No álbum há faixas que se tornaram clássicos da banda como “Refuse/Resist” e “Territory”, ambas seguindo a temática política. Há também a faixa “Manifest”, que denuncia o massacre ocorrido no penitenciária do Carandiru, em São Paulo, no início dos anos 90.

A versão brasileira do álbum ainda trazia uma versão de “Polícia”, dos Titãs. Ainda em 1994 a banda lança o EP Refuse/Resist e é convidada para tocar no famoso festival de Donnington Park, onde se apresentou para mais de 50 mil pessoas.

Em 1995, o Sepultura se prepara para compor e gravar seu sexto álbum de estúdio, Roots. Este seria consideravelmente diferente de seus predecessores, um álbum muito mais experimental. Nele é possível ver a banda procurando mais elementos de música brasileira para serem incorporados a sua música, assim como certa influência de bandas como Deftones e Korn em sua sonoridade.

Neste ano, o Sepultura vai ao Mato Grosso para conhecer a tribo Xavante, com quem passam um tempo. Igor disse que o Sepultura se identificava com os indígenas da tribo, pois, segundo ele, ambos viviam à margem da sociedade e os estilos musical e de vida da banda, assim como dos indígenas, eram difíceis de serem assimilados pela maior parte da sociedade atual.

A banda na tribo Xavante:



A arte da capa representa um indígena e foi realizada pelo artista Michael Whelan.

“Roots Bloody Roots” é a primeira faixa do álbum. Permanece ainda hoje como uma das mais conhecidas canções da banda e já apresenta o grupo com uma sonoridade bem diferente de períodos anteriores, com o som bem mais ‘grooveado’, guitarras mais abafadas. Além disso, o ritmo da canção tem um andamento consideravelmente mais cadenciado.

O videoclipe da canção apresenta a banda tocando em cavernas, além de apresentar os membros da banda andando por Salvador, com imagens da cidade. Foi muito exibido na época pelos canais de televisão especializados em música.

“Roots Bloody Roots” foi o primeiro single lançado para promover o álbum. Suas letras têm características de protesto, condenando povos e pessoas que ignoram suas raízes ou sentem vergonha delas.

A música permanece no set list da banda até os dias de hoje, assim como Max Cavalera também se mantém executando a faixa com suas bandas posteriores a sua saída do Sepultura.

“Attitude” é a segunda faixa do álbum e é outra das mais conhecidas músicas da banda. A introdução da música tocada por Max Cavalera ao berimbau acabou se tornando um clássico. A música possui um riff um pouco mais rápido e muito bom.

O videoclipe apresenta a banda tocando em uma espécie de campeonato de artes marciais, estilo UFC, com direito a octógono e participação especial da famosa família Gracie.

As letras foram escritas pelo enteado de Max Cavalera, Dana Wells, que foi quem também teve a ideia principal do vídeo. Dana morreria poucos meses depois do lançamento do álbum.

Foi lançada como single para promover o álbum e, assim como “Roots Bloody Roots”, permanece como presença praticamente fixa no set list da banda, assim como é tocada pelas bandas de Max.

A terceira faixa do álbum é “Cut-Throat”, a qual continua apresentando uma sonoridade com aposta mais em um som com groove e batidas mais tribais. O destaque da faixa é para o vocal bem mais agressivo de Max em comparação com as faixas anteriores. Mais para o final da faixa, durante o pequeno solo, uma gotícula de Thrash Metal pode ainda ser ouvida.

A quarta faixa de Roots é uma das mais experimentais da banda até então, “Ratamahatta”. É uma parceria da banda com o cantor Carlinhos Brown, que participou tanto da composição da música quanto de sua gravação.

É uma faixa das mais experimentais da banda, com fortíssima influência de percussão e sons mais tribais, consideravelmente diferente do que a banda fazia. Há a participação do baterista do Korn, David Silveria, na percussão.

Permanece uma das canções mais famosas da banda, assim como seu clip, todo feito em animação, sendo um dos mais exibidos na época do lançamento do álbum. Faz parte de apresentações ao vivo da banda, assim como do Soufly. O lutador brasileiro Thiago Silva, do UFC, usou a canção algumas vezes em sua entrada para o ringue.

“Breed Apart” continua com a fortíssima influência de sons tribais do álbum, este sendo o maior destaque da faixa. Também o riff principal é dos melhores do álbum. “Straighthate” possui uma longa introdução que encontra uma guitarra bastante distorcida com a bateria marcante. Uma das melhores faixas do álbum. “Spit” é uma faixa bem pequena e bem mais direta do trabalho, contando com um bom riff.

Em “Lookaway”, as letras foram feitas pelo vocalista Jonathan Davis da banda Korn. Mike Patton (Faith No More) e o próprio Davis cantam na faixa, cuja música foi feita pelo Sepultura em parceria com o DJ Lethal. Bem experimental, mas um dos pontos mais baixos do álbum.

“Dusted” segue o ritmo da maioria das canções de Roots, com muito groove e ritmo mais cadenciado das canções, mesmo também sendo pesada. “Born Stubborn” também começa com batidas tribais, mas apresenta um riff mais criativo e um ritmo mais acelerado, uma das melhores faixas do álbum.

“Jasco” é uma canção acústica, tocada ao violão e totalmente instrumental. Possui uma bela melodia, mas foge totalmente à proposta musical do Sepultura até então. “Itsári” é uma faixa totalmente experimental, gravada com a tribo Xavante e contando com a participação da mesma entoando cânticos e participando da percussão. Música diferente.

“Ambush” possui um riff bom que embala o início da faixa, sendo uma música mais pesada e com boa pegada, sendo intercalada por um momento mais experimental. "Endangered Species" é outra faixa com um ritmo mais cadenciado, com muito groove, pesada e que abre espaço para experimentações, especialmente com a percussão.

Já “Dictatorshit” é uma faixa bem curta, com pouco mais de um minuto e letras inspiradas no golpe de Estado de 1964. É a faixa com riffs mais velozes do trabalho. Há, ainda, "Canyon Jam", uma faixa ‘oculta’, não se tratando propriamente de uma música, somente uma mistura de sons.

Na versão brasileira do álbum havia duas faixas extras, “Procreation (Of The Wicked)” e o cover do Black Sabbath, “Symptom Of The Universe”.

Roots foi um sucesso comercial e de crítica. Além de ser o álbum mais vendido da banda, recebeu críticas muito positivas. A publicação The Daily News chegou a comparar o Sepultura com o Led Zeppelin, pela fusão de estilos, mas ressaltando o caráter original dos brasileiros ao buscar a fusão do Heavy Metal com música nativa de seu próprio país, enquanto o Led Zeppelin buscava sonoridades estrangeiras.

Martin Popoff, autor do livro The Collector's Guide to Heavy Metal, coloca Roots como o décimo primeiro melhor álbum de Metal de todos os tempos, assim como o crítico musical Piero Scaruffi, que colocou o álbum na 9ª posição de melhor álbum de Heavy Metal.

A revista Q magazine colocou Roots em uma lista dos "50 Heaviest Albums Of All Time", enquanto a Kerrang!, outra revista, colocou Roots na segunda posição dos "100 records that you have to hear before dying".

Depois do lançamento de Roots, a banda sai em turnê para divulgação do álbum. Roots atingiu a 27ª posição na parada norte-americana de álbuns, enquanto alcançou a 4ª posição da parada britânica de mesma natureza.

Em meados de 1996, Max e Glória são obrigados a deixar a turnê de divulgação do álbum, por conta do assassinato do enteado de Max, Dana Wells. Isso ocorre momentos antes da banda se apresentar em Donnington Park, no Monsters Of Rock. Na ocasião, o grupo se apresenta como trio, com Andreas Kisser assumindo os vocais. A turnê termina no Ozzfest, com a banda tendo que cancelar três semanas de shows agendados.

Insatisfeitos com a maneira como Gloria promovia a banda, alegando que era dada visibilidade apenas a Max (contrariamente ao início da banda, quando todos eram focados); Andreas, Igor e Paulo decidem que queriam demitir a esposa de Max como empresária do Sepultura. Max, sentindo-se traído, então, decide deixar o grupo.

Os três membros remanescentes decidem que procurariam um novo vocalista e dariam continuidade aos trabalhos sob o nome Sepultura. O escolhido foi o vocalista norte-americano Derrick Green, que continua na banda até este momento.

Em entrevista em 2010 ao Faceculture, Max Cavalera afirmou que a causa de sua saída do Sepultura foi devido ao fato da esposa de Andreas Kisser ter tentado organizar o funeral de Dana Wells antes mesmo da chegada dele, Max, e Gloria vindos da Inglaterra. Disse também que a banda chegou a oferecer que ele e Igor continuassem sendo empresariados por Gloria, com Andreas e Paulo tendo outro empresário, o que Max acabou rejeitando.

A formação clássica: pela ordem, Andreas, Igor, Max e Paulo



Por fim, Max disse que uma reunião da formação clássica do Sepultura é bastante improvável, devido a suas históricas diferenças com o guitarrista Andreas Kisser. A última apresentação de Max Cavalera à frente do Sepultura foi em 16 de dezembro de 1996, no Brixton Academy, na Inglaterra.

Formação:
Max Cavalera - Vocal, Guitarra Base, Berimbau
Andreas Kisser – Guitarra Solo, Violão, Backing Vocals
Paulo Jr. - Baixo, Timbau Grande
Igor Cavalera - Bateria, Percussão, Timbau

Faixas:
01. Roots Bloody Roots (Max/Andreas/Paulo/Igor) - 3:32
02. Attitude (Max/Andreas/Paulo/Igor) - 4:15
03. Cut-Throat (Max/Andreas/Paulo/Igor) - 2:44
04. Ratamahatta (Max/Andreas/Paulo/Igor/Carlinhos Brown) - 4:30
05. Breed Apart (Max/Andreas/Paulo/Igor) - 4:01
06. Straighthate (Max/Andreas/Paulo/Igor) - 5:21
07. Spit (Max/Andreas/Paulo/Igor) - 2:45
08. Lookaway (Max/Andreas/Paulo/Igor/Jonathan Davis) - 5:26
09. Dusted (Max/Andreas/Paulo/Igor) - 4:03
10. Born Stubborn (Max/Andreas/Paulo/Igor) - 4:07
11. Jasco (Andreas) - 1:57
12. Itsári (Max/Andreas/Paulo/Igor/Tribo Xavante) - 4:48
13. Ambush (Max/Andreas/Paulo/Igor) - 4:39
14. Endangered Species (Max/Andreas/Paulo/Igor) - 5:19
15. Dictatorshit (Max/Andreas/Paulo/Igor) - 1:26
16. Canyon Jam (hidden track) - 13:16

Letras:
Para o conteúdo das letras, recomendamos o acesso a: http://letras.terra.com.br/sepultura/

Opinião do Blog:
Goste-se ou não do Sepultura, é preciso dar crédito aos seus membros pelas conquistas que tiveram ao longo de sua carreira.

Sua batalha e persistência em busca de se lançarem como banda reconhecida internacionalmente são de se admirar. O sucesso obtido pelo Sepultura não teria sido conseguido sem grandes doses de insistência.

Mas não foi somente por conta da insistência da banda que o sucesso foi obtido. Nada teria sido possível se o grupo não tivesse produzido trabalhos de qualidade e consistentes.

De Bestial Devastation até Roots, mesmo que sejam álbuns com grandes diferenças musicais, o Sepultura tinha grande criatividade e produzia músicas que caíam no gosto de seu público. As turnês e as performances cheias de energia da banda conseguiram conquistar um grande número de fãs e que se mostravam bastante fiéis.

Obviamente, a saída de Max Cavalera foi um choque não apenas para seus fãs, mas também para a própria banda. Para este blog, a ausência de seu vocalista e, principalmente, a principal mente criativa por trás do Sepultura, deixou uma lacuna que não foi preenchida. Os álbuns produzidos após a saída de Max são, logicamente, na opinião deste blog, incomparavelmente piores quando comparados com a fase clássica da banda.

Roots é um álbum clássico por se tratar do último a conter a melhor formação do grupo, que gravou seus álbuns mais importantes. Além disso, foi um trabalho que teve excepcional repercussão perante a crítica internacional, sendo o de maior vendagem do grupo até hoje.

Clássicos do grupo estão presentes em Roots: “Roots Bloody Roots”, “Attitude”, “Cut-Throat” e “Ratamahatta”. Além disso, é um álbum consideravelmente influente para o famigerado “New Metal”, sendo citado como forte influência por bandas muito importantes do cenário do Heavy Metal mundial, como Slipknot (goste-se ou não).

Particularmente, o blog prefere a dobradinha Beneath The Remains e Arise como estilo musical da banda. Mas nenhum álbum possui tanta aclamação por acaso e recomendamos a audição de Roots, nem que seja como forma de reconhecer o Sepultura como um dos responsáveis por abrir as portas do metal nacional no exterior e por colocar o nome do nosso país no mapa do Heavy Metal!

Vídeos Relacionados:

Roots Bloody Roots


Attitude


Ratamahatta


Contato: rockalbunsclassicos@hotmail.com