10 de junho de 2016

BLIND GUARDIAN - TALES FROM THE TWILIGHT WORLD (1990)


Tales from the Twilight World é o terceiro álbum de estúdio da banda alemã Blind Guardian. Seu lançamento oficial ocorreu em 2 de outubro de 1990, através do selo No Remorse Records. As gravações aconteceram no início daquele mesmo ano, no Karo Studios, na Alemanha. A produção ficou por conta de Kalle Trapp.



Uma das mais criativas e influentes bandas surgidas no cenário do Heavy Metal nas últimas décadas é o Blind Guardian, que finalmente aparece no Blog. Conforme o costume, primeiro se fará um breve histórico para depois se ater ao álbum.

O Blind Guardian foi formado em 1984, em Krefeld, na Alemanha, por Hansi Kürsch (vocal e baixo) e Andre Olbrich (guitarra), sob o nome de Lucifer's Heritage.

O grupo ainda contava com Markus Dork (guitarra) e Thomen Stauch (bateria).

A banda rapidamente se expandiu para um quinteto com a adição de um segundo vocalista, Thomas Kelleners. No entanto, após apenas três meses, Kelleners deixou o conjunto em um acordo mútuo.

O Lucifer's Heritage lançou duas demos: Symphonies Of Doom (1985) e Battalions Of Fear (1986).

Hansi Kürsch
Após isto, o grupo passou por um período de instabilidade em sua formação: Dork e Stauch foram substituídos por Christof Theißen e Hans-Peter Frey, respectivamente.

Finalmente, em 1987, o guitarrista Marcus Siepen se uniu ao grupo e o baterista Thomen Stauch retornou para constituírem uma formação que ficaria consistente pelos próximos 18 anos.

Após o Lucifer's Heritage assinar um contrato com a gravadora No Remorse Records, a banda mudou seu nome para Blind Guardian.

O novo nome foi influenciado pelo álbum Awaken The Guardian, da banda Fates Warning, de 1986.

A mudança de nome foi sugerida para que o grupo evitasse quaisquer especulações sobre satanismo (em uma biografia, afirmou-se que eles também queriam se distanciar do movimento black metal, pois suas demos foram colocadas com álbuns de black metal nas lojas de discos locais).

Já em 1988 e sob o nome Blind Guardian, lançaram seu álbum de estreia, Battalions of Fear, o qual era essencialmente um álbum de speed/power metal, fortemente influenciado por outra banda alemã, o Helloween.

Direto, sem muitos rodeios, o disco trazia ótimas canções como “Majesty”, “Wizard's Crown”, “Run for the Night” e a faixa-título.

Olbrich, Kürsch, Siepen e Stauch
Também em sua estreia, o grupo já revelaria outra característica forte de sua discografia: a grande influência do escritor inglês J. R. R. Tolkien, autor de obras como O Senhor dos Anéis e The Silmarillion.

"Majesty", "Run For the Night", bem como o título da instrumental "By the Gates of Moria" são claras referências ao livro O Senhor dos Anéis.

Ambas alemãs, Blind Guardian e Helloween tinham laços estreitos e o fundador da segunda, Kai Hansen, fez uma aparição no segundo álbum do Blind Guardian, Follow The Blind, de 1989.

Bem mais pesado, o segundo trabalho da banda aponta por influências do estilo Thrash Metal, especialmente da banda norte-americana Testament.

No álbum há músicas excelente como a incrível “Banish from Sanctuary”, “Follow The Blind” e “Valhalla”, esta última contando com a participação de Kai Hansen.

Andre Olbrich
O próximo passo da banda seria a gravação de seu terceiro álbum de estúdio, Tales From The Twilight World.

A capa é muito legal, obra idealizada e realizada pelo artista Andreas Marshall. A produção ficou sob responsabilidade de Kalle Trapp.

Vamos às faixas:

TRAVELER IN TIME

"Traveler in Time" já apresenta uma grande característica da banda: investir em corais que compõem a massa sonora de suas canções. A velocidade é extrema, especialmente por parte de Thomas Stauch na bateria e Hansi Kürsch no baixo. O peso também é acentuado, com uma inegável pegada Thrash Metal. Ótima composição, com um refrão empolgante.

A canção é baseada no romance Dune, de Frank Herbert:

And again, again, again, again
Dark tales has brought the Dijahd
Like whispering echos in the wind
And I'm a million miles from home



WELCOME TO DYING

O clássico "Welcome to Dying" mantém a pegada Thrash Metal em uma incrível fusão com o típico Power Metal alemão. Os vocais de Hansi Kürsch se encaixam com a sonoridade no tom ideal, especialmente combinado aos backing vocals no refrão. As mudanças de ritmo contribuem de maneira a incrementar a composição. Brilhante!

A letra é baseada no romance Floating Dragon, de Peter Straub:

Welcome to dying
I don't let it out
Welcome to dying
Look to the mirror it shows what I am
Welcome to dying
This town must burn now
Welcome to dying
Can't You see the dragon's seed bears in me



WEIRD DREAMS

Faixa instrumental, curta e bastante intensa.



LORD OF THE RINGS

Uma pausa na intensidade e agressividade do Blind Guardian, em um momento mais intimista, mas absolutamente fantástico. A sensibilidade melódica de "Lord of the Rings" é estupenda. Há uma certa influência celta na levada dos violões. O coro usado no refrão é ótimo. Destaque para a atuação vocal de Hansi Kürsch, demonstrando uma versatilidade impressionante. Faixa maravilhosa.

A letra é uma óbvia referência ao romance The Lord of the Rings, de J. R. R. Tolkien:

There are signs on the ring
Which make me feel so down
There's one to enslave all rings
To find them all in time
And drive them into darkness
Forever they'll be bound



GOODBYE MY FRIEND

Em "Goodbye My Friend", o Blind Guardian retorna à agressividade natural deste trabalho. As guitarras de André Olbrich e Marcus Siepen estão bem aguçadas e é perceptível uma certa trilha Thrash no andamento da canção. Destaque aos solos de Olbrich.

A letra é baseada no filme E.T., dirigido por Steven Spielberg, de 1986:

Goodbye my friend
I found you at the end
I say Goodbye to all
Goodbye my friend
Thanks for your helping hand
I say Goodbye to all my cries
Just say Goodbye



LOST IN THE TWILIGHT HALL

A bateria continua na velocidade da luz no início de "Lost in the Twilight Hall", ditando o ritmo. A participação de Kai Hansen também é marcante, com vocais que combinam bastante com toda a intensidade frenética da composição. As mudanças de ritmo são bem-vindas, incluindo pequenos trechos mais lentos, embora o peso nunca esteja ausente. Composição interessante.

A letra reflete o tempo passado entre a batalha da personagem Gandalf O Cinzento contra o Balrog, e sua ressurreição, como Gandalf O Branco no romance The Lord of The Rings:

I'm back there's a new chance for me
And all my memories are gone
I can feel what's happening to me
And the mirrow will burst



TOMMYKNOCKERS

O Power Metal é o estilo dominante em "Tommyknockers", com a inconfundível pegada do Blind Guardian em seu início de carreira. O refrão é bem legal e o ritmo é ótimo. Nesta faixa, a influência do Helloween é mais nítida no som da banda.

A letra é baseada no romance The Tommyknockers, de Stephen King:

Oh, last night and the night before
Tommyknockers, Tommyknockers
Knocked at your back door
Tommyknockers



ALTAIR 4

"Altair 4" é curta em uma boa fusão entre Heavy Metal tradicional e o Power Metal da canção que a antecede. É praticamente a continuação de "Tommyknockers". Embora efêmera, é uma ótima e criativa composição.

A letra também é baseada no romance The Tommyknockers, de Stephen King:

Chosen by their whispering words
What is left behind?
When purple colours turn to black
Can you feel it?
Is there time?
Can you see it?
Is there life?
"Fly away and dream"



THE LAST CANDLE

A nona - e última - faixa de Tales from the Twilight World é "The Last Candle". O ritmo se mantém acelerado e intenso na derradeira composição do álbum. A bateria de Stauch dita o andamento acelerado da música, dando espaço para que a guitarra de Olbrich seja o destaque. Os backing vocals são muito bem feitos. Outra ótima canção.

A letra remete a eventos do romance fantástico Dragonlance, criados por Laura e Tracy Hickman:

Whispering tunes in the wind
All hopes are gone with the night
When the old man will never come back
Remember his words and his songs
And we see the raven's flying in the distance
But no wizard's singing his song



Considerações Finais

Em termos de paradas de sucesso, Tales From The Twilight World passou em branco nas principais. Conquistou apenas o 40º lugar na parada japonesa.

Marcus Siepen
Mais importante que isso, o álbum trouxe uma maior identidade musical para o grupo. Seu terceiro disco possuía uma sensação muito mais melódica e “épica”, marcando o início do uso de coros e mais influência da música clássica.

As críticas são geralmente positivas. A revista Rock Hard dá ao trabalho uma nota 9,5 de um máximo de 10. Já o site AllMusic o avalia com 4,5 de um máximo possível de 5.

Quando Tales From The Twilight World vendeu 30 mil cópias apenas em seu país de origem, a Alemanha, o Blind Guardian atingiu o ponto crítico em sua carreira que eles tanto aguardavam.

Não apenas sentiram que haviam se tornado melhores músicos e compositores; mas também compuseram um som muito distinto no processo e as gravadoras de toda a Europa começaram a cortejá-los.

Assim, o Bling Guardian assinou com a Virgin Records em 1991.

Em 1992, o grupo lançaria seu quarto álbum de estúdio, Somewhere Far Beyond.



Formação:
Hansi Kürsch - Vocal e Baixo
André Olbrich – Guitarra-Solo e Backing Vocals
Marcus Siepen – Guitarra-Base e Backing Vocals
Thomas "Thomen" Stauch - Bateria
Convidados Especiais:
Kai Hansen - Backing Vocals, Vocais em "Lost in the Twilight Hall" e solo de guitarra em "The Last Candle"
Piet Sielck - Backing Vocals
Mathias Wiesner - Teclados
Rolf Köhler, "Hacky" Hackmann e Kalle Trapp - Backing Vocals

Faixas:
01. Traveler in Time (Kürsch/Olbrich) - 5:59
02. Welcome to Dying (Kürsch/Olbrich) - 4:47
03. Weird Dreams (Olbrich) - 1:19
04. Lord of the Rings (Kürsch/Siepen) - 3:18
05. Goodbye My Friend (Kürsch/Olbrich/Stauch) - 5:33
06. Lost in the Twilight Hall (Kürsch/Olbrich/Siepen/Stauch) - 5:58
07. Tommyknockers (Kürsch/Olbrich) - 5:09
08. Altair 4 (Kürsch/Olbrich) - 2:26
09. The Last Candle (Kürsch/Olbrich) - 5:59

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/blind-guardian/

Opinião do Blog:
O enxame de bandas da vertente Power Metal surgidas no mercado, desde a metade dos anos 90 e o início dos anos 2000, saturou boa parte dos ouvintes de sons mais pesados. O grande número de grupos com sonoridade similar acabou, involuntariamente, denegrindo a imagem do estilo.

Mas isto não quer dizer que todos os conjuntos - e, claro, a vertente Power Metal - sejam descartáveis. Há nomes incríveis e criativos dentro do mesmo e alguns se destacam fortemente. O Blind Guardian certamente é um dos principais deles.

Fica evidente (e a participação especial de Kai Hansen só reforça o fato) a influência que os pioneiros do Power Metal alemão, o Helloween, possui na sonoridade do Blind Guardian. A faixa "Tommyknockers" é um ótimo exemplo disto.

Mas o Blind Guardian não se limita a emular o som desenvolvido pelo Helloween. Tales from the Twilight World ainda mantém uma característica muito presente nos primeiros discos do grupo, qual seja, a forte influência do Thrash Metal norte-americano, especialmente de bandas como Testament. Isto, conforme citado nas descrições das faixas, durante o texto, está espalhado por várias composições.

Outra característica marcante da carreira da banda e que começa a dar às caras neste álbum são os corais, intensamente usados pelo Blind Guardian, junto a orquestrações, em seus discos posteriores. Aqui, eles começaram a serem usados, mas ainda de modo mais contido.

O Blind Guardian é formado por músicos bem competentes e o forte da banda é mesmo seu entrosamento. Todos contribuem de maneira eficiente a beneficiar as composições. Além disto, Hansi Kürsch é um ótimo vocalista.

As letras são um destaque do trabalho. Com influências de grandes escritores da literatura popular mundial, as referências são saborosas para ouvintes que também sejam bons leitores.

Em um trabalho criativo e bem coeso, sem pontos fracos, fica difícil apontar canções que mereçam maior destaque. Então, o Blog apenas opta por mostrar suas prediletas.

A força motriz alucinante de "Traveler in Time" contagia os fãs de Heavy Metal. O mesmo acontece com a ótima "Lost in the Twilight Hall". "Tommyknockers" esbanja a criatividade que o Power Metal pode ter.

Mas não há como não se render a fúria intensa do clássico "Welcome to Dying", uma das melhores canções da história do estilo Power Metal. E ainda temos toda a beleza da sensibilidade melódica da incrível "Lord of the Rings". Simples e magnífica.

Enfim, o Blind Guardian é uma excelente banda e uma força criativa dentro do Power Metal, mostrando que a vertente possui bandas muito importantes dentro do Heavy Metal. A discografia do grupo é indicada, pois o conjunto sempre se mostrou inquieto e com diferentes influências marcando sua sonoridade.E, para o Blog, Tales from the Twilight World é um de seus pontos mais altos.

3 de junho de 2016

DAVID LEE ROTH - EAT 'EM AND SMILE (1986)


Eat 'Em and Smile é o primeiro álbum da carreira solo do vocalista norte-americano David Lee Roth. Seu lançamento oficial aconteceu em 7 de julho de 1986 através do selo Warner Bros. As gravações ocorreram nos estúdios The Power Station (New York City), Fantasy Studios (Berkeley) e Can-Am Recorders (Tarzana). A produção ficou por conta de Ted Templeman.

O nome do vocalista David Lee Roth está intimamente ligado ao de sua primiera banda de sucesso, o Van Halen. Neste post, o Blog vai abordar o início da carreira solo do cantor e o seu primeiro disco desta nova etapa de sua vida.


Em 9 de janeiro de 1984, o Van Halen lançava seu sexto álbum de estúdio, 1984, cujos destalhes podem ser vistos aqui.

O disco foi um sucesso estrondoso, conquistando o 2º lugar da Billboard, catapultado por faixas emblemáticas como “Panama”, “Jump” e “Hot For Teacher”.

No meio da turnê que promovia 1984, as tensões artísticas e pessoais entre os músicos chegaram a um ponto insustentável.

As razões para o rompimento do grupo variam de acordo com o membro da banda entrevistado, mas estavam enraizadas nos controles do som e da imagem da banda.

Ademais, Roth estava chateado com Eddie tocando música fora do Van Halen, sem consultar previamente a banda, e, também, com o suposto abuso de drogas do guitarrista que continuamente prejudicava o grupo.

No início de 1985, quando ainda era um membro do Van Halen, Roth lançou um EP solo, chamado Crazy from the Heat, o qual contava com 4 versões para canções clássicas.

Singles retirados do EP fizeram grande sucesso. “California Girls”, um cover para o clássico do Beach Boys e o medley “Just a Gigolo/I Ain't Got Nobody” fizeram bastante barulho.

David Lee Roth

Parte deste sucesso pode ser atribuído aos seus vídeos musicais inovadores (produzidos por Jerry Kramer e co-produzidos por Glenn Goodwin e Bobby Diebold), que contavam com personagens ridículos, criados por Roth e seu diretor criativo, Pete Angelus, o qual havia dirigido vídeos do Van Halen.

Também a Roth foi oferecido um contrato de US $ 20 milhões, para um roteiro de filme intitulado Crazy from the Heat. Roth esperava que o Van Halen contribuísse com a trilha sonora. No entanto, o negócio não vingou, pois a MGM Pictures foi vendida em 1986.

Voltando ao Van Halen, apesar do sucesso da banda, um racha criativo havia começado a se desenvolver entre Roth e Eddie Van Halen, o qual foi intensificado com a turnê para a promoção de 1984. Enquanto Roth estava interessado em compor canções alegres, sobre festas e sexo (assim como Aerosmith e AC/DC), Eddie preferia uma abordagem com maior profundidade lírica.

Outro ponto foi o fato que Eddie Van Halen havia construído seu próprio estúdio de gravação, em sua casa, durante o ano de 1983, levando a uma discussão com o resto da banda, pois isto lhe permitiu desenvolver músicas de maneira isolada.

Além disso, Eddie começou a se mover em uma direção musical mais pop, com teclados e sintetizadores, enquanto Roth se opunha a esta abordagem, sentindo que a banda deveria seguir em frente com seu Hard Rock, com “apenas” guitarras e bateria.

Roth deixou o Van Halen, formalmente, em 1º de abril de 1985.

Em sua autobiografia, de 1998, Crazy From the Heat, Roth caracteriza a música do Van Halen, pouco antes de sua partida em1985, como “rabugenta”.

Roth desejava rapidamente montar uma nova banda, compor e gravar um álbum, além de fazer o filme – e este não foi um projeto que avançou, como descrito acima.

Steve Vai
No fim de 1985, Roth montou uma banda solo virtuosa, composta pelo guitarrista Steve Vai (anteriormente da banda de Frank Zappa), o baixista Billy Sheehan (anteriormente do Talas), e o baterista Gregg Bissonette (antes na Maynard Ferguson's big band).

David Lee Roth escolheu o experiente produtor Ted Templeman, com o qual trabalhou no Van Halen, para a produção de seu primeiro trabalho solo. A capa conta com uma imagem do rosto de Roth caracterizado.

Vamos às faixas:

YANKEE ROSE

A bateria pulsante de Gregg Bissonette e o baixo de Billy Sheehan estão bastante proeminentes nos momentos iniciais de "Yankee Rose". A canção possui o clima festivo e alegre que eram bastante comuns no início da carreira do Van Halen. Claro, destaque para a guitarra de Steve Vai. Um verdadeiro clássico do Hard Rock!

A letra é divertida e se refere à estátua da liberdade, em New York:

Show me your bright lights
And your city lights, all right
I'm talkin' about the Yankee Rose
Bright lights and your city lights, all right
I'm talkin' about it

“Yankee Rose” é um dos grandes clássicos da carreira solo de David Lee Roth.


Lançada como single, atingiu a ótima 16ª posição na principal parada norte-americana desta natureza. Ainda conquistou a 29ª colocação na correspondente canadense.

A inspiração para a letra veio do fato de que a estátua passava por uma grande renovação, já que completava seu 100º aniversário em 1986.

A canção também está presente no game Grand Theft Auto: Vice City.



SHYBOY

Já em "Shyboy", o peso e a agressividade são mais aflorados. A faixa aposta em uma abordagem mais direta, com o ritmo acelerado e vocais mais agressivos de Lee Roth. O solo instigante de Steve Vai na guitarra é um grande destaque!

A letra fala de timidez:

Oh, you make me nervous
More than I had planned
Would you wanna know me
If I wasn't in the band
Crazy feeelings
Deep inside of me
I need a wild woman
To knock me off my feet



I'M EASY

Com pouco mais de 2 minutos, esta é a menor música do álbum. Trata-se de um cover da famosa canção de mesmo nome, composta por Billy Field e Tom Price. Um Blues Rock de primeiríssima linha.

A letra é simples e em tom sexy:

Come, get me, baby,
Get me while I'm hot
Hurry, hurry, baby,
You can have a lot



LADIES' NITE IN BUFFALO

Já nesta faixa, o grupo opta por um andamento mais lento e arrastado, mas repleto de melodia e swing. O trabalho do baixo de Sheehan prevalece, ditando o ritmo da música de maneira magistral. Os vocais de Roth são bem versáteis, beneficiando a composição. Grande momento do disco!

A letra é sobre diversão:

I got kinda sense of deja vu
I could swear I've seen you somewhere before
You don't think you've ever seen me somewhere before, do you, huh?
So it must have been two other people
I know, baby, I say, I didn't wanna half drag you
It's too far to drive back, baby
I don't wanna drive alone tonight



GOIN' CRAZY

Curiosamente, "Goin' Crazy" possui participação bem proeminente de teclados, bem no estilo que o Van Halen usou em seu álbum 1984. O ritmo é divertido e alegre, contando com bons vocais de Roth e ótimo solo da guitarra de Vai.

A letra é sobre rebeldia:

Don't tell me, give it up, too busy getting down
I learned my lessons well
You get it goin' and you don't never stop
I know you're laughin' 'cause it's easy to tell


“Goin' Crazy” foi outro single lançado para promover Eat 'Em And Smile. Atingiu a 66ª posição da principal parada norte-americana desta natureza.



TOBACCO ROAD

O ouvinte está diante de outra competentíssima versão tocada pela banda, desta feita para "Tobacco Road". Outro Blues Rock de maneira extremamente eficiente, com um ar de Aerosmith setentista. Destaque total para a guitarra de Vai, infernal!

A letra fala de casa:

Only you know how i love
Huh! tobacco road
Wa! let's give it out

“Tobacco Road” é um cover da canção de mesmo nome, composta por John D. Loudermilk em 1960, mas que se tornaria um hit em 1964 com a versão gravada pela banda The Nashville Teens.

Sua letra é parcialmente autobiográfica sobre como é crescer na cidade de Durham, no estado norte-americano de North Carolina.

Foi lançada como single, mas não repercutiu nas principais paradas de sucesso desta natureza.



ELEPHANT GUN

Já "Elephant Gun", remete aos primórdios do Van Halen, com um forte DNA da antiga banda do vocalista Lee Roth. Bateria frenética, guitarra pesada e onipresente e vocais bem 'debochados' de Roth. Ótima faixa.

A letra é divertida:

Every minute counts and you play both sides of the law
Mm, these dangorous days
Mean nine lives doin' anything at all
A lot of folks been blown away



BIG TROUBLE

"Big Trouble" aposta em um andamento mais lento e cadenciado, sem abrir mão de uma dose generosa de peso, distorção e melodia. O 'balanço' presente na composição é ditado especialmente pelo baixo de Sheehan. Ótimo trabalho vocal de Roth apenas é o complemento necessário para outro belo instante do disco.

A letra é sobre rebeldia:

How many times have you said to yourself
"Hey, I feel like a yo-yo, I've been here too long"
I bet if you asked them our heroes would say
"Hey, we're already gone"
I know, somehow I know



BUMP AND GRIND

A ótima "Bump and Grind" possui uma levada puxada para o Glam Metal, especialmente remetendo ao ótimo Mötley Crüe. A guitarra de Steve Vai está insana, com um ótimo solo na metade da execução da música. Os vocais de Roth também se destacam.

A letra é sobre sexo:

This blind date is cash and carry,
dead ringer for the big first prize.
Chance meeting in the roaring eighties.
You ain't going home tonight



THAT'S LIFE

A décima - e última - faixa de Eat 'Em and Smile é "That's Life". Nesta versão, o ouvinte vai perceber a sempre latente veia Pop de David Lee Roth, com uma boa atuação do vocalista. Os metais ao fundo abrilhantam a composição.

A letra se refere a como é a vida:

Been a puppet, pirate, a poet, a pauper, a pawn and a king.
Been up and down and over and out and I know one thing:
Each time that I find myself flat on my face
I pick myself up and get back in the race

“That's Life” é uma versão para a música originalmente composta por Dean Kay e Kelly Gordon, a qual foi primeiramente gravada por Marion Montgomery. Existem inúmeras versões gravadas para a canção, mas a mais conhecida é aquela eternizada pela voz de Frank Sinatra em 1966.

Foi lançada como single para promover Eat 'Em And Smile e alcançou a 85ª posição da principal parada norte-americana desta natureza.



Considerações Finais

Embalado por sua popularidade, especialmente enquanto estava à frente do Van Halen, e pela solidez de canções como “Yankee Rose”, David Lee Roth conseguiu bastante sucesso com Eat 'Em And Smile.

O álbum atingiu a extraordinária 4ª posição da principal parada norte-americana de álbuns. Ficou com a 28ª colocação na correspondente britânica. Ainda galgou os 13º, 5º e 12º lugares nas paradas de Canadá, Finlândia e Suécia, respectivamente.

O álbum viu Roth retornar à música Hard Rock, mas também incorporou alguns de seus gostos musicais mais ecléticos, que vão do jazz ao speed metal.

Uma versão para "Kids in Action", originalmente composta por Kim Mitchell (do Max Webster), também foi gravada para o álbum. No entanto, devido a limitações de tempo, a canção não foi incluída na versão final do disco. Não há conhecimento da disponibilização desta versão ao público.

As críticas da mídia especializada são geralmente positivas sobre o trabalho. Eduardo Rivadavia dá ao trabalho uma nota 4,5 de um máximo de 5, afirmando que as escolhas de Steve Vai, Billy Sheehan e Gregg Bissonette revelaram-se perfeitas.

Sonrisa Salvaje é a versão espanhola de Eat 'Em and Smile. Foi lançado em 1986 e de acordo com a Enciclopédia Van Halen, a ideia de gravar o álbum em espanhol veio do baixista Billy Sheehan, o qual havia lido um artigo em uma revista que informava que mais da metade da população mexicana se situava entre as idades de 18 a 27 anos, considerado, há época, um mercado promissor na compra de álbuns.

Roth regravou todos os seus vocais com o auxílio de um tutor de língua espanhola no estúdio. Ele fez pequenas modificações nas letras, de modo a não ofender a população de língua espanhola mais conservadora.

Com exceção dos vocais, os instrumentais são basicamente os mesmos da versão original de "Eat 'Em and Smile", com a única exceção sendo "Big Trouble", que termina abruptamente em oposição a versão em Inglês.

De acordo com Sheehan, o álbum não foi bem recebido, com muitas pessoas considerando-o "espanhol de gringo". Quaisquer futuras ideias de novas versões em espanhol foram esquecidas. Sonrisa Salvaje foi lançado originalmente em vinil e cassetes, mas foi descartado quase imediatamente; uma versão em CD não apareceria até o ano de 2007.

Roth e sua banda excursionou por arenas extensivamente em apoio Eat 'Em and Smile, antes de voltar ao estúdio em 1987 para gravar um sucessor para o álbum, Skyscraper, de 1988.

Eat 'Em And Smile supera a casa de 2,5 milhões de cópias vendidas.



Formação:
David Lee Roth - Vocal, Backing Vocals
Steve Vai - Guitarras, Arranjo de sopros em 3
Billy Sheehan - Baixo, Backing Vocals
Gregg Bissonette - Bateria, Backing Vocals
Músicos Adicionais:
Jeff Bova - Teclados em 1
Jesse Harms - Teclados em 5
Sammy Figueroa - Percussão em 5
The Waters Family - Backing Vocals em 10
The Sidney Sharp Strings - cordas em 10
Jimmie Haskell - arranjo de sopros e cordas em 10

Faixas:
01. Yankee Rose (Roth/Vai) - 3:55
02. Shyboy (Sheehan) - 3:24
03. I'm Easy (Field/Price) - 2:11
04. Ladies' Nite In Buffalo? (Roth/Vai) - 4:08
05. Goin' Crazy! (Roth/Vai) - 3:10
06. Tobacco Road (Loudermilk) - 2:29
07. Elephant Gun (Roth/Vai) - 2:26
08. Big Trouble (Roth/Vai) - 3:59
09. Bump And Grind (Roth/Vai) - 2:32
10. That's Life (Kay/Gordon) - 2:45

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/david-lee-roth/

Opinião do Blog:
O nome de David Lee Roth já estava escrito na história do Rock em 1986. Desde o final dos anos 70, o vocalista havia construído sucesso e reputação como um dos principais membros do Van Halen, uma das bandas mais influentes do mundo do Hard Rock.

Quando Roth deixa seu antigo grupo e parte para a carreira-solo, sabiamente, carrega boa parte de seu legado musical construído com seus ex-companheiros. E esta sonoridade é facilmente perceptível em sua nova empreitada.

Roth mostrou sabedoria, também, em montar um timaço para acompanhá-lo em sua nova jornada. O excelente baixista Billy Sheehan é um dos grandes nomes do disco, com atuação decisiva para o resultado final do que se ouve. Mas a jogada mais inteligente do vocalista foi na escolha de seu guitarrista.

Talvez ciente de possíveis comparações de seu trabalho com sua antiga banda, Roth escolheu um guitarrista acima de qualquer suspeita para segui-lo. David trabalhou anos com um dos mais aclamados guitarristas do Rock, Eddie Van Halen, e só alguém com um talento como o de Steve Vai poderia ser páreo para tais futuras comparações. Obviamente, o trabalho de Vai é brilhante.

Roth traz seu carisma e talento naturais para o álbum, com sua conhecida competência em alternar vocais agressivos e limpos, contando com sua costumeira naturalidade. O mais legal é que tudo é feito para o bem das composições, resultando em um trabalho bastante equilibrado.

As letras são divertidas e acompanham o estilo proposto para o disco.

A pesada "Shyboy" merece destaque por sua proposta agressiva e direta. Já "Bump and Grind" se mostra antenada com o estilo dominante na época, mas de maneira divertida e original. "Elephant Gun" remonta aos primórdios do Van Halen enquanto "Goin' Crazy" se assemelha ao que o antigo grupo de Roth havia realizado no álbum 1984. Ambas são ótimas.

Mas o Blog destaca o mais incrível faixa da carreira-solo de Roth, a incrível "Yankee Rose", uma fidedigna amostra de todo o talento do vocalista. E temos a mais 'sóbria' "Ladie's Nite in Buffalo?" competindo pelo prêmio de melhor canção do disco.

Enfim, o álbum de estreia de David Lee Roth esbanja as marcas registradas de seu estilo musical: um Hard Rock divertido, descompromissado, mas também repleto de melodias e swing. É um trabalho que possui tudo para agradar fãs de sua então ex-banda assim como angariar novos seguidores. Altamente recomendado!