24 de abril de 2013

METALLICA - KILL 'EM ALL (1983)



Em lembrança aos 30 anos do lançamento deste álbum

Kill ‘Em All é o álbum de estreia da banda norte-americana chamada Metallica. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 25 de julho de 1983, sob o selo Megaforce. A produção ficou sob a responsabilidade de Paul Curcio com as gravações acontecendo no Music America Studios, em Rochester, Estados Unidos. As gravações se deram entre os dias 10 e 27 de maio daquele ano.

22 de abril de 2013

RIOT - NARITA (1979)



Narita é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana Riot. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 5 de outubro de 1979, pelo selo Capitol Records. Os produtores foram Steve Loeb e Billy Arnell, com as gravações ocorrendo no Big Apple Recording Studio, em Nova York.



A banda Riot não é, atualmente, muito conhecida, mas isto não quer dizer que não tenha feito muito boa música. Vai-se falar um pouco do seu surgimento e para, depois, passar-se ao álbum chamado Narita.

O Riot foi formado inicialmente no ano de 1975, na gigantesca metrópole norte-americana Nova York.

Isto aconteceu quando o guitarrista Mark Reale e o baterista Peter Bitelli decidiram formar uma banda. Para tanto, recrutaram o baixista Phil Feit e o vocalista Guy Speranza. Através de toda a sua carreira o Riot sofreu com as várias e constantes mudanças na sua formação (especialmente nos vocais).

A formação acima citada foi a que gravou uma demo com 4 faixas a qual eles esperavam que fizesse parte de uma compilação (que eles mesmo propunham) a qual conteria novas bandas de Rock. Enquanto o projeto não saía do papel, eles incluíram o tecladista Steve Costello.

Mark Reale distribuiu várias demos para os produtores nova-iorquinos Billy Arnell e Steve Loeb, os quais eram proprietários dos estúdios Greene Street Recording Studios e também do selo independente Fire-Sign Records.

Mark Reale:


Os produtores supracitados rejeitaram a proposta da compilação com novas bandas de rock, mas acabaram assinando um contrato com o Riot.

O grupo então adicionou um segundo guitarrista, Louie Kouvaris, e substituiu o baixista Phil Feit por Jimmy Iommi.

Com Speranza nos vocais, Reale e Kouvaris nas guitarras, Iommi no baixo, Costello nos Teclados e Bitelli na bateria; o Riot grava seu álbum de estreia, Rock City, em novembro de 1977.

Rock City é um ótimo álbum, com apenas composições próprias. Ele apresenta um Heavy Metal bem clássico, mesclado com um Hard Rock que bebe nas fontes do incrível Deep Purple.  O disco conta com excelentes canções como “Desperation”, “Warrior”, “Heart Of Fire” e a faixa-título, “Rock City”.

Já no primeiro álbum, há a aparição, na arte da capa, da bizarra mascote do grupo.

Embora o álbum seja muito bom e tenha garantido apresentações do Riot com bandas como Molly Hatchet e o gigante AC/DC, o conjunto estava à beira da falência no início de 1979.

Guy Speranza:


Mas a sorte, finalmente, bateu à porta do Riot. Naquele mesmo ano, 1979, nas terras britânicas surgia um novo movimento que favoreceria bandas com som na linha do Riot: a New Wave Of British Heavy Metal.

Assim que a NWOBHM rompeu o mainstream, um dos seus principais incentivadores, o DJ Neal Kay (que havia ouvido e gostado de Rock City) começou a divulgar o nome dos norte-americanos do Riot no Reino Unido.

Assim, muitos fãs britânicos começaram a importar cópias de Rock City, aumentando a vendagem do grupo. Assim, Arnell e Loeb, os donos da Fire-Sign Records, os quais haviam gravado e produzido Rock City, sentiram-se encorajados a produzir um novo disco do Riot.

Durante as sessões de gravação deste novo álbum, o guitarrista Louie Kouvaris deixou o conjunto, sendo substituído pelo roadie Rick Ventura.

A arte da capa consta com a bizarra mascote do Riot. Narita seria lançado em outubro de 1979.

WAITING FOR THE TAKING

Abre o trabalho a faixa “Waiting For The Taking”.

A canção começa com uma ótima levada que lembra certa inspiração no Hard setentista, especialmente os britânicos do Deep Purple. A música tem uma melodia bem agradável, aposta em um tom mais leve e melódico. Os vocais de Speranza são bons e as guitarras estão bem marcantes. Ótimos solos em uma faixa contagiante.

As letras são boas, demonstram um misto de resignação com o sentimento de lutar-se contra a mesma:

So you think you been workin' hard,
Givin' it all that you can,
And nothin' seems to make it better,
You're gonna scratch it for a whole new plan
Street life, it ain't right,
When you feel you've grown apart
You've gotta scratch and bite,
And punch and fight



49ER

A segunda canção de Narita é “49er”.

Um riff mais pesado e cadenciado faz parte da introdução da música e este segue ditando o ritmo da faixa. Assim, o ótimo Guy Speranza opta por cantar de forma mais lenta, na mesma intensidade do riff, fazendo um efeito dinâmico e atraente. “49er” é um dos pontos mais elevados do trabalho.

A letra fala dos 49ers, a forma com que os desbravadores do oeste norte-americano ficaram conhecidos (e que serviu de inspiração para o nome do time de futebol americano de São Francisco):

Headed west was a 49er,
Get rich quick, live life finer
On and on and on, the story goes
Some never made,
Their dreams to life



KICK DOWN THE WALL

A terceira faixa de Narita é “Kick Down The Wall”.

O ótimo riff da terceira canção de Narita aposta em certa cadência que dá à música um ritmo mais lento e favorece demais a melodia. Guy Speranza a canta contribuindo com o supracitado ritmo e presenteia a todos com uma incrível composição. Só pra variar o solo é repleto do melhor feeling.

As letras são bem simples e contam com um clima jovial:

The boys down at Johnny D's,
They're lookin' for love to tend
Music and language tapes,
They're getting down at the Bitter End
Hot nights and bright lights,
Some gettin' rolled by the bar



BORN TO BE WILD

A quarta faixa do trabalho é “Born To Be Wild”.

Mostrando sua influência das bandas clássicas do Rock, o Riot traz uma versão do clássico eternizado pelo Steppenwolf, “Born To Be Wild”. No entanto, o Riot faz uma versão repleta de personalidade, dando um viés bem mais agressivo e feroz ao clássico. Speranza dá um verdadeiro show nos vocais. Ótimo cover.



NARITA

A quinta música do trabalho é “Narita”.

Com poucos mais de 4 minutos e meio, a faixa que dá nome também ao álbum é toda instrumental. O riff principal da canção é dotado de bastante melodia, força e boa dose de peso. A música tem certo ar bluesy, mas com muitos toques de Heavy Metal no melhor estilo Judas Priest dos anos 70. Faixa genial.



HERE WE COME AGAIN

A sexta faixa de Narita é “Here We Come Again”.

Nesta ótima canção, o Riot continua seu Heavy Metal com forte influência do Hard Rock setentista. O riff é forte, pesado, mas com intensa representação melódica. Outra vez o Judas Priest da supracitada década é lembrado. Os vocais são bons, o solo é excelente e também merece destaque a seção rítmica composta por baixo e bateria.

As letras são sobre batalhas:

Here we come again,
Ready to lose control
The battle has just begun,
The planes are ready to roll
Fires blazing,
All hell's breaking loose



DO IT UP

A sétima faixa do disco é “Do It Up”.

A canção já começa com um ótimo riff, bem rápido e com as doses certas de peso e de melodia. Guy Speranza opta por fazer um vocal um tanto quanto mais agressivo e rasgado, mas sem perder sua potência. Os solos são pontos altos desta incrível música, pois são repletos de feeling. Ponto altíssimo do trabalho!

As letras têm forte conotação de encontro sensual:

We're gonna do it up
We're gonna turn it on
We're gonna do it up
Oooh, gonna pour it on



HOT FOR LOVE

A oitava canção do trabalho é “Hot For Love”.

Nesta música, o Riot optou por fazer uma introdução pequena, mas de forma mais melódica e quase acústica. A faixa tem um ótimo riff, com uma pegada bem NWOBHM, seguindo de maneira pesada, mas não tão veloz, sendo que no refrão, a banda intensifica o peso da canção, o mesmo ocorrendo nos minutos finais. O resultado final é excelente.

Novamente, as letras têm claro conteúdo sexual:

She's hot for love,
She's ready to roll it over
She's hot for love,
Got no time to think it over
She's hot for



WHITE ROCK

A nona música de Narita é “White Rock”.

“White Rock” é a menor faixa de Narita. Segue em um ritmo mais forte desde o seu início, em um tom de Heavy Metal Tradicional clássico. Os vocais são cantados de maneira precisa para o tom da música e os solos, embora simples, casam-se perfeitamente com a canção.

As letras são bem simples e com clima de celebração:

White rock, makin' me so hot
I like the fever from white rock
White rock, come on make it hot
White fury, white rock
Up all night, sleep all day,
Comes the action, when we start to play



ROAD RACIN’

A décima – e última – faixa de Narita é “Road Racin’”.

Um riff sensacional abre a última canção do trabalho e logo ele aumenta de velocidade, acompanhado por uma ótima atuação da bateria de Peter Bitelli, que auxilia na manutenção da rapidez da música. As guitarras atuando em conjunto também contribuem para a intensidade da faixa. Os solos são sensacionais. Excelente!

A velocidade da canção é refletida nas letras que falam de viagens e máquinas em alta rapidez:

Road racin',
Feel the earth move under my wheels
There's no erasin'
The chills you get from the turns and squeals



Considerações Finais

Sem nunca ter sido um grande sucesso comercial, Narita acabou aumentando o sucesso do Riot nos Estados Unidos e Europa e evitou que a banda entrasse em falência. Boa parte deste mérito se deveu a turnê bem sucedida pelo Texas que o grupo fez em suporte a Sammy Hagar e sua carreira solo.

Esta turnê bem sucedida com Sammy Hagar fez com que a Capitol Records fizesse uma proposta de lançamento mundial para Narita, desde que o grupo aceitasse fazer uma nova turnê com Sammy pela Europa.

Tanto a Capitol quanto Sammy Hagar gostariam de ter uma banda jovem e pesada associada a eles e o Riot cumpria todos estes requisitos.

A turnê do Riot pelo Reino Unido com Hagar foi um sucesso, mas assim que a mesma terminou, a Capitol Records descartou o Riot. Mas, mesmo assim, os managers da banda Billy Arnell e Steve Loeb gastaram seus últimos recursos para promoverem Narita na maior quantidade de Rádios possível, e assim permitiram uma maior repercussão para o trabalho.

A tática funcionou, pois permitiu que a Capitol Records optasse por lançar o próximo álbum do Riot, Fire Down Under, o qual foi seu maior sucesso comercial.



Narita era o nome de um grupo que o guitarrista Mark Reale se apresentava em San Antonio, no Texas, juntamente com o vocalista Steve Cooper (SA Slayer), o baixista Don Van Stavern (que integraria o Riot no futuro) e o baterista Dave McClain.

O maior sucesso comercial do álbum Narita foi mesmo no Japão.

Formação:
Guy Speranza - Vocal
Mark Reale - Guitarra
Rick Ventura - Guitarra
Jimmy Iommi - Baixo
Peter Bitelli – Bateria

Faixas:
01. Waiting for the Taking (Speranza/Reale/Ventura) - 5:01
02. 49er – (Speranza/Reale) - 4:36
03. Kick Down the Wall (Speranza/Reale) - 4:32
04. Born to Be Wild (Mars Bonfire) - 2:47
05. Narita (Speranza/Reale) - 4:38
06. Here We Come Again (Speranza/Reale) - 5:58
07. Do It Up (Speranza/Reale) - 3:44
08. Hot for Love (Speranza/Reale) - 5:00
09. White Rock (Speranza/Reale) - 2:33
10. Road Racin' (Speranza/Reale) - 4:32

Letras:
Para o conteúdo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/riot/

Opinião do Blog:
O Riot não é das bandas mais conhecidas do público em geral e nunca foi, comercialmente falando, um grande sucesso. Mas o fato é que o grupo contribuiu de maneira importante para a música.

No início de sua carreira, o grupo esteve voltado para o Heavy Metal tradicional e com o passar dos anos e as infindáveis mudanças de formação, começou a flertar mais com a vertente do Power Metal, mais precisamente do meio para o final da década de 80.

Narita foi um álbum de qualidade inquestionável. Lançado em 1979, o disco já trazia uma prévia de todo o turbilhão musical que iria surgir na próxima década, especialmente no Reino Unido e sua New Wave Of British Heavy Metal.

Em várias passagens das canções do trabalho é impossível não vir à mente sons identificados com bandas como Deep Purple e Judas Priest. Narita apresenta sua sonoridade muitas vezes pesada, cadenciada, mas que apostava em melodias marcantes e de grande impacto.

Canções incríveis como “Waiting For The Taking”, “49er”, “Here We Come Again” e “Road Racin’” demonstram melhores momentos do que o Heavy Metal pode ser: pesado, intenso, mas repleto de ritmo e melodia.

Narita não foi um grande sucesso comercial, mas já apresentava elementos que seriam muito usados no futuro. É uma obra de qualidade indiscutível e que merece ser apreciado por todos os fãs de música pesada. Álbum obrigatório.

Em tempo: infelizmente o grande líder do grupo, Mark Reale, faleceu em janeiro de 2012 e, a pedido de seu pai, o nome do grupo não será mais usado pelos membros do formação remanescente.

11 de abril de 2013

RATT - OUT OF THE CELLAR (1984)



Out Of The Cellar é o álbum de estreia da banda norte-americana chamada Ratt. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 27 março de 1984, sob o selo da Atlantic Records. A produção ficou a cargo de Beau Hill, que produziu nomes como Alice Cooper, Warrant e Winger, entre outros.



As origens da banda Ratt remontam ao ano de 1975 quando o vocalista Stephen Pearcy formou um conjunto chamado Mickey Ratt, na cidade californiana de San Diego. O grupo chegou a gravar alguns materiais demo e para algumas compilações.

Muitos músicos chegaram a passar pelas formações iniciais do conjunto Mickey Ratt: os guitarristas Jake E. Lee, Chris Hager, Paul DeNisco, e Bob DeLellis; os baixistas Matt Thorr, Tim Garcia e Dave Jellison e os bateristas John Turner, Seth Faver, Dave Alford e Bob Eisenberg.

Já em 1980, a banda Mickey Ratt se mudou para a cidade de Los Angeles, para aumentar sua chance de ser reconhecida e conseguir um contrato com uma grande gravadora.

Stephen Pearcy


Nesta época, eles gravam uma demo chamada "Dr. Rock" / "Drivin' on E", a qual era entregue para os seus fãs que frequentavam aos shows do grupo em clubes noturnos. Neste momento o guitarrista Jake E. Lee (que acompanharia Ozzy anos depois) entrou na banda.

Já estamos em 1981 e o grupo resolve encurtar o seu nome para apenas Ratt. No final do mesmo ano, o guitarrista Robbin Crosby toca em algumas apresentações do conjunto.

Logo depois, de uma única vez, os membros  Jake E. Lee, Chris Hager, Matt Thorr, e Dave Alford deixam o Ratt para formar uma banda chamada Rough Cutt.

O guitarrista Warren DeMartini é indicado pelo próprio Jake E. Lee para ser seu substituto no grupo, isto já no início de 1982. O baixista Gene Hunter e o baterista Khurt Maier (antes de Bobby Blotzer e Juan Croucier) completariam o Ratt.

DeMartini tinha apenas 18 anos quando foi convidado a integrar o Ratt. Ele ainda estudava em San Diego e ficou hesitante em deixar a escola para se mudar para Los Angeles e se unir a uma banda que ainda possuía um sucesso bem modesto. Marq Torien substitui brevemente DeMartini até que ele se junta ao grupo no fim de 1982.

Em julho de 1983 a banda lança um EP, o Ratt EP, pelo selo independente Time Coast Records, contendo 6 faixas. Outro selo independente, Music For Nations, lançou uma versão de 7 faixas do EP no Reino Unido.

Warren DeMartini


Como o EP foi bem recebido, o Ratt chamou a atenção de gravadoras maiores, acabando por assinar com a Atlantic Records. Assim, imediatamente, o grupo começa a trabalhar no que seria seu primeiro álbum.

Na capa de seu álbum de estreia, Out Of The Cellar, há uma imagem com a bela modelo Tawny Kitaen, que se casaria com o vocalista Dave Coverdale (Whitesnake, Deep Purple) anos depois.

WANTED MAN

Abre o álbum a ótima “Wanted Man”.

Um riff excelente abre o álbum, mostrando toda a força musical do Ratt. A canção passa a alternar a intensidade do riff com passagens mais melódicas e suaves, contrastando com outras mais fortes e intensas. A sonoridade é uma fusão de Hard Rock típico oitentista com ótimas pitadas de Heavy Metal Tradicional (o solo que o diga). Ótimo início.

As letras, bem simples, falam de um sujeito procurado, em um típico tema de velho oeste dos EUA:

Well, low dealer, with snake eyes
You cross me, you realize you're-
You're hot leather, you're cold steel
You make a move, I'll make you feel like a
Human target, in my eyes
I've got you, well, in my sights
And by the rope, you will hang
It's your neck, from this Ratt gang

“Wanted Man” acabou sendo um clássico do Ratt, presença quase obrigatória nos shows do grupo. Lançada como single para promover o álbum, alcançou boa repercussão atingindo a 87ª posição da parada norte-americana desta natureza.



Há, também, um videoclipe promocional da canção, incluindo, a banda em figurinos do “Wild West”. O guitarrista Joey Cristofanilli, que tocou brevemente com o grupo, também é um dos compositores da faixa.



YOU’RE IN TROUBLE

A segunda canção do disco é “You’re In Trouble”.

O baixo e a bateria fazem um ótimo trabalho na introdução da canção. Aos poucos as guitarras vão ganhando espaço, lentamente, aparecendo mais firmemente no refrão. Stephen Pearcy canta de maneira marcante. O riff é bastante interessante, em uma sonoridade típica do Hard/Glam dos anos 80. O solo é muito bom.

As letras são bem simples retratando alguém com problemas:

You're such a teaser, you give me life
I live in jungles and live with knives
There's always trouble on your mind
And won't you make me draw the line
And that's the price you pay to lie
You wanted trouble, you tell me why
We're gonna get you, what ya gonna do, do, do
We're gonna get you, what ya gonna do



ROUND AND ROUND

A terceira faixa de Out Of The Cellar é “Round And Round”.

Um riff bem inspirado, forte e cadenciado é a marca inicial da canção. Aos poucos ele vai aumentando de intensidade até chegar ao refrão. A bateria também está muito presente durante toda a música, fazendo um trabalho competente. Stephen Pearcy a canta de maneira bem marcante. Excelente faixa.

As letras são bem simples e têm um aspecto de reencontro com uma mulher:

Round and round
With love we'll find a way just give it time
Round and round
What comes around goes around
I'll tell you why

“Round And Round” é o maior clássico da história do Ratt. A música é presença obrigatória nos shows da banda e teve imensa circulação pelas mídias da época (rádio e TV) no seu ano de lançamento.

Lançada como single para promoção do álbum, alcançou uma excepcional posição na principal parada de sucessos dos Estados Unidos, ainda mais se pensar-se que era uma banda em seu álbum de estreia: 12ª posição, embora não tenha repercutido na sua correspondente britânica.



O videoclipe é divertidíssimo e conta com a participação breve do comediante Milton Berle, que era tio do empresário do grupo à época, Marshall Berle.

A canção aparece como trilha sonora de 2 filmes: The Wrestler (2008) e da comédia That’s My Boy (2012). Também aparece nos games GTA Vice City Stories e no Rock Band 2.

Para se ter ideia da qualidade de “Round And Round”, ela foi nomeada pelo canal musical VH1 a 51ª colocada na lista de 100 Melhores Canções dos anos 80. E, também pelo mesmo canal, ficou com a 61ª posição em uma lista das 100 melhores Canções de Hard Rock de todos os tempos. Um clássico.



IN YOUR DIRECTION

A quarta música do disco é “In Your Direction”.

A aula de riffs de Hard/Glam continua no álbum e “In Your Direction” mantém o nível do trabalho no mesmo patamar. O riff é cadenciado e intenso, mas desta vez com menos velocidade, com certo ar de Van Halen. Isto reflete na interpretação de Pearcy, o qual opta por uma interpretação mais contida. Ótima faixa.

As letras são simples e refletem um abandono amoroso:

Well, I saw the time closin' in, you said you're leavin' me
I'm cursed with your heart's perfection
Well, said it's right to believe
Well, months and days, they slowly pass
I'm not waitin' for you
You turned me 'round in your direction
I'm lookin' for you, yeah



SHE WANTS MONEY

A quinta canção do trabalho é “She Wants Money”.

A faixa continua o ritmo forte do álbum que demonstra a intensidade do estilo Hard/Glam norte-americano. Desta vez o riff é um pouco mais veloz, em leve flerte com o Heavy Metal tradicional. A interpretação de Stephen Pearcy se casa perfeitamente com a música, pois é mais rápida. O solo é curto, mas bastante eficiente.

As letras continuam simples e mostram uma relação baseada em interesses:

She's so ready, doesn't even care
She's like a razor cuttin' through the air
She's callin' me, I'm so at ease
I understand what she's tellin' me
It's so clear that even I can see
You wanna play, you've gotta pay



LACK OF COMMUNICATION

A sexta música de Out Of The Cellar é “Lack Of Comunication”.

Um riff poderoso e mais lento abre a canção que logo aumenta sua velocidade, mas sem perder o peso. Há um ar que lembra o Judas Priest da fase British Steel. Pearcy opta por cantar a música de forma bem intensa, mas sem abusar de agudos, com certo ar bluesy. O solo é muito bom e a faixa mantém o ritmo do disco.

Desta vez as letras surpreendem, pois possuem um conteúdo crítico, atacando o conformismo do homem médio em geral:

Keep rearranging, it's all the same
Always saying, someone else is to blame
(Lack of communication, back off)
Look all around me, who's standin' tall
Hold tight, no-one's gonna answer your call
(Lack of communication, back off)
Put up our boundaries, we build our walls
It's alright, no-one's gonna change us at all
(Lack of communication, back off)



Foi, também, lançada como single, mas não conseguiu repercutir nas paradas de sucesso.



BACK FOR MORE

A sétima faixa do disco é “Back For More”.

O ritmo parece diminuir em “Back For More”, pois a mesma possui um início acústico em uma pequena introdução. Entretanto, o mesmo aumenta após a intro, com o riff bem mais forte e flertando com o Heavy Metal (remetendo ao que seria feito 2 anos depois por Ozzy Osbourne no álbum Ultimate Sin). A interpretação de Pearcy é excelente no que é um dos pontos mais altos do trabalho.

Novamente as letras são sobre o controle sobre uma mulher:

You turn him away, you tell him you're mine
You make him believe you're but one of a kind
You give him a cold look, you tell him a lie
You turn him away, girl, you know you're mine

“Back For More” também foi lançada como single, mas não conseguiu repercutir nas paradas de sucessos.



THE MORNING AFTER

A oitava canção do disco é “The Morning After”.

O início da canção remete totalmente ao Heavy Metal Clássico, com um riff bem rápido e forte, mas bem identificado com o Hard Rock oitentista. Intensa e pesada, a música mantém o ritmo acelerado do trabalho. Os vocais estão mais contidos, mas ótimos.

As letras são simples e divertidas, em clima de flerte e sensualidade:

You think unkindly, simple not sane, know what I mean
Say I'm deliberately sent here to please
It's what you need, so I'm here tonight
You won't confuse me with somebody else
Look in your mirror, you're too good for yourself
It's all in your books, your magazines, can't you see
I'll be headin' out in time, if it's wrong or right



I’M INSANE

A nona música do trabalho é “I’m Insane”.

O Hard/Glam continua com tudo na menor faixa de Out Of The Cellar. Ela possui mais um riff bem rápido e pesado, com o refrão ainda mais acelerado pela dupla de guitarristas. O solo é dos melhores do trabalho.

O clima das letras é no tom de rebeldia juvenil:

You don't go looking for trouble
Well, I'm all the trouble you need
You don't go looking for bad love
You got it guaranteed, yeah



SCENE OF THE CRIME

 A décima – e última – faixa do disco é “Scene Of The Crime”.

O riff inicial da faixa cativa, por ser pesado e ao mesmo tempo extremamente melódico. Uma pequena variação deste é a base da canção por toda sua duração. A música é bem animada, um típico Hard oitentista. É a maior música do trabalho, mas não deixa o ritmo do álbum cair de maneira nenhuma. As guitarras dão um verdadeiro show nesta excelente faixa.

As letras são em clima de vingança e traição:

I wanna rock, but you, you dared to roll
I came by your house, but you, you weren't at home
Well, I knock on your door, I hear you beg for more
You broke the law you see, and that's a felony



Considerações Finais

Embora fosse um disco de estreia, é inegável o enorme sucesso que Out Of The Cellar teve no momento de seu lançamento. É um álbum simplesmente adorado pelos fãs do grupo norte-americano.

A grande divulgação das canções nas rádios e MTV (especialmente o seu grande clássico “Round And Round”), permitiu que o grupo alcançasse um sucesso maior que esperado. A banda conseguia lotar arenas não apenas nos Estados Unidos, mas também através do globo.

Out Of The Cellar foi um sucesso incontestável nas principais paradas: 49ª posição na parada britânica e a extraordinária 7ª posição na correspondente norte-americana. Também foi 7º lugar na Suíça e 8º na Alemanha. É comumente citado como um dos melhores trabalhos e definidores do estilo Hard/Glam oitentista.

O sucesso era tão grande que permitiu que a banda excursionasse e dividisse palco com nomes como Ozzy Osbourne, Iron Maiden, Motley Crue e Twisted Sister.



Já em 1991, Out Of The Cellar havia vendido mais de 3 milhões de cópias somente nos Estados Unidos.

Formação:
Stephen Pearcy - Vocal
Warren DeMartini – Guitarra-Base e Guitarra-Solo
Robbin Crosby – Guitarra-Base. Guitarra-Solo nas faixas 5, 6 e 10.
Juan Croucier - Baixo
Bobby Blotzer – Bateria e Percussão

Faixas:
01. Wanted Man (Cristofanilli/Pearcy/DeMartini/Crosby) - 3:37
02. You're in Trouble (DeMartini/Crosby/Pearcy) - 3:16
03. Round and Round (DeMartini/Crosby/Pearcy) - 4:22
04. In Your Direction (Pearcy) - 3:30
05. She Wants Money (Croucier) - 3:04
06. Lack of Communication (Croucier/Pearcy) - 3:52
07. Back for More (Pearcy/Crosby) - 3:42
08. The Morning After (DeMartini/Pearcy/Crosby) - 3:30
09. I'm Insane (Crosby) - 2:54
10. Scene of the Crime (Crosby/Croucier) - 4:54

Letras:
Para o conteúdo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/ratt/

Opinião do Blog:
É inegável que quem escreve este Blog é um fã incondicional do estilo que se costumou chamar Hard Rock/Glam Metal, que era feito nos anos 80 lá nos Estados Unidos. Já foi publicado resenhas do estilo por aqui com bandas como Bon Jovi, Twisted Sister e Dokken.

O fato é que o visual esdrúxulo e pesado não agradava a todos e isto permitia que preconceitos bobos evitassem que se desse importância ao que realmente interessa, ou seja, a qualidade das canções.

E neste ponto, o álbum Out Of The Cellar é incrível.

Os riffs criados pela ótima dupla de guitarristas Warren DeMartini e Robbin Crosby são uma verdadeira aula de Hard Rock. Ora eles primam pelas melodias pesadas e cadenciadas, ora eles flertam deliberadamente com o Heavy Metal Clássico (no melhor estilo Judas Priest).

Stephen Pearcy tem uma voz peculiar e canta em um estilo bluesy, casando perfeitamente com as canções. As músicas são valorizadas pela atuação do competente vocalista. A ‘cozinha’ também tem seu destaque com o bom Bobby Blotzer e o ótimo Juan Croucier.

Fato é que em Out Of The Cellar não possui músicas apenas para encherem espaço. O álbum é um grande clássico do estilo, com ótimas canções como “Wanted Man”, “Back For More” e “Scene Of The Crime”. Isto sem citar o clássico mais importante para a banda, a excepcional “Round And Round”.

O Ratt, ao flertar seu Hard Rock com o Metal mais tradicional, construiu álbuns interessantes em sua carreira e fez seu nome no cenário oitentista que tanto encanta. Out Of The Cellar é um dos grandes álbuns daquela década. Audição obrigatória para fãs do estilo.