Climbing!
é o álbum oficial de estreia da banda norte-americana chamada
Mountain. Seu lançamento oficial se deu no dia 7 de março de 1970,
através do selo Windfall. As gravações aconteceram entre 1969 e
1970, no Record Plant Studios, em New York, nos Estados Unidos. A
produção ficou sob responsabilidade de Felix Pappalardi, próprio
baixista do grupo.
O
Mountain é uma banda muitas vezes citadas como influente e
importante na formação da musicalidade Heavy Metal, sendo uma das
pioneiras a flertar com os estilos Hard/Heavy, tendo o Blues Rock
como base. Primeiro o blog vai contar um pouco da história do grupo
para depois adentrar as faixas do disco.
No início
de 1969, Leslie West, que pertenceu a uma banda de R&B chamada
The Vagrants, resolveu montar um grupo próprio. Ele a denominou
'Leslie West Mountain', referindo-se ao seu tamanho bastante
avantajado.
A banda
contava com Norman Landsberg nos teclados e baixo e com Ken Janick
na bateria, começando a fazer shows. Na mesma época, Felix
Pappalardi (que era um colaborador da lendária banda Cream) se
ofereceu para produzir o trabalho de West.
O
resultado foi o álbum Leslie West Mountain, homônimo ao grupo, que
algumas vezes aparece associado ao Mountain, mas é na verdade um
lançamento da primeira banda de Leslie West.
O álbum
Leslie West Mountain contou com Norman Landsberg como tecladista e
N.D. Smart, ex-Remains, como baterista; bem como com o próprio
Pappalardi no baixo.
Os
destaques do álbum ficaram para os vocais de West, que se alternavam
entre crus e melódicos, sua guitarra com forte influência de Blues,
e também para o proeminente baixo de Pappalardi. Era evidente como
os músicos beberam na fonte do Cream, a lendária banda inglesa que
contava com Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker.
Leslie West |
Como foi
dito, Pappalardi foi um colaborador frequente do Cream: ele produziu
Disraeli Gears, Goodbye e Wheels Of Fire, além de tocar órgão –
e outros instrumentos – no último.
Steve
Knight foi chamado para o lugar do tecladista Landsberg, que deixou a
banda para formar o grupo Hammer, com o baterista Ken Janick.
Após
optarem pelo nome reduzido de Mountain, West, Pappalardi, Smart e
Knight fizeram shows na Costa Oeste antes de se apresentarem para seu
quarto show como uma banda de apoio no Festival de Woodstock, de
1969, em Bethel, Nova York.
O
Mountain foi recebido com entusiasmo pelo público do festival, mas a
banda não apareceu no filme oficial do evento e nem tiveram sua
apresentação incluída no volume 1 do álbum ao vivo do festival.
Suas
performances de "Blood of the Sun" (do álbum de Leslie
West) e "Theme for an Imaginary Western" (a canção que
planejam gravar em Climbing! e foi coescrita pelo ex-baixista do
Cream, Jack Bruce) aparecem no segundo volume de shows do Woodstock.
Felix Pappalardi |
O DVD e
Blue-Ray lançados para comemorarem o 40º aniversário do Woodstock
possui performances do Mountain para “Beside The Sea” e
“Southbound Train”.
Logo
depois do Woodstock, Smart foi substituído pelo canadense Laurence
"Corky" Laing na bateria.
Com West,
Pappalardi, Laing e Knight; o Mountain vai para New York a fim de
gravar seu disco de estreia, Climbing!
A capa
conta com um desenho simples de autoria de Gail Collins – o qual
também contribuiu na composição de várias canções do álbum.
Vamos às faixas:
MISSISSIPPI
QUEEN
O grande clássico do álbum, "Mississippi Queen", abre o disco. Já em seu início temos um riff bastante cativante, aliando peso, força e cadência precisos. A influência do Blues é palpável, bem como a certeza de que o grupo bebeu na fonte do Cream. A interpretação de West é fantástica, em uma canção que dispensa maiores apresentações. Fabulosa!
A letra
se refere ao barco Mississippi Queen e uma mulher presente na
embarcação:
Mississippi
Queen,
If you
know what I mean
Mississippi
Queen,
She
taught me everything
“Mississippi
Queen” é inegavelmente o maior sucesso da história do Mountain,
tornando-se um dos grandes hinos da história do Rock & Roll.
Lançada
como single, atingiu a boa 20ª posição da parada norte-americana
desta natureza. Era marca registrada nos shows do grupo.
O
baterista Corky Laing afirma que havia começado a escrever as letras
da canção antes mesmo de fazer parte do Mountain. Quando Leslie
West procurava por letras para uma melodia criada na sua guitarra,
Laing ofereceu a supracitada letra. Posteriormente, também Felix
Pappalardi e o escritor David Rea receberam créditos pela música.
São
inúmeras as versões existentes para “Mississippi Queen”. Para
citarmos duas mais conhecidas, fica-se com a do W.A.S.P. (contida no
relançamento do álbum The Last Command) e a de Ozzy Osbourne, com
participação de Leslie West, no álbum Under Cover, de 2005.
THEME
FOR AN IMAGINARY WESTERN
Em "Theme For An Imaginary Western" a banda opta por uma levada um pouco mais calma e lenta, onde a suavidade é apresentada através da bela melodia desenvolvida nos teclados. A guitarra é presente, assim como a seção rítmica. Outra bela música.
“Theme
For An Imaginary Western” é uma canção composta por Jack Bruce e
Pete Brown, originalmente gravada no álbum de Bruce chamado Songs
For a Taylor, de 1969, o qual teve produção de Felix Pappalardi. E
foi este quem levou a música ao Mountain, que a regravou em
Climbing!, mas antes já havia a tocado no show em Woodstock.
NEVER
IN MY LIFE
"Never in My Life" volta com a carga de Blues Rock característica do grupo. O riff principal da faixa é espetacular, com presença e força exatos. A interpretação vocal de West tem toda influência bluesy possível, deixando a canção ainda mais charmosa. Um dos pontos mais altos do trabalho e da discografia do grupo. Genial!
A letra
mostra alguém apaixonado:
Never in
My Life
Could I
Find a Girl Like You
Never in
My Life
Could I
Find a Girl Like You
When I
Turned Around to Wake Her
About the
Way She Moves
I Don´t
Want to Leave Her
But I
Want Love You Too
SILVER
PAPER
Um solo que esbanja feeling por todos os lados é a abertura marcante de "Silver Paper". A levada da canção tem um toque mais essencial do rock do final dos anos 60, mas ainda é baseada no seu Hard Bluesy que marca o som da banda. Também o solo do meio da música encanta. A faixa mantém o nível estratosférico do trabalho.
A letra
tem temática romântica:
Sun Is
Shining On My World
Sun Is in
My Shoes
While I´m
Passin´ Through This Life
This Job
Is Spent With You
Wrap My
Dreams in Silver Paper
Gonna
Give Them All to You
Use Them
On Some Rainy Morning
And
They´ll Tell You What to Do
FOR
YASGUR'S FARM
A quinta faixa de Climbing! é "For Yasgur's Farm". Nela, o grupo escolhe uma levada que se aproxima bastante de uma balada, mas optando por intensificar o ritmo e o peso no refrão, construindo uma música muito interessante e bastante comum no Hard Rock. Tudo faz da faixa mais uma vez encantadora, mostrando o poder do trabalho.
A
temática da canção é outra vez romântica, envolvendo encontros e
desencontros de um casal:
Quiet As
the Voices in a Dream
Without
Two Shadows the Things I´ve Seen
Remember
the Evening I Let You Walk Away
Were You
the One
Lançada
como single, alcançou a modestíssima 107ª posição na parada
norte-americana deste tipo de lançamento.
TO
MY FRIEND
Já em "To My Friend", West compôs uma canção totalmente instrumental, levada apenas no violão. Há uma certa influência celta na melodia, com toques tradicionais da música norte-americana. É tudo belo e de muito bom gosto, mas quebra um pouco o ritmo do disco.
THE
LAIRD
"The Laird" mantém uma introdução que segue um pouco a linha da faixa acústica anterior, mas com Pappalardi fazendo vocais que se casam bem com o clima melancólico desenvolvido pela melodia principal da canção. A guitarra solo encanta, esbanjando feeling, mas o clima da música é um pouco triste.
As letras
são simples, em tom aventureiro:
The Laird
Is Arriving
He Ran to
the East
He Stood
in the Courthouse
Pleading
His Case
His Crime
Was a Passion
An Aching
For Peace
SITTIN'
ON A RAINBOW
"Sittin' On A Rainbow" volta ao tradicional Hard Rock forte do grupo, com a levada bastante agressiva e vocais que se casam perfeitamente ao instrumental. Impressionante como o grupo conseguiu produzir outro riff que bebe na fonte do Blues, mas com o DNA mais pesado do grupo. Empolgante!
A letra é
um convite para se curtir a natureza e contemplá-la:
Riding On
a Jet Plane
Higher
Than a Bird
Looking
Out the Window
Don´t
Believe a Word
Earning
Time, Earning Pay
When the
Sunshine´s On Its Way
This Is
What You Hear Me Say
BOYS
IN THE BAND
Piano e guitarra se casam em uma melodia extremamente cativante na última faixa do álbum Climbing! Aqui a banda opta por uma levada bastante cadenciada, mas que intercala a melodia cativante do piano com guitarras extremamente presentes, com um peso na dose exata. A construção é de extremo bom gosto, formando outra música excepcional.
A
temática se refere ao próprio fato de se estar em uma banda:
We Play
Tunes Today
Leaving
Memory of Yesterday
All the
Circles Widen Getting in the Sun
All the
Seasons Spinning All the Days One By One
Comin´
Back Before Long
Comin´
Back ´till I´m Gone
Goodbye
Travelling
So Long
to the Boys in the Band
Goodbye
Travelling
So Long
to the Boys in the Band
Considerações
Finais
Climbing!
foi muito bem recebido pela crítica devido ao seu som pesado e
visceral para a época. Baseado no sucesso da extraordinária
“Mississippi Queen”, o álbum conseguiu atingir um bom patamar
nos Estados Unidos.
Em termos
de parada de sucesso, Climbing! alcançou a ótima 17ª posição da
Billboard, a principal parada norte-americana de discos.
A boa
repercussão do trabalho também permitiu que o grupo se lançasse em
uma intensa turnê de divulgação do álbum, no meio da qual (nas
pausas entre shows) eles foram gravando seu segundo disco de estúdio,
Nantucket Sleighride, lançado em janeiro de 1971.
O sucesso
era tanto que “Mississippi Queen” acabou tomando parte da trilha
sonora do filme Vanishing Point, dirigido por Richard Sarafian e
estrelado por Barry Newman.
Formação:
Leslie
West - guitarras em todas as faixas, exceto 6; vocais nas
faixas 1, 3 e 8; vocal compartilhado nas faixas 4, 5 e 9
Felix
Pappalardi - baixo em todas as faixas, exceto 6 e 7; piano
nas faixas 1, 2 e 9; vocais e guitarra nas faixas 2 e 7; vocal
compartilhado nas faixas 4, 5 e 9
Corky
Laing - bateria em todas as faixas, exceto 6 e 7; percussão
nas faixas 7 e 9
Steve
Knight - órgão nas faixas 2, 3, 4 e 5; mellotron nas faixas
2 e 9
Faixas:
01.
Mississippi Queen (Laing/Pappalardi/Rea/West) - 2:32
02. Theme
for an Imaginary Western (Brown/Bruce) - 5:08
03. Never
in My Life (Collins/Laing/Pappalardi/West) - 3:53
04.
Silver Paper (Collins/Gardos/Knight/Laing/Pappalardi/West) - 3:19
05. For
Yasgur's Farm (Collins/Gardos/Laing/Pappalardi/Rea/Ship) - 3:23
06. To My
Friend (West) - 3:38
07. The
Laird (Collins/Pappalardi) - 4:39
08.
Sittin' on a Rainbow (Collins/Laing/West) - 2:23
09. Boys
in the Band (Collins/Pappalardi) – 3:43
Letras:
Para o
conteúdo completo das letras, indica-se o acesso a:
http://letras.mus.br/mountain/
Opinião
do Blog:
Fui levado ao Mountain através de sua faixa mais emblemática, a excepcional "Mississippi Queen". Mas ao pegar e ouvir Climbing! pela primeira vez, foi quase impossível não ficar de queixo caído com a qualidade do que se ouve.
A banda tem sim - e é nítido e notório - forte influência do fantástico Cream, de Eric Clapton. Bebeu bastante na fonte do Blues Rock, mas não ficou apenas nisto. Imprimiu peso extra em suas canções e, pensando-se que era o ano de 1970, foi também influência para os grupos do estilo que surgiriam depois.
O álbum é incrível e vai muito além de apenas "Mississippi Queen". "Theme for an Imaginary Western" é ótima, há as excepcionais "Never in my Life" e "Silver Paper", mas minhas favoritas são a bela "Boys in the Band" e a extraordinária "For Yasgur's Farm".
A execução das faixas pelos músicos é soberba. Todos os instrumentos são muito bem tocados, com passagens belíssimas e melodias que encantam. Os vocais tanto de West quanto de Pappalardi se encaixam perfeitamente nas músicas, embora West me encante mais com sua poderosa voz.
As letras são bem simples, mas não afetam em nada a qualidade especial de Climbing!
Enfim, não há muito mais o que dizer. Climbing! é um álbum excepcional, com qualidade estratosférica. Para amantes de Blues Rock, com uma poderosa veia Hard Rock, um álbum importante e seminal na construção das sonoridades mais pesadas. Um dos meus álbuns preferidos. Clássico absoluto!
Fui levado ao Mountain através de sua faixa mais emblemática, a excepcional "Mississippi Queen". Mas ao pegar e ouvir Climbing! pela primeira vez, foi quase impossível não ficar de queixo caído com a qualidade do que se ouve.
A banda tem sim - e é nítido e notório - forte influência do fantástico Cream, de Eric Clapton. Bebeu bastante na fonte do Blues Rock, mas não ficou apenas nisto. Imprimiu peso extra em suas canções e, pensando-se que era o ano de 1970, foi também influência para os grupos do estilo que surgiriam depois.
O álbum é incrível e vai muito além de apenas "Mississippi Queen". "Theme for an Imaginary Western" é ótima, há as excepcionais "Never in my Life" e "Silver Paper", mas minhas favoritas são a bela "Boys in the Band" e a extraordinária "For Yasgur's Farm".
A execução das faixas pelos músicos é soberba. Todos os instrumentos são muito bem tocados, com passagens belíssimas e melodias que encantam. Os vocais tanto de West quanto de Pappalardi se encaixam perfeitamente nas músicas, embora West me encante mais com sua poderosa voz.
As letras são bem simples, mas não afetam em nada a qualidade especial de Climbing!
Enfim, não há muito mais o que dizer. Climbing! é um álbum excepcional, com qualidade estratosférica. Para amantes de Blues Rock, com uma poderosa veia Hard Rock, um álbum importante e seminal na construção das sonoridades mais pesadas. Um dos meus álbuns preferidos. Clássico absoluto!