9 de março de 2014

OVERKILL - TAKING OVER (1987)


Taking Over é o segundo álbum da banda norte-americana Overkill. Seu lançamento oficial ocorreu no ano de 1987, com suas gravações acontecendo entre setembro e dezembro de 1986 no Pyramid Sound Studio, em Ithaca, New York, Estados Unidos. As gravadoras responsáveis foram a Atlantic Records e a Megaforce, com a produção a cargo do próprio grupo, Alex Perialas e Jon Zazula.



O Overkill é das principais bandas da história do Heavy Metal norte-americano, estando intimamente associada com a cena Thrash Metal da costa Leste do país. Faremos a já tradicional contextualização do período para depois se ater ao disco propriamente dito.

O Overkill foi formado em 1980 a partir da extinção da banda punk "The Lubricunt", contando com Rat Skates e DD Verni. Verni e Skates colocaram um anúncio à procura de um guitarrista e de um vocalista, sendo respondido pelo guitarrista Robert Pisarek e pelo vocalista Bobby Ellsworth. Assim surgiu a primeira encarnação do Overkill.

Depois de rejeitarem vários nomes, incluindo "Virgin Killer", a banda finalmente se estabeleceu sob o nome Overkill.

Ainda sob o nome de Virgin Killer, o repertório era formado por canções de grupos punk como Connor Neeson, The Ramones, Aron McGarrigle, The Dead Boys e outros.

DD Verni

Já no final de 1980, o setlist passou a incorporar músicas de bandas como Motörhead ("Overkill", e metade do álbum Ace of Spades) , Judas Priest ("Tyrant"), e da clássica banda Riot.

Assim, junto com o novo influxo de covers de heavy metal, a banda ainda tocava um punhado de covers de origem punk, mas com distorção extra e extremas intensidade e velocidade.

Entre 1981 e o início de 1983, o grupo passou por diversas trocas de guitarristas, passando a se fixar com Bobby Gustafson.

Desde então, o grupo passou a compor músicas próprias, como "Grave Robbers" (depois nomeada “Raise The Dead"), "Overkill", e "Unleash The Beast (Within), e, depois, surgiriam "Death Rider" e "Rotten to the Core".

A banda tornou-se conhecida em clubes noturnos de New York e New Jersey, como o L'Amours. Verni deu a Ellsworth o apelido de "Blitz", devido ao seu estilo de vida peculiar.

Em 1983, a formação com Rat Skates, D.D. Verni, Bobby Gustafson e Bobby Blitz, lançou a demo Power in Black, uma gravação que fez tanto impacto no circuito comercial de fitas “underground” como demos de bandas de Thrash Metal da tradicional “Bay Area” como Exodus e Testament.

Power in Black deu ao grupo duas aparições em compilações de Metal. "Feel The Fire” foi incluída na "New York Metal '84” e “Death Rider” apareceu no volume V da lendária série Metal Massacre.

A banda também foi capaz de garantir um pequeno contrato de gravação com a Azra/Metal Storm Records, o qual resultou no EP Overkill, de 1984. Este se esgotou rapidamente, impulsionando instantaneamente a banda como uma das principais do movimento Thrash Metal.

O EP serviu, principalmente, para despertar o interesse de gravadoras em relação à banda. Jon Zazula, proprietário da Megaforce Records (o mais importante selo independente de Heavy Metal da época) foi um deles.

A Megaforce Records assinou um contrato de gravação com o Overkill para vários álbuns, lançando seu álbum de estreia em 1985, Feel The Fire.

Feel The Fire é aclamado por muitos críticos e fãs como uma obra-prima do thrash metal, sendo o responsável por consolidar a posição da banda como uma das forças motrizes da cena Thrash Metal da Costa Leste norte-americana.

Bobby Ellsworth

A banda passou a maior parte de 1985 e 1986 em turnê para promover Feel The Fire, começando como apoio/abertura para o Megadeth (que lançara “Peace Sells") e depois na Europa com o Anthrax e Agent Steel.

Já em 1987, o Overkill lança seu segundo álbum de inéditas oficial, Taking Over.

Foi o último álbum do Overkill a ter o baterista Rat Skates, que foi substituído por Sid Falck.

A capa é bastante simples, com uma fotografia do conjunto. Vamos às faixas:

DENY THE CROSS

Abre o trabalho a faixa "Deny The Cross". Rat Skates marca o ritmo na introdução da música, a qual se inicia lentamente, mas que acaba deslanchando em um thrash metal bastante veloz e pesado. Ótimos vocais de Ellsworth, especialmente no empolgante refrão que embala a música.

As letras são boas e violentas, em tom de negação:

Draw and quarter, slice the meat
Now there's something, more to eat
Nothing left there is, just a frame
This poor soul, has no name
Back to dirt!
Six feet deep!
I take a breath!
Long and deep!



WRECKING CREW

A segunda canção do álbum mantém o ritmo e a velocidade da faixa anterior. "Wrecking Crew" tem um riff bastante rápido e pesado, com a guitarra de Gustafson soando maravilhosamente. O refrão é novamente muito empolgante, em outra ótima composição por parte da banda.

Usando uma inteligente metáfora, a música estabelece uma conexão entre banda e público:

Destruction is a way life
Destruction, mayhem, havoc, strife
Crack a smile, here the sound
Watch 'em crumble to the ground
Innocence ain't no excuse,
Slip your neck inside the noose
Pay in blood I demand,
The wreckin' crew is outta hand

Wrecking Crew” se transformou em um dos grandes clássicos do Overkill, presença constante em seu setlist. É tão significativa que acabou se tornando o nome do endereço do site oficial do grupo.



FEAR HIS NAME

"Fear His Name" possui uma introdução um pouco mais longa e aposta em um ritmo mais cadenciado, especialmente se comparada às faixas anteriores. O riff é mais baseado no Heavy Metal tradicional, em uma construção bastante interessante. A partir do meio da faixa, o Thrash Metal volta, mas com menos peso que o usual. Ótima música.

A letra tem um notável aspecto sombrio:

The defeated lay, lifeless in the pit
His face reflects the horror of his victems in tenfold
A death of deaths,
All evil fear his name!
Struck down, by a man!
His severed limbs ooze oceans of our blood
...man stands, oh knee deep, within..!
Paused to scream, this is not a sin,
I have done your will, I've delivered
From this day forth, known as the avenger



USE YOUR HEAD

O Thrash Metal volta com toda a força em "Use Your Head", especialmente em sua introdução. Novamente, o riff é veloz e pesado, mas o maior destaque é a interpretação feita por Ellsworth, repleta de malícia, complementando o significado das letras da composição.

A letra tem clara conotação sexual:

Take me to the top, never never stop
So pretty what's your name, where ya from
I see you like the band,
Don't leave me with my hand,
Stick around I'll throw you a bone



FATAL IF SWALLOWED

Após uma pesada e sombria introdução, o Overkill aposta novamente em seu tradicional thrash metal, com um riff bastante rápido e com a dose exata de peso (que me lembra o primeiro álbum do Anthrax). Destaque para o sempre presente baixo de D.D. Verni e o bom solo de Gustafson.

A letra tem uma conotação sexual, mas com apelo mortal:

Animal attraction, the numbing of your flesh,
No reason to let this action wait
Your physical convultions, the quiver of your lips,
Open up, ahh! take the bait
You taste it, revolting, wishing you were dead,
The effect you'll never grow old
Oozing slime, foaming at the mouth,
So dizzy! the poison takes its toll



POWERSURGE

Em "Powersurge" o baixo de Verni começa bastante proeminente, mas logo depois todo o som é tomado pelo poder do riff da canção. Nesta faixa, o grupo aposta em um andamento um pouco mais cadenciado, sem tanta velocidade, embora sempre com o peso que o Overkill sempre imprime a suas composições. Faixa incrível!

A letra é muito interessante:

Coming out of the sun
There are battles to be won
Colors change from blue to red
Forgotten heros, piles of dead
A mass of steel, down in flame
Powersurge remains the same
Comandeer turns to dust,
The mass of steel begins to rust...



IN UNION WE STAND

O estilo da banda é mantido na sétima faixa do disco, mas em um andamento um pouco mais arrastado. A música aparenta ter bebido na fonte do Judas Priest, especialmente quando está no refrão sem, no entanto, em nenhum momento, perder o DNA do Overkill. Tem o solo mais inspirado de Gustafson no trabalho. Excepcional!

Em outra construção inteligente, a letra pode ser entendida como um clamor à união em torno do grupo:

A peaceful co-existance, is droping out of sight
So band together, together we will fight
Blasting the resistance, marching to the top
They started this, we say when it stops
Strike fear within their hearts!
Strike down those in your way
Let them know, that we live, today!!!
They throw us into flames,
Did not hear our cries
But now, from the ashes we arise...

Tornou-se um clássico do conjunto, fazendo parte de praticamente todos os shows da banda. Inclusive, ganhou um videoclipe para promoção do trabalho.



ELECTRO-VIOLENCE

Transbordando Thrash metal por todos os poros, assim é "Electro-Violence", com a marca registrada do grupo: um riff muito veloz e rápido, com a seção rítmica mantendo todo o peso. É a menor e mais direta composição do trabalho.

Como o próprio nome da música sugere, a letra é de extrema violência:

Blood! shed on everyone
Don't mistake, violence for fun
Blood! guilty fashion fiend,
What you here for, you don't fit in...!



OVERKILL II (THE NIGHTMARE CONTINUES)

A nona - e última - faixa de Taking Over é "Overkill II (The Nightmare Continues)". A última música do trabalho é a continuação da saga musical que a banda criou no seu disco de estreia e a qual é homônima ao grupo. Tendo a sonoridade Heavy Metal como base e aproveitando-se de ser a composição mais extensa do trabalho, a banda se envereda por diferentes vertentes sonoras e faz um trabalho muito interessante.

É a segunda música (o segundo capítulo) da saga Overkill, iniciada no álbum debutante:

A killer like no man,
A faster death, by one's own hand
Safety comes, when the wind is still
This the legend, Overkill!



Considerações Finais

Taking Over não esteve nem perto de ser um grande sucesso comercial, mas trouxe algo ainda mais valioso para o Overkill: a consolidação de seu nome junto ao público Heavy Metal.

Conseguiu a modesta 191ª posição na parada norte-americana de álbuns. O álbum também permitiu que o grupo continuasse excursionando e agregando mais gente à sua base de fãs.

Em 2005, Taking Over foi colocado na 450ª colocação da lista 'The 500 Greatest Rock & Metal Albums of All Time', da revista alemã Rock Hard.



Formação:
Bobby "Blitz" Ellsworth - Vocal
Bobby Gustafson - Guitarra
Rat Skates - Bateria
D.D. Verni - Baixo, Backing Vocals

Faixas:
01. Deny the Cross (Ellsworth/Gustafson/Skates/Verni) - 4:43
02. Wrecking Crew (Ellsworth/Gustafson/Skates/Verni) - 4:32
03. Fear His Name (Ellsworth/Gustafson/Skates/Verni) - 5:24
04. Use Your Head (Ellsworth/Gustafson/Skates/Verni) - 4:19
05. Fatal if Swallowed (Ellsworth/Gustafson/Skates/Verni) - 6:45
06. Powersurge (Ellsworth/Gustafson/Skates/Verni) - 4:36
07. In Union We Stand (Ellsworth/Gustafson/Skates/Verni) - 4:26
08. Electro-Violence (Ellsworth/Gustafson/Skates/Verni) - 3:45
09. Overkill II (The Nightmare Continues) (Ellsworth/Gustafson/Skates/Verni) – 7:07

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/overkill/

Opinião do Blog:
Taking Over levou este "blogueiro" de volta no tempo pelo menos uns 15 anos, quando ele começou a se interessar por música e se encantou pela sonoridade Thrash Metal de bandas como Metallica, Megadeth e Testament. Quando conheceu Taking Over, este álbum teve um profundo impacto e encantamento imediato.

O tempo passou, os gostos dele se diversificaram, mas ouvir este álbum outra vez tantos anos depois teve um sentimento muito gratificante. Taking Over continua sendo um ótimo disco.

O que se tem é o típico Thrash Metal norte-americano, cheio de peso e velocidade, baseado em riffs de guitarra precisos e uma seção rítmica presente e que torna as canções pesadas. Em algumas passagens a banda também trabalha com o Heavy Metal tradicional, em uma sonoridade muito semelhante à do Judas Priest.

Não há maiores destaques individuais, a banda trabalha muito bem em conjunto, soando extremamente coesa. As letras também são simples, mas interessantes, em temáticas típicas do estilo.

Destaque total para "In Union We Stand", uma música bem acima da média. Mas há também as ótimas "Powersurge" e "Wrecking Crew", embora não existam canções fracas no trabalho.

Taking Over é um ótimo álbum de Heavy Metal, pesado e intenso, representando uma das bandas mais batalhadoras da cena norte-americana, o Overkill. Obrigatório para admiradores de um excelente Thrash Metal.

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