Grand Funk é o segundo álbum de estúdio do grupo estadunidense Grand Funk Railroad. O seu laçamento oficial aconteceu em 29 de dezembro de 1969, através do selo Capitol Records. As gravações ocorreram entre 10 e 21 de outubro daquele mesmo ano, na Cleveland Recording Company, em Cleveland, Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Terry Knight.
Após 14 anos, a grande banda Grand Funk Railroad retorna ao Blog.
Antecedentes
A Grand Funk Railroad foi formada como um trio em 1969, por Mark Farner e Don Brewer, oriundos do Terry Knight & the Pack, e Mel Schacher, que vinha do Question Mark & the Mysterians.
Terry Knight, após ser abordado por Brewer, logo se tornou o empresário da banda e também batizou a banda originalmente de "Grand Trunk Railroad", um trocadilho com Grand Trunk Western Railroad, uma linha ferroviária bem conhecida em Michigan. A ferrovia se opôs ao uso do nome, e a banda foi forçada a mudar o nome para Grand Funk Railroad.
Mark Farner conta que ele e Brewer estavam em um quinteto, o Terry Knight and the Pack, e ficaram presos por semanas em uma nevasca em uma casa em Cape Cod. Quando o tempo melhorou, eles retornaram para a casa, 2 dos músicos que eram casados estavam para se divorciar e a banda foi desfeita, ainda com vários shows agendados.
Mark Farner
Ele conta como foi a ideia de formar um trio e como conseguiram encontrar um baixista: “Começamos a procurar e fomos até a Delta Promotions em Bay City, onde ficava a empresa que nos enviou para a região de Boston para fazer esses shows, e íamos dar uma lição neles. Mas enquanto estávamos sentados na ante-sala esperando para entrar, havia alguém tocando na sala de ensaio. Não dava para ouvir muito bem, mas dava para sentir o baixo atravessando a parede. Eu disse: "Opa, ouçam aquele baixista, aquele cara está se escondendo ali embaixo. Temos que ver quem é."
Mike Farner conta que quando a banda que estava tocando (Question Mark & the Mysterians) fez uma pausa, eles descobriram que Mel Schacher era o baixista, sendo Mel um amigo de infância de Mark. Então, o Grand Funk teria sido formado naquele momento.
A banda alcançou reconhecimento pela primeira vez no Atlanta International Pop Festival, de 1969, depois que seu promotor local, Jeep Holland, conseguiu a vaga sem nenhuma compensação monetária e, após a abertura do primeiro dia, a banda foi tão bem recebida que foi convidada a se apresentar nos três dias.
Essa exposição provou ser inestimável, e a banda foi contratada pela Capitol Records, onde seu empresário, Knight, trabalhava como A&R. Depois de um set estridente e bem recebido no primeiro dia do festival, o Grand Funk foi convidado a voltar para tocar no Atlanta International Pop Festival II de 1970 no ano seguinte. Inspirada em power trios de hard rock como Cream, a banda, com a experiência em marketing de Terry Knight, desenvolveu seu estilo popular.
Em agosto de 1969, a banda lançou seu primeiro álbum intitulado On Time, que vendeu mais de 500 mil cópias e foi premiado com um disco de ouro em 1970. O álbum ficou na 27ª posição da principal parada norte-americana de discos.
Grand Funk
Grand Funk (comumente conhecido como The Red Album) é o segundo álbum de estúdio da banda e seria lançado em 29 de dezembro de 1969 pela Capitol Records, apenas quatro meses após seu álbum de estreia, On Time.
Gravado pela Cleveland Recording Company, o álbum foi produzido por Terry Knight e teve a engenharia de som de Ken Hamann. O álbum inclui um cover da música "Inside Looking Out", de 1966, dos Animals, que ainda é um clássico dos shows ao vivo da banda.
Mel Scharcher
Grand Funk foi originalmente lançado pela Capitol Records em LP, cassete, fita de 8 canais e gravador de rolo.
A versão original de rolo (fabricada para a Capitol/EMI pela Ampex) contém versões editadas de "Got This Thing on the Move", "Please Don't Worry", "Mr. Limousine Driver" e "Inside Looking Out". O solo de gaita foi excluído e não está disponível em outros lugares. As edições nessas músicas reduzem a duração total do álbum em aproximadamente cinco minutos.
Vamos às faixas:
GOT THIS THING ON THE MOVE
O disco é aberto com uma faixa pesada e direta, com ótimo trabalho do baixista Mel Schacher.
A letra possui conotação sexual:
Come on over to my side, it's where you wanna' be.
Come on over to joy ride, and let your morals be.
Ain't no way to deny it, if it's in your soul.
You don't know 'till you try it, baby, let the good times roll.
PLEASE DON’T WORRY
Embora continue pesada para os padrões da época, esta canção tem alguns momentos de calmaria, oscilando entre urgência e cadência.
A letra fala sobre um eu lírico que não se enquadra em padrões sociais:
Please don't worry, 'bout no jury
There's so many, of us anyway
HIGH FALOOTIN’ WOMAN
Música muito boa, na qual o Grand Funk Railroad aposta em um Blues Rock malicioso e cativante.
A letra fala sobre uma senhora de predicados:
She's got hips like a honey
And Lord she can make 'em move
She's got hips like a honey
And Lord she can make 'em move
MR. LIMOUSINE DRIVER
O trabalho de guitarra de Mark Farner em “Mr. Limousine Driver” é muito bom, com solos muito interessantes.
A letra fala sobre um possível crime:
Hey Mr. Limousine Driver
I know you know where it's at
Too late, will be later
You just read your ev'nin' paper
And don't worry 'bout what's goin' on in back
“Mr. Limousine Driver” foi um dos singles para promover o disco, atingindo a 97ª colocação na principal parada estadunidense desta natureza.
IN NEED
Commais de 7 minutos, “In Need” continua apostando no Hard Rock, mas com mais nuances e mais partes totalmente instrumentais.
A letra é sobre juventude:
If you got somebody
That you can trust to the very end
I said if you do, I want to be like you
'Cause you sure got a real good friend
You sure got a real good friend
Friend
Friend
Don Brewer
WINTER AND MY SOUL
Faixa interessante, com bom trabalho das guitarras de Farner.
A letra fala sobre desesperança:
Cold is the snow that will cover the ground
I feel the presence of tears falling down
Is it for pity or pain that I cry?
Color is gone and the grass it must die
PARANOID
“Paranoid” é longa, conta com ótimos solos de guitarra e tem um ritmo bem empolgante.
Como o próprio nome fala, a letra diz sobre um eu lírico paranoico:
But, you don't know why he's been waiting
But, you don't know why he's been waiting
Spent too much time anticipating
Spent too much time anticipating, yeah
INSIDE LOOKING OUT
Com alterações nas letras e com sua duração estendida, a versão de “Inside Looking Out” é um dos pontos altos do disco.
A letra fala sobre criminosos:
No baby, no baby
All I need is some tender lovin'
To keep me sane in this burning oven
And, when my time is up, you'll be my reefer
Life gets worse on God's green earth
Be my reefer, got to keep smokin' that thing
A canção é uma versão para a música da banda The Animals, lançada originalmente em 1966. Também foi lançada como single e alcançou o 40º lugar da principal parada britânica desta natureza.
Considerações Finais
Grand Funk foi muito bem em termos da principal parada norte-americana de discos, alcançando a excelente 11ª colocação. Também ficou com a 9ª e a 13ª posições nas principais paradas de Canadá e Austrália, respectivamente.
Embora o The Rolling Stone Album Guide e o The Village Voice terem detonado o disco, Jeff Schwachter do AllMusic dá uma nota 4 (em 5) apontando:
“Construídas com riffs de blues distorcidos, letras simples e, às vezes, jams aparentemente desnecessárias, as músicas do Grand Funk são suaves por natureza. Muito menos extremas que o Black Sabbath, mas um pouco mais fortes que o Foghat ou o Bad Company, a principal influência do Grand Funk vem da fórmula solta e baseada no blues dos power trios de bandas como Cream e Jimi Hendrix Experience”.
Por fim, conclui: “Este é um bom álbum no que diz respeito ao hard rock inicial, e como o Grand Funk Railroad se distancia cada vez mais do tipo de aspereza e arranjos soltos encontrados aqui, vale a pena ser considerado um exemplo de um de seus primeiros trabalhos”.
Em 2002, Grand Funk foi remasterizado em CD com faixas bônus e também lançado em uma caixa de edição limitada, Trunk of Funk, que continha os quatro primeiros álbuns da banda. O "baú" tem compartimentos para doze CDs, que abrigariam o futuro lançamento dos oito álbuns restantes, lançados pela Capitol Records. Também estão incluídos um par de óculos 3D que vinha em Shinin' On, uma palheta de guitarra e um adesivo reproduzindo um ingresso de show.
Apesar das críticas negativas e da pouca veiculação nas rádios, os oito primeiros álbuns do grupo (sete lançamentos de estúdio e um álbum ao vivo) foram bastante bem-sucedidos.
Grand Funk supera a casa de 1 milhão de cópias vendidas nos Estados Unidos.
Formação:
Mark Farner – Guitarras, Teclados, Gaita, Vocal
Mel Schacher – Baixo
Don Brewer – Bateria, Vocal
Faixas:
1. Got This Thing on the Move (Farner) - 4:38
2. Please Don't Worry (Brewer/Farner) - 4:19
3. High Falootin' Woman (Farner) - 3:00
4. Mr. Limousine Driver (Farner) - 4:26
5. In Need (Farner) - 7:52
6. Winter and My Soul (Farner) - 6:38
7. Paranoid (Farner) - 7:50
8. Inside Looking Out (J. Lomax/A. Lomax/Burdon/Chandler) - 9:31
Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/grand-funk-railroad/
Opinião do Blog:
É ótimo trazer uma banda como o Grand Funk Railroad às nossas páginas novamente.
Em seu segundo disco, Grand Funk, a banda estava desenvolvendo e polindo mais seu som em comparação à estreia, mas sem perder um naco de sua visceralidade. As canções trazem um notório peso hard rock, com o baixo pulsante de Mel Schacher controlando o som.
Don Brewer e Mike Farner dominam muito bem os vocais, com Brewer sendo um bom baterista e com Farner detonando nas guitarras e na gaita. Aliás, Farner é um grande destaque, tanto em seus solos animalescos quanto em riffs grudentos.
É verdade que o Hard Rock presente em Gran Funk bebe soberbamente no Blues, mais evidente em “High Falootin' Woman”, embora seja uma constante em todo o disco.
O disco tem uma primeira metade bem direta e a segunda com canções mais longas, como “Paranoid”, que me empolga menos. Minhas preferidas são “High Falootin' Woman”, “Mr. Limousine Driver” e a versão selvagem para “Inside Looking Out”.
Em suma, Grand Funk é um ótimo álbum de uma banda poderosa e menos lembrada atualmente, mas que é um dos expoentes do Hard setentista.
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