6 de junho de 2014

ZZ TOP - TRES HOMBRES (1973)


Tres Hombres é o terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana chamada ZZ Top. Seu lançamento oficial se deu no dia 26 de julho de 1973 através do selo London Records. As gravações aconteceram no Brian Studios & Ardent Studios, em Memphis, no Tennessee, nos Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Bill Ham.

O ZZ Top é um dos principais expoentes do Rock norte-americano, especialmente na fusão de diferentes estilos, construindo uma identidade musical única. O Blog vai contar um pouquinho da história do grupo para depois se voltar ao álbum em questão.


O line-up original da banda foi formado, em Houston (Texas), por Billy Gibbons, pelo organista Lanier Greig e o baterista Dan Mitchell.

Em uma edição do programa de TV On The Tonight Show, ninguém menos que o lendário Jimi Hendrix afirmou que Billy Gibbons seria o próximo grande guitarrista do Rock.

Aliás, sempre existiram rumores que, ao final de uma turnê, Hendrix deu a Gibbons uma guitarra Stratocaster rosa, que ele tocava, como um símbolo de seu apreço pelo nível de talento de Gibbons.

O ZZ Top era gerenciado por Bill Ham, também texano, que tinha começado uma amizade com Gibbons na época do surgimento da banda.

Billy Gibbons
O primeiro single do grupo foi “Salt Lick”, lançado em 1969, que continha em seu lado B “Miller’s Farm”, sendo ambas creditadas a Billy Gibbons.

Imediatamente após a gravação de “Salt Lick”, Greig foi substituído pelo baixista Billy Ethridge, um companheiro de banda de Stevie Ray Vaughan; e o baterista Mitchell também foi substituído por Frank Beard do conjunto American Blues.

Mesmo com a falta de interesse das gravadoras, o ZZ Top acabou presenteado com o oferecimento de um contrato de gravação pela London Records.

Com a recusa da banda em assinar um contrato de gravação, Ethridge saiu do grupo e Dusty Hill foi selecionado como seu substituto.

Após Hill mudar-se de Dallas para Houston, o ZZ Top definitivamente assinou com a London Records em 1970.

Eles fizeram seu primeiro show juntos no Knights Of Columbus Hall, em Beaumont, Texas, em 10 de fevereiro de 1970.

Além de assumir o papel de líder da banda, Billy Gibbons se tornou o principal letrista e arranjador musical.

Com o auxílio de Ham e do engenheiro musical Robin Hood Brians, o primeiro álbum do ZZ Top, chamado ZZ Top’s First Album,  foi lançado em 16 de janeiro de 1971.

O álbum viu a inclusão do humor da banda, guitarras distorcidas, duplos sentidos e muita atitude. Embora tenha conseguido apenas a 201ª posição da principal parada norte-americana de álbuns, possuía boas canções como “Brown Sugar”, “Old Man” e “Certified Blues”.

Em 4 de abril de 1972, a banda lançou Rio Grande Mud, seu segundo álbum de estúdio. Também não foi desta vez que o sucesso comercial bateu à porta do grupo, com o disco atingindo a modesta 104ª posição na Billboard.

Dusty Hill & Billy Gibbons
O single principal (e único) de Rio Grande Mud foi a excelente “Francine”, que acabou alcançando a 69ª posição da principal parada de singles dos Estados Unidos. Também merecem destaques “Chevrolet” e “Down Brownie”.

Mesmo assim, o álbum fracassou comercialmente e a turnê promocional consistiu em auditórios consideravelmente vazios.

Algumas pequenas mudanças foram feitas para a gravação do terceiro álbum de estúdio do grupo. A primeira, e talvez, mais importante, foi a inclusão do engenheiro de som Terry Manning. Foi a primeira (de muitas) vez que eles trabalharam juntos e esta foi certamente uma união de muito sucesso.

Outra mudança foi que o ZZ Top foi para os estúdios Brian Studios & Ardent Studios, no Tennessee, não gravando o álbum no Texas, como nos dois primeiros discos.

A capa é muito simples, sendo da cor verde e com as fotografias dos três membros da banda, de onde foi oriundo o nome do álbum.

WAITIN’ FOR THE BUS

A fusão do Rock com o Blues da maneira genial e única que o ZZ Top fazia já dá às caras na primeira canção do álbum. O riff, pesado e lento, assim como o solo inspirado, mostra a vitalidade da guitarra de Billy Gibbons. Excelente começo do disco.

A letra é simples e cheia de humor:

Have mercy, old bus be packed up tight
Have mercy, old bus be packed up tight
Well, I'm glad just to get on and home tonight
Right on, that bus done got me back
Right on, that bus done got me back
Well, I'll be ridin' on the bus till I Cadillac



JESUS JUST LEFT CHICAGO

O riff inspirador e sombrio de “Jesus Just Left Chicago” já valeria a canção, pois a enche de intensidade. Mas não é apenas isto: a interpretação de Billy Gibbons é magistral, dando à música um significado único. Ponto altíssimo do álbum!

A letra é repleta de humor e irreverência:

Took a jump through Mississippi, well, muddy water turned to wine
Took a jump through Mississippi, muddy water turned to wine
Yeah, yeah
Then out to California through the forests and the pines
Ah, take me with you, Jesus



BEER DRINKERS & HELL RAISERS

Na terceira faixa do álbum, o ritmo é acelerado, com um riff mais veloz e o andamento da seção rítmica é mais intenso. O solo de Gibbons é simplesmente hipnotizante. Mais uma composição de muita qualidade no álbum.

A letra é boa, mas traz a vida de uma banda e seus fãs:

The crowd gets loud when the band gets right,
Steel guitar cryin' through the night
Yeah, try'n to cover up the corner fight
But ev'rything's cool 'cause bass is tight

Nesta canção, o baixista Dusty Hill intercala os vocais principais com Billy Gibbons. Embora não tenha sido lançada como single, acabou tendo boa veiculação pelas rádios de Rock dos Estados Unidos.

O grupo a tocava bastante durante a turnê de Tres Hombres, mas depois sua presença foi rareando no set list do ZZ Top.

Bandas como Tesla, Van Halen e Motörhead já fizeram versões para a música.



MASTER OF SPARKS

Em “Master Of Sparks” o ZZ Top opta por um andamento mais cadenciado e lento da canção, com o riff seguindo a supracitada linha. O baixo de Dusty Hill está bastante presente durante toda a música, sendo o principal destaque da faixa.

Segundo uma entrevista de Gibbons à revista Sound, em 1976, a letra da canção se refere a fatos reais:

In the back of Jimmy's Mack
Stood around steel cage
Welded into shape by Slim,
Made out of sucker gauge
How fine, they cried, now with you inside,
Strapped in there safe and sound
I thought, my-o-my, how the sparks will fly
If that thing ever hit the ground



HOT, BLUE AND RIGHTEOUS

O ritmo da quinta faixa do álbum volta a ficar mais lento, embora desta vez a banda aposte mais na suavidade. Trata-se de uma balada, com o grupo mostrando uma interpretação mais intimista. A interpretação de Gibbons é ótima, transmitindo emoção, assim como no seu solo. Mais uma bela composição.

A letra é ótima, com evidente conotação sexual:

I heard the words as I closed my eyes
Down on my, down on my bended knees
It fit like a glove and I realized
Somethin' good's happenin' to me



MOVE ME ON DOWN THE LINE

O andamento da sexta música do trabalho aposta mais no Hard Rock setentista e possui menos influência do Blues. O riff é mais rápido e veloz, com os vocais de Gibbons mais “roqueiros”, assim como baixo e bateria. Mas uma coisa segue igual: o solo do guitarrista continua matador. Muito interessante!

A letra é simples e usa da paixão automobilística:

I tell you, boy, every time
The feelin' sure is fine
Just move me on down the line,
Just move me on down the line



PRECIOUS AND GRACE

“Precious and Gracious” possui uma pegada mais lenta que a faixa anterior, mas segue com a veia mais Hard aflorada. A cadência é dada tanto pela seção rítmica quanto pelo ótimo riff. O ritmo muda um pouco no meio da canção, acelerando, mas retomando ao embalo inicial. Interessante construção do grupo.

A letra tem conotação jovial:

So if you're out rollin' late some night,
Yeah, and you need that supernatural delight, I'm talkin' to you, brother,
I know somebody's, they're just out of sight
Get with Precious and Grace, they gonna treat you right



LA GRANGE

Um dos riffs mais geniais da história da música é a base para um dos maiores sucessos da carreira do ZZ Top: “La Grange”. Peso, ritmo, intensidade e velocidade são postos e misturados na quantidade exata para construírem a base desta magnífica canção. O solo de Gibbons transborda feeling e talento: não é preciso dizer muita coisa sobre esta música espetacular.

A letra tem temática sexual:

Rumour spreadin' around in that Texas town
'Bout that shack outside La Grange
And you know what I'm talkin' about
Just let me know if you wanna go
To that home out on the range
They gotta lotta nice girls, ah

A canção refere-se a um bordel, nos arredores de La Grange, Texas (mais tarde chamado de "Chicken Ranch"). O bordel é também o tema da peça da Broadway e do filme chamados, The Best Little Whorehouse in Texas, este último estrelado por Dolly Parton e Burt Reynolds.

Lançada como single, “La Grange” atingiu a 41ª posição da principal parada de singles norte-americana.


A música é um dos maiores sucessos do ZZ Top, sendo presença obrigatória nos shows do grupo. Teve intensa veiculação nas rádios dos Estados Unidos, sendo responsável direta pelo sucesso comercial do álbum.

Suas aparições em outras mídias são intermináveis. Em filmes podem ser citados Armageddon, Striptease e Shangai Noon. Também é bastante comum em comerciais da Samsung, Can-Am Motorcycles e Wrangler Jeans (nos Estados Unidos). Também está em Games e seriados de TV.

Versões cover também são incontáveis. Apenas como exemplos citam-se as feitas por Black Oak Arkansas, Molotov e G3.

Em termos de premiações, “La Grange” foi eleita a 92ª colocada na lista de 100 Melhores Músicas de Guitarra, da Q Magazine, em 2005. Também a revista Rolling Stone a colocou na 74ª posição de sua lista 100 Canções de Guitarra de Todos os Tempos, sendo descrita como um padrão para os guitarristas.



SHEIK

Um riff bem interessante é apresentado nesta faixa, contando com vocais bem legais por parte de Billy Gibbons. O baixo de Dusty Hill também está muito presente na canção, deixando-a ainda mais envolvente.

A letra é simples, mas divertida:

I took a boat that couldn't float
To Rio de Janeiro
So with my scuba I swam to Cuba
But I'll be gone tomorrow



HAVE YOU HEARD?

A décima – e última – faixa de Tres Hombres é “Have You Heard?”. Trata-se de um Blues típico, com a guitarra distorcida clássica de Blilly Gibbons brilhando de forma intensa e a seção rítmica acompanhando de maneira precisa e eficiente. Fecha o trabalho com chave de ouro.

A letra é legal:

Have you heard, dear brother,
Yeah yeah yeah?
Well, let's help one another,
Yeah yeah yeah



Considerações Finais

Ao contrário dos dois primeiros discos, Tres Hombres foi um grande sucesso de crítica e comercial. Catapultado pela grande veiculação de “La Grange”, o ZZ Top começou a fazer o seu nome. Mas, nas rádios, também “Waitin' for the Bus” e “Jesus Just Left Chicago” tiveram intensa veiculação.

Tres Hombres alcançou a excelente 8ª posição na principal parada de sucessos norte-americana, a Billboard. Em 2003, a tradicional revista Rolling Stone o colocou na 498ª posição de sua lista de 500 melhores álbuns de todos os tempos.

O sucesso era tanto que a turnê que seguiu o lançamento do álbum sempre contava com shows com ingressos esgotados.

No auge do sucesso do ZZ Top, em meados da década de 1980, uma versão digital remixada da gravação foi lançada em CD e a versão original de 1973 foi, por muito tempo, “perdida”.

A versão remix criou polêmica entre os fãs, pois alterou significativamente o som dos instrumentos, especialmente da bateria de Frank Beard. E esta versão remix foi usada em todas as cópias de CD, sendo a única disponível por mais de 20 anos.

Uma edição remasterizada e expandida do álbum foi lançada em 28 de fevereiro de 2006, que contém três faixas bônus ao vivo. A edição de 2006 é a primeira versão em CD a usar a mixagem original de Manning de 1973, finalmente recuperada.

Tres Hombres, apenas na época de seu lançamento, superava a casa de 500 mil cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.



Formação:
Billy Gibbons - Guitarra, Vocal
Dusty Hill - Baixo, Teclados
Frank Beard - Bateria, Percussão

Faixas:
01. Waitin' for the Bus (Gibbons/Hill) - 2:59
02. Jesus Just Left Chicago (Gibbons/Hill/Beard) - 3:30
03. Beer Drinkers & Hell Raisers (Gibbons/Hill/Beard) - 3:23
04. Master of Sparks (Gibbons) - 3:33
05. Hot, Blue and Righteous (Gibbons) - 3:14
06. Move Me on Down the Line (Gibbons/Hill) - 2:32
07. Precious and Grace (Gibbons/Hill/Beard) - 3:09
08. La Grange (Gibbons/Hill/Beard) - 3:52
09. Sheik (Gibbons/Hill) - 4:05
10. Have You Heard? (Gibbons/Hill) - 3:15

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/zz-top/

Opinião do Blog:
O ZZ Top é uma das bandas mais tradicionais da história do Rock. O som único e original do grupo, fundindo o Blues e o Rock de maneira especial, baseados na distorcida e talentosa guitarra de Billy Gibbons, é uma marca do Hard norte-americano.

O clássico Tres Hombres é o primeiro álbum em que o estilo único do grupo é apresentado de maneira mais enfática e categórica. Faixa à faixa, do início ao fim, o ouvinte é presenteado com música de primeira linha.

Se Frank Beard e Dusty Hill formam uma seção rítmica extremamente presente e marcante, é a guitarra de Billy Gibbons quem dá o show. Riffs magistrais e solos hipnotizantes fazem o álbum transbordar o melhor do Blues Rock.

As letras são sempre apresentadas com muito bom humor, mostrando as influências que a banda texana carregava consigo. Vale à pena uma olhadela.

Somente o clássico imortal “La Grange” já valeria a audição de Tres Hombres. Mas há muito mais: “Waitin' for the Bus”, “Jesus Just Left Chicago”, a ‘hardeira’ “Move Me on Down The Line” e a balada “Hot, Blue and Righteous”, todas muito acima da média. Não há música de enchimento neste álbum.

Enfim, mesmo quando o ZZ Top usou e abusou de sintetizadores na década de 80, mostrando uma certa veia Pop, ainda assim a banda foi relevante e continuava com seu som único e marcante.


Tres Hombres é um dos melhores álbuns de todos os tempos e sua audição é obrigatória para todo roqueiro, especialmente aqueles que gostam de uma pegada Blues.

2 de junho de 2014

SAMMY HAGAR - SAMMY HAGAR (1977)


Sammy Hagar é o segundo álbum da carreira solo do vocalista norte-americano de mesmo nome, ou seja, o Sammy Hagar. Seu lançamento oficial aconteceu em janeiro de 1977 através do selo Capitol Records. A produção ficou sob a responsabilidade de John Carter.


Sammy Hagar ficou mundialmente conhecido a partir da metade dos anos 80 quando assumiu os vocais do Van Halen. O Blog vai tratar da história do vocalista até o lançamento do álbum Sammy Hagar, o qual é também conhecido como The Red Album.

O Blog já tratou um pouco da carreira de Sammy Hagar quando focou no álbum de estreia do Montrose, a primeira banda oficial de Sammy. O foco será a partir da saída de Hagar do grupo de Ronnie Montrose.

Paper Money, o segundo álbum do Montrose, foi lançado em outubro de 1974. Pouco tempo depois, já em 1975, Sammy Hagar resolveu deixar o grupo para se focar em uma carreira solo.

Em meados da década de 1970, Hagar começou a gravar e fazer turnês em uma carreira solo de paulatino sucesso crescente.

Primeiramente, Sammy Hagar acabou conseguindo um contrato para alguns álbuns com a Capitol Records.

Depois, deixou sua carreira sob a tutela de John Carter, o qual estava ligado à A&R, um dos departamentos ligados ao selo Capitol Records.

Em maio de 1976 foi lançado seu primeiro trabalho solo, o álbum Nine On A Ten Scale.

Para a gravação de Nine On A Ten Scale, Sammy optou por usar músicos de estúdio, a exceção do baixista Bill Church e o tecladista Alan Fitzgerald, ambos seus ex-companheiros de Montrose. A produção ficou a cargo do produtor John Carter.

O estilo do álbum não foge tanto assim ao que Sammy Hagar fazia com o Montrose. É o típico Hard Rock setentista, mas com um leve toque pop.

Destaque absoluto para a autoral “Keep On Rockin’”, uma faixa contagiante, com ótimos vocais. Também merecem realce a também autoral “Urban Guerilla”, a mais pop “Flamingos Fly” (um cover de Van Morrison) e também para “Young Girl Blues” (outro cover, desta vez do Donovan).

Sammy Hagar
Embora um trabalho com suas qualidades, Nine On A Ten Scale não obteve quase nenhuma repercussão comercial. Atingiu a modesta 167ª posição na principal parada de sucessos norte-americana, a Billboard.

Pouco tempo depois, Sammy Hagar já começou a trabalhar em seu novo disco de estúdio. Para tanto, convidou o guitarrista David Lewark e o baterista Scott Mathews.

Mathews ficou empolgado ao saber que a banda usaria os mesmos estúdios em que Ringo Starr gravou seu solo de bateria no disco dos Beatles chamado Abbey Road.

O disco seria autointitulado, mas acabou ficando conhecido como The Red Album, pois continha o primeiro grande clássico de Sammy Hagar, “Red”.

A imagem da capa, clássica, foi retirada da Stockwell Road, em Londres, no meio das fileiras da Pride & Clark, lojas de automóveis. Estes edifícios pintados de vermelho também são vistos no filme Blowup, de 1966.

Vamos às faixas:

RED

Bateria e guitarra proeminentes na introdução da primeira faixa do disco. Logo após isto, temos excelentes vocais de Sammy Hagar, embalados por destacados teclados de Alan Fitzgerald. O ritmo da canção intercala momentos mais agitados (especialmente no refrão) com outros mais calmos. Excelente composição.

A letra é simples:

The mystey of red
Red knocks 'em dead,
Some like it hot, I like it read
Red is my lover, got it covered
Red is my number, sure as a coma
Red is my drummer, and I hear red thunder

Conforme foi dito, “Red” é um grande clássico da carreira de Sammy Hagar, sendo seu primeiro sucesso em carreira solo.

A música ficou tão marcante, que acabou dando o apelido ao álbum ‘The Red Album’ e, também, a Sammy Hagar, que passou a ser conhecido como ‘The Red Rocker’. Um clássico.



CATCH THE WIND

Mais uma vez o destaque instrumental desta faixa são os teclados de Alan Fitzgerald, bastante proeminentes. O ritmo da música é bastante lento e arrastado, aproximando-se consideravelmente do que é considerada uma balada.

A letra tem clara conotação romântica:

In the chilly hours and minutes of uncertainty,
I long to be in the warm halls of your love and mine
To feel you all around me, to take your hand and walk along the sand
Oh, but I may as well try and catch the wind

Trata-se de uma versão, um cover para a canção originalmente composta pelo cantor e compositor britânico Donovan.


Foi o único single lançado para promover o álbum, mas passou sem qualquer destaque nas principais paradas de single.



CRUISIN’ & BOOZIN’

Guitarras mais presentes na terceira faixa do trabalho, com um riff bastante interessante. O ritmo é mais animado e empolgante, com uma levada típica do Hard Setentista norte-americano. Boa composição.

A letra é simples, em tom de divertimento:

Someday, I'm gonna beat this race
Be on top, you'll see
Step myself out across that line
And be anything I wanna be



FREE MONEY

Uma bela e calma melodia abre a quarta música do disco. Assim como a parte instrumental, Sammy opta por vocais mais suaves, mas que se casam perfeitamente com a canção, sendo o grande destaque da música.

A letra é uma crítica ao consumismo:

Everything was new, it was clean
And you reached out for the ring, a diamond ring
But it wasn't real, it was a dream
I woke up and I screamed!
I want you, free money!

“Free Money” é outra versão para uma canção originalmente lançada por Patti Smith em seu álbum Horses, de 1975.



ROCK ‘N’ ROLL WEEKEND

Um riff excelente é a base de “Rock ‘N’ Roll Weekend”. A música traz um ritmo empolgante, embora siga de forma mais cadenciada. A guitarra está ótima, mas a forma com que Sammy Hagar canta é o fator decisivo para o sucesso da faixa. Excepcional momento do álbum.

A letra traz a temática roqueira:

It's gonna be a rock and roll weekend
Eight o'clock's when the show begins
Get on the phone, call up all your friends
Tell 'em it's gonna be a rock and roll weekend



FILLMORE SHUFFLE

Já em “Fillmore Shuffle”, o vocalista flerta com sonoridades mais sessentistas, em uma canção que tem uma levada quase acústica. O ritmo é suave e alegre, produzindo bom entretenimento. No refrão a canção fica com uma pegada mais forte, mas logo voltando à calmaria.

A letra tem um tom esperançoso:

And I guess our life reads just a novel
Though we both keep hoping for so much more
We keep on tryin' to understand
Why we keep on livin', livin' this way

Trata-se de outra versão, pois é uma canção composta por Bruce Stephens, o qual foi integrante da banda Blue Cheer.



HUNGRY

O Hard Rock está de volta em “Hungry”, mas com uma pegada mais cadenciada, na qual o peso é usado na dose certa. A musicalidade setentista é bem desenvolvida e, mais uma vez, o destaque é a interpretação de Sammy, exata.

A letra tem temática de conquista amorosa:

Because I'm hungry for that good thing, baby
Hungry through and through
I'm so hungry for that sweet life, babe
With a real fine girl like you
I can almost taste it, sweet as wine

“Hungry” também é um cover, desta vez do sucesso gravado por Paul Revere & The Riders.



THE PITS

Nesta composição o ritmo segue como a maior parte do álbum, com uma levada mais empolgante e em um ritmo cadenciado. Não há maiores destaques individuais, sendo que o conjunto é que acaba se sobressaindo.

A letra tem uma conotação cotidiana:

I got 90 days in jail, no one would go my bail, so there I sit
It's the pits!
When the waist-line slips, 39 inch hips and your pants don't fit
You're in deeper, you dig into the pit



LOVE HAS FOUND ME

Esta música tem uma pegada consideravelmente mais pesada, mas mantendo o andamento mais cadenciado que é a tônica do disco. As guitarras imprimem um peso contagiante na música, contando com uma interpretação mais agressiva de Sammy. É um dos melhores momentos do álbum. Grande composição!

A letra é simples, mas mostra um questionamento interessante:

You showed me something I can't replace
You came to me for a whole different space
My daddy warned me, momma did too,
They said, "Son, see what some lovin' can do"



LITTLE STAR/ECLIPSE

A decimal – e última – faixa de Sammy Hagar é “Little Star/Eclipse”. A última canção do álbum é também sua maior composição, superando a casa dos 6 minutos. É uma espécie de 2 em 1: “Little Star” tem uma levada que alterna suavidade e agitação, sendo um contraponto para a calma e instrumental “Eclipse”. Ótimo momento do disco.

A letra tem uma mensagem bem otimista:

And I spread my golden wings and I fly away?
We'll be flyin', baby
Somewhere, there's a whole in the sky
Where angels fly and slide down rainbows



Considerações Finais

Muito longe de ser um sucesso comercial, o álbum Sammy Hagar ajudou a alavancar a carreira do vocalista de mesmo nome.

Atingiu a modesta 89ª posição da principal parada norte-americana de álbuns, a Billboard, muito graças a boa veiculação do sucesso “Red”.

Sammy Hagar ainda lançaria mais 3 álbuns pela Capitol Records, mas somente alcançaria o sucesso comercial quando, primeiramente, rompeu com John Carter (o qual Sammy acusou de não favorecer sua imagem como um cara do “Heavy Metal”) e, depois, de mudar para a Geffen Records, também afirmando que a Capitol Records não o promovia com tanta atenção.

Mas isto é assunto para o futuro.



Formação:
Sammy Hagar: Vocais, Guitarra
Bill Church: Baixo
Alan Fitzgerald: Teclados
David Lewark: Guitarra
Scott Mathews: Bateria

Faixas:
01. Red (Carter/Hagar) - 4:04
02. Catch the Wind (Donovan) - 4:37
03. Cruisin' & Boozin' (Hagar) - 3:09
04. Free Money (Lenny Kaye/Patti Smith) - 3:59
05. Rock 'N' Roll Weekend (Hagar) - 3:09
06. Fillmore Shuffle (Bruce Stephens) - 3:45
07. Hungry (Barry Mann/Cynthia Weil) - 3:05
08. The Pits (Carter/Hagar) - 3:06
09. Love Has Found Me (Hagar) - 3:51
10. Little Star/Eclipse (Hagar) - 6:08

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/hagar-sammy/

Opinião do Blog:
Sammy Hagar conquistou o mundo definitivamente quando assumiu os vocais do Van Halen e fez a banda atingir o topo da Billboard com álbuns como 5150 e OU812. Mas aqui está se abordando um momento bem anterior a isto.

Ao deixar o ótimo Montrose e apostar em sua carreira-solo, aos poucos Sammy foi moldando seu estilo musical próprio. E é por isso que o The Red Album está aqui: há, neste disco, os primeiros sinais da musicalidade Hard Rock que consagraria Hagar.

A banda que o acompanha é talentosa. Destaques para o baixista Bill Church que faz seu instrumento sempre presente e para o tecladista Alan Fitzgerald, que toca muito bem seu teclado em diversas passagens do disco.

O maior destaque, claro, vai para a estrela, Sammy Hagar, que entre vocais mais amenos e outros mais agressivos, demonstra todo seu talento e capacidade de transmitir emoção com suas interpretações.

As letras são simples, mas em nada comprometem o trabalho.

“Red” é uma faixa sensacional e que aponta para o futuro: nela há o Hard Rock intenso e cheio de melodia que consagraria Sammy no futuro. Impossível não se encantar por esta música se é fã de Hard Rock.

Mas não é apenas isto: “Cruisin’ & Boozin’” e Rock ‘N’ Roll Weekend” são ótimas canções, além da extraordinária “Love Has Found Me”, outra música que mostra o caminho que Hagar seguiria no futuro.

Como ponto negativo, o excesso de covers, que, mesmo sendo boas composições, servem apenas para mostrar a sempre presente veia Pop de Sammy, mas que passam a ideia da busca desesperada por um hit. Nas composições autorais, “The Pits” mostra-se totalmente descartável.


Enfim, um bom trabalho solo de Sammy Hagar, sendo um disco que se indica como diversão garantida para quem deseja um som mais leve. Recomendado!