11 de outubro de 2014

KANSAS - LEFTOVERTURE (1976)


Leftoverture é o quarto álbum de estúdio da banda norte-americana chamada Kansas. Seu lançamento oficial aconteceu em outubro de 1976, através do selo Kirshner. As gravações ocorreram entre o final de 1975 e o início de 1976, no estúdio chamado Studio in the Country, em Bogalusa, Louisiana, nos Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Jeff Glixman e do próprio Kansas.

Juntar diferentes influências musicais e referências sonoras de seu país está no DNA do Kansas, banda a qual se tornou um dos principais grupos do Rock Progressivo norte-americano. O Blog vai passar rapidamente pela história do conjunto para depois abordar o álbum propriamente dito.

Em 1969, Lynn Meredith, Don Montre, Dan Wright e o guitarrista/tecladista Kerry Livgren tocavam em uma banda chamada The Reasons Why, em sua cidade natal, Topeka, no estado norte-americano chamado Kansas.

Depois de mudarem o nome da banda para Saratoga, eles começaram a tocar material original de Livgren com Scott Kessler no baixo e Zeke Lowe na bateria.

Em 1970, eles mudaram o nome da banda para Kansas e se fundiram com membros da “banda rival” de Rock Progressivo, também de Topeka, White Clover.

Membros do White Clover, Dave Hope (baixo) e Phil Ehart (bateria, percussão) se juntaram com Livgren, os vocalistas Meredith e Joel Warne, os tecladistas Montre e Wright e o saxofonista Larry Baker.

Kerry Livgren
Esta foi uma versão prévia do Kansas, que durou até 1971, quando Ehart, Hope e alguns dos outros membros saíram para reformar o White Clover, e é muitas vezes referida como “Kansas I”.

Ehart foi substituído por Zeke Lowe e posteriormente por Brad Schulz enquanto Hope foi substituído por Rod Mikinski (no baixo); e Larry Baker, por sua vez, por John Bolton no saxofone e flauta. Essa formação é muitas vezes referida como “Kansas II”, e 30 anos mais tarde, viria a ser reformada com o nome Proto-Kaw.

Em 1972, após Ehart retornar da Inglaterra (onde ele tinha ido procurar por outros músicos), ele e Hope mais uma vez reformaram o White Clover, desta feita com Robby Steinhardt (vocal, violino e violoncelo), Steve Walsh (vocais, teclados, sintetizadores e percussão) e Rich Williams (guitarra).

Em 1973, o então White Clover recrutou Kerry Livgren do grupo “Kansas II”, que, em seguida, acabou encerrando suas atividades. Finalmente o White Clover recebeu um contrato de gravação com o selo (de mesmo nome) de Don Kirshner, e decidiram adotar o nome de Kansas.

O primeiro auto-intitulado álbum veio ao mundo em março de 1974, quase um ano depois de ter sido gravado em New York. Ele definiu o som característico da banda, uma mistura do estilo norte-americano “Boogie Rock” com complexos arranjos sinfônicos, tudo isto aliado à várias mudanças de tempo, uma assinatura do conjunto.

O violino de Steinhardt foi um elemento distintivo da sonoridade do grupo, que foi definido mais pelo estilo “Heartland Rock” (de músicos como a banda de Bruce Springsteen, por exemplo) que as influências clássicas e do Jazz que a maioria dos violinistas de rock progressivo normalmente seguiam.

A banda lentamente desenvolveu um grupo fiel de seguidores, devido à promoção feita por Kirshner e a uma extensa turnê para o seu álbum de estreia.

Em seu primeiro disco, o grupo apresenta faixas de fácil assimilação como “Can I Tell You” e outras com veia progressiva aflorada, como “Aperçu”.

Em fevereiro de 1975 veio o segundo disco do grupo, Song For America. Nele estão duas excelentes canções da banda, as longas faixa-título e “Incomudro - Hymn to the Atman”. O álbum acabou atingindo a 57ª posição da parada Pop da Billboard.

Já em setembro daquele mesmo ano surgiu Masque, o terceiro álbum de estúdio do Kansas, com faixas preciosas como “Child of Innocence” e “The Pinnacle”. O trabalho acabou atingindo a 70ª posição da parada norte-americana de álbuns.

Os 3 álbuns lançados em sequencia juntamente com suas respectivas turnês iam fomentando o surgimento de fãs para a banda, mesmo que no movimento underground.

Steve Walsh
Quando o Kansas começou a trabalhar para seu próximo álbum, Steve Walsh começou a experimentar um bloqueio criativo, antes da gravação, e sua contribuição para o álbum acabaria por limitar-se a co-autoria de três músicas.

Assim, a responsabilidade caiu sobre Kerry Livgren que notou o problema e se pôs a preencher o vazio. As novas composições mantiveram grande parte da complexidade de inspiração clássica dos trabalhos anteriores de Livgren no conjunto.

O Kansas gravou o álbum no Studio in the Country, em Bogalusa, Louisiana. O nome do estúdio foi assim chamado porque, como Kerry Livgren descreveu posteriormente, "estava no meio de um pântano. Caminhávamos para fora do estúdio e havia jacarés em frente do estúdio, mosquitos do tamanho de B-52 e, por vezes, tatus corriam para a sala de controle", afirmava em meio a risadas.

A capa é belíssima. Vamos às faixas:

CARRY ON WAYWARD SON

"Carry On Wayward Son" é um grande clássico do Kansas o qual abre o álbum Leftoverture. Embora um tanto quanto mais acessível, por flertar mais abertamente com o Hard Rock setentista e também um pouco com uma pegada mais pop, a canção apresenta características da banda como a mudança repentina de ritmo e andamento, passagens mais intrincadas e complexas. Faixa sensacional.

Com letras belíssimas, a canção versa sobre a desobediência juvenil dos filhos e suas consequências:

Masquerading as a man with a reason
My charade is the event of the season
And if I claim to be a wise man, well
It surely means that I don't know

“Carry On Wayward Son” é um grande clássico não apenas do Kansas, mas também do Rock em geral.


Lançada como single, atingiu a excelente 11ª posição da parada desta natureza nos Estados Unidos, assim como a 5ª colocação na sua correspondente canadense e a 51ª no Reino Unido.

Mais que isto, o sucesso comercial do single “Carry On Wayward Son” é indiscutível, com o mesmo superando a casa de 1,5 milhão de cópias vendidas.

Presença garantida nos shows da banda, também está nas principais coletâneas do grupo. Foi eleita na 96ª posição da lista '100 Greatest Hard Rock Songs', do canal de televisão VH1.

Entre as versões cover, destaca-se a recente feita pela banda Gwar.



THE WALL

O Kansas continua apostando em sua veia bem melódica e cativante já no início de "The Wall". A música é praticamente uma bela balada, com um solo muito bonito de Kerry Livgren. Também merece destaque os teclados de Steve Walsh. Bela canção.

A letra é ótima e versa com uma história sobre perseverança:

The treasures that I seek are waiting on the other side
There's more that I can measure in the treasure of the love that I can find
And though it's always been with me, I must tear down the wall and let it be
All I am, and all that I was ever meant to be, in harmony
Shining true and smiling back at all who wait to cross
There is no loss



WHAT'S ON MY MIND

Desta feita a banda aposta em um riff mais simples e direto, com uma boa pegada Hard Rock. Mas tudo é feito com belas passagens melódicas. O refrão é ótimo e o solo de Livgren melhor ainda. Outro momento incrível do álbum.

A letra é uma declaração de amor como poucas:

You came from nowhere and you just jumped in my life
And I know it never will be the same
You made me love you and now I'm home once again
No, I never want to leave you no more
'Caus I'm attached to the better half of myself
And there's nowhere else that I'd rather be
You filled an empty, you fixed a bad broken heart, and I know


Lançada como single, não repercutiu nas principais paradas de sucesso.



MIRACLES OUT OF NOWHERE

"Miracles Out Of Nowhere" começa com teclados mais que inspirados, construindo belíssimas passagens. Somam-se a elas, inspiradas linhas vocais, criando uma melodia suave, tocante e ao mesmo tempo contagiante. O lado progressivo do Kansas também se aflora com passagens influenciadas pela veia clássica do grupo, tornando a faixa ainda mais interessante.

A temática da letra é a fé:

Here I am, I'm sure to see a sign
All my life I knew that it was mine
It's always here, it's always there
It's just love and miracles out of nowhere



OPUS INSERT

Com um clima ainda bem envolvente, o Kansas aposta em uma nova canção na qual predomina a presença de uma belíssima e cativante melodia. A banda mescla elementos mais eruditos com uma sonoridade simples e direta, com os teclados fazendo um belo trabalho. Os vocais de Walsh também estão excelentes.

A letra é belíssima, refletindo sobre a existência humana:

But there's too many empty lives my friend
And we just can't let them waste away
For this life is a precious thing my friend
And we just can't wait another day



QUESTIONS OF MY CHILDHOOD

Em outra lindíssima canção, o Kansas mostra sua quase infinita capacidade em compor músicas que mesclem o Rock com passagens tocantes e suaves. Em "Questions Of My Childhood" o destaque vai para Robby Steinhardt e seu violino, o qual se casa maravilhosamente com os teclados de Walsh. Outro ponto altíssimo do disco!

A letra trata de como é compreender um amor:

I don't need to face a world of disillusion
I've come to one conclusion that I know you know is true
In the game of silent searching the cost of love is rising
And I'm just now realizing I'd be better of with you



CHEYENNE ANTHEM

Não há muitas palavras que possam descrever canções tão tocantes quanto "Cheyenne Anthem", um lindo monumento a toda uma nação indígena. Nela, o Kansas varia sua musicalidade, alternando passagens clássicas com outras menos rebuscadas, mas com seu toque único de musicalidade. Momento tocante!

A letra versa sobre a luta pela terra de origem:

It's my destiny to fight and die
Is there no solution, can we find no other way, Lord let me stay
Under the endless sky and the earth below
Here I was born to live and I will never go, oh no



MAGNUM OPUS

"Magnum Opus" é uma daquelas canções que sintetizam o que é uma banda. Neste caso, resume bem o Kansas dos anos 70: passagens instrumentais que demonstram apuro técnico, complexas e intrincadas, mas, ao mesmo tempo, a construção de melodias e linhas bastante suaves e tocantes. Uma faixa magnífica que encerra o álbum com chave-de-ouro.

A letra apresenta uma metalinguagem, ou seja, a música falando de si mesma:

This foolish game, oh it's still the same
The notes go dancin' off in the air
And don't you believe it's true, the music is all for you
It's really all we've got to share
Cause Rockin' and Rollin', it's only howlin' at the Moon
It's only howlin' at the Moon

“Magnum Opus” é uma longa faixa praticamente instrumental, com seus mais de 8 minutos, sendo dividia em 6 partes: a. "Father Padilla Meets the Perfect Gnat", b. "Howling At the Moon", c. "Man Overboard", d. "Industry On Parade", e. "Release the Beavers" e finalmente, f. "Gnat Attack".



Considerações Finais

Carregado pelo sucesso de “Carry On Wayward Son”, Leftoverture acabou se tornando o primeiro grande sucesso comercial do Kansas.

As críticas da imprensa especializada foram mistas. A revista Rolling Stone afirmou que Leftoverture era o melhor álbum do Kansas até então, colocando a banda junto a nomes como Styx e Boston, que surgiam com força naquele ano.

Já o crítico musical Robert Christgau detonou o lançamento, dizendo que não possuía a inteligência e a convicção do Rock Progressivo europeu, entre outras coisas.

Mesmo assim, Leftoverture atingiu a excepcional 5ª posição da parada norte-americana de álbuns, conseguindo a 2ª colocação em sua correspondente canadense.

Reafirmando seu grande sucesso comercial, Leftoverture supera a casa de 4 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.

A banda em 1976

Formação:
Steve Walsh - Órgão, Piano, Vocal (todas as faixas), Vibrafone
Robby Steinhardt - Violino, Backing Vocals, Vocais em (“Miracles Out of Nowhere” e “Cheyenne Anthem”)
Kerry Livgren - Guitarra, Clavinet, Moog, Sintetizador, Piano
Phil Ehart - Bateria, Percussão
Dave Hope - Baixo
Rich Williams - Guitarra e Violão
Músicos Adicionais:
Toye LaRocca – Vocais
Cheryl Norman – Vocais

Faixas:
01. Carry On Wayward Son (Livgren) - 5:23
02. The Wall (Livgren/Walsh) - 4:51
03. What's On My Mind (Livgren) - 3:28
04. Miracles Out of Nowhere (Livgren) - 6:28
05. Opus Insert (Livgren) - 4:30
06. Questions of My Childhood (Walsh/Livgren) - 3:40
07. Cheyenne Anthem (Livgren) - 6:55
08. Magnum Opus (Livgren/Walsh/Williams/Hope/Ehart/Steinhardt) - 8:25
a. "Father Padilla Meets the Perfect Gnat"
b. "Howling At the Moon"
c. "Man Overboard"
d. "Industry On Parade"
e. "Release the Beavers"
f. "Gnat Attack"

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/kansas/

Opinião do Blog:
O Kansas é uma das mais famosas bandas norte-americanas que se arriscou na musicalidade do Rock Progressivo, mas sem nunca perder sua influências locais. O toque "Pop" e suave ajudou a criar a sonoridade que ficaria mais famosa nos anos 80, conhecida por AOR.

O grupo conseguia mesclar bem músicas mais complexas e longas com outras que tinham claro direcionamento mais direto e popular, sem, no entanto, perder nada de dignidade e nem soar apelativa.

Em Leftoverture, talvez, o Kansas tenha conseguido alcançar seu ápice criativo. Não há muitas palavras para defini-lo sem soar muito bajulador.

Não há como destacar um único músico da banda. Todos são de alta categoria e a audição do álbum demonstra todo o valor técnico de todos que compõem a banda. Seja guitarra, teclados, violino, tudo está bem acima da média comum.

Assim como as linhas vocais criadas por Steve Walsh são belíssimas e enriquecem a qualidade do disco. Brilhante.

Outro ponto alto do trabalho são as letras, muito inteligentes. Mesmo que por vezes a temática possa soar mais religiosa, em nenhum momento há o teor de pregação, soando mais como um convite à reflexão.

É claro que a música mais famosa presente no álbum é mesmo "Carry On Wayward Son", que soa de maneira encantadora. Mas todas as faixas soam no mínimo ótimas. Há as belas "Cheyenne Anthem" e "Opus Insert", além da complexa e interessante "Magnum Opus" e a estupenda "The Wall".

Enfim, o Kansas é uma banda que merece muita atenção pelo leitor do Blog, devendo este procurar conhecer especialmente seus discos lançados na década de 70. Leftoverture é um clássico do Rock, álbum mais que recomendado. Até o próximo post!

4 de outubro de 2014

AXEL RUDI PELL - BLACK MOON PYRAMID (1996)


Black Moon Pyramid é o quinto álbum da carreira-solo do guitarrista alemão Axel Rudi Pell. Seu lançamento oficial aconteceu em 30 de novembro de 1996 através do selo Steamhammer/SPV. As gravações aconteceram entre outubro de 1995 e janeiro de 1996 e a produção ficou a cargo do próprio Axel Rudi Pell e de Ulli Pösselt.


Embora não tão conhecido do público geral, Axel Rudi Pell possui uma longa e prolífica carreira-solo, tendo lançado 15 álbuns de estúdio desde 1989. Talentoso guitarrista e compositor, além de fã incontestável de Ritchie Blackmore, vai-se abordar um pouco de sua história antes de se focar no álbum propriamente dito.

Axel começou a tocar guitarra aos 12 anos de idade após assistir a seu ídolo, Ritchie Blackmore, quebrar uma guitarra pela televisão.

O músico passou por diversos conjuntos durante sua juventude como bandas amadoras como Devil's Death, Silverstones, Detroit e Firebird, até, em 1981, fundar o Steeler.

O nome do grupo foi baseado na música “Steeler”, do álbum British Steel, do Judas Priest.

A primeira formação do Steeler continha Peter Burtz nos vocais, Axel Rudi Pell e Tom Eder nas guitarras, Volker Krawczak no baixo e Jan Yildiral na bateria.

O estilo musical preponderantemente proposto pelo grupo era mesmo o Heavy Metal. O primeiro álbum, Steeler, homônimo ao grupo, foi lançado em 1984, transpirando Heavy Metal clássico.

Já em 1985 saiu Rulin' The Earth. Após isto, o baixista Volker Krawczak deixa o grupo, sendo substituído por Roland Hag.

Axel Rudi Pell
A nova formação, já com Hag no baixo, grava mais dois álbuns de estúdio: Strike Back (1986) e Undercover Animal (1988).

O Steeler encerra suas atividades logo após o lançamento de Undercover Animal e Axel Rudi Pell começa a trabalhar no lançamento de sua carreira-solo.

Assim, Axel recruta o experimentado vocalista Charlie Huhn, o baterista Jörg Michael e o baixista Volker Krawczak, o qual havia tocado com Rudi Pell nos dois primeiros álbuns do Steeler.

Com esta formação, já em 1989, Axel Rudi Pell lança seu primeiro álbum solo, Wild Obsession, em que o músico aposta em canções que soam Heavy Metal, por vezes flertando com a vertente Power Metal.

Agora com Rob Rock nos vocais e Kai Raglewski nos teclados, Pell lança seu segundo álbum solo, Nasty Reputation, de 1991. O sucesso comercial e o reconhecimento permaneciam apenas moderados.

Para seu terceiro disco, Eternal Prisoner, uma mudança que acrescentou muita qualidade ao som do guitarrista: saiu Rob Rock nos vocais e entrou o excelente Jeff Scott Soto. O álbum foi lançado em 1992 e Soto participou na composição das músicas, intensificando a pegada Hard Rock no trabalho, com resultado final muito bom.

Jeff Scott Soto
Para o próximo trabalho, outra mudança: sai Kai Raglewski e entra Julie Greaux nos teclados. Assim, Between The Walls foi lançado em junho de 1994 e aumentou a popularidade do conjunto.

Axel Rudi Pell manteve o mesmo time para seu quinto álbum da carreira-solo, que viria a ser Black Moon Pyramid, incluindo o produtor Ulli Pösselt.

A capa é bonita, embora simples. Vamos às faixas:

RETURN OF THE PHARAOH

Uma curta vinheta que serve de introdução para o álbum. Apenas para criar o clima.

GETTIN' DANGEROUS

Um riff pesado e furioso abre o álbum. O ritmo é bastante intenso com o andamento da canção sendo bastante veloz. O estilo proposto é o Power Metal. No refrão os backing vocals funcionam muito bem, mas o destaque é para os bons vocais de Soto. O solo é bastante criativo.

A letra é boa e fala de um caos iminente:

It's gettin' dangerous
The world's going under as we fall
It's gettin' dangerous
It's time to decide when our fate calls



FOOL FOOL

Outro riff precioso abre a terceira faixa do álbum. Passagens mais suaves, embaladas apenas pela voz de Soto se intercalam com momentos mais intensos. A música tem uma pegada bem mais Hard Rock, constituindo-se no primeiro grande momento do disco. Excelente música!

A letra mistura magia e fantasia:

Fantasy is the name of the game,
Brings you passion and pain,
Moving pictures runnin' fast and slow
Gonna drive you insane



HOLE IN THE SKY

Bem mais direta e veloz, "Hole in the Sky" novamente aposta na veia Power Metal de Axel Rudi Pell. O andamento da música é bastante rápido, com ótimos vocais de Soto. A seção rítmica também se faz presente, dando ainda mais peso à canção.

A letra tem uma mensagem ecológica:

Some just don't know, but most just don't care
Until it is all just too late
The ozone is crying for mercy from everyone



TOUCH THE RAINBOW

Desta feita, o grupo apresenta um riff bem pesado, mas apostando em um andamento mais lento, acertando em cheio e criando um clima único. A pegada entre o Hard Rock e o Heavy Metal é mágica, trazendo um dos pontos mais altos do disco. A guitarra de Pell está simplesmente soberba. O solo é excelente, esbanjando feeling!

A letra se refere a um amor que se perpetua no tempo:

Wanna love you baby,
All night long.
Wanna hold you baby,
So strong



SPHINX' REVENGE

"Sphinx' Revenge" é uma pequena faixa instrumental em que é praticamente um extenso solo de guitarra feito por Axel Rudi Pell. A pegada é bem na direção do Heavy Metal tradicional, com a seção rítmica dando bastante peso à música.



YOU AND I

A pegada Heavy Metal tradicional continua em "You and I", que possui certas referências no Judas Priest dos anos 80. A faixa contagia e empolga, com o peso na dose certa, com um riff simples, mas que acerta na mosca! Tudo isto é reforçado por outra atuação competente de Jeff Scott Soto e seu vocal potente. Ponto alto do trabalho!

A canção fala de um reino com morte e dor:

We lived in danger, all of you and i,
Don't talk to strangers
In the dead of night
We lived in danger, all of you and i,
Don't talk to strangers
In the dead of night



SILENT ANGEL

Pela primeira vez o teclado de Julie Greaux aparece isolado no álbum, acompanhado por uma interpretação mais intimista de Jeff Scott Soto. O ritmo permanece suave e melódico, tornando-se mais intenso apenas no refrão. "Silent Angel" é uma amostra da enorme capacidade de Axel Rudi Pell em compor baladas de alto padrão de qualidade. Atente ao solo, belíssimo!

A letra fala de um amor impossível:

All alone, with a heart of stone
Candlelight never burns so bright
How can it be, that between you and me
Is no way out, out of misery



BLACK MOON PYRAMID

A pegada mais Heavy Metal tradicional volta à tona na maior canção do álbum, a faixa-título "Black Moon Pyramid", com seus mais de 9 minutos. O baixo de Volker Krawczak está bastante proeminente nesta faixa. O peso é uma constante e os destaques novamente vão para os vocais brilhantes de Soto e para o solo inspiradíssimo de Pell na metade da música. Brilhante!

A letra é fantasiosa e mística:

We crossed the dying fields of war,
Lost in the world of (the) evil scores,
To get out of insanity,
We went through the temple of eternity



SERENADE OF DARKNESS (OPUS #1 ADAGIO CON AGRESSO)

Em outra faixa exclusivamente instrumental, Pell exibe seu enorme talento como guitarrista. O início com um certo toque Folk chega a enganar o ouvinte, mas depois a pegada mais Hard/Heavy dá as cartas na música. Axel Rudi Pell demonstra feeling e técnica na canção!



VISIONS IN THE NIGHT

A pegada Heavy Metal tradicional aparece no início de "Visions in the Night", mas logo é substituída por uma passagem bem melódica e suave. Assim a música se desenvolve, intercalando momentos mais suaves e outros bem pesados, estes, em especial durante os refrões. Construção bem legal!

A letra versa sobre revelações:

...see the visions in the night
Future's brighter there for you
See the visions in the night
If you're looking for the truth



AQUA SOLUTION

Outra pequena vinheta no disco, servindo de introdução para a próxima música.



AQUARIUS DANCE

"Aquarius Dance" apresenta uma pegada bem Hard Rock e com um certo swing, dando um ritmo único dentro do álbum. O grande destaque da música são mesmo os vocais de Jeff Scott Soto, em um momento diferente e isolado do disco.

A letra fala de esperança em tempos melhores:

Breaking of the day and a sun that leads the way
A new horizon's here to stay
All together we can see the other side
Well i'm on my way

SILENT ANGEL – GUITAR VERSION

A décima quarta - e última - canção de Black Moon Pyramid é "Silent Angel - Guitar Version". Trata-se apenas de um longo e tocante solo de Axel Rudi Pell sobre a base melódica da balada "Silent Angel".



Considerações Finais

Black Moon Pyramid não conseguiu repercutir em nenhuma das principais paradas de sucesso do mundo, ou seja, na britânica ou norte-americana.

Entretanto, a força de suas canções impulsionou mais o sucesso entre os fãs do estilo no underground europeu, especialmente na Alemanha.

Tanto é que Black Moon Pyramid foi o maior sucesso comercial de Axel Rudi Pell até a época de seu lançamento.

Até hoje (outubro/2014), o guitarrista supera a casa de 1,5 milhões de discos vendidos pelo mundo.



Formação:
Axel Rudi Pell - Guitarras
Jeff Scott Soto - Vocal
Jörg Michael - Bateria
Volker Krawczak - Baixo
Julie Greaux – Teclado
Músicos Adicionais:
Peavy Wagner - Baixo em “Gettin 'Dangerous”

Faixas:
01. Return of the Pharaoh (Intro) (Pell) - 1:47
02. Gettin' Dangerous (Pell/Soto) - 4:27
03. Fool Fool (Pell) - 5:26
04. Hole in the Sky (Pell/Soto) - 4:57
05. Touch the Rainbow (Pell) - 6:31
06. Sphinx' Revenge (Pell) - 3:38
07. You and I (Pell) - 4:22
08. Silent Angel (Pell) - 5:14
09. Black Moon Pyramid (Pell) - 9:55
10. Serenade of Darkness (Opus #1 Adagio Con Agresso) (Pell) - 4:13
11. Visions in the Night (Pell/Soto) - 4:03
12. Aqua Solution (Pell) - 0:57
13. Aquarius Dance (Pell/Soto) - 4:17
14. Silent Angel (Guitar Version) (Pell) - 4:09

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/axel-rudi-pell/

Opinião do Blog:
Quando eu criei o Blog Rock:Álbuns Clássicos não poderia imaginar que mais de 3 anos depois ele continuaria na ativa. Chegou-se ao centésimo álbum analisado, apostando em uma abordagem simples e independente, de maneira a tentar espalhar a boa música para o maior número de pessoas interessadas possível.

A paixão de Axel Rudi Pell pela música e estilo do guitarrista Ritchie Blackmore influenciou bastante na sua forma de compor suas canções. Por toda sua obra é possível reconhecer os momentos em que a tal supracitada influência é mais nítida e notória. E não há nenhum demérito nisto, muito pelo contrário, Axel bebeu em uma fonte riquíssima.

Black Moon Pyramid pode - e certamente não - não ter mudado a história da música, mas é um álbum rico em criatividade e composições que cativam o ouvinte de Hard/Heavy.

Nas questão dos músicos, temos uma boa seção rítmica, que se não brilha, compõe o álbum de maneira eficiente. O mesmo pode ser dito sobre os teclados.

Jeff Scott Soto apresenta seus vocais precisos e potentes em todo o álbum. A variedade de propostas do disco permite que o mesmo oscile em atuações mais suaves e intimistas em contraposição a momentos mais intensos e agressivos. E em ambos, Soto mostra uma capacidade e talento extraordinários!

Mas o maior destaque, e não poderia deixar de ser, vai para o guitarrista Axel Rudi Pell, que atua de maneira praticamente impecável. Suas canções são sempre voltadas para a melodia, não se preocupando em ser um apanhado de virtuoses. Seus riffs e solos são de extremo bom gosto.

As letras são simples, muitas vezes inspiradas em magia e misticismo, sendo que não comprometem a qualidade do trabalho.

A alternância de estilos propiciam momentos muito saborosos no disco. Há as simples e ótimas "Fool Fool" e "Touch The Rainbow", assim como a criativa "Visions In The Night". A enorme faixa-título também transpira inspiração e não há muito o que dizer sobre a belíssima balada "Silent Angel".

Enfim, um álbum longo, mas que nunca soa cansativo ou arrastado, dada a enorme criatividade de Axel Rudi Pell em experimentar nas sonoridades entre o Hard Rock e o Heavy Metal. Um ótimo trabalho, perfeito para celebrar o centésimo post do Blog. Até o próximo post.