14 de agosto de 2013

W.A.S.P. - W.A.S.P. (1984)


WASP é o álbum de estreia da banda norte-americana de mesmo nome, ou seja, o W.A.S.P. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 17 de agosto de 1984, através do selo Capitol Records. As gravações aconteceram durante aquele mesmo ano, com a produção ficando a cargo de Mike Varney e do líder da banda, Blackie Lawless.

O WASP é uma das mais proeminentes bandas surgidas na costa oeste dos Estados Unidos com o “boom” do chamado Glam Metal, embora não sejam tão conhecidos do público em geral.



Como de costume, o blog vai trazer um pequeno apanhado das origens do grupo para depois ater-se ao álbum propriamente dito.

Desde o início até hoje, o único membro original e permanente do conjunto tem sido o seu baixista e vocalista, Blackie Lawless, obviamente, a grande mente criativa por detrás das composições do grupo.

W.A.S.P. surgiu após o desaparecimento do Circus Circus, uma banda de Los Angeles que era formada, entre outros, por Blackie Lawless e Randy Piper.

Assim, eles decidem formar um novo grupo. A formação original do que viria a se tornar o W.A.S.P. foi formada em Los Angeles, Califórnia, em 1982. Os amigos Lawless e Piper se juntaram a Rik Fox e a Tony Richards, começando a ensaiar e depois a se apresentarem na cena de LA.

Há muita especulação sobre a origem do nome da banda, e se ele significa alguma coisa, pois é escrito como uma sigla. Em entrevistas na década de 1980, os críticos alegaram que o significado seria "We Are Sexual Perverts" ou "We Are Sexual Prophets".

Fato é que não se sabe se isso foi uma declaração séria, pois, acredita-se que isto foi dito apenas para se chocar o público em geral.

No entanto, "Winged Assassins" está inscrito na coluna da primeira prensagem em vinil de seu álbum de estreia.

Vários outros significados são especulados para a sigla W.A.S.P., sendo os acima os mais ventilados. A verdade é que Blackie Lawless nunca responde a esta questão com firmeza, ajudando a alimentar as especulações.

Blackie Lawless


Certa feita, Rik Fox afirmou que ele era o "amigo" - de Lawless - que cunhou o nome WASP. O baterista Tony Richards declarou em uma entrevista que Rik Fox e Blackie Lawless estavam no lado de fora da casa quando uma vespa (wasp, em inglês) pousou na mão de Rik. Ele, então, teria dito: "Porra, isso seria um nome matador para a banda".

Em uma entrevista em fevereiro 2010, Lawless declarou a principal razão para o nome eram os pontos (que existem entre as letras e formam a sigla). Ele alegou que nenhuma banda jamais havia os utilizado antes, e, em essência, os pontos criaram um "ponto de interrogação de incerteza" fazendo-os se sobressaírem mais, concluindo: "olha onde estamos: eles fizeram".

A versão original do primeiro álbum do W.A.S.P. (W.A.S.P.), em vinil, continha as palavras "We Are Sexual Perverts" inscritas na capa.

A banda tornou-se notória por sua atitude atrevida e, às vezes, chocante durante seus shows. Lawless acabou ganhando fama e se tornando conhecido por amarrar modelos seminuas em um rack de tortura, e, também, por lançar carne crua no público.

O primeiro lançamento oficial do grupo, seu single de estreia, intitulado Animal (Fuck Like A Beast), e sua capa foram igualmente controversos.

A primeira formação da banda não durou por muito tempo, com Rik Fox sendo demitido e se juntando à banda Steeler com (então desconhecido) o vocalista Ron Keel e o guitarrista Yngwie Malmsteen. Ele foi substituído por Don Costa.

Pouco depois, Don Costa também deixou o grupo e sua posição no baixo foi preenchida por Lawless. Ao mesmo tempo, o guitarrista Chris Holmes entrou na banda.

Chris Holmes


O W.A.S.P. assinou contrato com a Capitol Records para o seu álbum de estreia, WASP, lançado em 17 de agosto de 1984.

A estréia foi planejada para ser lançada com o título Winged Assassins. O primeiro single lançado anteriormente pelo grupo, "Animal (Fuck Like A Beast)", foi omitido do álbum nos Estados Unidos para impedir que ele fosse proibido de ser comercializado nas grandes cadeias de lojas.

I WANNA BE SOMEBODY

Abre o álbum um clássico do W.A.S.P., “I Wanna Be Somebody”.

A música que abre o disco já começa mostrando de que o W.A.S.P. é feito. Um riff que mescla o Hard/Glam com o peso do Heavy Metal, cadenciado, mas com o peso na medida certa. Os vocais de Lawless são bastante agressivos com sua voz peculiar se tornando perfeita para a sonoridade. O solo é simples, mas se casa perfeitamente com a canção.

As letras mostram o desejo jovem de vitória:

You say you don't wanna starve
Or take the table crumbs that fall
You don't wanna beg or plead at all
You don't want no nine to five
Your fingers to the bone
You don't want the rock piles' bloody stones

“I Wanna Be Somebody” é um dos maiores clássicos da história do W.A.S.P. Foi lançada como single e, surpreendentemente, teve bastante repercussão na Nova Zelândia, entrando na 30ª posição de lá.



Também foi intensa a veiculação do videoclipe que serviu para embalar as vendas e promover o álbum. É uma das canções favoritas dos fãs e que serviu para definir o estilo, tanto que foi ‘coverizada’ por bandas como Sentenced, Catamenia, Witchery, e Gates of Ishtar.

Em uma eleição realizada pelo VH1, foi a 84ª colocada em uma eleição das 100 melhores músicas de Hard Rock de todos os tempos.



L.O.V.E. MACHINE

A segunda canção do disco é “L.O.V.E. Machine”.

A bateria animal de Tony Richards dá as cartas na segunda faixa de W.A.S.P. Logo as guitarras aparecem de forma bastante intensa, mas desta vez o ritmo é mais devagar. Mas o peso está bastante presente, assim como os vocais característicos de Lawless.

As letras são bem simples, em temática amorosa/sexual:

What can I do for you
Am I your wildest dream
What do I move in you
Am I what I seem
My eyes they lie and you cry
Love brings you pain
And if you try to love me
You'll not feel the same

Foi lançada como single, mas não repercutiu nas principais paradas de sucesso. Bandas como  Fallen Man, Lullacry, Fozzy e Alghazanth fizeram versões para a canção.



THE FLAME

“The Flame” é a terceira faixa de W.A.S.P.

As guitarras voltam com tudo em “The Flame”. Há uma pegada bem Hard Rock na canção, que abusa do peso, em um andamento mais devagar, mas com aquela pegada genial do Hard oitentista norte-americano. Os vocais de Lawless se mantêm no mesmo nível das músicas anteriores, construindo outra pérola da banda!

As letras têm forte conotação sexual:

Turn up the flame your hips are fire
You're so hot I got to try ya
Show me the spot and I'll hit the mark
Baby I got the gasoline and you got the sparks



B.A.D.

A quarta música do trabalho é “B.A.D.”

Outro riff genial é a marca de “B.A.D.”, com uma pegada bem Hard Rock, lembrando o AC/DC em seu álbum Fly On The Wall (1985). A bateria de Tony Richards está sensacional, assim como (sempre) os vocais de Lawless. O solo é outra vez muito bom. Ótima faixa.

As letras têm certo tom macabro:

You hear the cries of love, a sad tune
And feel the salt-lick stingin' loves wound
Those tears that you cry leave a blood stain
They fall to the ground like a sweet rain
Cause bad girls they do



SCHOOL DAZE

A quinta faixa do álbum é “School Daze”.

A música começa com uma vinheta na qual crianças fazem o famoso juramento à bandeira americana. Logo após isto, um riff bem pesado soa das guitarras. A canção é novamente bem característica do grupo, que mescla como poucos o peso do Heavy Metal com a malícia e a melodia do Hard Rock. Faixa brilhante.

A letra mostra o tom de rebeldia contra o sistema, em especial, o educacional:

I pledge no allegiance and I bet
They're gonna drive me crazy yet
Nobody here is understanding me
I pledge no allegiance and I bet
They're gonna drive me crazy yet
I'm dying here and trying to get free

“School Daze” foi o quarto single lançado para promover o disco, mas sem maiores repercussões em termos de paradas de sucesso.



HELLION

“Hellion” é a sexta faixa do disco.

A música tem, novamente, Tony Richards em um trabalho muito bem feito, com bastante presença. Após os primeiros 30 segundos em um ritmo mais lento, a velocidade volta com tudo e com doses generosas de peso, com uma pegada que lembra o Judas Priest dos anos 80. Lawless canta soberbamente, em um dos pontos altos do trabalho.

A letra tem uma conotação claramente de terror e obscura:

Well child, you're sweatin' and you're stoned
That alcohol you downed makes you crazy
All night, you damn the hurt and pain
And drink the devils rain
It's screaming out your name

A banda finlandesa Children Of Bodom fez uma versão para “Hellion”.



SLEEPING (IN THE FIRE)

A sétima canção do disco é “Sleeping (In The Fire)”.

A música tem um belo início, praticamente acústico pelos primeiros 55 segundos. Após isto, um riff bastante pesado domina a sonoridade, mas de forma muito lenta, com Lawless variando sua voz entre momentos agressivos e suaves. O solo é dotado de muito feeling, contribuindo decisivamente para a qualidade da faixa.

Como o refrão demonstra, a temática continua levemente sombria:

Taste the love
The lucifer's magic that makes you numb
You feel what it does and you're drunk on love
You're sleeping in the fire

“Sleeping (In The Fire)” foi lançada como single, mas falhou em entrar nas paradas de sucesso. As bandas Tiamat e Anders Manga fizeram versões para a canção.



ON YOUR KNEES

“On Your Knees” é a oitava música de W.A.S.P.

A canção é típica do Glam Metal norte-americano dos anos 80. Possui um ritmo forte, rápido e cheio de melodia, mesmo tendo certo peso. Lawless ‘ataca’ as palavras que canta, e o refrão, mesmo um pouco repetitivo, não compromete o resultado final da faixa.

A letra tem temática sexual, refletindo o aspecto de culpa/pecado:

Playing with fire, lust in you burns
Reflecting the flames in your eyes
Sex and pain insane, they're really the same
Misused and confused, bound and tied



TORMENTOR

“Tormentor” é a nona canção do disco.

A maior faixa do trabalho é “Tormentor”. Seu ritmo inicial é mais cadenciado e com o peso na medida certa. A sonoridade aposta novamente na mescla do Hard Rock com o Heavy Metal como o W.A.S.P. faz como quase ninguém. Lawless volta a postar em vocais mais agressivos e o refrão apresenta o típico ‘coro’ de vozes, presente em todo o álbum.

A letra é pequena e simples, com conotação obscura:

I'm a liar and I'm a cheat
I have no morals and I'm a thief
Pillage and plunder, curse those who enter
I am a killer and Tormentor

“Tormentor” está presente nos filmes The Dungeonmaster (1984) e TerrorVision (1986), como parte das trilhas sonoras de ambos.



THE TORTURE NEVER STOPS

A décima – e última – faixa de W.A.S.P. é “The Torture Never Stops”.

A música mantém a pegada presente em todo disco, com um riff pesado, melódico e tendendo mais para um ritmo cadenciado. Lawless canta de maneira bem agressiva, aproveitando sua voz característica. As guitarras estão ótimas em uma canção que fecha o trabalho com chave de ouro.

A letra é simples e trata do tema tortura, exaltando-a:

Suck, suck, sucking at your life
Your master sucks the juice
Shoot, shoot, shooting at you
And the hangman's noose is loose
And you, you cry but no-one hears or cares
And hope's the rope that keeps you tied in knots

A banda Torture Division fez uma versão para a faixa.



Considerações Finais

Em termos de parada de sucesso, o álbum teve um desempenho humilde, conquistando a modesta 74ª posição na parada norte-americana da categoria.

Entretanto, como o leitor pode observar, o álbum de estreia do W.A.S.P. é muito influente. A prova disto são as várias músicas e versões covers de diferentes faixas que estão presentes no trabalho. A fusão do Hard/Glam com o Metal Tradicional caiu no gosto de muitas pessoas.

A proposta musical do grupo, com bastante agressividade e teatralidade nas suas apresentações (muito sangue, sadomasoquismo, mulheres seminuas) e as letras cheias de conteúdo obscuro e sexual, foram um prato cheio para as alas conservadoras norte-americanas da época.

A associação conservadora Parents Music Resource Center encontrou na banda um de seus alvos prediletos e, indiretamente, deu ao grupo toda a publicidade de que ele necessitava no seu início de carreira.

O álbum W.A.S.P. já suplantou a casa de 500 mil cópias vendidas somente nos Estados Unidos.



Formação:
Blackie Lawless – Vocal, Baixo
Chris Holmes – Guitarras
Randy Piper – Guitarras, Backing Vocals
Tony Richards – Bateria, Backing Vocals

Faixas:
01. I Wanna Be Somebody (Lawless) - 3:43
02. L.O.V.E. Machine (Lawless) - 3:51
03. The Flame (Lawless/Holmes/J. Marquez) - 3:41
04. B.A.D. (Lawless) - 3:56
05. School Daze (Lawless) - 3:35
06. Hellion (Lawless) - 3:39
07. Sleeping (In the Fire) (Lawless) - 3:55
08. On Your Knees (Lawless) - 3:48
09. Tormentor (               Lawless/Holmes) - 4:10
10. The Torture Never Stops (Lawless) - 3:56

Letras:
Para o conteúdo complete das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/wasp/

Opinião do Blog:
O W.A.S.P. é uma das bandas mais influentes, respeitadas e importantes que foram oriundas do Hard Rock/Glam Metal norte-americano dos anos oitenta. Em quase 30 anos, o grupo se manteve ativo e produtivo, uma vez que já somam 14 álbuns de estúdio, sendo alguns mais relevantes que outros, mas vários de ótima qualidade.

É claro que sendo o único membro que permaneceu no conjunto, Blackie Lawless é a alma da banda. Tudo de bom (e ruim) que o grupo produziu tem o dedo e a criatividade de seu vocalista.

Lawless trabalhou muito e intensamente pelo sucesso de sua banda. Ao longo de sua carreira, todo seu talento acabou andando lado a lado com sua face controversa, o que ajudou a consagrar o W.A.S.P.

Falando-se mais especificamente do álbum de estreia do grupo, o que o ouvinte escuta é o embrião seminal de uma das marcas registradas da banda: sua sonoridade Hard Rock (ou Glam Metal), repleta de melodia, riffs precisos e contagiantes, mesclado com boas doses de peso do Heavy Metal.

Como foi dito, o W.A.S.P. é uma das melhores bandas em mesclar o Hard com o Metal de maneira precisa.

Há ótimas faixas em W.A.S.P.: “I Wanna Be Somebody” é a mais conhecida, mas mesmo assim é excelente. Outras ótimas canções são “L.O.V.E. Machine”, “Sleeping (In The Fire)” e “School Daze”. Todo o álbum é bem coeso e não há pontos muito baixos.

As letras são bem simples, por vezes mais banais, mas não comprometem o resultado final.


O W.A.S.P. é mais uma banda de Hard Rock/Glam Metal no Blog, estilo do qual o blogeiro tanto gosta. Um grupo muito interessante que merece a atenção do leitor que acompanha o Rock: Álbuns Clássicos. Muito recomendado.

8 de agosto de 2013

GILLAN - GLORY ROAD (1980)


Glory Road é o terceiro álbum de estúdio da banda britânica chamada Gillan. Seu lançamento oficial ocorreu em outubro de 1980, sob o selo Virgin. A produção ficou com o produtor Paul Watkins e John McCoy, baixista do grupo. As gravações ocorreram entre abril e junho daquele ano no estúdio Kingsway Recorders, em Londres, na Inglaterra, entre os meses de abri e maio daquele mesmo ano.



Gillan é o nome da banda de rock que o ex-vocalista do Deep Pruple (na época), Ian Gillan, formou em 1978. Primeiramente, vamos relatar um pouco da história da saída do vocalista do grupo até a formação do novo conjunto.

Estamos em dezembro de 1972, e Ian Gillan juntamente com o seu grupo até então, o Deep Purple, haviam gravado naquele ano os álbuns Machine Head, Made in Japan e o que ainda seria lançado Who Do We Think We Are. Gillan sentiu que a grande carga de trabalho o levara até a exaustão.

Somado ao cansaço, Ian Gillan, ao contrário de alguns membros da banda, ficou descontente com álbum ao vivo Made in Japan, já que não gostava de álbuns ao vivo em geral.

Ele tendia ir para o estúdio, somente depois que o resto da banda já houvesse gravado e terminado as partes instrumentais das músicas (o que aconteceu especialmente para Who Do We Think We Are) e então estabelecer e gravar seus vocais separadamente.

Além disto, Ian Gillan havia, continuamente, entrado em estado de confronto com o guitarrista do Purple, Ritchie Blackmore, discordando sobre os caminhos musicais regularmente, o que culminou com Gillan escrever "Smooth Dancer" sobre o guitarrista.

Enquanto estavam em turnê, na cidade de Dayton, Ohio, Estados Unidos, ele se sentou e escreveu uma carta de demissão para os gerentes da banda, afirmando que pretendia sair do grupo a partir de 30 de junho de 1973. Por fim, acabou sendo substituído por David Coverdale.

Imediatamente após sua saída do Deep Purple, Ian Gillan decidiu se aposentar da música e investiu em negócios que não deram muitos resultados. O primeiro, um hotel em Oxford. Depois, uma loja de motocicletas que quase o levou a ruína.

A oportunidade de mais sucesso, porém, veio com o investimento no Kingsway Studios em 1974, a qual acabou o levando a uma performance ao vivo no Butterfly Ball, em 16 de Outubro de 1974, substituindo Ronnie James Dio no último minuto. Incentivado por uma calorosa recepção, ele decidiu retomar sua carreira musical.

Em 1975, Gillan formou um grupo chamado Ian Gillan Band, com o guitarrista Ray Fenwick, o tecladista Mike Moran (rapidamente substituído por Mickey Lee Soule e depois por Colin Towns), Mark Nauseef na bateria e John Gustafson no baixo.

Seu primeiro álbum, Child in Time, foi lançado em janeiro de 1976, seguido por Clear Air Turbulence, em abril de 1977, e, por fim, Scarabus em outubro do mesmo ano. O som da banda tinha um aspecto distinto, em uma fusão jazz-rock, que, embora fosse do extremo agrado de Gillan, mostrou-se impopular particularmente desde que o punk rock começou a entrar na moda.

No meio de 1978, insatisfeito com o insucesso comercial da Ian Gillan Band, ele resolveu dissolver o conjunto, retendo apenas o tecladista Colin Towns. Desta vez, o vocalista formaria um novo grupo chamado simplesmente de Gillan.

Com Steve Byrd na guitarra, Liam Genockey na bateria e John McCoy no baixo, e, inicialmente, uma sonoridade mais voltada para o rock progressivo, o grupo gravou e lançou sua estreia em setembro de 1978, embora a banda tenha conseguido um contrato de gravação e lançamento apenas no Japão, Austrália e Nova Zelândia.

Esta estreia da banda Gillan ficou conhecida como “The Japanese Album”. Logo após, Genockey deixa o grupo, sendo substituído por Pete Barnacle.

O álbum foi suficientemente bem-sucedido para atrair mais atenção e, em 1979, a banda assinou um contrato europeu com a gravadora Acrobat Records. Antes de um novo disco ser gravado, o guitarrista Steve Byrd foi substituído por Bernie Torme e Barnacle pelo baterista Mick Underwood, ex-colega de Ian Gillan no Episode Six.

O som contundente da guitarra de Bernie Torme alterou fundamentalmente a dinâmica e a musicalidade da banda Gillan e Ian decidiu direcionar a sonoridade para um lado mais heavy metal e punk.

Ian Gillan:


O primeiro álbum com esta nova formação foi lançado sob o nome Mr. Universe (1979) e continha muitas músicas que foram trabalhadas novamente e já haviam sido lançadas no “The Japanese Album”.

O disco foi direto para as paradas de sucesso do Reino Unido (atingindo a 11ª posição), mas parou com a falência da Acrobat Records. Isso acabou levando a banda para um acordo de vários discos com a Virgin Records.

Além disto, a banda teve sorte – e competência – para chegar ao topo com a ascensão do movimento New Wave Of British Heavy Metal e se aproveitar disto, tornando sua sonoridade bem mais pesada, voltada para um som Metal.

Curioso relembrar que no Natal de 1978, Ian Gillan recusou uma oferta por parte do antigo companheiro Ritchie Blackmore, para que ele integrasse sua banda Rainbow.

Mas Blackmore não se sentiu ofendido e fez uma participação especial com a banda Gillan em seu show de Natal. Foi a primeira vez que Ian Gillan e Ritchie Blackmore tocaram juntos desde 1973.

Em 1980, Gillan atingiu o auge de seu sucesso, lançando o seu terceiro disco de estúdio.  E é disto que o Blog vai falar agora.

Com uma capa simples, Glory Road foi lançado pela Vrigin Records em outubro de 1980.

UNCHAIN YOUR BRAIN

Abre o álbum “Unchain Your Brain”.

A falada sonoridade mais Heavy Metal já pode ser sentida no início da faixa. Há um riff bem veloz e com o peso certo dado, especialmente, pelo conjunto de baixo com bateria. Os vocais de Ian Gillan são ótimos e bem agressivos. Com a herança do Deep Purple nas costas, os teclados de Colin Towns são marcantes.

A letra tem um aspecto de juventude e liberdade:

You won't get nothing if you got no wheels
If you got no wheels you'll never know how it feels
There's no reason for the things you said
If you don't get moving you'll pretty soon be dead
Dead and forgotten
Free living the life of a king
You can have everything



ARE YOU SURE?

A segunda canção do disco é “Are You Sure?”.

O baixo de John McCoy se destaca no início da faixa, mas logo é consumido por um riff bem cativante, veloz, mas ao mesmo tempo repleto de melodia e swing. A música tem um forte toque de Deep Purple setentista, revezando os vocais de Gillan com a cadência do ritmo da canção, formando uma construção bem interessante.

A letra é simples e contém muito toque de rebeldia:

I'll be your confidante
Tell me of all your desires
Let me be your confidante
I'll help to put coal on your fires



TIME AND AGAIN

A terceira faixa de Glory Road é “Time And Again”.

O ritmo do álbum cai com “Time And Again”. A música começa com uma velocidade bem cadenciada e lenta, além da notável ausência de peso. O instrumento que mais se destaca são os teclados de Colin Towns. Ian Gillan opta por vocais mais suaves, mesmo que continue com sua característica de esticar as palavras.

Mais uma vez a letra é bem simples, com clara conotação de rompimento amoroso:

I think we'd better stay together
It's the best thing for you and me
I'll be your slave and we'll love forever
You'll have my body, but my mind stays free
But I'm dreaming, dreaming
Baby I love you so
We do it time and again
You're always causing me pain
We do it time and again
You always damage my brain

Ps: não foi encontrado vídeo satisfatório com a música. Desculpas.

NO EASY WAY

A quarta música do trabalho é “No Easy Way”.

A guitarra marcante de Bernie Tormé começa a canção de maneira bem forte e presente, sendo os 2 primeiros minutos da mesma um solo do guitarrista. Após isto surge um riff pesado, que lembra bastante o Judas Priest setentista. Mais uma vez os teclados estão bem presentes, mas o maior destaque vai para a ótima atuação de Tormé em toda a duração da faixa.

A letra trata de um aviso para a juventude de que não há maneira fácil para se conquistar nada:

You are so lovely, you are so beautiful
Please don't cry, please don't be miserable
You may have problems and you may want to die
But please don't worry, let it all pass by
There's no easy way to shake off sorrow
But maybe the only way is to think about tom



“No Easy Way” foi lançada como single mesmo antes do lançamento oficial de Glory Road.



SLEEPING ON THE JOB

“Sleeping On The Job” é a quinta faixa do album.

A menor canção de Glory Road, “Sleeping On The Job” tem pouco mais de 3 minutos e é bem simples, direta e contundente. Ela contém um riff magistral, repleto de melodia e, mesmo assim, pesado e rápido – na medida certa. Os vocais estão presente ao melhor estilo Ian Gillan que canta de maneira brilhante. Com teclados bem presentes, a música é excelente.

A letra tem um tom bem descontraído:

She used to waken up the neighbours
As she distributed favours
And now she's anarchy and treason
But she doesn't give a reason
Annie my baby
Act like a lady
You're sleeping on the job

“Sleeping On The Job” foi o principal single lançado para promover Glory Road.



ON THE ROCKS

A sexta música do disco é “On The Rocks”.

A canção começa com algumas vinhetas e sons bem clássicos, presença de sonoridades psicodélicas dentro dos primeiros 2 minutos de duração, nos quais o teclado de Colin Towns brilha. O riff aparece bastante pesado, acompanhando brilhantemente o teclado, mas o maior destaque para esta faixa diferente vai mesmo para a atuação dos vocais de Ian Gillan. A música lembra bastante o estilo do Uriah Heep dos anos 1970.

Metaforicamente, pode-se inferir o sentimento e desejo de luta perante quaisquer dificuldades ou injustiças que se sofra:

Hold tight, hold tight, keep those hands on your given birthright
Alright, alright, keep your eyes on the demon in disguise
You must never close your eyes
Right, each night think on back to your given birthright
Hold tight, hold tight, just remember the feeling deep inside you



IF YOU BELIEVE ME

A sétima canção do disco é “If You Believe Me”.

Agora, na maior faixa do trabalho, Ian Gillan e seus companheiros cravam seus pés no melhor do Blues Rock, construindo uma poderosa balada totalmente bluesy. A música é simplesmente incrível, com a guitarra de Tormé muito bem colocada. Mas todos os méritos vão para o vocalista, que tem sua melhor atuação em todo álbum, cantando espetacularmente, como todos os seus fãs estão acostumados. Genial.

A letra oscila no sentimento de amor e desejo, mas sendo impiedoso e ciumento:

I could believe in you
The way you left me hot and helpless
I could believe in you
The way your kisses left me hot and helpless
I could believe in you
I want you
If you believe me
I'll stay with you
But if you deceive me
I'll kill you



RUNNING, WHITE FACE, CITY BOY

A oitava música do disco é “Running, White Face, City Boy”.

A faixa começa de maneira bem veloz, com os teclados sendo tocados de maneira acelarada, no que é acompanhado por guitarra, baixo e bateria. Gillan canta com agressividade, dando este aspecto rápido ao ouvinte de modo perfeito. Há um toque de NWOBHM na composição bastante palpável.

A letra é simples e mostra um jovem que procura problemas e se sente assustado. Uma metáfora para o sentimento de falta de lugar na sociedade:

I was running through an empty night
Just the sound of a lovers' fight
And the feeling of the wind upon my face
I was looking for a place to hide
Scared and my eyes were wide
No place for a white face city boy



NERVOUS

A nona – e última – faixa do álbum é “Nervous”.

O ótimo riff de “Nervous” conduz a canção de maneira brilhante, desta feita com o pé no freio, ou seja, a música é mais cadenciada e, ao mesmo tempo, bastante pesada. Ian Gillan abusa de seu poder vocal, o que torna a faixa ainda mais especial. A guitarra de Tormé está excelente, com bons solos e efeitos.

As letras mostram um tom de dominação dentro de uma relação:

You make me so nervous that you'd better move away
You make me so nervous, I'll hurt you so move away
You do what is right for me
Behave so considerately
You make me nervous

Ps: não foi encontrado vídeo satisfatório com a música. Desculpas.

Considerações Finais

Glory Road, como foi dito, levou a banda de Ian Gillan ao seu ápice de sucesso. Para se ter uma ideia, o álbum conseguiu a excepcional 3ª posição na parada de sucessos do Reino Unido, embora tenha sido completamente ignorado nos Estados Unidos.

Assim, mesmo excursionando exaustivamente, inclusive nos Estados Unidos, o grupo praticamente não conseguiu repercussão nas terras ianques.

Entretanto, o sucesso no Reino Unido – e conquentemente no restante de Europa – assim como no Japão, era enorme, o que levava a banda sempre a procurar estes pontos em suas turnês.

Na prensagem inicial de Glory Road, foi lançado em conjunto um LP extra, de nome "For Gillan Fans Only", com alguns covers e outras faixas autorais. Ele acabou sendo lançado novamente em relançamentos de Glory Road anos mais tarde, no formato CD.



Formação:
Ian Gillan - Vocal, Harmonica
Colin Towns - Teclado, Flauta
John McCoy - Baixo
Bernie Tormé - Guitarras
Mick Underwood – Bateria

Faixas:
01. Unchain Your Brain (Gillan/Tormé/McCoy) - 3:11
02. Are You Sure? (Gillan/Tormé/McCoy) - 4:05
03. Time And Again (Gillan/Tormé/McCoy) - 5:05
04. No Easy Way (Gillan/Tormé/McCoy) - 6:34
05. Sleeping On The Job (Gillan/Towns) - 3:11
06. On The Rocks (Gillan/Towns) - 6:39
07. If You Believe Me (Gillan/Tormé/McCoy/Underwood) - 7:33
08. Running, White Face, City Boy (Towns) - 3:11
09. Nervous (Gillan/Towns) - 3:44

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/gillan/

Opinião:
Ian Gillan não precisava provar mais nada a ninguém, pois naquela época o vocalista já havia cravado seu nome na história da música, sendo eternizado ao colocar sua voz nos álbuns In Rock e Machine Head do Deep Purple.

Seu estilo e alcance vocal o tornaram admirado e o transformaram em referência para um sem número de vocalistas que surgiram depois. Um fã declarado de Gillan é o vocalista do Iron Maiden, Bruce Dickinson.

Suas incursões em estilos diferentes do Rock em diversos momentos distintos da sua carreira são curiosas, mas é interessante notar que foi no Rock and Roll que ele se reencontrou, especialmente neste projeto abordado aqui, a banda Gillan. É importante ressaltar a inteligência de Ian em perceber o momento em que vivia (o surgimento da NWOBHM) e incorporar elementos daquela sonoridade em seu trabalho.

Mais especificamente sobre Glory Road, trata-se de um trabalho muito bom. Sua sonoridade, muitas vezes, lembra as de bandas dos anos 1970, como Judas Priest, em alguns momentos o Uriah Heep e, especialmente, o próprio Deep Purple. Sempre com toques muito bem colocados de Heavy Metal da NWOBHM.

As letras do disco são bem simples, mas nada que comprometa a qualidade do trabalho.

Na parte instrumental, o álbum é saboroso. A guitarra de Bernie Tormé está ótima, assim como o teclado de Colin Towns. Mas, obviamente, o show é dado por Ian Gillan e sua maravilhosa voz. “No Easy Way”, “On The Rocks” e “Sleeping On The Job” são excelentes. Assim como a maravilhosa “If You Believe Me”, que já vale o álbum.


Enfim, Ian Gillan dispensa qualquer apresentação. E este foi um trabalho muito interessante lançado pelo vocalista fora da lenda chamada Deep Purple. Recomendado.