7 de agosto de 2015

CACTUS - CACTUS (1970)


Cactus é o álbum de estreia da banda norte-americana de mesmo nome, ou seja, o Cactus. Seu lançamento oficial aconteceu no dia 1º de julho de 1970, através do selo Atco Records. As gravações ocorreram entre outubro e dezembro de 1969, no estúdio Ultra-Sonic Recording Studios, em Hempstead, nos Estados Unidos. A própria banda produziu o disco.

O Cactus foi uma banda de curtíssima duração, mas que acabou gravando álbuns que foram memoráveis para os fãs do Hard Rock setentista, especialmente a sua estreia. O Blog vai abordar as origens do grupo para depois se ater ao disco propriamente dito.

Tim Bogert
O baixista Tim Bogert e o baterista Carmine Appice eram membros de uma das mais prodigiosas e pioneiras bandas do Rock mais pesado do final da década de 60: o Vanilla Fudge.

O Vanilla Fudge havia sido formado no meio da década de 60 e acabou gravando cinco álbuns até 1969, entre eles petardos como o primeiro autointitulado disco, Vanilla Fudge (1967), e Renaissance (1968).

Em março de 1970, Bogert e Appice deixaram o Vanilla Fudge, na expectativa de formarem um grupo com o lendário guitarrista Jeff Beck.

Entretanto, a esperança de ambos foi frustrada (pelo menos temporariamente) após Beck sofrer um acidente automobilístico e ficar inativo por mais de um ano.

Não querendo permanecerem mais de 1 ano parados, Bogert e Appice decidiram formar uma nova banda e partiram para buscar novos membros.

Carmine Appice
Para a guitarra, eles foram buscar um guitarrista originário da cidade de Detroit, chamado Jim McCarty.

McCarty havia tocado na banda que apoiava Mitch Ryder, o The Detroit Wheels, participando de álbuns como Take A Ride (1966) e Breakout...!!! (1966).

Após deixar a banda de Mitch Ryder, McCarty se uniu ao genial Buddy Miles, formando o Buddy Miles Express. Nela, gravou álbuns como Expressway To Your Skull (1968) e Electric Church (1970).

McCarty aceita o convite de Tim Bogert e Carmine Appice e assim formam o embrião de um novo grupo de Rock.

Para os vocais o escolhido foi Russell Edward Davidson, mais conhecido como Rusty Day.

Day havia tocado com sua própria banda, o Rusty Day & The Midnighters, antes de entrar para a banda do guitarrista Ted Nugent, o The American Amboy Dukes.

Com o Amboy Dukes, Rusty Day substituiu o vocalista John Drake, e acabou gravando apenas um único álbum, Migrations, de 1969. Na verdade, Rusty e Nugent nunca se deram muito bem.

Portanto, com Tim Bogert no baixo, Carmine Appice na bateria, Jim McCarty na guitarra e Rusty Day nos vocais; estava formado o Cactus!

Jim McCarty
Este line-up se reuniu entre outubro e dezembro de 1969 para gravar o primeiro álbum de estúdio da banda, homônimo ao grupo, Cactus, o qual seria lançado em julho de 1970.

A capa do álbum trouxe certa polêmica, pois continha a imagem da planta que deu nome ao conjunto, mas em formato fálico.

Vamos às faixas:

PARCHMAN FARM

A guitarra de Jim McCarty e a bateria de Carmine Appice são os grandes destaques desta versão de "Parchman Farm". Os solos de McCarty são ótimos, deixando a música sempre em um ritmo frenético e pesado. A gaita tocada por Rusty Day também tem presença bastante acentuada. Bom início de álbum.

A letra é simples e em tom de lamentação:

I'm sitting over here on parchman farm
I'm sitting over here on parchman farm
I'm sitting over here on parchman farm
All i ever did was shoot my arm

Trata-se de uma versão para a canção presente no álbum Local Color (1957), do cantor e compositor Mose Alisson.



MY LADY FROM SOUTH OF DETROIT

Já em "My Lady From South Of Detroit", o ritmo frenético e alucinante da faixa inicial são reduzidos de maneira drástica. Aqui, a banda opta por uma pegada bastante lenta, arrastada mesmo, e a suavidade e leveza dão o toque. Rusty Day tem uma atuação mais contida, mas que combina perfeitamente com a parte instrumental. Boa canção.

A letra é uma homenagem a uma mulher:

My lady from south of Detroit
And even though sometimes she's bad
I'm so sorry she's gone
Cause my memory lives on
She's the best lover I've ever had



BRO. BILL

Em "Bro. Bill", a pegada Bluesy está fortemente acentuada, identificada por um ritmo mais lento e cadenciado, mas sem abrir mão de uma dose cirúrgica de peso. Em alguns momentos, a velocidade aumenta de maneira módica. A gaita de Day está especialmente saborosa e melhora ainda mais a canção. Merece especial atenção o solo de guitarra de McCarty. Excelente momento do disco.

A letra é em tom humorístico:

The preacher said, he's gone now
Gone to another place
They lowered him down into the ground
I felt a tear trickle down my face



YOU CAN'T JUDGE A BOOK BY THE COVER

Com o ótimo baixo de Tim Bogert bastante acentuado, a quarta faixa de Cactus é um clássico do Blues, mas desta feita transfigurado em uma versão com proeminente pegada Hard Rock. A gaita de Rusty Day novamente toma protagonismo, bem como a guitarra de Jim McCarty, formando uma parceria que deixa a música em um patamar superior.

A letra é bem-humorada e faz uma crítica à superficialidade:

Cant judge a honey bee...
Cant judge an apple tree...
Cant judge a woman till you...
Cant judge the bible till you...

Trata-se de um cover para o clássico Blues composto por Willie Dixon.



LET ME SWIN

"Let Me Swin" possui um riff maravilhoso, com o mais puro espírito do nascente Hard Rock do início da década de 70. Por essa mesma razão, o destaque maior vai para a guitarra de Jim McCarty, que emprega distorção e peso impressionantes para a música. Momento maravilhoso do álbum!

A letra possui significado de atração:

Let me swim in your ocean honey
See how good it can feel
Let me swim in your ocean honey
Wanna soak in your sea
Let me swim in your ocean honey
See how good it can feel



NO NEED TO WORRY

Jim McCarty arranca notas realmente comoventes de sua guitarra no início da sexta faixa do álbum, "No Need To Worry". Trata-se de um Blues Rock, com alta carga de melancolia e que conta com um ritmo muito lento e arrastado, mas, simultaneamente, de grande intensidade dramática. Destaque, também, para a bela atuação de Rusty Day. Música incrível!

A letra fala sobre solidão:

Well it's hard to be lonely
Feeling everyone is down on you
It's hard to be lonely
Feeling everyone is down on you
And you find out later on
That they care so much for you



OLEO

"Oleo" possui uma pegada completamente alternativa em relação a sua antecessora: aqui o ritmo é acelerado e veloz, com a guitarra de McCarty e a gaita de Day dando as cartas. É um Hard Rock vigoroso, com intensa influência Blues, mas repleto de personalidade. Conta com um interessante solo de Tom Bogert. Outro momento de destaque do disco.

A letra é em tom de decepção amorosa:

Well I should've known she'd leave me
I should've known she'd slip away
Well I should've known she'd leave me
I should've known she'd slip away
Too bad woman's like that
Be greasy both night and day
I handle it night and day baby



FEEL SO GOOD

A oitava - e última - faixa do álbum de estreia do Cactus é "Feel So Good". Mais uma vez, a guitarra de Jim McCarty apresenta um riff malicioso, mas com a dose certa de peso. Embora não tão rápida, a faixa traz a intensidade comum ao Hard Rock, alternando passagens mais ou menos velozes. Há espaço para um longo solo de Carmine Appice que domina grande parte da extensão da música.

A letra é simples e usa ilustrações futurísticas:

Feels good
I'm stranded on a spaceship hideaway
And something makes me think I'm here to stay
I'm so happy where I am



Considerações Finais

A versão original do Cactus entregou ao mundo apenas três álbuns de estúdio e o grupo teve uma duração bastante efêmera.

Entretanto, a banda deixou, ao menos, seu álbum de estreia, um monólito poderoso dos movimentos iniciais da nascente sonoridade Hard Rock.

Cactus, o disco, mesmo não sendo um grande sucesso comercial, atingiu a boa 54ª colocação na principal parada norte-americana de álbuns, a Billboard. Um feito para um grupo novo e sem grande divulgação.

Mais que isto, com o passar do tempo, o álbum acabou se tornando um item clássico, especialmente entre os admiradores mais fiéis e sedentos pela sonoridade do Hard Rock setentista.

Eduardo Rivadavia, do Allmusic, dá ao álbum o status de 4,5 estrelas em 5 possíveis, e enfatiza o disco como “um dos melhores álbuns de hard rock da então novíssima década”.

Em 1971, o Cactus lançaria 2 álbuns: One Way... or Another e Restrictions. Logo após, o guitarrista Jim McCarty deixaria a banda, sendo rapidamente seguido pelo vocalista Rusty Day.

Já em 1972 a banda lançaria 'Ot 'N' Sweaty, seu quarto álbum, contando com Werner Fritzschings, na guitarra, Peter French nos vocais e Duane Hitchings nos teclados. Mas logo depois o grupo iria acabar, reunindo-se novamente apenas 3 décadas depois.



Formação:
Tim Bogert - Baixo, Backing Vocals
Carmine Appice – Bateria, Backing Vocals
Jim McCarty - Guitarra
Rusty Day – Vocal, Backing Vocals e Gaita

Faixas:
01. Parchman Farm (Allison) - 3:06
02. My Lady from South of Detroit (Appice/Bogert/Day/McCarty) - 4:26
03. Bro. Bill (Appice/Bogert/Day/McCarty) - 5:10
04. You Can't Judge a Book by the Cover (Dixon) - 6:30
05. Let Me Swim (Appice/Bogert/Day/McCarty) - 3:50
06. No Need to Worry (Appice/Bogert/Day/McCarty) - 6:14
07. Oleo (Appice/Bogert/Day/McCarty) - 4:51
08. Feel So Good (Appice/Bogert/Day/McCarty) - 6:03

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://lyrics.wikia.com/Cactus

Opinião do Blog:
O surgimento da sonoridade Hard Rock, especialmente no início dos anos 70, propiciou o aparecimento de um incontável número de bandas as quais deixaram seus registros, mas que não alcançaram grande sucesso comercial e de público e, ao mesmo tempo, foram sendo resgatadas ao longo das décadas seguintes por aqueles apaixonados pela sua sonoridade. O Cactus é mais um exemplo disto.

Claro que um grupo que surgiu baseado na seção rítmica do grande Vanilla Fudge, contando com nomes do gabarito de Tim Bogert e Carmine Appice, passa muito longe de ser apenas mais um. Mas, talvez devido a sua duração efêmera, o Cactus não é dos nomes mais conhecidos dentre a grande população em geral.

Claro que o Vanilla Fudge já pincelava novas sonoridades que surgiriam na década seguinte, mas o Cactus apresenta um conjunto de músicos que estavam antenados com uma das novas vertentes do Rock que seria dominante na década que se iniciava: o Hard Rock. Uma prova disto é a versão de "Parchman Farm", claramente espelhada em "Parchment Farm", do Blue Cherr, lançada 2 anos antes em seu clássico álbum Vincebus Eruptum, de 1968.

Dispensável reafirmar toda a qualidade técnica de músicos como Tim Bogert e Carmine Appice, pois suas carreiras falam por si. Mas dois grandes destaques do álbum estão na fabulosa guitarra de Jim McCarty, com riffs e solos deliciosos; e, também, na gaita maliciosa e envolvente de Rusty Day. Este, além disso, faz um bom papel nos vocais.

As letras estão na média geral.

Sobram destaques entre as oito faixas do álbum autointitulado do Cactus. Mas é tradição do Blog apontar suas favoritas, embora todas sejam no mínimo boas canções.

Há que se destacar o saboroso Rock, com pegada Bluesy, presente na ótima "Bro. Bill". Também um Blues mais escancarado, mas ao mesmo tempo, de altíssima categoria, presente na estonteante "No Need To Worry". "Oleo" já é mais Rock e simultaneamente uma grande canção.

Mas o Blog escolhe a incrível "Let Me Swin" como a melhor do álbum, sendo uma música que aponta para o futuro, simbólica da sonoridade Hard Rock setentista.

Enfim, o álbum de estreia do Cactus é um trabalho de muita qualidade e com uma inconteste influência Bluesy. Marca uma banda influenciada pelo nascente Hard Rock setentista e que fez um disco de grandes qualidades, contribuindo para o fortalecimento da jovem vertente. Álbum muito bem recomendado pelo Blog!

3 de agosto de 2015

STYX - CRYSTAL BALL (1976)


Crystal Ball é o sexto álbum da banda norte-americana chamada Styx. Seu lançamento oficial aconteceu em 1º de outubro de 1976, através do selo A&M Records. As gravações ocorreram no Paragon Recording Studios, em Chicago, nos Estados Unidos. A produção ficou por conta do próprio grupo.

O Styx se tornou uma banda de bastante sucesso comercial nos Estados Unidos, especialmente na segunda metade dos anos 70 e início dos anos 80. O Blog vai fazer um resumo do histórico do grupo antes de abordar o álbum em questão.

Os irmãos gêmeos Chuck (guitarra) e John Panozzo (bateria), primeiro se reuniram com seu vizinho, Dennis DeYoung (vocais e teclados), em 1961, no lado sul de Chicago, constituindo um conjunto que se chamaria "The Tradewinds".

Chuck Panozzo acabou saindo da banda para frequentar uma escola seminário por um ano, mas retornou para o grupo em 1964. Tom Nardini havia sido trazido para substituir Chuck na guitarra e, assim, este último decidiu mudar para o baixo quando voltou para o conjunto.

John Panozzo continuava como baterista, enquanto Dennis DeYoung tinha mudado do acordeão para o órgão e o piano.

Em 1965, o nome "Tradewinds" teve que ser alterado para TW4, após outra banda chamada The Trade Winds estourar nacionalmente nos Estados Unidos.

Em 1966, os irmãos Panozzo se juntaram a DeYoung na Chicago State College, mantendo o grupo reunido e fazendo shows em escolas e festas de fraternidade, enquanto estudavam para serem professores.

John Panozzo
Em 1969, eles adicionaram um amigo de faculdade, John Curulewski, na guitarra depois de Tom Nardini abandonar o grupo. O guitarrista James "J.Y." Young se juntou ao conjunto em 1970, tornando, portanto, o TW4 em um quinteto.

Em 1972, os membros da banda decidiram escolher um novo nome para a mesma quando eles, simultaneamente, assinaram contrato com a gravadora Wooden Nickel Records, após serem descobertos por um caçador de talentos em um show em St. John of the Cross Parish, em Western Springs, Illinois, a cidade natal de James Young.

Várias sugestões foram feitas, e de acordo com DeYoung, o nome Styx (o rio da mitologia grega entre a Terra e o submundo, também conhecido como Hades) foi escolhido porque era "o único que nenhum de nós odiou".

Sob contrato com a Wooden Nickel Records, o Styx gravaria seus primeiros álbuns. Styx (1972), Styx II (1973), The Serpent Rising (1973) e Man of Miracles (1974) apresentavam uma sonoridade mais complexa, fundindo elementos do chamado “Art Rock” com bases do Rock Progressivo.

Estes discos mostravam teclados, guitarra, vocal e solos de percussão mais poderosos e complexos. Inclusive, The Serpent Is Rising se tornaria um prenúncio de esforços posteriores do grupo, com um conceito que a banda defenderia fortemente na década de 1980.

Por força desses lançamentos e a constante turnê em clubes e escolas locais, a banda estabeleceu uma base de fãs na área de Chicago, mas foi incapaz de invadir o mainstream, embora a música "Best Thing" do primeiro álbum (Styx) permaneceu no "Hot 100" da Billboard durante 6 semanas, chegando a 82ª posição.

Em seguida, a balada "Lady" (de Styx II), começou a ganhar algum tempo de rádio, primeiro na WLS de Chicago, em 1974, e, em seguida, em todo o país. Na primavera de 1975, quase dois anos depois do álbum ter sido lançado, "Lady" alcançou a 6ª colocação nos EUA e aumentou consideravelmente a vendagem de Styx II, consequentemente.

Na esteira de seu single de sucesso tardio, o Styx assinou com a A&M Records, lançando Equinox (1975), o qual vendeu bem e rendeu um sucesso menor na figura de "Lorelei", que atingiu a 27ª posição na pricipal parada dos EUA.

Ainda mais importante, Equinox continha o hino do rock "Suite Madame Blue", que deu ao grupo reconhecimento considerável e maior divulgação nas rádios FM, especialmente naquelas que apostavam no então novo estilo Album Oriented Rock (AOR).

Tommy Shaw
Após a mudança para a A&M, o guitarrista John Curulewski repentinamente deixou a banda, quando ela estava prestes a embarcar em uma turnê por todos os Estados Unidos, em Dezembro de 1975, devido ao seu desejo de passar mais tempo com sua família.

Depois de uma busca frenética de última hora, a banda trouxe o guitarrista Tommy Shaw como substituto de Curulewski, em 1976.

Também em 1976, o Styx gravaria o seu sexto álbum de estúdio, Crystal Ball, com a produção da própria banda. Vamos às faixas:

PUT ME ON

Teclados bastante proeminentes são os destaques iniciais da abertura do álbum. Após a introdução, as guitarras aparecem com algum peso e o ritmo é intenso e acelerado, mas com bastantes melodias. Os vocais são mais agressivos, cortesia de James Young. Merece também ressaltar o solo aos 2 minutos e meio. Mais para o final a canção veste-se de uma natureza mais pop.

A letra fala do próprio ritual de gravar um disco e fazer sucesso:

Put me on and play me loud
I'm the madman screaming in your living room
I'll soon be coming to your town
To sing and play a little tune



MADEMOISELLE

Uma melodia suave e contagiante inaugura a segunda música de Crystal Ball. As guitarras aparecem com a distorção e peso característicos, mas o andamento desta faixa é consideravelmente mais lento que aquele de sua antecedente. Os vocais de Tommy Shaw são bem legais. É uma faixa com uma pegada do nascente AOR.

A letra fala de um grande amor:

Even though you're far away
I think about you every day
And wonder if you're thinking of me
In a fond memory
Sweet mademoiselle

A canção marca a estreia de Tommy Shaw como vocalista na banda.


Lançada como single, alcançou a boa 36ª posição na principal parada de singles norte-americana. Também ficou com a 25ª colocação na correspondente canadense.



JENNIFER

Uma melodia malevolente e contagiante dá a marca do início de "Jennifer". Os vocais, desta vez por conta de Dennis DeYoung, são mais amenos e se casam de maneira receptiva ao instrumental. A pegada é Hard Rock setentista, mas a construção é um pouco mais complexa.

A letra fala de um amor por uma jovem adolescente:

Jennifer
She took me by surprise
She told me that she's much too young to keep me satisfied
Jennifer, ah so delicate and shy
A child in her mother's eyes but
A woman every night

Lançada como single, não obteve maior repercussão nas principais paradas de sucesso.



CRYSTAL BALL

Uma suave e leve melodia envolve o ambiente no início da quarta faixa, "Crystal Ball". Há um certo ar melancólico, muito em conta pelo empostamento vocal por parte de Tommy Shaw. Após o final desta introdução, o ritmo se intensifica, com as guitarras aparecendo, mas o sintetizador dita o ritmo com um solo muito legal. O peso do Hard Rock, com passagens mais intrincadas. Grande canção!

A letra fala sobre o poder de prever o futuro:

Crystal ball
There's so many things I need to know
Crystal ball
There's so many things I've got to know
Crystal ball

Indiscutivelmente, “Crystal Ball” é um dos grandes clássicos da carreira do Styx.

Lançada como single, teve repercussão discretíssima em termos das principais paradas de sucesso desta natureza. Ficou com a modesta 109ª posição na parada norte-americana.

Entretanto, ganhou status de clássico entre os fãs do grupo, sendo presença constante nos shows da banda, quando, muitas vezes, ganha estrofes extras.



SHOOZ

"Shooz" possui um início que chega a enganar, mas logo é tomada de assalto pelas guitarras, as quais surgem pesadas e muito marcantes, com ambas cortando o ambiente. Os vocais de Shaw são ótimos e se casam perfeitamente com o instrumental. Trata-se de um Hard Rock vigoroso, de alto padrão. Excelente momento do álbum!

A letra fala de jovens procurando diversão:

Well it's Friday nite and the streets
Are full of the weekenders with their green
Soldier boys looking left and right
At all the sights there to be seen



THIS OLD MAN

Um riff com guitarras pesadas, mas desta feita mais arrastado, marca o início de "This Old Man". Em um segundo momento a pegada é quase acústica, contando com uma interpretação tocante de Dennis DeYoung nos vocais. Outra ótima faixa do álbum.

Escrita por Dennis DeYoung, a letra mostra o impacto profundo que a morte de seu pai teve sobre sua vida:

When I was young
I dreamed a young man's dreams
I saw in your eyes
The things I'd never seen
But now I grow old
But I don't really mind
Cause can't you see with my family
We'll share these timeless memories



CLAIR DE LUNE/BALLERINA

A sétima - e última - faixa de Crystal Ball é "Ballerina". Após a mundialmente conhecida introdução com parte da peça "Clair De Lune", os teclados voltam a ser presença fundamental, sendo acompanhados pela voz de Dennis DeYoung. É a maior canção do trabalho e apresenta um rock vigoroso, por vezes com acentuado punch Hard, mas oscilando com algumas passagens mais suaves. Vibrante!

A letra possui temática romântica:

Ballerina from the first I knew that
You would always have to dance I knew that
There would surely come a day when you would go
Baby I know...

A introdução de “Ballerina” conta com Dennis DeYoung, ao piano, tocando a peça “Clair De Lune”, composta pelo francês Claude Debussy.



Considerações Finais

Crystal Ball teve uma expressiva repercussão comercial apenas depois do lançamento de seu sucessor, o grande sucesso The Grand Illusion, de 1977.

Em termos de paradas de sucesso, atingiu a humilde 66ª colocação na Billboard, a principal parada norte-americana.

Em geral, as revisões sobre Crystal Ball na mídia especializada são positivas. Daevid Jehnzen, do Allmusic, elogia Crystal Ball, classificando este como melhor que o álbum anterior do Styx, Equinox, embora não tendo sido tão bem sucedido.

Também afirma que o álbum demonstra um aumento na habilidade do Styx para a elaboração de ganchos pop dentro do seu som “bombástico”.

Já Alan Niester, da Rolling Stone, também revisa o álbum favoravelmente, afirmando que a instrumentação está "sempre parece à beira de sair do controle, dando a todo o álbum um impulso extra de emoção".

Crystal Ball supera a casa de 500 mil cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.


Formação:
Dennis DeYoung - Teclados, Sintetizadores, Vocal principal em 3, 6 e 7
Chuck Panozzo - Baixo, Backing Vocal
John Panozzo - Bateria, Percussão, Backing Vocal
Tommy Shaw - Guitarra, Violão, Vocal principal em 2, 4 e 5
James Young - Guitarra, Vocal principal em 1

Faixas:
01. Put Me On (DeYoung/Shaw/Young) – 4:56
02. Mademoiselle (DeYoung/Shaw) – 3:57
03. Jennifer (DeYoung) – 4:16
04. Crystal Ball (Shaw) – 4:32
05. Shooz (Shaw/Young) – 4:44
06. This Old Man (DeYoung) – 5:11
07. Clair de Lune/Ballerina (Claude Debussy/DeYoung/Shaw) – 7:09

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/styx/

Opinião do Blog:
O Styx inegavelmente conquistou seu ápice de sucesso comercial com álbuns posteriores a Crystal Ball e que venderam milhões de cópias como Pieces Of Eight (1978) e Paradise Theatre (1981), por exemplo, nos quais a banda ainda apresentava alguma pegada Hard Rock, embora abraçasse o Pop de maneira mais escancarada.

Crystal Ball está localizado, dentro da discografia do grupo, em um momento de transição. O Styx ainda não havia abandonado (pelo menos não totalmente) a sonoridade progressiva, mas, ao mesmo tempo, não fazia do Pop Rock sua predominância sonora. O álbum é, quase predominantemente, voltado ao Rock/Hard Rock de maneira efusiva. E isto faz do disco muito especial.

Justamente por conta de seu passado mais entranhado no Rock Progressivo, conceitualmente mais intrincado e trabalhoso, o Styx apresenta uma formação bastante eficiente do ponto de vista técnico. Não há que se discutir este aspecto no trabalho.

As letras são mais simples, mas bem construídas e dotadas de bom gosto.

A diferença de qualidade entre as canções que compõem o álbum é mínima. Não há músicas de preenchimento e a coesão é uma marca forte dentro de Crystal Ball.

"Shooz" é uma excelente canção, com forte pegada Bluesy, sendo uma das melhores de todo o trabalho. Outra faixa incrível é "This Old Man", com uma sonoridade arrastada e envolvente. Também "Ballerina" é muito acima da média.

Mas a melhor, para o Blog, é mesmo a incrível faixa-título. "Crystal Ball" intercala melodias envolventes em contraponto a uma pegada Hard Rock bastante distinta.

Enfim, o Styx é uma banda com diversos momentos muito bons, seja em qualquer fase que o ouvinte procure conhecer, cada qual com seus predicados. O Blog possui certa predileção por aquilo que o grupo fez nos anos setenta e Crystal Ball é certamente um de seus expoentes. Grande álbum de uma ótima banda. Recomendado!