24 de outubro de 2023

THE CULT - LOVE (1985)

 


Love é o segundo álbum de estúdios da banda britânica chamada The Cult. Seu lançamento oficial aconteceu em 18 de outubro de 1985 através dos selos Beggars Banquet e Sire. As gravações ocorreram julho e agosto daquele mesmo ano, nos estúdios Jacobs e Olympic, ambos em Londres, na Inglaterra. A produção ficou a cargo de Steve Brown.


Finalmente o site vai abordar uma das melhores bandas de todos os tempos: The Cult.





Antecedentes


As origens da banda The Cult remontam a 1981, em Bradford, Yorkshire, onde o vocalista e compositor Ian Astbury formou um grupo chamado Southern Death Cult. O nome foi escolhido com um duplo significado e foi derivado de uma religião nativa americana do século 14, o Complexo Cerimonial do Sudeste ou Culto da Morte do Sul, como às vezes era conhecida, cuja área do delta do Mississippi era sua origem, mas também foi uma punhalada no que a banda via como uma centralização do poder no sul da Inglaterra (incluindo o da indústria musical); pois há muito tempo existe uma noção percebida de uma divisão Norte-Sul com base em razões sociais, históricas e econômicas na Inglaterra.


Astbury era acompanhado por Buzz Burrows (guitarra), Barry Jepson (baixo) e Aki Nawaz Qureshi (bateria); com seu primeiro show no Queen's Hall em sua cidade natal, Bradford, em 29 de outubro de 1981. A banda estava na vanguarda de um estilo emergente de música, na forma de pós-punk e gothic rock. O grupo conquistou certa aclamação da crítica e dos fãs de música.


A banda assinou contrato com a gravadora independente Situation Two, uma ramificação da Beggars Banquet Records, e lançou um single de três faixas, Moya, durante este período. O grupo excursionou pela Inglaterra encabeçando alguns shows e fazendo turnês com Bauhaus e Theatre of Hate.


A banda fez sua última apresentação em Manchester em fevereiro de 1983, o que significa que depois de apenas dezesseis meses o conjunto acabou. Uma compilação chamada The Southern Death Cult foi lançada, sendo esta uma coleção do single, sessões de rádio com John Peel para a Radio One e apresentações ao vivo - uma das quais um membro da platéia gravou com um gravador comum.


Billy Duffy



Em abril de 1983, Astbury se juntou ao guitarrista Billy Duffy e formou a banda "Death Cult". Duffy esteve no Nosebleeds (junto com Morrissey), Lonesome No More e depois no Theatre of Hate.


Além de Astbury e Duffy, a banda também incluía Jamie Stewart (baixo) e Raymond Taylor Smith (mais tarde conhecido como Ray Mondo) (bateria), ambos da banda pós-punk Ritual de Londres. Death Cult fez sua estreia ao vivo em Oslo, Noruega, em 25 de julho de 1983 e também lançou o EP Death Cult no mesmo mês, logo depois fazendo uma turnê pela Europa continental e Escócia.


Em setembro de 1983, Mondo foi deportado para seu país natal, Serra Leoa, sendo substituído por Nigel Preston, ex Theatre of Hate.


O single "Gods Zoo" foi lançado em outubro de 1983. Outra turnê européia, com datas no Reino Unido, ocorreu naquele outono europeu. Para atenuar as conotações góticas de seu nome e ganhar um apelo mais amplo, a banda mudou seu nome para "the Cult" em janeiro de 1984, antes de aparecer no programa de televisão do Canal 4 do Reino Unido, The Tube.


O primeiro disco de estúdio do The Cult, Dreamtime, foi gravado no Rockfield Studios, em Monmouth, País de Gales, em 1984. O disco seria produzido por Joe Julian, mas depois de gravar as faixas de bateria, a banda decidiu substituí-lo por John Brand. Brand produziu o disco, mas o guitarrista Duffy disse que as faixas de bateria foram produzidas por Julian, já que Preston não era “confiável”.


Ian Astbury



Canções como "Horse Nation" mostraram o intenso interesse de Astbury pelas questões dos nativos americanos, com versos de "Horse Nation” retirados quase literalmente do livro Bury My Heart at Wounded Knee, enquanto "Spiritwalker" lidava com o xamanismo, e o título e a faixa-título do álbum são abertamente influenciados pelas crenças aborígines australianas.


Em 4 de abril de 1984, o The Cult lançou o single "Spiritwalker", que alcançou o primeiro lugar nas paradas independentes do Reino Unido e atuou como um teaser de seu álbum Dreamtime. Ele foi seguido, naquele verão europeu, por um segundo single, "Go West (Crazy Spinning Circles)", antes do lançamento do próprio Dreamtime em setembro.


O álbum alcançou a 21ª posição no Reino Unido e vendeu mais de 100 mil cópias somente no Reino Unido. Antes e depois do lançamento do disco, o The Cult fez uma turnê pela Europa e Inglaterra antes de gravar outro single, "Ressurection Joe", lançado em dezembro.


Dreamtime foi lançado inicialmente apenas no Reino Unido, mas após seu sucesso, e conforme a popularidade do Cult crescia em todo o mundo, foi lançado em aproximadamente 30 países.


Em maio de 1985, o The Cult lançou seu quarto single, "She Sells Sanctuary", que alcançou a 15ª posição no Reino Unido e passou 23 semanas no Top 100.


Em junho de 1985, seguindo seu comportamento cada vez mais errático, Preston foi demitido da banda. O baterista do Big Country, Mark Brzezicki, foi escolhido para substituir Preston e também foi incluído no vídeo de "She Sells Sanctuary".


Entre julho e agosto de 1985, a banda se reuniu no Jacobs Studios e no Olympic Studios, ambos na Inglaterra, para gravarem seu segundo disco de estúdios, Love, lançado em 18 de outubro daquele ano. O selo responsável foi o Beggars Banquet e a produção ficou a cargo de Steve Brown.


Jamie Stewart



O grupo era formado por Ian Astbury (Vocal), Billy Duffy (Guitarras) e Jamie Stewart (Baixo) e o baterista Mark Brzezicki como músico adicional (e não esteve presente em "She Sells Sanctuary").


NIRVANA


Nirvana” possui um bom riff base e ótimos vocais de Astbury.


A letra fala sobre busca por felicidade:


Every day, nirvana

Always this way, always this way, yeah

I wish that every day was like nirvana

Always this way


BIG NEON GLITTER


Big Neon Glitter” é mais sorumbática e instigante, mas conta com ótimos vocais.


A letra tem um teor sexual:


A big neon glitter pushes onto you, oh, baby

Sex from the hip at the crack of a whip, oh, yeah

The wall gets taller while ye get smaller, yeah

Push against the big neon glitter, pushes onto you

None may indeed go out


LOVE


Love” se destaca por um trabalho impressionante das guitarras de Billy Duffy.


A letra fala sobre a fugacidade temporal:


Gonna drive away in a big fast car

Gonna drive away, won't get too far

Gonna drive away, won't get too far

Gonna drive away, don't know how far


BROTHER WOLF, SISTER MOON


Brother Wolf, Sister Moon” possui uma interessante pegada de balada bluesy.


A letra tem uma mensagem de “seguir em frente”:


And the wind will blow my fears away

Will dry my tears away

And blow my fears away

And dry my tears away


RAIN


Rain” é suave, mas sem preder sua brilhante intensidade.


As letras são inspiradas nos povos indígenas originários da América do Norte:


Hot sticky scenes, you know what I mean

Like a desert Sun that burns my skin

I've been waiting for her for so long

Open the sky and let her come down




Rain” é um clássico do The Cult. A faixa foi lançada como single, atingindo a 17a posição da principal parada britânica desta natureza.


THE PHOENIX


The Phoenix” flerta mais fortemente com o Hard Rock, sendo uma das melhores canções do trabalho.


A letra fala sobre desejo:


Like a kiss from the lips of Ra that burns on

The pleasures getting wilder

Circling ever higher

A servant of desire


HOLLOW MAN


Hollow Man” é intensa, com bom trabalho das guitarras.


A letra é sobre um vazio existencial:


You see, it's so nice to get away, get away for a day

I see a hollow man, gun in hand, gun in hand, it points my way, oh

You know, he follows me everywhere and everyday, I gotta get away

I won't miss him if he goes away and stays away, oh yeah, yeah, yeah, yeah


REVOLUTION


Revolution” é mais suave e cadenciada, com uma bela melodia.


A tônica da letra é o pessimismo:


Sorrow

What does revolution mean to you?

To say today's like wishing in the wind

All my beautiful friends have all gone away

Like the waves

They flow and ebb and die




A faixa foi lançada como single, mas não repercutiu nas principais paradas de sucesso.


SHE SELLS SANCTUARY


She Sells Sanctuary” é mais direta, com vocais bem intensos de Astbury.


A letra é determinista:


And the world

The world turns around

And the world and the world

The world drags me down

And the world and the world and the world

The world turns around

And the world and the world and the world and the world

The world drags me down





A faixa foi lançada como single, atingindo a 15a posição da principal parada britânica desta natureza.


BLACK ANGEL


Black Angel” encerra o álbum com um caráter mais sóbrio.


A letra fala sobre destino:


It's a long way to go

A black angel at your side

It's a long way to go

With that angel at your side


Considerações Finais


Love atingiu a 4ª colocação na principal parada britânica, conquistando a 87ª posição em sua correspondente norte-americana. Os três singles retirados do disco, "She Sells Sanctuary", "Rain" e "Revolution"; foram bem na parada britânica desta natureza alcançando os 15º, 17º e 30º lugares, respectivamente.


Muitos CDs europeus, bem como canadenses e australianos, incluem duas faixas bônus: "Little Face" como quarta faixa e "Judith" como a décima-primeira. Várias outras edições estrangeiras têm várias outras faixas bônus.


Em 2000, o álbum foi remasterizado e relançado em CD, apenas com as dez canções originais e artes diferentes. "Big Neon Glitter" e "Hollow Man" são listados alternadamente com e sem o artigo "The" em seus títulos, respectivamente. Do final de setembro de 1985 a junho de 1986, a banda fez uma turnê mundial com o novo baterista Les Warner.


Um novo álbum sairia apenas em 1987, com o incrível Electric. Love ultrapassa a casa de 500 mil cópias apenas nos Estados Unidos.


Formação:

Ian Astbury – Vocal, Backing Vocals

Billy Duffy – Guitarras, Backing Vocals

Jamie Stewart – Baixo, Backing Vocals

Músicos Adicionais:

Mark Brzezicki – Bateria, exceto em "She Sells Sanctuary"

Simon Kliney – Sintetizador Fairlight

Nigel Preston – Bateria em "She Sells Sanctuary"


Faixas:

Todas as canções creditadas a Ian Astbury e Billy Duffy.

01. Nirvana - 5:24

02. Big Neon Glitter - 4:45

03. Love - 5:35

04. Brother Wolf, Sister Moon - 6:49

05. Rain - 3:57

06. The Phoenix - 5:06

07. Hollow Man - 4:45

08. Revolution - 5:20

09. She Sells Sanctuary - 4:23

10. Black Angel - 5:22


Letras:

Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:

https://www.letras.mus.br/the-cult/


Opinião do Blog:

Electric e Sonic Temple são álbuns incríveis e que traduzem o que de melhor a sensacional banda Cult produziu. Entretanto, ignorar Love seria um tremendo desperdício.


O trio formado por Astbury, Duffy e Stewart constrói uma musicalidade bastante intensa, com foco nas guitarras e nos vocais, ainda não abraçando o Hard Rock como em trabalhos posteriores, mas já dando amostras bem intensas de como a banda passaria a trabalhar posteriormente. Exemplos disso são as ótimas “Nirvana” e “The Phoenix”.


Love traz uma sonoridade que, para mim, diversas vezes se traduz como semelhante ao que o U2 fazia na mesma época (e isto é um elogio), mas com uma pegada mais intensa. Há clássicos aqui como “Rain”, “Revolution” e “She Sells Sanctuary”.


Enfim, para ouvidos brutalizados como os meus, Electric e Sonic Temple são álbuns essenciais do The Cult, mas, o ouvinte mais eclético não deve deixar que Love passe impunemente em suas audições.

4 comentários:

  1. Legal recuperar The Cult. Deste álbum até o homônimo do começo dos anos 90 a banda engatou uma sequência de quatro bons discos, sendo que este é uma transição entre a neopsicodelia de "Dreamtime" e o hard rock de "Electric" em diante. Neste disco, gosto muito de "Love", "Revolution", "She Sells Sanctuary", "Brother Wolf, Sister Moon" e "Rain". Como não sou fã do rock dos anos 80 (à exceção das bandas de heavy metal, do U2, Marillion, e de uns poucos outros), The Cult sempre teve destaque para mim, em especial pelo bom trabalho de guitarras de Billy Duffy.

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    1. Pode ser uma percepção particular, mas acho que a banda tem até menos repercussão que merecia. Electric e Sonic Temple são verdadeiros clássicos (ao menos para mim) e o Love, apesar de ter outra pegada, também não fica muito atrás não.

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