17 de outubro de 2023

ALICE COOPER - LOVE IT TO DEATH (1971)

 


Love It to Death é o terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana Alice Cooper. O seu lançamento oficial aconteceu em 9 março de 1971, através do selo Straight e Warner Bros. As gravações ocorreram entre novembro e dezembro do ano anterior no RCA Mid-American Recording Center, em Chicago, nos Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Jack Richardson e de Bob Ezrin.


Hora do site finalmente falar sobre um artista muito pedido por aqui, o Alice Cooper.





Antecedentes


O vocalista nascido em Detroit, de nome Vincent Furnier, co-formou o grupo Earwigs em meados da década de 1960 em Phoenix, Arizona. A banda lançou alguns singles e passou por algumas mudanças de nome antes de se estabelecer com uma formação a qual contava com o guitarrista Glen Buxton, o guitarrista e tecladista Michael Bruce, o baixista Dennis Dunaway e o baterista Neal Smith.


Em 1968, a banda adotou o nome de Alice Cooper - um nome que Furnier mais tarde adotou como seu - e apresentou uma história que veio de uma bruxa do século 17 cujo nome eles teriam conhecido em uma sessão com um tabuleiro ouija.


Em algum momento, Buxton pintou círculos sob os olhos com cinzas de cigarro, e logo o resto do conjunto o seguiu com muita maquiagem preta macabra e roupas estranhas.


A banda se mudou para Los Angeles e se tornou conhecida por seu show provocativo e teatral. Em um incidente durante uma apresentação no Toronto Rock and Roll Revival em 1969, Cooper jogou uma galinha viva na platéia, que a despedaçou.


Os dois primeiros álbuns do grupo, Pretties for You (1969) e Easy Action (1970), foram lançados pelo selo Straight Records, de Frank Zappa, e não conseguiram cativar o público. A banda, novamente, mudou-se para Detroit e se viu no meio de uma cena musical povoada pelo rock pesado do MC5, a irreverência de Iggy Pop com o Stooges e a teatralidade de George Clinton's Parliament e do Funkadelic.


Alice Cooper



A banda de Alice Cooper incorporou essas influências em um forte som de hard rock junto a um show escandaloso.


Enquanto estava no Strawberry Fields Festival no Canadá em abril de 1970, o empresário da banda, Shep Gordon, contatou o produtor Jack Richardson, que havia produzido singles de sucesso para a banda Guess Who. Richardson não estava interessado em produzir a banda de Alice Cooper sozinho e enviou o jovem Bob Ezrin em seu lugar.


Cooper lembrou o jovem produtor como "um hippie judeu de dezenove anos" que reagiu ao conhecer a estranha banda "como se tivesse acabado de abrir um pacote surpresa e encontrado uma caixa cheia de vermes".


Ezrin inicialmente se recusou trabalhar com a banda, mas mudou de ideia quando a viu se apresentar no Max's Kansas City, em Nova York, no mês de outubro. Ezrin ficou impressionado com a performance de rock teatral com participação do público da banda e a devoção quase cultual dos fãs da banda, que se vestiam e conheciam as letras e ações da música, que Ezrin comparou com o culto posterior de The Rocky Horror Picture Show.


Ezrin voltou a Toronto para convencer Richardson a assumir a banda; Richardson não queria trabalhar diretamente com tal grupo, mas concordou com a condição de que Ezrin assumisse a liderança.


A banda e Ezrin fizeram a pré-produção do álbum em Pontiac, Michigan, em novembro e dezembro de 1970, e gravaram no RCA Mid-American Recording Center em Chicago em dezembro. Richardson e Ezrin produziram o álbum para a Nimbus 9 Productions de Richardson, com Richardson como produtor executivo.


Ezrin, com sua formação clássica e folk, tentou fazer com que a banda condensasse as canções vagamente estruturadas. A banda resistiu no início, mas passou a ver as coisas do jeito de Ezrin, e dez a doze horas por dia de ensaio resultaram em um conjunto compacto de canções de hard rock com pouco da estética psicodélica do freak rock dos dois primeiros álbuns.


Michael Bruce



Zappa vendeu a Straight Records para a Warner Bros. em 1970 por 50 mil dólares. Em novembro daquele ano, o grupo lançou um single, "I'm Eighteen" com "Is It My Body", e a Warner Bros. concordou em permitir que o grupo continuasse com um álbum se o single fosse bem sucedido.


A banda teria se feito passar por fãs e teria feito centenas de ligações para as estações de rádio para pedirem a música, e Gordon teria pago a outras pessoas cerca de um dólar por solicitação às rádios.


Logo a música estava nas ondas das rádios nos Estados Unidos - até mesmo nas principais rádios AM - e alcançou a 21ª posição nas paradas. O sucesso do single convenceu a Warner a contratar Richardson para produzir Love It to Death.


CAUGHT IN A DREAM


Caught in a Dream” é uma canção com a pegada sessentista, bom riff e bons solos a deixam mais saborosa.


As letras falam sobre um pesadelo:


I'm caught in a dream

So What!

You don't know what I'm goin' through

I'm right in between

So I'll

I'll just play along with you


A faixa foi o segundo single lançado para a promoção do disco, atingindo a 94ª posição da principal parada desta natureza.


I’M EIGHTEEN


I’m Eighteen” possui um riff incrível e ótimos vocais de Cooper, sendo incrível!


A letra reflete sobre o crescimento:


Eighteen

I get confused every day

Eighteen

I just don't know what to say

Eighteen

I gotta get away





Indubitavelmente, “I’m Eighteen” se transformou em um grande clássico do Alice Cooper. A canção foi o primeiro single lançado para a promoção do álbum, atingindo a 21ª colocação da Billboard 200.


Várias bandas já fizeram versões para este clássico, como Anthrax e Creed.


LONG WAY TO GO


Long Way to Go” é ótima, soando como um rockabilly mais acelerado e intenso.


As letras falam sobre sofrimento:


The silence is speaking

So why am I weeping

I guess I love it

I love it to death


BLACK JUJU


Black Juju” traz inspirações dos primeiros trabalhos do Pink Floyd, com uma pegada de The Doors.


A letra é sombria:


Clutching and biting my soul has caught on fire

My evil is now and I'm caught up in desire

Ev'rything I'm living for is all that I am

Liking it and loving it that's all in the plan


IS IT MY BODY


Is It My Body” é uma música mais pesada, mais agressiva, com ótimos vocais de Cooper.


A letra é em tom de desconfiança:


What have I got

That makes you want to love me

Now is it my body

Or someone I might be

Or somethin' inside me


Dennis Dunaway



HALLOWED BE MY NAME


Esta é uma faixa bem divertida, com guitarras pontuais e bom trabalho da seção rítmica.


A letra é uma crítica religiosa:


Come all you sinners

Come now in your glory

And my ears will listen

To your dirty stories

You're fighting to go up

You're sure on your way down


SECOND COMING


Second Coming” bebe novamente no rock sessentista, mas com personalidade e intensidade.


A letra novamente aborda religião:


I just come back to show you

All my words are golden

So have no gods before me

I'm the light


BALLAD OF DWIGHT FRY


Ballad of Dwight Fry” é mais intensa, e mais longa, com boa dose de teatralidade e de peso.


A letra fala sobre sofrimento:


Should like to see that little children

She's only four years old--- old

I'd give her back all of her play things

even, even the ones I stole


SUN ARISE


Sun Arise” é suave e divertida.


A letra é divertida:


Sun Arise, she come every mornin'

Sun Arise, each and every day

Sun Arise, she come every mornin'

Sun Arise ever-y ever-y ever-y ever-y


Trata-se de uma versão para a música originalmente lançada por Rolf Harris.


Considerações Finais


Love It to Death foi lançado em 9 de março de 1971 pelo selo Warner Bros. O disco acabou atingindo a 35ª colocação na principal parada norte-americana e a 28ª posição em sua correspondente britânica.


Os singles do disco, “I’m Eighteen” e “Caught in a Dream” alcançaram, respectivamente, os 21º e 94º lugares na principal parada de single norte-americana.


Love It to Death foi o primeiro álbum da banda em que os membros receberam crédito individual pelas canções; anteriormente, a banda como um todo era creditada com todo o material.


Embora a capa original afirmasse que o álbum era um lançamento do selo Straight, o Straight já havia sido comprado pela Warner Bros e o álbum trazia rótulos da Warner.


A capa original mostra os membros da banda de cabelos compridos em vestidos e maquiagem, e Cooper segurando uma capa em volta de si com o polegar apontando para fora para dar a ilusão de um pênis exposto. Isso levou a Warner Bros. a censurá-la - primeiro em dezembro, cobrindo-a com faixas brancas, depois retocando a foto com tinta nas impressões a partir de 1972. A crítica especializada da época recebeu o álbum de maneira mista, oscilando entre críticas positivas e negativas.


Love It to Death é visto como um dos álbuns fundamentais do som do heavy metal, junto com lançamentos contemporâneos de Black Sabbath, Led Zeppelin, Deep Purple e outros. O vocalista Joey Ramone, dos Ramones, e John Lydon, do Sex Pistols, encontraram no disco inspiração para suas próprias canções.


A revista Hit Parader colocou Love It to Death em seu Hall of Fame de Heavy Metal, em 1982, e no 21º lugar de sua lista "Top 100 Metal Albums", em 1989. Em 2012, a revista Rolling Stone colocou o disco na 454ª posição de sua lista dos 500 maiores álbuns de todos os tempos.


Love It to Death supera a casa de 1 milhão de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.





Formação:

Alice Cooper – Vocal, Gaita

Glen Buxton – Guitarra-solo

Michael Bruce – Guitarra-base, Teclados, Backing vocals

Dennis Dunaway – Baixo, Backing vocals

Neal Smith – Bateria, Backing vocals

Músicos Adicionais:

Bob Ezrin – Teclados em "Caught in a Dream", "Long Way to Go", "Hallowed Be My Name", "Second Coming", e "Ballad of Dwight Fry"


Faixas:

1. Caught in a Dream (Bruce) - 3:10

2. I'm Eighteen (Bruce/Cooper/Dunaway/Smith/Buxton) - 2:59

3. Long Way to Go (Bruce) - 3:04

4. Black Juju (Dunaway) - 9:14

5. Is It My Body (Cooper/Dunaway/Bruce/Smith/Buxton) - 2:34

6. Hallowed Be My Name (Smith) - 2:30

7. Second Coming (Cooper) - 3:04

8. Ballad of Dwight Fry (Bruce/Cooper) - 6:33

9. Sun Arise (Butler/Harris) – 3:50


Letras:

Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/alice-cooper/


Opinião do Blog:

Que Alice Cooper é um nome fundamental na formação e origem de linguagens mais pesadas e mais intensas do Rock não restam dúvidas.


Love It to Death traz uma roupagem mais intensa da banda de Alice, ainda que não consiga ver como Heavy Metal. Há um flerte inegável com o Hard Rock, com um trabalho bem digno dos guitarristas Glen Buxton e Michael Bruce, mas eu não diria se tratar de proto-Metal.


Mas não ser Metal não diminui em nada os méritos extraordinários do disco. A banda bebe na fonte sessentista/psicodélica, buscando elementos de Hard e de Glam.


A maior parte das canções são bem curtas e diretas, premeditando o punk rock que surgiria no meio da década. Há duas faixas maiores, com mais de 6 minutos, onde a inspiração nos primeiros trabalhos do Pink Floyd é notória.


As clássicas “Caught in a Dream” e “I’m Eighteen” são mesmo faixas emblemáticas, mas “Black Juju” merece destaque por sua intensidade sombria.


Em resumo, Love It to Death é um disco seminal na história do Rock, começando a traçar todo brilhantismo e importância que Alice Cooper traria para nosso querido Rock ‘n’ Roll.

4 comentários:

  1. "Love it to Death" é o disco que começou a apontar o caminho para Alice Cooper (tanto a banda quanto o cantor), que depois explodiria com "School's Out" e "Billion Dollar Babies", e deixando de lado o estigma de "pior banda de L. A." (que teria sido o motivo pelo qual Frank Zappa contratou a banda). Todo o lado A do LP original é excelente, e para mim "Long Way to Go" é uma música um pouco esquecida, mas que está no nível do que Alice Cooper fez de melhor. No antigo lado B, "Is It My Body" é a minha favorita, mas tem muita coisa boa no disco. E que dupla bem entrosada que Michael Bruce e Glen Buxton formavam!!

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    1. Eu acho o Love it to Death um discaço, mas não sei se consegui passar isso no meu texto, rsrsrsrs.

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    2. Não se preocupe, ficou claro! Para mim é um ótimo álbum, mas os subsequentes conseguiram ficar melhores. Deste álbum até o "Alice Cooper Goes to Hell" não tem erro, só tem coisa boa. Acho que o Alice Cooper só deu umas escorregadas nos anos 80, mas aí quase todo rocker dos anos 60 e 70 deram, então não dá para culpar. Discos como "From the Inside" e "Flush the Fashion" tem muitas coisas boas e são pouco lembrados por quem conhece a obra de Tia Alice.

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