8 de junho de 2021

SUICIDAL TENDENCIES - HOW WILL I LAUGH TOMORROW... (1988)

 


How Will I Laugh Tomorrow When I Can't Even Smile Today é o terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana chamada Suicidal Tendencies. Seu lançamento oficial ocorreu em 13 de setembro de 1988, através do selo Epic. As gravações aconteceram em abril daquele mesmo ano, no Cherokee Studios, na Califórnia, Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Mark Dodson em conjunto com a banda.

 




Origem

 

O Suicidal Tendencies foi formado em 1980, como um grupo punk, em Venice, na Califórnia. A formação original da banda consistia em Mike Muir nos vocais, Mike Ball na guitarra, Carlos "Egie" Egert na bateria e Mike Dunnigan no baixo.

 

Após a gravação de sua primeira demo, Carlos Egert deixou a banda e foi substituído pelo irmão de Dunnigan, Sean. Muir, na época um estudante do Santa Monica College, originalmente pretendia que o Suicidal Tendencies fosse uma "banda de festa", mas à medida que sua notoriedade crescia, ele logo encontrou a banda no centro de sua vida.

 

Havia muitos rumores de que os membros da banda, bem como seus amigos e seguidores estariam envolvidos com gangues (especialmente Venice 13, gangue mexicano-americana daquela área), com a bandana com marca registrada de Muir e a violência nas apresentações do conjunto como evidências.

 

Em uma foto da formação original, que pode ser vista dentro de seu álbum de estreia homônimo, o baterista Amery Smith está usando um chapéu virado para cima e com a marca "V13", que provavelmente seriam as iniciais de Venice 13. Smith não era um membro do V13 e o chapéu usado na foto foi emprestado por um membro do V13, Steve Mayorga, irmão do baixista do Suicidal Tendencies, Louiche Mayorga.

 

O Suicidal Tendencies rapidamente ganhou seguidores e começou a se apresentar em shows maiores. Eles gravaram uma demo em 1982 e participaram do LP de compilação Slamulation da Mystic Records. A música apresentada era "I Saw Your Mommy", que mais tarde foi incluída em seu álbum de estreia autointitulado.

 

Os irmãos Dunnigan sairiam após essas gravações, com Mike Dunnigan mais tarde se juntando à banda de Tony Alva, o Skoundrelz, para voltar com Mike Ball na guitarra e Bela Horvath na bateria. Ball permaneceu na banda por 2 anos e meio antes de se juntar ao Skoundrelz e foi substituído por Dunnigan.

 

O guitarrista Rick Battson gravou a demo antes do primeiro álbum. Grant Estes aprendeu aquela demo substituindo-o na guitarra e tocando no primeiro álbum do Suicidal Tendencies.


Mike Muir


 

Primeiro Álbum

 

Em 1983, o Suicidal Tendencies assinou com o selo independente Frontier Records e lançou seu primeiro álbum autointitulado. A música "Institutionalized", que apresentava um videoclipe que se tornou um dos primeiros vídeos de hardcore a receber substancial airplay na MTV, expandiu enormemente a base de fãs da banda.

 

Logo após o lançamento de seu álbum de estreia, Estes deixou a banda e foi substituído por Jon Nelson, ex-empresário do Neighbourhood Watch. Nelson tocou com o Suicidal Tendencies em todos os primeiros shows de 1983 a 1984. Embora Nelson não tenha aparecido em nenhum dos lançamentos do Suicidal Tendencies, ele aparece em algumas gravações ao vivo da música "War Inside My Head", bem como em outras.

 

Todas as músicas compostas por Jon Nelson foram compradas por Muir após sua saída da banda por uma pequena quantia em dinheiro e uma guitarra Flying V. Ele é creditado nos álbuns apenas como compostas por (Suicidal Tendencies) e em 1987 foi erroneamente listado como guitarrista na reedição de seu álbum de estreia, Suicidal Tendencies, que logo foi corrigido para dar o devido crédito a Grant Estes.

 

Hiato

 

Naquele mesmo ano, deu-se o início do hiato de quatro anos de gravação do Suicidal Tendencies e Mike Muir e o baixista Louiche Mayorga formaram o selo Suicidal Records, bem como a banda Los Cycos.

 

Jon Nelson deixou o grupo e o Suicidal Tendencies foi proibido de fazer shows em LA em um incidente no Perkins Palace (seus fãs rasgaram dez fileiras de assentos e os promotores não conseguiram o seguro adequado para contratá-los).

 

Muir também estava prestes a tentar produção, bem como no início da nova gravadora. Los Cycos era originalmente Mike Muir (vocal), Bob Heathcote (baixo), Anthony Gallo (guitarras) e Amery Smith (bateria). Após alguns ensaios, Amery Smith deixou a formação para se juntar a Jon Nelson e formar sua própria banda (The Brood).

 

Los Cycos eventualmente incluiu Grant Estes na guitarra e as escolhas originais Bob Heathcote e Amery Smith foram substituídas por Louiche Mayorga (baixo) e Sal Troy (bateria). Eles gravaram a música "It's Not Easy" escrita por Muir. "Welcome to Venice" foi a primeira gravação a ser lançada pela Suicidal Records, mas os originais foram destruídos em um incêndio.

 

A faixa do Los Cycos, "A Little Each Day", foi regravada para o lançamento do Suicidal Tendencies, em 1987, Join the Army e novamente em Still Cyco After All These Years, lançado em 1993.

 

Segundo Álbum

 

Com a formação de Muir, Louiche Mayorga, George e Herrera, o grupo lançou seu segundo álbum, Join the Army, em 1987. O álbum foi recebido com uma reação mista de fãs de longa data devido ao seu som consideravelmente mais metal (elemento trazido à mesa por Rocky George), já que esperavam mais um álbum punk.

 

Mesmo assim, Join the Army traz músicas clássicas como a faixa-título, "War Inside My Head" e "Possessed to Skate".

 

Pouco depois, a banda fez algumas mudanças importantes. As influências do metal de Rocky George começaram por sua vez a influenciar Muir, que substituiu Keven Guercio como vocalista da banda de speed metal No Mercy, de Mike Clark, antes disso.

 

Muir contratou Clark do No Mercy como guitarrista do Suicidal. Clark ajudou a lidar com muitas das composições da banda, que progrediram em uma direção musical mais orientada para o thrash.

 

Ele demitiu Mayorga, que vinha tentando manter a banda em território punk, e foi substituído brevemente pelo baixista do No Mercy, Ric Clayton, que foi substituído por Bob Heathcote. Pouco depois, a banda foi contratada pelo produtor do Anthrax, Mark Dodson, e assinou com a Epic Records, subsidiária da Columbia.

 

As mudanças de estilo e a assinatura com uma grande gravadora indignaram alguns fãs de longa data, mas o Suicidal Tendencies começou a atrair mais fãs da comunidade do heavy metal.


Mike Clark


 

How Will I Laugh Tomorrow When I Can't Even Smile Today

 

How Will I Laugh Tomorrow When I Can't Even Smile Today é o terceiro álbum de estúdio do conjunto, lançado em 13 de setembro de 1988 pela Epic Records, seu primeiro nessa gravadora.

 

Foi também o primeiro disco da banda gravado com o guitarrista Mike Clark, e seu único lançamento com o baixista Bob Heathcote, que foi substituído por Robert Trujillo em 1989.

 

How Will I Laugh... é crucial para o desenvolvimento estilístico do Suicidal Tendencies, pois vê a banda abandonando a maior parte de suas influências punk em favor de um som mais orientado ao thrash. Podem-se ver essas mudanças estilísticas no antecessor deste disco, Join the Army, mas o terceiro álbum tem um som metal distintamente mais definido; canções mais complexas e longas, bem como melhores valores de produção.

 

A adição de um guitarrista base, Mike Clark, mudou o estilo da banda fortemente também. Clark compôs grande parte da música para este álbum e dá ao guitarrista Rocky George mais tempo solando. Assim, outro fator neste álbum apresenta um som mais voltado para o metal.

 

Vamos às faixas:

 

TRIP AT THE BRAIN

 

“Tripa t the Brain” apresenta uma pegada indiscutivelmente Thrash Metal, baseada em um riff bem característico do estilo.

 

A letra é uma metáfora sobre autoconhecimento:

 

I took a wrong turn and ended up at my heart

I t could barely even pump no blood it was so thrashed and

torn apart

Thank it for working overtime in pain and misery

Then I set back on the trail, headed for my destiny




A canção foi lançada como single, mas não obteve maior repercussão em termos de paradas de sucesso.

 

HEARING VOICES

 

“Hearing Voices” segue a mesma tendência da primeira canção, construindo uma trilha Thrash através da força das guitarras.

 

A letra revela uma espécie de loucura:

 

I tried to get real brave, tried to look around

I tried to find out where came that sound

The re I looked, the less I could see

But the voices keep calling, calling out to me

 

PLEDGE YOUR ALLEGIANCE

 

“Pledge Your Allegiance” aposta em uma pegada mais cadenciada, mais arrastada e abusando do peso. Canção muito boa.

 

A letra faz uma espécie de questionamento:

 

I never said I don't like religion, I just don't like TV

You say I got a bad attitude, around you that comes naturally

You say I need more compassion, I can forgive, I just can't forget

You say control my temper, but when I feel like shit, I feel like shit

 

HOW WILL I LAUGH TOMORROW

 

A faixa-título do trabalho é também a mais longa, com quase sete minutos. A música começa bebendo na fonte do Heavy Metal tradicional até desembocar num Thrash Metal bem intenso. Ótima canção.

 

A letra possui uma perspectiva pessimista:

 

Here I sit and watch my world come crumbling down

I cry for help, no one's around

Silently screaming as I bang my head against the wall

It seems like no one cares at all

 

THE MIRACLE

 

“The Miracle” é bem diversificada, contando com passagens bem agressivas e outras mais suavizadas, sem abrir mão do peso jamais.

 

Novamente a letra é em tom crítico:

 

I sailed forever, I sailed so far, and now I know

just what the consequences are

I laughed out loudy, while I cried inside

But I didn't haave the strength to say enough of this ride

Like a fool-I believed in a miracle

I wanted to forget, of what I'm not sure

But I found an answer-it seemed to be a perfect cure

 

SURF AND SLAM

 

Pequena faixa instrumental, com menos de três minutos. Divertida.

 

IF I DON’T WAKE UP

 

Esta canção é muito boa. Um ritmo frenético que surfa no limite entre o Heavy e o Thrash.

 

A letra contém outro conteúdo pessimista:

 

I guess I'll try, I just wanna sleep

Slip away in a trance so deep

Feel my soul floating free, no more pain left in me

And then I sleep until tomorrow, when I wake again I wake up in sorrow

Another person, another day

I probably won't remember it anyway, well

 

SORRY?!

 

“Sorry?!” bebe nas antigas fontes do grupo, sendo mais próxima do Hardcore.

 

A letra discute uma relação:

 

Well, I know it sounds crazy to say

But in everything I do, I think about that day

Last time I talked to her was on the telephone

She said: I know it's been a while, but I don't feel like being alone

I slammed down the phone on the last thing I'd hear her say

Now it's getting harder to live with it every day

And I pray, I pray that you can hear me say

 

ONE TOO MANY TIMES

 

“One Too Many Times” possui um andamento veloz, mas, particularmente, sinto falta de peso.

 

A letra fala sobre solidão:

 

Too many times-I felt so sad and lonely

Too many times-I needed someone there

Too many times-I tried to tell you something

Too many times-It seemed like no one cared

 

THE FEELING’S BACK

 

A derradeira música do disco oscila entre o Heavy e o Thrash, com predominância do último, e encerra o álbum de maneira positiva.

 

A letra possui uma mensagem positiva:

 

I fought a thousand times-I never knew the meaning of the word fear

Till that one day when I stood alone-staring straight into the mirror

It's not a pretty sight-and even worse it's so hard to face

Until I realize I'm the only one that put me in this place

 

Considerações Finais

 

How Will I Laugh Tomorrow When I Can't Even Smile Today não foi um grande sucesso em termos das principais paradas de sucesso, muito embora, tenha ficado com o 111º lugar na parada norte-americana da Billboard 200 em 1988.

 

Steve Huey, do AllMusic, premia o álbum com quatro estrelas e meia (de cinco), e o descreve como "um de seus melhores esforços". Para a direção musical, Huey afirma: "A fusão thrash da banda de suas raízes hardcore com speed metal foi totalmente desenvolvida a partir deste ponto, e os comentários sociais e auto-análise de Mike Muir foram extremamente convincentes e divertidos como sempre".

 

Em uma análise feita dois meses após o lançamento do álbum, os editores da RPM consideraram a banda uma das melhores da safra daquela época.

 

“Trip at the Brain” e a faixa-título foram aos singles lançados para promoção do disco.

 

Em agosto de 2014, a Revolver colocou o álbum em sua lista de "14 álbuns Thrash que você precisa possuir".

 

No início de 1989, o baixista Bob Heathcote (que na época já era pai) deixou a banda para sustentar sua família e foi substituído por Robert Trujillo, que se juntou ao Suicidal Tendencies pouco antes de sua turnê de verão pela Europa com o Anthrax. Mais tarde naquele ano, o Suicidal Tendencies lançou seu quarto álbum (também conhecido como uma compilação de dois EPs), Controlled By Hatred / Feel Like Shit ...Déjà Vu.




 

Formação:

Mike Muir - Vocal

Rocky George - Guitarra solo

Mike Clark - Guitarra base

R.J. Herrera - Bateria

Bob Heathcote - Baixo

 

Faixas:

01. Trip at the Brain (Clark/Muir) - 4:32

02. Hearing Voices (Mayorga/Muir) - 4:13

03. Pledge Your Allegiance (Mayorga/Muir) - 4:32

04. How Will I Laugh Tomorrow (Clark/Muir) - 6:44

05. The Miracle (Clark/Muir) - 5:28

06. Surf and Slam (George/Suicidal Tendencies) - 2:51

07. If I Don't Wake Up (Clark/Muir) - 4:53

08. Sorry?! (George/Muir) - 3:47

09. One Too Many Times (Clark/Muir) - 3:13

10. The Feeling's Back (Clark/Muir) - 4:04

 

Letras:

Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/suicidal-tendencies/

 

Opinião do Blog:

Pessoalmente, eu não sou fã dos estilos Punk e Hardcore, tanto que o leitor pode observar que eles não são visitados por este site.

 

A fase do Suicidal Tendencies que eu particularmente ouço, embora não com tanta frequência, é esta em que How Will I Laugh Tomorrow When I Can't Even Smile Today está situado: aquela em que o grupo navega nas ondas do Thrash Metal.

 

E o disco faz isto com muita competência. Em alguns momentos, o conjunto chega a construir passagens muito interessantes de Heavy Metal mais tradicional.

 

A faixa-título, “Pledge Your Allegiance” e “If I Don't Wake Up” são bons exemplos da mescal que a banda constrói em sua sonoridade. Mas a favorita deste escrevinhador é “The Miracle”.

 

Enfim, How Will I Laugh Tomorrow When I Can't Even Smile Today não mudará a vida de ninguém que o ouvir, mas isto não significa que seja um disco ruim: muito pelo contrário. É um álbum criativo, com letras diversificadas e sonoridade bem interessante.

6 comentários:

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    1. Muito obrigado, Reinaldo.
      Passei por problemas terríveis de saúde, mas as coisas estão se ajeitando.
      Saudações!

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  2. Gostaria que comentasse o Album "Art of Rebellion".
    Obrigado

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    1. Opa, obrigado pela sugestão. Vou tentar atendê-la no próximo ano. Saudações!

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  3. Ótima resenha, poderia comentar no futuro o álbum lights, camera, revolution? Parabéns pelo trabalho.

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    1. Obrigado pelo elogio. Então, este ano foram 2 resenhas do Suicidal Tendencies, assim vai demorar um tempo para eles aparecerem novamente por aqui.

      Mas a do Art of Rebellion acabou de sair, dá uma olhada lá. Saudações!

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