19 de maio de 2018

ICED EARTH - SOMETHING WICKED THIS WAY COMES (1998)


Something Wicked This Way Comes é o quinto álbum de estúdio da banda norte-americana chamada Iced Earth. Seu lançamento oficial aconteceu em 7 de julho de 1998, através do selo Century Media. As gravações ocorreram durante o mês de março daquele mesmo ano, no Morrisound Studios, em Tampa, na Flórida, Estados Unidos. A produção ficou sob responsabilidade de Jim Morris.

Depois de muito tempo o Iced Earth retorna às páginas do RAC, com um de seus melhores álbuns. Vai-se citar os fatos que antecederam ao lançamento do disco para depois se partir para o já tradicional faixa a faixa.


The Dark Saga

Em 23 de julho de 1996, o Iced Earth lançava seu quarto álbum de estúdio, The Dark Saga.

O Blog já tratou deste álbum, logo em seus primeiros anos e sugere que o leitor dê uma lida no link acima para entender a importância desta obra na carreira do grupo.

Em resumo, The Dark Saga apresentou uma nova sonoridade ao conjunto, além de aumentar suas possibilidades em termos de composição.

Embora não tenha conquistado as paradas, o álbum foi bem recebido pela crítica (e público), dando maior repercussão e visibilidade para a banda.

The Dark Saga é um disco conceitual baseado na personagem de quadrinhos Spawn. Musicalmente, o álbum foi muito mais melódico e simplificado em comparação com os trabalhos anteriores do Iced Earth.

Para a turnê de apoio, o Iced Earth foi acompanhado pelo Nevermore.

Jon Schaffer

Days of Purgatory

Em 21 de abril de 1997, o Iced Earth lançou sua primeira coletânea: Days of Purgatory.

O álbum apresentou músicas de seus dois primeiros álbuns, bem como a demo Enter the Realm, desta feita, cantadas pelo vocalista Matt Barlow, com bateria e baixos regravados em algumas faixas.

O disco também apresentou algumas músicas de Burnt Offerings, remixadas e remasterizadas.

Novo álbum de inéditas

Em março de 1998, o grupo começou a trabalhar em um novo disco.

Tal como acontece com o álbum anterior da banda, The Dark Saga, o Iced Earth voltou a enfrentar mudanças de formação. O guitarrista, de longa data, Randall Shawver deixou o grupo antes da gravação de Something Wicked This Way Comes, bem como o baterista Brent Smedley, que não conseguiu tocar no disco por motivos pessoais.

Por causa dessas mudanças, apenas o guitarrista Jon Schaffer, o vocalista Matt Barlow e o baixista James MacDonough foram creditados como Iced Earth, fazendo de Something Wicked This Way Comes o primeiro, de apenas dois álbuns, a apresentar o grupo como um trio (o outro seria The Crucible of Man).

Something Wicked This Way Comes

Musicalmente, Something Wicked This Way Comes é significativamente mais pesado que o antecessor, The Dark Saga.

De acordo com Jon Schaffer, líder do conjunto, muitos fãs do Iced Earth sentiram que The Dark Saga carecia de velocidade e de peso, fazendo com que a banda tentasse uma coleção mais diversificada de músicas em Something Wicked This Way Comes.

Embora algum material já tivesse sido escrito antes do processo efetivo de composição, Schaffer admitiu que teve que ‘lutar’ para criar as músicas restantes, atribuindo esses problemas ao crescente estresse.

Uma das músicas escritas imediatamente após The Dark Saga foi “Watching Over Me”, que é sobre o amigo de infância de Schaffer, Bill Blackmon, o qual morreu em um acidente de moto, logo antes do guitarrista se mudar para a Flórida, em 1984.

O álbum é o primeiro a apresentar a Something Wicked Saga, de Jon Schaffer.

Originalmente, Schaffer planejava que todo o disco fosse conceitual com o enredo ‘Something Wicked’, mas, como algumas músicas não relacionadas ao conceito já haviam sido compostas após The Dark Saga, a banda decidiu ter apenas as últimas três faixas conectadas ao enredo.

As três últimas músicas (“Prophecy”, “Birth of the Wicked” e “The Coming Curse”) compõem a trilogia ‘Something Wicked’, a qual apresenta a figura central da saga, Set Abominae (que também aparece na capa do álbum).

James MacDonough

Something Wicked This Way Comes foi gravado em março de 1998, no Morrisound Studios, em Tampa, Flórida. É o único álbum de estúdio do Iced Earth que não foi coproduzido por Jon Schaffer. Em vez disso, Jim Morris (que coproduziu todos os álbuns da banda a partir de The Dark Saga) foi o único produtor.

Como o Iced Earth não possuía, no momento da gravação, um guitarrista principal e um baterista, a banda contratou vários músicos convidados. Mark Prator, o qual havia tocado em The Dark Saga, foi recrutado para tocar a bateria, enquanto Larry Tarnowski foi contratado como o guitarrista principal (apesar de algumas partes de guitarra adicionais terem sido interpretadas pelo produtor Jim Morris).

Alguns convidados no álbum foram Howard Helm (teclados), Roger Hughes (mandolin) e Susan McQuinn (flauta), entre outros. A capa, bem legal, é obra do artista Travis Smith.

Vamos às faixas:

BURNING TIMES

O Iced Earth joga o ouvinte, logo de cara, no espírito do álbum. "Burning Times" surge pesada, densa e intensa. O trabalho das guitarras é feroz, tanto de Jon Schaffer quanto de Larry Tarnowski (este nos solos). Ótimo início.

A letra fala sobre poder:

Question me not
I am the one that binds this world
You follow without sight
I grow stronger every day
Take the souls I have damned
Burn them in my name
These are the burning times
The years of pain




MELANCHOLY (HOLY MARTYR)

Nesta música, o Iced Earth opta pela oscilação entre passagens leves (e com um tom amargurante) e outras mais pesadas (e muito intensas). Embora não inovador, a faixa impressiona pela beleza da melodia e a ótima atuação do vocalista Matt Barlow.

A letra revela vazio e dor:

I see the sadness in their eyes
Melancholy in their cries
Devoid of all the passion
The human spirit cannot die
Look at the pain around me
This is what I cry for
Look at the pain around me
This is what I'll die for



DISCIPLES OF THE LIE

Em "Disciples of the Lie", o clima de urgência cresce uma vez que o grupo acelera bastante o andamento da canção. Há um flerte deliberado com o Thrash Metal, aumentando a ferocidade do som, incluindo os vocais agressivos de Barlow.

A letra é uma crítica a religiosos hipócritas:

I've gotta do as you say, not as you do
You're a man of the cloth, I'm comin' for you
You say you can save me, cleanse me of my sin
A holy predator, the wolf in sheepskin
Disciples of the lie



WATCHING OVER ME

"Watching Over Me" é uma linda balada, que possui belíssima melodia e ganha potência no refrão. A atuação do vocalista Matt Barlow é impecável e sua interpretação é emocionante. Ponto bem alto do disco.

A letra é uma grande e emocionante homenagem:

I feel it once again
It's overwhelming me
His spirit's like the wind
The angel guarding me
Oh, I know, oh, I know
He's watching over me
Oh, I know, oh, I know
He's watching over me



STAND ALONE

O peso e a fúria do Heavy/Thrash Metal estão de volta na curta e impactante "Stand Alone". Aqui não há alívio e a seção rítmica contribui primordialmente para a fúria da sonoridade. Ótimo solo do guitarrista Larry Tarnowski.

A letra tem seu tema sobre confiança:

They only say what they want you to hear
Half-truths have been twisted to conceal your fate
In a world of spoon-fed emotion
Intelligence can save



CONSEQUENCES

"Consequences" apresenta tudo aquilo que o Heavy Metal pode ter de melhor: lindas e harmoniosas melodias simultaneamente ao peso e agressividade, também melodiosos. Há uma notável influência de Judas Priest, mas que é mencionada para enaltecer o trabalho de Schaffer e companhia nesta composição. Brilhante!

A letra fala sobre a condição humana:

Wrote about in history as if it's all O.K.
A race of people murdered another one enslaved
Now our world crumbles, it's happening within
Open your eyes and realize
The world we're living in



MY OWN SAVIOR

"My Own Savior" é Heavy Metal tradicional puríssimo. Direta, furiosa e indo verticalmente ao ponto, sem nenhum rodeio. O trabalho do baixista James MacDonough é ainda mais notável nesta música.

A letra revela desespero:

The voices are calling
Out of this life, I'm falling
There is one choice, that I see
In raging flames, The Dark One awaits



REAPING STONE

"Reaping Stone" possui um riff principal marcante e caminha na linha que divide o Hard do Heavy, embora tenda bem mais ao segundo. O peso é notável, mas a composição é repleta de um delicioso senso melódico. Outra faixa impactante!

A letra é sobre sedução:

There is a place far from her home
She strayed her path too long
In that wood, she found the stone
Lost souls should never look upon



1776

"1776" é uma inspirada faixa instrumental dentro do disco. Repleta de peso e melodia, abusando das guitarras gêmeas, a canção revela a grande influência que o Iron Maiden teve na sonoridade do Iced Earth. Música muito boa!



BLESSED ARE YOU

"Blessed Are You" é uma faixa muito bonita. Sua atmosfera transpira melancolia, através de uma sonoridade Heavy Metal clássico que oscila peso e leveza com muita competência. Monstruosa atuação do vocalista Matt Barlow.

A letra fala sobre união:

So this song is for all of you
By my side, through and through
We'll roam that world true and free
Feeding you the inner beast
You are the ones that keep me high
You are the ones for which I'll die
Forever we will be
Standing tall, side by side
We're children of the night



PROPHECY

"Prophecy" é uma das melhores composições do Iced Earth. O trabalho da guitarra de Schaffer e do baixo de MacDonough é impressivo, bem como Barlow dá um show nos vocais. As influências do Iron Maiden sobram na sonoridade da canção, mas não a torna menos incrível. Heavy Metal em estado puro!

A letra apresenta uma história fantástica:

Assassins we will be, through human history
Jesus Christ to Kennedy, the Domino Decree
Disciples of the Watch, prepare the coming curse
If it takes ten thousand years, we never will retreat



BIRTH OF THE WICKED

"Birth of the Wicked" traz mais metal ao álbum, de modo direto e intenso. O riff é ótimo e o andamento veloz combina muito bem com o tom ameaçador da letra. Outra composição bastante empolgante.

A letra continua em fantasia com o nascimento de um ser ameaçador:

So, behold the birth, the wicked child
Born of the Beast, in eastern sands
He will arise, He will divide
He has the power to bring the end



THE COMING CURSE

A décima-terceira - e última - faixa de Something Wicked This Way Comes é "The Coming Curse". O álbum se encerra com sua canção mais longa e que supera os 9 minutos de extensão. A sonoridade trafega pelo curso do Heavy, flertando com o Thrash Metal, encerrando o disco de maneira muito energética.

A letra é em tom de ameaça e horror:

I bide my time planning your fate
with bated breath, The Elder wait
the coming curse, your anti-Christ, I am the Watcher's eye
for your crimes on our kind you all will die



Considerações Finais

Something Wicked This Way Comes manteve o momento de ascensão em popularidade que o Iced Earth vinha passando.

Embora não tenha repercutido em termos das principais paradas de sucesso do mundo, o disco acabou conquistando o 50º e o 19º lugares nas paradas de Áustria e Alemanha; respectivamente.

Desde o seu lançamento, Something Wicked This Way Comes teve uma reação polarizada da crítica. Alguns viram o álbum como um dos maiores do Iced Earth, enquanto outros o consideraram um dos seus mais fracos.

O site europeu Metal Storm deu ao álbum uma nota 9,5 (de 10) e chamou-o de “o lançamento mais importante do Iced Earth”, bem como de essencial. Também, ficou impressionado com a musicalidade de “Stand Alone”, e chamou a trilogia ‘Something Wicked’ de “a melhor música que Iced Earth já tocou”.

Por outro lado, o site Chronicles of Chaos chamou o álbum de “experimentado, testado e cansado”.

Eduardo Rivadavia, do site Allmusic, dá ao trabalho uma nota 3 (de 5) atestando: “virtualmente replicando seu esforço anterior, The Dark Saga, mas com resultados um pouco menos inspirados”. Por fim, conclui: “(…) “Disciples of the Lie” e “Blessed Are You” são duas das poucas canções realmente memoráveis”.

Para a turnê de apoio ao álbum, o baterista Brent Smedley voltou à banda, enquanto o guitarrista Larry Tarnowski também foi contratado como membro em tempo integral.

Enquanto o grupo estava em turnê, um videoclipe foi filmado para a música “Melancholy (Holy Martyr)”, no consagrado festival Wacken Open Air, em 1998. A banda também gravou seu primeiro álbum ao vivo, Alive in Athens, em Atenas, na Grécia, nas apresentações dos dias 23 e 24 de janeiro de 1999.

Something Wicked This Way Comes supera a casa das 40 mil cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.



Formação:
Matt Barlow - Vocal
Jon Schaffer - Guitarra
James MacDonough - Baixo
Músicos adicionais:
Howard Helm - Piano (em 13)
Roger Hughes - Mandolim (em 10)
Tracy Marie LaBarbera - Backing Vocals (em 2, 4 e 7)
Susan McQuinn - Flauta (em 9)
Jim Morris - Teclados, Backing Vocals, Guitarra-Solo (em 4)
Mark Prator - Bateria
Larry Tarnowski - Guitarra-Solo (em todas, exceto 4)

Faixas:
01. Burning Times (Barlow/Schaffer) - 3:44
02. Melancholy (Holy Martyr) (Schaffer) - 4:47
03. Disciples of the Lie (Schaffer) - 4:03
04. Watching Over Me (Schaffer) - 4:28
05. Stand Alone (Barlow/Schaffer) - 2:44
06. Consequences (Schaffer) - 5:36
07. My Own Savior (Barlow/Morris/Schaffer) - 3:39
08. Reaping Stone (Barlow/MacDonough/Schaffer) - 4:02
09. 1776 (Schaffer) - 3:33
10. Blessed Are You (Schaffer) - 5:05
11. Prophecy (Schaffer) - 6:18
12. Birth of the Wicked (Schaffer) - 4:16
13. The Coming Curse (Schaffer) - 9:33

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/iced-earth/

Opinião do Blog:
Após gravar o ótimo The Dark Saga, o Iced Earth provou que estava em estado de graça quando, no mínimo, manteve seu elevado nível com este excelente Something Wicked This Way Comes.

A proposta sonora é basicamente a mesma, mostrando não apenas continuidade, mas o entendimento da melhor veia da banda. O grupo demonstra ter bebido nas melhores fontes metálicas e o álbum evidencia influências de Black Sabbath, Judas Priest, Thrash Metal e, principalmente, Iron Maiden (esta, em especial, na trilogia que encerra o trabalho).

Jon Schaffer, principal compositor, líder e alma do Iced Earth, é um grande batalhador do Heavy Metal. A carreira do conjunto demonstra isto. Mas, uma amostra fiel de sua capacidade musical, está em Something Wicked This Way Comes.

Schaffer está inspirado no disco e é acompanhado por músicos muito competentes. Mas, para o RAC, o grande destaque do álbum é o vocalista Matt Barlow. Seu talento e sua capacidade de interpretação elevam a qualidade das composições a um patamar superior. Um verdadeiro show.

As letras são boas e merecem ser conferidas com mais atenção.

Something Wicked This Way Comes possui 13 músicas e pode parecer longo, mas, em nenhum momento, soa cansativo além de não possuir faixas desnecessárias. Inspiração é a palavra de ordem por aqui.

A brutal "Melancholy (Holy Martyr)" se destaca, bem como a paulada "Blessed Are You". "Consequences" e "Watching Over Me" demonstram uma face mais intimista do grupo, mas não menos brilhante.

Mas a preferida do RAC é mesmo a sensacional "Prophecy", a qual está entre as favoritas da banda para o Blog.

Enfim, Something Wicked This Way Comes é um fortíssimo candidato a melhor álbum do Iced Earth. Esta, uma das bandas mais batalhadoras dentro do cenário Heavy Metal e que, simultaneamente, demonstrou seu valor com alguns ótimos trabalhos. Altamente recomendado para fãs de Metal tradicional.

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