Black Rose: A Rock Legend é o nono álbum de estúdios da banda irlandesa Thin Lizzy. O seu lançamento oficial aconteceu em 13 de abril de 1979, através dos selos Vertigo (Europa), Mercury (Canadá) e Warner Bros. (Estados Unidos). As gravações ocorreram entre dezembro de 1978 e fevereiro de 1979 nos estúdios Pathé Marconi EMI Studios, em Paris (França) e no Good Earth Studios e no Morgan Studios, ambos em Londres (UK). A produção ficou por conta de Tony Visconti e do Thin Lizzy.
Depois de mais de uma década, finalmente o Thin Lizzy retorna às nossas páginas.
Em 1978, o Thin Lizzy lançou seu primeiro álbum ao vivo, Live and Dangerous. Há alguma discordância sobre quanto do álbum foi realmente gravado ao vivo – o produtor Tony Visconti afirmou que as únicas partes que não foram “overdubladas” foram a bateria e a plateia. No entanto, Brian Robertson contestou isso, afirmando que recusou o pedido de Phil Lynott (líder, baixista e vocalista) para regravar um solo de guitarra e que as únicas partes overdubladas foram os backing vocals e algumas partes de guitarra de Scott Gorham.
Ele acrescentou: "Simplesmente não é verdade. A única razão pela qual dissemos que foi gravado por completo foi obviamente por questões fiscais... então tudo o que Visconti alega é besteira." Gorham concorda, afirmando que tentou regravar um solo, mas não conseguiu recriar o som ao vivo, acrescentando: "Eu refiz uma faixa rítmica e alguns vocais de apoio. Mas é isso."
O álbum foi um enorme sucesso, alcançando o segundo lugar no Reino Unido, e foi classificado como o melhor álbum ao vivo de todos os tempos pela revista Classic Rock em 2004.
Brian Robertson saiu definitivamente do grupo algum tempo depois de um show em Ibiza, em 6 de julho de 1978, quando os desentendimentos com Lynott chegaram ao limite. (Robertson então se juntou a Jimmy Bain para liderar sua nova banda, Wild Horses.)
Lynott substituiu Robertson por Gary Moore novamente (que havia feito parte da banda em duas ocasiões diferentes anteriormente), e nessa época a banda uniu forças com Steve Jones e Paul Cook, do Sex Pistols, e também com Chris Spedding e Jimmy Bain, para formar o The Greedy Bastards, que fez alguns shows tocando uma seleção variada de músicas. Dessa forma, Lynott conseguiu alinhar sua banda ao movimento punk e evitar ser rotulado como um "dinossauro", como muitas outras bandas de rock dos anos 1970 haviam sido. Outros membros ocasionais do The Greedy Bastards incluíam Bob Geldof e Pete Briquette, do Boomtown Rats.
O Thin Lizzy iniciou outra turnê pelos Estados Unidos em agosto de 1978, seguida por uma viagem à Austrália e à Nova Zelândia. Brian Downey não os acompanhou, tendo contraído pneumonia e preferindo passar algum tempo na Irlanda. Ele foi substituído na turnê pelo baterista americano Mark Nauseef.
Em seu retorno, Downey se juntou à banda e no início de 1979 eles gravaram Black Rose: A Rock Legend em Paris. As sessões foram marcadas pelo aumento do vício em drogas de Lynott e Gorham, e pela presença geral de drogas ao redor do grupo. Por conseguinte, isso também transpareceu na temática do álbum, em canções como "Got to Give It Up". As influências celtas permaneceram, no entanto, principalmente na música que encerra o álbum, "Róisín Dubh", um medley de sete minutos de canções tradicionais irlandesas com um toque de rock com guitarras gêmeas.
Black
Rose incluiu a segunda música que Phil Lynott escreveu sobre um
membro de sua família, intitulada "Sarah". A primeira
música com esse nome apareceu em Shades of a Blue Orphanage,
de 1972, escrita sobre sua avó, também chamada Sarah. A música em
Black Rose é sobre sua filha recém-nascida.
A
música "Will You Go Lassie, Go" (também conhecida como
"Wild Mountain Thyme") às vezes é erroneamente creditada
como uma canção tradicional, mas na verdade foi escrita por William
McPeake e gravada pela primeira vez por Francis McPeake. Ela é
creditada no álbum a "F. McPeak".
Pelo
menos duas das músicas - "Waiting for an Alibi" e "S
& M" - foram lançadas no início do verão de 1978, antes
da saída de Brian Robertson da banda.
Vamos às faixas:
DO ANYTHING YOU WANT TO
“Do Anything You Want To” abre o álbum com a sonoridade roqueira do Thin Lizzy, ou seja, sem abrir mão de melodias criativas e guitarras gêmeas.
A letra fala sobre força de vontade:
You can do anything you want to do
It's not wrong what I sing it's true
You can do anything you want to do
Do what you want to
A canção foi lançada como single e atingiu a 14ª posição da principal parada britânica desta natureza.
TOUGHEST STREET IN TOWN
“Toughest Street in Town" é mais hard rock, mais direta e traz um pouco mais de peso, contando com ótimo solo de guitarra.
A letra fala sobre uma parte pouco convidativa da cidade:
This is the toughest street in town
This is the toughest
It's tough stuff
This is the toughest street around
This is the toughest
Don't you do down
S & M
“S&M” é bem malemolente, contando com um excelente trabalho do baixo, conferindo um certo swing para a canção.
A letra fala sobre violência contra mulheres:
This is the toughest street in town
This is the toughest
It's tough stuff
This is the toughest street around
This is the toughest
Don't you do down
WAITING FOR AN ALIBI
A clássica “Waiting for an Alibi” traz o relevante trabalho das guitarras e o baixo de Lynott muito presente, em um Hard Rock excelente.
A letra mostra um eu lírico perdido:
It's not that he don't tell the truth
Or even that he misspends his youth
It's just that he holds the proof
But you know that something's wrong
Ela foi o primeiro single lançado para promoção do disco, atingindo a 9ª colocação da principal parada britânica desta natureza.
SARAH
“Sarah” tem um clima ameno e descontraído, com melodias suaves e contagantes.
A letra é uma homenagem à filha de Phil Lynott:
When you begin to smile you change my style
My Sarah
When I look in your eyes I see my prize
My Sarah
Também foi uma música lançada como single, atingindo o 24º lugar na parada britânica de singles.
GOT TO GIVE IT UP
“Got to Give It Up” é um hard rock típico do Thin Lizzy, cheio de ritmo, sem abrir mão do peso.
A letra fala sobre vícios:
Tell my brother I tried to write and
Put pen to paper but I was frightened
I couldn't seem to get the words out right
Right quite right
GET OUT OF HERE
“Get Out of Here” é uma verdadeira porrada hard rock, com as guitarras infernais e ritmo acelerado.
A letra pode ser interpretada como luta contra vício:
No way, I must go, can't stay, must run
No chance, I can't give a second chance
No hope, there's no hope for you now
No romance, no more romance
WITH LOVE
“With Love” flerta com uma pegada bluesy, dando bastante malícia para a sonoridade, em mais uma ótima construção do grupo.
A letra pode ser interpretada como a universalidade do sentimento do sofrimento amoroso:
My Mademoiselle I'll say farewell
No matter where you are, Au Revoir
'Til we meet again, Auf Wiedersehn
RÓISÍN DUBH (BLACK ROSE): A ROCK LEGEND
“Róisín Dubh: A Rock Legend” encerra o disco em uma jornada com várias passagens instrumentais e variações de dinâmicas bem interessantes.
A letra é bem legal:
Oh tell me the story of the Queen of this land
And how her sons died at her own hand
And how fools obey commands
Oh tell me the legends of long ago
Considerações Finais
Black Rose: A Rock Legend foi um sucesso no Reino Unido, alcançando o 2º lugar na principal parada britânica de discos. Entretanto, ficou apenas com a 89ª posição em sua correspondente norte-americana.
Em uma crítica favorável da época para a revista irlandesa Hot Press, Dermot Stokes comentou: "Black Rose não marca nenhum grande afastamento" da imagem e do som "cristalizados" do Thin Lizzy, embora "uma sensação mais pop se insinue aqui e ali — aparentemente de propósito". No entanto, ele duvidava da visão otimista da Irlanda oferecida na faixa-título e se perguntava se a banda havia perdido o contato com a vida real de seu país.
Escrevendo para a Smash Hits, Red Starr afirmou que o álbum: "carecia de melodias memoráveis" e que "a mistura de melodias tradicionais na faixa-título é uma bagunça profana". Starr reconheceu que os fãs da banda ficariam felizes com "a reformulação de seu estilo familiar de hard rock", mas continuou observando que não havia: "nada de novo para o resto de nós".
Em uma resenha moderna, Greg Prato, do AllMusic, descreveu o álbum como: "o último verdadeiro álbum clássico do Thin Lizzy" e "seu álbum de estúdio mais musicalmente variado, completo e bem-sucedido". Ele elogiou a presença de Moore como: "uma combinação perfeita" e destacou "Do Anything You Want To", "Waiting for an Alibi" e "Sarah" como faixas de destaque. Ele também elogiou a faixa-título e seu "incrível e complexo solo de guitarra".
Em seu Collectors Guide to Heavy Metal, Martin Popoff definiu o álbum como "um lançamento encantador", onde "Waiting for an Alibi" e "Got to Give It Up" emergem como "dois clássicos do Thin Lizzy" e a faixa-título "está em um plano mais ligado à boa literatura do que a qualquer coisa tão básica quanto o rock 'n' roll".
Em 4 de julho de 1979, após tocar no Day on the Green, em Oakland, Gary Moore deixou o Thin Lizzy abruptamente no meio de outra turnê. Anos depois, Moore disse que não se arrependia de ter saído, "mas talvez tenha sido errado o jeito que eu fiz. Eu poderia ter feito diferente, eu acho. Mas eu simplesmente tive que sair.". Posteriormente, ele seguiu carreira solo, lançando vários álbuns de sucesso. Ele havia tocado com Lynott e Downey em seu álbum de 1978, Back on the Streets, e no single de sucesso "Parisienne Walkways" antes de deixar o Thin Lizzy, e em 1985 ele e Lynott se uniram novamente no single número 5 do Reino Unido, "Out in the Fields".
Após a saída de Moore, o Thin Lizzy continuou a turnê por algumas noites como um trio antes de Lynott trazer Midge Ure para substituí-lo temporariamente. Ure tinha planos anteriores de se juntar ao Ultravox, mas havia coescrito uma música, "Get Out of Here", com Lynott em Black Rose: A Rock Legend, e concordou em ajudar o Thin Lizzy a completar seus compromissos de turnê. Em seu retorno ao Reino Unido, a banda seria a atração principal do Reading Festival pela segunda vez em 25 de agosto de 1979, mas teve que cancelar esta participação devido à interrupção na formação.
Segundo estimativas, Black Rose: A Rock Legend supera a casa de 100 mil cópias vendidas apenas no Reino Unido.
Formação:
Phil Lynott – Vocal, Baixo, Violão de 12 cordas
Scott Gorham – Guitarras, Backing vocals
Gary Moore – Guitarras, Backing vocals
Brian Downey – Bateria, Percussão
Músicos Adicionais:
Jimmy Bain – Baixo em "With Love"
Huey Lewis – Gaita em "Sarah" e "With Love"
Mark Nauseef – Bateria em "Sarah" (não creditado)
Faixas:
1. Do Anything You Want To (Lynott) - 3:53
2. Toughest Street in Town (Gorham/Lynott/Moore) - 4:01
3. S & M (Downey/Lynott) - 4:05
4. Waiting for an Alibi (Lynott) - 3:30
5. Sarah (Lynott/Moore) - 3:33
6. Got to Give It Up (Gorham/Lynott) - 4:24
7. Get Out of Here (Lynott/M. Ure) - 3:37
8. With Love (Lynott) - 4:38
9. Róisín Dubh (Black Rose): A Rock Legend (Lynott/Moore/McPeake) - 7:06
Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/thin-lizzy/
Opinião do Blog:
Black Rose: A Rock Legend, mesmo que, muitas vezes, seja menos lembrado, é um dos melhores discos da carreira do Thin Lizzy.
Juntar talentos como os de Phil Lynott e Gary Moore, dificilmente daria errado. O trabalho traz, sim, o peso do Hard Rock, com riffs e solos muito inspirados, explorando a técnica de um guitarrista como Gary.
Ao mesmo tempo, a transcendental capacidade melódica de Lynott dá as caras por todo o álbum: as canções contam com verdadeiras ondas de melodias simples, suaves e acessíveis e que só acrescentam ao disco. E é neste contexto que surgem canções como “Waiting for an Alibi”, “Do Anything You Want To” e “Róisín Dubh (Black Rose): A Rock Legend”, todas destaques dentro da discografia do grupo.
Enfim, Black Rose: A Rock Legend é sim um dos melhores discos da carreira do Thin Lizzy, por tudo que foi exposto. Obrigatório.









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