The Dark Side of Moon é o oitavo álbum de estúdios da banda britânica Pink Floyd. Seu lançamento oficial aconteceu em 1º de março de 1973, através do selo Harvest. As gravações ocorreram entre maio de 1972 a fevereiro de 1973, no EMI Studios, em Londres, no Reino Unido. A produção ficou a cargo da própria banda.
Vamos falar novamente sobre Pink Floyd no site!
Antecedentes
Após Meddle, de 1971, o Pink Floyd se reuniu para uma turnê pela Grã-Bretanha, Japão e Estados Unidos em dezembro.
Em uma reunião da banda na casa do baterista, Nick Mason, no norte de Londres, o baixista Roger Waters propôs que um novo álbum pudesse fazer parte da turnê. Waters concebeu um disco que lidasse com coisas que "deixam as pessoas loucas", focando nas pressões associadas ao estilo de vida árduo do grupo e lidando com os problemas de saúde mental sofridos pelo ex-membro da banda Syd Barrett. O Floyd havia explorado uma ideia semelhante com a suíte de 1969, “The Man and The Journey”.
Em uma entrevista para a Rolling Stone, o guitarrista David Gilmour disse: “Acho que todos nós pensamos — e Roger definitivamente pensou — que muitas das letras que estávamos usando eram um pouco indiretas demais. Definitivamente havia um sentimento de que as palavras seriam muito claras e específicas”.
A banda aprovou o conceito de Waters para um álbum unificado em torno de um único tema, e todos os membros participaram da composição e produção do material. Waters criou faixas demo em um pequeno estúdio em um galpão de jardim em sua casa em Islington.
Partes do álbum foram retiradas de material não utilizado anteriormente; a linha de abertura de "Breathe" veio de um trabalho anterior de Waters e Ron Geesin, escrito para a trilha sonora de The Body, e a estrutura básica de "Us and Them" foi emprestada de uma composição original, "The Violent Sequence", do tecladista Richard Wright, para Zabriskie Point.
A banda ensaiou em um armazém, em Londres, de propriedade dos Rolling Stones e no Rainbow Theatre em Finsbury Park, Londres. Eles também compraram equipamento extra, que incluía novos alto-falantes, um sistema de PA, uma mesa de mixagem de 28 canais com uma saída quadrafônica de quatro canais e um equipamento de iluminação personalizado. Nove toneladas de kit foram transportadas em três caminhões. Esta seria a primeira vez que a banda levaria um álbum inteiro em turnê.
O álbum recebeu o título provisório de Dark Side of the Moon (uma alusão à loucura, em vez de astronomia). Depois de descobrir que o título já havia sido usado por outra banda, Medicine Head, ele foi temporariamente alterado para Eclipse. O novo material foi estreado no The Dome, em Brighton, em 20 de janeiro de 1972, e após o fracasso comercial do álbum do Medicine Head, o título foi alterado de volta para o novo trabalho da banda.
Dark Side of the Moon: A Piece for Assorted Lunatics, como era então conhecido, foi apresentado para uma imprensa reunida em 17 de fevereiro de 1972 no Rainbow Theatre, mais de um ano antes de seu lançamento, e foi aclamado pela crítica.
A turnê seguinte foi elogiada pelo público. O novo material foi apresentado na mesma ordem em que foi eventualmente sequenciado no disco. As diferenças incluíam a falta de sintetizadores em faixas como "On the Run", e os vocais de Clare Torry em "The Great Gig in the Sky" substituídos por leituras da Bíblia.
Conceito
The Dark Side of the Moon foi construído através de experimentos que o Pink Floyd tentou em seus shows e suas gravações anteriores, embora não tivesse as viagens instrumentais estendidas que, de acordo com o crítico David Fricke, tornaram-se características da banda após a saída do membro fundador Syd Barrett, em 1968.
Gilmour e Waters citaram Meddle, de 1971, como um ponto de virada para o que mais tarde seria realizado no álbum. Os temas líricos de The Dark Side of the Moon incluem conflito, ganância, a passagem do tempo, morte e insanidade, o último inspirado em parte pelo estado mental deteriorado de Barrett. O álbum contém música concreta em várias faixas. Embora não totalmente linear, o conceito reflete a jornada da vida.
Cada lado do álbum de vinil é uma peça musical contínua. As cinco faixas de cada lado refletem vários estágios da vida humana, começando e terminando com uma batida de coração, explorando a natureza da experiência humana. "Speak to Me" e "Breathe" juntas destacam os elementos mundanos e fúteis da vida que acompanham a ameaça sempre presente da loucura e a importância de viver a própria vida. Ao mudar a cena para um aeroporto, a instrumental "On the Run", movida a sintetizador, evoca o estresse e a ansiedade das viagens modernas, em particular o medo de Wright de voar. "Time" examina a maneira como sua passagem pode controlar a vida de alguém e oferece um aviso severo para aqueles que permanecem focados em atividades mundanas; é seguida por um retiro na solidão e retraimento em "Breathe (Reprise)". O primeiro lado do álbum termina com a metáfora comovente de Wright e Clare Torry para a morte, "The Great Gig in the Sky".
"Money", a primeira faixa do lado dois, abre com o som de caixas registradoras e moedas tilintando ritmicamente. A música zomba da ganância e do consumismo com letras sarcásticas e efeitos sonoros relacionados a dinheiro. "Money" se tornou a faixa de maior sucesso comercial da banda e foi regravada por outros artistas. "Us and Them" aborda o isolamento dos deprimidos com o simbolismo do conflito e o uso de dicotomias simples para descrever relacionamentos pessoais. "Any Colour You Like" aborda a ilusão de escolha que se tem na sociedade. "Brain Damage" analisa a doença mental resultante da elevação da fama e do sucesso acima das necessidades do eu; reflete o colapso mental de Syd Barrett. O álbum termina com "Eclipse", que defende os conceitos de alteridade e unidade, ao mesmo tempo que encoraja o ouvinte a reconhecer os traços comuns compartilhados pela humanidade.
Gravações
The Dark Side of the Moon foi gravado no EMI Studios (agora Abbey Road Studios) em aproximadamente 60 dias entre 31 de maio de 1972 e 9 de fevereiro de 1973. O Pink Floyd recebeu o engenheiro de som Alan Parsons, que havia trabalhado como assistente de operador de fita em seu quinto álbum, Atom Heart Mother (1970), e ganhou experiência como engenheiro de gravação nos álbuns dos Beatles, Abbey Road e Let It Be.
As sessões de The Dark Side of the Moon fizeram uso de técnicas avançadas de estúdio, já que o estúdio era capaz de mixagens de 16 canais que ofereciam maior flexibilidade do que as mixagens de oito ou quatro canais com as quais o Pink Floyd havia trabalhado anteriormente, embora a banda frequentemente usasse tantas faixas que cópias de segunda geração ainda eram necessárias para liberar mais espaço na fita.
Junto à instrumentação convencional de bandas de rock, o Pink Floyd introduziu sintetizadores proeminentes em seu som. A banda experimentou um EMS VCS 3 em "Brain Damage" e "Any Colour You Like", e um Synthi A em "Time" e "On the Run".
O grupo também criou e gravou sons não convencionais, como o engenheiro assistente Peter James correndo pela câmara de eco do estúdio durante "On the Run", e um bumbo especialmente tratado feito para simular um batimento cardíaco humano durante "Speak to Me", "On the Run", "Time" e "Eclipse".
Várias faixas, incluindo "Us and Them" e "Time", demonstraram a habilidade de Rick Wright e David Gilmour em harmonizar suas vozes, de som similar, e o engenheiro Alan Parsons usou técnicas como vocais e guitarras de rastreamento duplo, o que permitiu que Gilmour harmonizasse consigo mesmo.
O disco
O álbum foi originalmente lançado em uma capa de LP gatefold projetada por Hipgnosis e George Hardie. A Hipgnosis havia projetado vários álbuns anteriores da banda, com resultados controversos; a EMI reagiu com confusão quando confrontada com os designs de capa de Atom Heart Mother e Obscured by Clouds, pois esperavam ver designs tradicionais que incluíam letras e palavras.
Os designers Storm Thorgerson e Aubrey Powell foram capazes de ignorar tais críticas, pois eram empregados pela banda. Para The Dark Side of the Moon, Wright sugeriu algo "mais inteligente, mais limpo - mais elegante", e simples, "como a arte de uma caixa de chocolate Black Magic".
O design foi inspirado em uma fotografia de um prisma com um feixe de luz branca projetado através dele e emergindo nas cores do espectro visível que Thorgerson havia encontrado em um livro didático de física de 1963, bem como por uma ilustração de Alex Steinweiss, o inventor da arte da capa do álbum da apresentação da Filarmônica de Nova York em 1942, de O Concerto do Imperador, de Ludwig van Beethoven.
A arte foi criada por uma parceria da Hipgnosis com George Hardie. A Hipgnosis ofereceu uma escolha de sete designs para a capa, mas todos os quatro membros da banda concordaram que o prisma era o melhor.
Vamos às faixas:
SPEAK TO ME
Pequena passagem instrumental, com sons de respirações.
BREATHE (IN THE AIR)
Canção atmosférica, suave e cativante, começa o disco muito bem.
As letras ilustram um nascimento:
For long you live and high you fly
And smiles you'll give and tears you'll cry
And all you touch and all you see
Is all your life will ever be
ON THE RUN
Outra faixa instrumental muito interessante que, segundo Richard Wright, representa seu medo de viajar de avião.
TIME
Uma das minhas canções favoritas de todos os tempos, “Time” é simplesmente sensacional, especialmente pelo trabalho de Gilmour nos vocais e na guitarra.
A letra fala sobre a percepção de Roger Waters de que a vida não é sobre se preparar para o que acontece em seguida, mas sobre assumir o controle do seu próprio destino:
Tired of lying in the sunshine
Staying home to watch the rain
And you are young and life is long
And there is time to kill today
THE GREAT GIG IN THE SKY
Os vocais de Clare Torry se encaixam perfeitamente com a sonoridade impressionante de outra bela canção.
A letra fala sobre a finitude da vida:
And I am not frightened of dying
Any time will do, I don't mind
Why should I be frightened of dying?
There's no reason for it, you've gotta go sometime
MONEY
A presença do saxofone em contraste com a fúria do solo de Gilmour na guitarra, são emblemáticos em mais um clássico da banda.
A letra é uma crítica ao materialismo:
Yeah, I was in the right
Yes, absolutely in the right
I certainly was in the right!
Yeah, I was definitely in the right
That geezer was cruising for a bruising
Yeah!
A faixa foi lançada como single e atingiu a 13ª colocação da principal parada norte-americana desta natureza.
US AND THEM
Com uma atmosfera impactante, “Us and Them” é várias vezes recortada pelo saxofone e o resultado é absurdamente bom.
A letra aborda questões como divisão e humanidade:
Us and them
And after all we're only ordinary men
Me and you
God only knows it's not what we would choose to do
A faixa foi um single, mas sem maiores repercussões em termos de paradas de sucesso.
ANY COLOUR YOU LIKE
As guitarras dominam esta faixa instrumental.
BRAIN DAMAGE
“Brain Damage” alterna peso e suavidade, com boas nuances.
A letra fala sobre loucura:
The lunatic is in my head
The lunatic is in my head
You raise the blade, you make the change
You rearrange me till I'm sane
You lock the door and throw away the key
There's someone in my head, but it's not me
ECLIPSE
“Eclipse” encerra o disco de modo contundente e, de certa forma, caótico.
A letra é sobre o ciclo da vida:
And all that you eat
And everyone you meet
And all that you slight
And everyone you fight
Considerações Finais
Um sucesso praticamente instantâneo no Reino Unido, The Dark Side of the Moon atingiu o 2º lugar na principal parada britânica desta natureza, enquanto chegou ao topo na Billboard 200. Com um pequeno hiato, o álbum permaneceu na Billboard 200 entre 1973 e outubro de 1988 de forma quase consecutiva.
Em geral, a imprensa elogia o álbum: Steve Peacock, da Sounds, escreveu: "Não me importo se você nunca ouviu uma nota da música do Pink Floyd em sua vida, eu recomendaria sem reservas a todos The Dark Side of the Moon". Em sua crítica de 1973 para a revista Rolling Stone, Loyd Grossman declarou sobre Dark Side "um ótimo álbum com uma riqueza textural e conceitual que não apenas convida, mas exige envolvimento". Em seu Christgau's Record Guide: Rock Albums of the Seventies (1981), Robert Christgau achou suas ideias líricas clichês e sua música pretensiosa.
The Dark Side of the Moon aparece frequentemente em rankings de melhores álbuns. Em 1987, a Rolling Stone o classificou como o 35º melhor álbum dos 20 anos anteriores. A Rolling Stone o classificou em 43º lugar em suas listas de 2003 e 2012 dos "500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos" e em 55º lugar em sua lista de 2020, a classificação mais alta do Pink Floyd. Tanto a Rolling Stone quanto a Q listaram The Dark Side of the Moon como o melhor álbum de rock progressivo, por exemplo.
O sucesso do álbum trouxe riqueza para todos os quatro membros da banda; Richard Wright e Roger Waters compraram grandes casas de campo, e Nick Mason se tornou um colecionador de carros de luxo. O grupo era fã da trupe de comédia britânica Monty Python e, como tal, parte dos lucros foi investida na produção de Monty Python e o Cálice Sagrado.
Parsons recebeu uma indicação ao Grammy de Melhor Gravação Não Clássica por The Dark Side of the Moon, e teve uma carreira de sucesso como artista com o Alan Parsons Project.
Resta dizer que The Dark Side of the Moon supera a casa de 15 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos.
Formação:
David Gilmour – Guitarras, Vocal
Nick Mason – Bateria, Percussão
Roger Waters – Baixo, Vocal
Richard Wright – Órgão, Piano, Piano Elétrico, Vocal
Músicos Adicionais:
Dick Parry – Saxofone em "Money" e "Us and Them"
Clare Torry – Vocal em "The Great Gig in the Sky"
Doris Troy – Backing Vocals
Lesley Duncan – Backing Vocals
Liza Strike – Backing Vocals
Barry St. John – Backing Vocals
Faixas:
01. Speak to Me (Mason) - 1:05
02. Breathe (In the Air) (Wright/Gilmour) - 2:49
03. On the Run (Gilmour/Waters) - 3:45
04. Time (Mason/Waters/Wright/Gilmour) - 6:53
05. The Great Gig in the Sky (Wright/C. Torry) - 4:47
06. Money (Waters) - 6:22
07. Us and Them (Wright) - 7:49
08. Any Colour You Like (Gilmour/Mason/Wright) - 3:26
09. Brain Damage (Waters) - 3:46
10. Eclipse (Waters) - 2:12
Letras:
Veja todas as letras em: https://www.letras.mus.br/pink-floyd/
Opinião do Blog:
Nenhuma análise que eu fizer neste espaço traria algo que nunca foi dito sobre The Dark Side of the Moon. Portanto, vou focar mais na minha relação com o disco.
Realmente me assusta uma certa tendência, que já vi em alguns “influenciadores”, em tentar diminuir todo o valor artístico de uma obra como este disco. Quantas bandas e artistas foram influenciados por este álbum? Incontáveis. E suspeito que a influência não se “limita” ao mundo da música.
Embora goste muito de trabalhos anteriores do Pink Floyd, para mim o grupo encontra o seu som assinatura em The Dark Side of the Moon. Uma mistura catártica de polimento, técnica, feeling e letras aguçadas de Waters. Neste turbilhão reside a excepcionalidade desta banda maravilhosa.
Faixas simplesmente espetaculares como “Time”, “Money” e “Us and Them” são ótimos exemplos do que de melhor o rock foi capaz de criar. Assim, a musicalidade, os efeitos sonoros, o feeling absurdo dos músicos criam a roupagem perfeita para que as letras complementem esta obra conceitual.
No mais, continuo achando The Dark Side of the Moon um dos mais geniais álbuns da história.








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