Point of Know Return é o quinto álbum de estúdios da banda estadunidense Kansas, lançado em outubro de 1977, através do selo Kirschner.
Hora de, finalmente, o Kansas retornar ao Blog.
Antecedentes
Leftoverture, lançado em outubro de 1976, quarto disco do Kansas, foi um grande sucesso comercial, vendendo muito. Embalado por faixas como “Carry On Wayward Son”, “The Wall” e “What's on My Mind”, o álbum atingiu a 5ª posição da Billboard 200. Desta forma, pavimentou o caminho do Kansas rumo ao sucesso mainstream.
As sessões de gravação de Point of Know Return começaram em junho de 1977, no Studio in the Country, uma instalação em Bogalusa, Louisiana, onde os dois álbuns anteriores do Kansas foram gravados. Devido à falha do equipamento da banda no Studio in the Country, o Kansas mudou o local de gravação, assim, a maior parte da gravação de Point of Know Return foi feita no Woodland Sound Studios, em Nashville, durante o mês de julho.
O vocalista e compositor Steve Walsh deixou o grupo brevemente durante a gravação deste disco. Em uma entrevista no programa de rádio semanal In the Studio with Redbeard, ele admitiu que, neste ponto, ele era uma espécie de prima donna e foi atraído pela chance de uma carreira solo.
"Dust in the Wind" é conhecida por sua natureza acústica esparsa. A linha de violão para a música foi composta por Kerry Livgren como um exercício de dedilhado. Sua esposa, Vicci, ouviu o que ele estava fazendo, comentou que a melodia era boa e o encorajou a escrever a letra para ela. Livgren não tinha certeza se seus colegas de banda gostariam da música, já que era um afastamento de seu estilo característico. No entanto, ele a ofereceu aos companheiros, e a música foi aceita e então gravada.
POINT OF KNOW RETURN
“Point of Know Return” abre um disco com os teclados dominantes em uma abordagem cativante e acessível.
A letra traz um eu lírico refletindo sobre prudência:
I heard the men saying something
The captains tell they pay you well
And they say they need sailing men to
Show the way and leave today
Was it you that said "How long?"
"How long?"
A canção foi um single que atingiu a 28ª posição da principal parada norte-americana de singles.
PARADOX
“Paradox” traz uma faixa bem dinâmica, com ótimas presenças dos teclados de Livgren e do violino de Steinhardt.
Como o nome sugere, a letra traz contradições:
There ain't no feelin', feels the same as findin' out the key.
Now I'm reelin', thinking of the things that I might see
I'm not afraid to face the light, I'm not afraid to think
that I might fall
I was going nowhere fast, I was needing something
that would last
THE SPIDER
“The Spider” é uma música bem curtinha, instrumental, mas que remete à sonoridade inicial do Kansas, mais intrincada e mais complexa, com forte influência Prog.
PORTRAIT (HE KNEW)
“Portrait (He Knew)” mantém a musicalidade mais rebuscada, embora flerte com o Hard Rock, sem perder seu caráter acessível.
A letra foi inspirada em Albert Einstein:
He had a thousand ideas
You might have heard his name
He lived alone with his vision
Not looking for fortune or fame
Never said too much to speak of
He was off on another plane
The words that he said were a mystery
Nobody's sure he was sane
Foi outro single, atingindo a 64ª colocação na principal parada norte-americana de singles.
CLOSET CHRONICLES
“Closet Chronicles” traz vocais de Steinhardt, em uma sonoridade bem mais acessível, com algumas passagens amenas contrastando a outras mais intensas.
A letra mostra alguém que mudou o curso das coisas:
Once proud and full of passion, he fought by the cause of man
Many people loved his courage, many followed his command
He changed the old into the new, and the course of things to come
And then one day they noticed he was gone
LIGHTNING’S HAND
“Lightning’s Hand” continua com os vocais de Steinhardt, sendo um pouca mais longa e mesclando Hard com Prog.
A letra traça um paralelo entre poder e um raio:
He knows the fear when I'm too near him, he's seen me angry before
The black intruding clouds approach as I release a desructive blow
All the crashing, all the flashing light brings terror upon my foe
I fight with force and power for my land
I command the lightning's hand!
DUST IN THE WIND
Com Walsh de volta aos vocais, a clássica “Dust in the Wind” é uma bela balada.
A letra possui inspiração bíblica:
Dust in the wind
All we are is dust in the wind (all we are is dust in the wind)
Dust in the wind (everything is dust in the wind)
Everything is dust in the wind
The wind
Um verdadeiro clássico do rock, a canção foi um single que ficou com o 6º lugar da principal parada estadunidense desta natureza.
SPARKS OF THE TEMPEST
“Sparks of the Tempest” é mais pesada, sendo um Hard Rock com influência bluesy.
A letra reflete sobre consequências:
Blood in the sand, a cry in the street
Now the cycle is nearly complete.
Ten thousand years, and nothing was learned
No turning back, now the wheel has turned
NOBODY’S HOME
“Nobody’s Home” é mais suave e introspectiva, com ótimos vocais e um clima mais ameno.
A letra traz um sentimento de resignação:
A requiem was never sung, no elegy was read
No monument was carved in stone in memory of the dead
For those who made this place do not remain, they feel no pain
A stranger fate was never known
HOPELESSLY HUMAN
O disco é encerrado com “Hopelessly Human”, a mais longa faixa do trabalho e que permite ao Kansas demonstrar suas raízes progressivas.
A letra possui uma mensagem otimista:
It's a strange aberration, this brainstorm of youth
Though it's lost in translation from fancy to truth
It's hopelessly human, both inside and out
A joyous occasion, there's no reason to doubt
It's easy somehow, what once was elusive
Is calling me now
Considerações Finais
Point of Know Return atingiu a excelente 4ª colocação da principal parada estadunidense de álbuns. O álbum foi aclamado pela crítica, especialmente pelos singles "Point of Know Return", o qual foi uma adição tardia ao álbum, e "Portrait (He Knew)", cuja temática versa sobre Albert Einstein.
A Rolling Stone deu ao álbum uma crítica mista, dizendo que, embora a transição para músicas mais curtas geralmente funcione, as letras são "uma repetição pálida e ridícula do exotismo de barganha empregado pela multidão do art-rock britânico". Eles comentaram que, embora o Kansas não tenha um solista virtuoso, a execução em conjunto da banda é forte e proposital.
Robert Taylor, da AllMusic, dá uma nota 4 em 5, dizendo que "a interação e a musicalidade superior de Kansas tornam esta uma gravação essencial de rock clássico e rock progressivo", apesar de seu "som datado" e da luta da banda "para manter um equilíbrio saudável de progressão combinada com pop".
Durante esse período, o Kansas tornou-se uma grande atração principal e esgotou os maiores locais disponíveis para bandas de rock da época, incluindo o Madison Square Garden, em Nova York. A banda documentou essa era, em 1978, com Two for the Show, um álbum duplo ao vivo com gravações de várias apresentações de suas turnês de 1977 e 1978. O Kansas conquistou uma sólida reputação pela reprodução fiel, ao vivo, de suas gravações de estúdio.
Em março de 1978, o Kansas foi para uma turnê pela Europa pela primeira vez e, mais tarde, naquele mesmo ano, os caras foram nomeados Embaixadores Adjuntos da Boa Vontade da UNICEF.
O
álbum de estúdio seguinte a Point of Know Return foi
Monolith. Point of Know Return supera a casa de 4
milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.
Formação:
Steve Walsh – Órgão, Sintetizadores, Vibraphone, Piano, Vocal e Backing Vocals
Kerry Livgren – Sintetizadores, Piano, Clavinete, Guitarras
Robby Steinhardt – Violinos, Viola, Backin Vocals (Vocal em "Closet Chronicles", "Lightning's Hand", "Sparks of the Tempest", e "Hopelessly Human")
Rich Williams – Guitarras
Dave Hope – Baixo
Phil Ehart – Bateria e Percussão
Faixas:
01. Point of Know Return (Walsh/Ehart/Steinhardt) - 3:13
02. Paradox (Livgren/Walsh) - 3:50
03. The Spider (Walsh) - 2:05
04. Portrait (He Knew) (Livgren/Walsh) - 4:38
05. Closet Chronicles (Walsh/Livgren) - 6:31
06. Lightning's Hand (Walsh/Livgren) - 4:24
07. Dust in the Wind (Livgren) - 3:28
08. Sparks of the Tempest (Livgren/Walsh) - 4:18
09. Nobody's Home (Livgren/Walsh) - 4:40
10. Hopelessly Human (Livgren) – 7:17
Letras:
Para o conteúdo completo das letras recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/kansas/
Opinião do Blog:
Após mais de uma década o Kansas retorna ao Blog com um de seus melhores trabalhos.
Fundada com uma sonoridade bastante progressiva, Poin of Know Return já mostra a banda tentando conciliar estas raízes no Prog com passagens bem amenas e acessíveis, em um tipo de AOR em estado de desenvolvimento. Os flertes constantes com o Hard Rock só comprovam esta transição que seria confirmada em álbuns posteriores, qual seja, o Kansas deixando gradualmente o Prog e se abraçando com o AOR.
E é neste contexto que temos canções com mais complexidade (e ótimas) como “Closet Chronicles”, “Hopelessly Human” e “The Spider”. Já canções acessíveis como “Portrait (He Know)” e a mais que clássica “Dust in the Wind” são mais ‘pop’, mostrando a dualidade presente na obra e que é deveras interessante – e cativante!
Aliás, estas duas últimas junto a “Hopelessly Human” são as minhas favoritas do disco.
Enfim, Point of Know Return é o Kansas em seu ápice musical, mesclando técnica e acessibilidade com categoria e extremo bom gosto.









0 Comentários:
Postar um comentário