11 de agosto de 2025

THE STOOGES - FUN HOUSE (1970)

 


Fun House é o segundo álbum de estúdios da banda norte-americana The Stooges. As gravações ocorreram entre 11 e 25 de maio daquele mesmo ano, no Elektra Sound Recorders, em Los Angeles, Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Don Gallucci e o selo foi o Elektra.





Antecedentes


Iggy Pop (nascido James Newell Osterberg) tocou bateria em várias bandas da área de Ann Arbor, no Michigan, quando adolescente, incluindo a banda The Iguanas e, mais tarde, The Prime Movers. The Prime Movers apelidaram Osterberg de "Iggy" em referência à sua banda anterior.


Osterberg se inspirou pela primeira vez para formar o Stooges depois de conhecer o baterista de blues Sam Lay durante uma visita a Chicago. Ao retornar a Detroit, Osterberg procurou criar uma nova forma de blues que não derivasse de precedentes históricos, com influência das bandas de rock de garagem como The Sonics e The Kinks.


Ron Asheton (guitarra), Scott Asheton (bateria) e Dave Alexander (baixo) formaram o resto da banda, com Osterberg como vocalista principal. Osterberg se interessou por Ron Asheton depois de vê-lo tocar em uma banda cover chamada Chosen Few.


Os três apelidaram Osterberg de "Pop" em homenagem a um personagem local com quem ele se parecia. Pouco depois de assistir a um show do MC5 em Ann Arbor, Osterberg começou a usar o nome artístico Iggy Pop, o qual usa desde então.


Embora os Stooges tenham se formado, Iggy Pop atribui duas influências motivadoras principais para levar a banda adiante. A primeira foi ver os Doors se apresentarem em um baile de boas-vindas da Universidade de Michigan. A segunda foi ver uma banda de rock feminina de Princeton, Nova Jersey, chamada Untouchable se apresentar.


A estreia da banda em 1967 foi em sua casa na State Street na noite de Halloween, seguida por seu próximo show em janeiro de 1968. Durante este período inicial, os Stooges foram originalmente chamados de "Psychedelic Stooges" no Grande Ballroom em Detroit, Michigan, e outros locais, onde tocaram com a banda MC5 e outros.


Em uma de suas primeiras apresentações no Grande Ballroom, o braço da guitarra de Asheton se separou do corpo, forçando a banda a parar de tocar durante a música de abertura, "I Wanna Be Your Dog". O primeiro grande show comercial dos Psychedelic Stooges foi em 3 de março de 1968, no Grande Ballroom em Detroit, abrindo para a Blood, Sweat & Tears. De acordo com John Sinclair, que reservou o show, os Psychedelic Stooges foram substitutos do MC5, que tinha uma reputação formidável em Detroit que fez com que Blood, Sweat & Tears relutasse em segui-los.


Os Stooges logo ganharam reputação por suas performances ao vivo selvagens e primitivas. Pop, especialmente, ficou conhecido por seu comportamento ultrajante no palco: untando o peito nu com carne de hambúrguer e manteiga de amendoim, cortando-se com cacos de vidro e exibindo sua genitália para o público. Às vezes, Pop é creditado com a invenção ou popularização do mergulho do palco.


Ron Asheton



Em 1968, a Elektra Records enviou o DJ/publicitário Danny Fields para conhecer o MC5, resultando em contratos tanto para aquela banda quanto para os Stooges. Em 1969, a banda lançou seu álbum de estreia autointitulado; as vendas foram baixas e não foi bem recebido pela crítica da época.


O disco


O chefe da Elektra, Jac Holzman, acreditava que o MC5, outra banda de Michigan, tinha mais potencial de sucesso do que os Stooges. Holzman pediu ao ex-tecladista do Kingsmen, Don Gallucci, para produzir o segundo álbum dos Stooges.


Depois de ver o grupo ao vivo, Gallucci disse a Holzman que os Stooges eram um "grupo interessante, mas não acho que você consiga gravar esse sentimento". Holzman disse que isso não importava porque ele já havia reservado um horário de gravação em Los Angeles. O álbum foi gravado na Elektra Sound Recorders em Los Angeles, Califórnia, de 11 a 25 de maio de 1970.


Para alcançarem sua visão, os Stooges e Gallucci despojaram todo o estúdio de seu equipamento habitual para emular suas apresentações ao vivo o mais fielmente possível. Segundo Gallucci, eles montaram a banda da mesma forma que normalmente tocam em um show. Por exemplo, Pop estava cantando através de um microfone de mão e os amplificadores de guitarra e baixo foram colocados lado a lado. Os resultados foram muito brutos quando comparados com muitos registros contemporâneos; por exemplo, sem os defletores de isolamento normais, as vibrações do amplificador de baixo causam um barulho audível da caixa em várias músicas.


Scott Asheton



O Stooges pretendia que "Loose" fosse a primeira faixa do álbum; a Elektra, no entanto, sentiu que "Down on the Street" seria a abertura mais forte.


DOWN ON THE STREET


Contando com um riff simples e contagiante, “Down on the Street” foi o single lançada para promoção do disco, mas não repercutiu nas paradas desta natureza.


A letra fala sobre alguém apaixonado:


Yea, deep in the night I'm lost in love

Yea, deep in the night I'm lost in love

Thousand lights look at you

Thousand lights look at you





LOOSE


Loose” traz peso e sentido de urgência, sendo bem interessante.


A letra tem conotação sexual:


I'll stick it deep inside

I'll stick it deep inside

Cause I'm loose


T.V. EYE


T.V. Eye traz a sonoridade de sua antecessora, mas com um toque mais malemolente da bateria.


A letra fala sobre sexo novamente:


She got a TV eye on me

She got a TV eye

She got a TV eye on me, oh


DIRT


Dirt” coloca o pé no freio, mas possui um tom dramático muito interessante e atuação angustiante de Iggy traz mais tensão para a faixa.


Mais uma letra sensual:


Ooh, I been dirt

And I don't care

Ooh, I been dirt

And I don't care

'Cause I'm burning inside

I'm just a yearning inside

And I'm the fire o' life


Dave Alexander



1970


Com uma musicalidade interessante, solos rasgantes e vocais impressionantes de Iggy, “1970” é bem agressiva.


Aletra fala sobre agitação:


Baby oh baby, burn my heart

Baby oh baby, burn my heart

Fall apart baby, fall apart

Baby oh baby,


FUN HOUSE


Com quase 8 minutos, sendo a maior canção do disco, a faixa-título é caótica e fascinante, em uma mistura de influências sonoras.


A letra é divertida:


I came to play.

I came to play.

I came to play... baby


L.A. BLUES


A última canção do disco é uma verdadeira maluquice, misturando um absoluto caos sonoro a gritos insanos, totalmente fora de qualquer padrão.


Considerações Finais


Fun House não repercutiu em termos das principais paradas de sucesso de discos e foi lançado contando com a adição do saxofonista Steve Mackay.


O disco também foi mal recebido pela crítica e pelo público em geral. Alexander foi demitido em agosto de 1970 depois de chegar ao Goose Lake International Music Festival bêbado demais para tocar. Ele foi substituído por uma sucessão de novos baixistas, incluindo o ex-roadie Zeke Zettner e James Recca.


Iggy Pop



Nessa época, a banda expandiu sua formação adicionando um segundo guitarrista, o roadie Bill Cheatham, que acabou sendo substituído por James Williamson, um amigo de infância dos Ashetons e Alexander.


A essa altura, o grupo, com a notável exceção de Ron Asheton, havia se tornado usuários sérios de heroína. A droga foi apresentada à banda pelo novo empresário John Adams. Suas performances tornaram-se ainda mais imprevisíveis, e Pop muitas vezes tinha problemas para se levantar no palco devido ao extremo uso de drogas. A Elektra logo eliminou os Stooges de seu plantel, e a banda teve um hiato por vários meses. A formação final foi Pop, os irmãos Asheton, Recca e Williamson.


A primeira separação dos Stooges foi anunciada formalmente em 9 de julho de 1971.


Se a crítica, da época, foi negativa, contemporaneamente Fun House se tornou um clássico “cult” e um disco reconhecidamente influente. Músicos como Joey Ramone, Mark E. Smith, Jack White, Nick Cave, Michael Gira, Buzz Osborne, Aaron North, Henry Rollins e Steve Albini estão entre os artistas que citaram Fun House como álbum favorito.


Em 2003, a Rolling Stone classificou Fun House em 191º lugar em sua lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos, mantendo a classificação em uma revisão de 2012 e subindo para o número 94 na reinicialização da lista em 2020.


Resta dizer que em 1973, seria lançado Raw Power, o terceiro álbum de estúdios do The Stooges.





Formação:

Iggy Pop – Vocal

Ron Asheton – Guitarra

Dave Alexander – Baixo

Scott Asheton – Bateria

Steve Mackay – Saxofone


Faixas:

1. Down on the Street - 3:42

2. Loose - 3:34

3. T.V. Eye - 4:16

4. Dirt - 7:00

5. 1970 - 5:14

6. Fun House - 7:45

7. L.A. Blues - 4:52

(Todas as canções compostas por todos os membros do grupo).


Letras:

Para o acesso às letras, indica-se: https://www.letras.mus.br/the-stooges/


Opinião do Blog:

A banda The Stooges foi o primeiro passo na formação do mito musical em torno de Iggy Pop, mas isto é muito pouco para se compreender a extensão do poder de Fun House.


Para além de todos os músicos consagrados que citam este disco como uma de suas principais influências, Fun House é um dos álbuns seminais que auxiliaram na formação do Punk Rock que estouraria anos depois.


Especialmente porque a produção de Don Galucci conseguiu captar algo que transcendia elementos mais formais: a energia, a ferocidade e a expressividade caótica que eram as marcas das apresentações do grupo The Stooges estão ao menos mimetizados em Fun House.


Claro que a atuação vocal de Iggy Pop é simplesmente alucinante, mas o rugido simples e eficiente das guitarras de Ron Asheton e o peso impressivo da seção rítmica são essenciais para a proposta sonora de Fun House.


A insanidade de “LA Blues” é um grande destaque do disco, bem como a força de sua faixa de abertura, “Down on the Street”. “Loose” tem a energia do Punk seminal.


Entretanto, escolhemos a ferocidade transgressora de “1970” e o caos absoluto de “Fun House” como nossas prediletas.


Enfim, se não foi um sucesso comercial – bem longe disso – o reconhecimento tardio à importância e à influência de Fun House são mais que justos, são merecidos. Este é um dos melhores e mais importantes álbuns da história do Rock.

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