4 de agosto de 2025

ZEPHYR - ZEPHYR (1969)

 


Zephyr é o autointitulado álbum de estreia da banda estadunidense de mesmo nome. O lançamento oficial foi realizado no ano de 1969, através, originalmente, do selo Probe. As gravações se deram no Wally Heider Studios, em Los Angeles, Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Bill Halverson.


Outra estreia aqui no Blog, desta vez trazemos a banda Zephyr.





Origens


Candy Ramey nasceu em 1946 em uma família descrita como "jogadores e bandidos mesquinhos", que vivia em uma casa de madeira com vista para o lago perto de Evergreen, a oeste de Denver. Quando ela tinha onze anos, eles se mudaram das montanhas para Applewood, perto de Golden.


O amor de Candy pela música e sua voz poderosa a fizeram ser eleita a "cantora com maior probabilidade de se tornar famosa" em seu último ano na Golden High School. Ela estudou na Northern Colorado University em Greeley, com a intenção de se tornar professora. Mas a música era seu foco, e ela e seu amigo do ensino médio, Doug Lubahn, pegaram carona até a Califórnia.


Lubahn procurou emprego como baixista e acabou tocando baixo nos dois primeiros álbuns do Doors. Candy se mudou para São Francisco para se juntar à amiga Connie Kay; ela fez sua estreia no rádio tocando violão e cantando "Greensleeves" em uma estação de língua chinesa.


Depois de um ano no litoral, ela retornou ao Colorado e se mudou para Aspen, juntando-se a outro amigo do ensino médio, Doug Whitney, na Piltdown Philharmonic Jug Band. Foi lá que ela conheceu David Givens, compositor, guitarrista e baixista; eles se mudaram para Boulder e se casaram em outubro de 1968. A banda deles, Brown Sugar, tocou de Denver a Salt Lake City, Califórnia, e de volta a Boulder naquele outono. A Brown Sugar acabaria se transformando no Zephyr.


Candy Givens



Na época, Boulder era um ponto de encontro de grandes músicos e tinha uma cena musical incrivelmente diversa. Rick Roberts, do The Flying Burrito Brothers e Firefall; Jock Bartley, do Graham Parsons e Firefall; Poco; Freddi Henchie & the Soulsetters; Flash Cadillac; Joe Walsh & Barnstorm e Steve Stills foram todos atraídos pelas montanhas e pelos estúdios de gravação Caribou Ranch.


Após uma jam monumental com o mago da guitarra Tommy Bolin no The Buff Room, na colina, Candy e David Givens se juntaram ao tecladista e flautista John Faris e a Bolin, os líderes da banda Ethereal Zephyr. Com a adição de Robbie Chamberlin na bateria, os membros da banda começaram a compor e arranjar músicas, aproveitando sua experiência tocando pop, blues, jazz, country e folk.


Eles estouraram na cena musical do Colorado com vários shows explosivos começando no The Sink em Boulder, onde trabalharam com Chuck Morris para promover um burburinho no estilo Barry Fey sobre a banda, e depois no Glenn Miller Ballroom da Universidade do Colorado, abrindo para John Mayall; Mackie Auditorium com Tim Leary; Reed's Ranch com o Grateful Dead; e vários shows gratuitos no Boulder Band Shell e outros locais nas montanhas ao redor de Boulder.


A estreia


Depois de tocar em Phoenix, onde conheceram músicos com Steve Miller, Vanilla Fudge e a banda de David Lindley, Kaleidoscope, eles foram para Nova York, São Francisco e Los Angeles, onde tocaram no Avalon Ballroom, no The Whisky A-Go-Go e no The Boston Tea Party. Por onde passavam, seus shows sem restrições conquistavam novos fãs, especialmente no Denver Pop Festival, onde tocaram em duas noites memoráveis.


David Givens



Durante esses shows, eles passaram um tempo em Boulder, preparando-se para gravar seu primeiro álbum no outono de 1969 em Los Angeles. Seu álbum de estreia autointitulado foi lançado pela ABC Probe, uma divisão da ABC Records.


Vamos às faixas:


SAIL ON


Sail On” traz ótimos vocais de Candy e a guitarra de Bolin incendiária, em um blues rock, com toques sutis de prog, em mais de 7 minutos.


A letra fala sobre seguir em frente:


A volcano dreams, and life slowly fades

And the rest of us blowing at the night!

And though hope is gone

I must go on sailing

And try to escape from the light





Foi o single para promover o disco, mas não repercutiu em termos de paradas de sucesso.


SUN’S A RISIN’


A deliciosa pegada bluesy continua na viciante “Sun’s a Risin’”.


A letra é em tom de despedida:


Sun's a risin', yeah it' risin' way up high in the sky

Yeah the sun's a risin' baby oh it's risin' way high in the sky

And it's 'bout that time man

It's gonna start to make you cry!


RAINDROPS


Raindrops” têm uma pegada que lembra o CCR,com vocais de Candy que trazem à mente Janis Joplin.


A letra mostra um eu lírico em sofrimento amoroso:


Wow since my baby ran away and left

Oh I feel so all alone

Now there no one to pretend

And you know I can't take it alone


Trata-se de uma versão para a música originalmente composta por Dee Clark.


BOOM-BA-BOOM


Boom-Ba-Boom” é uma pequena canção instrumental com destaque para a guitarra de Bolin.


SOMEBODY LISTEN


Os “duelos” entre a guitarra de Bolin, a harmonica de Candy e os teclados de Faris são notáveis em “Somebody Listen”, um blues rock de categoria excepcional.


PS: não encontrei as letras.


Tommy Bolin



CROSS THE RIVER


Cross the River” traz Faris afiado no órgão, em um rock um pouco mais direto.


A letra fala sobre sedução:


A silence calms my madness

And it won't try to enter my mind

For I walk across the river

It might tell me it's time


ST. JAMES INFIRMARY


Nesta versão para “St. James Infirmary”, de Joe Pimrose, a musicalidade é mais contida e o destaque vai para a impressionante atuação vocal de Candy Givens.


A letra fala sobre a morte:


I went down to the St. James Infirmary

Oh God and I heard my poor baby moan

Oh I feel so broken hearted

Cos my baby baby baby used to be all my own

He used to be all my own


É um cover da canção composta por Irving Harold Mills, sob um de seus pseudônimos, Joe Primrose.


HUNA BUNA


Huna Buna” é mais curtinha, com órgão, gaita e guitarras em solos pontuais.


A letra é divertida:


My huna buna don't tell me no lie

Even when I look at his big blue eyes

Oh baby there the kind to hypnotise

Oh huna buna, I love my little huna buna!

Oh the huna buna is all mine

And I don't need another man, no


HARD CHANGIN’ WOMAN


Hard Chargin’ Woman” tem mais de 9 minutos e encerra o álbum em um clima de improvisação.


A letra mostra uma mulher durona:


As any man can plainly see

I am just as I appear to be

And I dont feel no pain

Oh some day baby a time is gonna come

And you gonna call out my name

Oh and I dont play no games

Cos I'm a hard chargin' woman


Considerações Finais


A estreia do Zephyr conseguiu repercutir em termos de paradas de sucesso, atingindo a 48ª colocação da principal parada norte-americana.


Richie Unterberger, do AllMusic, dá uma nota 4 em 5, afirmando: “A característica mais marcante da banda nesse ponto, de fato, é o canto um tanto histriônico da vocalista Candy Givens”.


Com a presença de palco, as composições, os vocais e a harpa de Candy; os solos mágicos da guitarra de Bolin e o poder da seção rítmica do Zephyr, além das performances de blues/jazz/rock da banda em shows com Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Leslie West’s Mountain, Mad Dogs and Englishmen, Spirit, Fleetwood Mac e praticamente todos os grandes grupos da época, a banda estabeleceu uma base de fãs nos EUA, Canadá e internacionalmente na Europa, Japão e Austrália.


O cenário estava pronto para que o Zephyr com a vocalista Candy Givens se tornasse o herdeiro lógico da dinastia de Janis Joplin e Grace Slick de bandas poderosas lideradas por mulheres no final dos anos 1960.


Zephyr fez uma aparição no American Bandstand em 31/01/70 dublando "Cross the River". Embora as performances carismáticas de Candy Givens fossem o ponto focal da banda, o trabalho de guitarra chamativo de Bolin é o motivo que a banda é mais lembrada.


Em 1970, o grupo lançaria seu segundo disco, agora pela Warner Bros., Going to Colorado.





Formação:

Candy Givens – Vocal, Harmonica

Tommy Bolin – Guitarras, Backing vocals

John Faris – Órgão, Piano, Flauta

David Givens – Baixo, Backing vocals

Robbie Chamberlin – Bateria, Backing vocals


Faixas:

1. Sail On (Bolin/C. Givens) – 7:22

2. Sun's a Risin' (Bolin/D. Givens) – 4:45

3. Raindrops (Clark) – 2:40

4. Boom-Ba-Boom (D. Givens) – 1.20

5. Somebody Listen (D. Givens/C. Givens/Bolin/Faris) – 6:10

6. Cross the River" (C. Givens/D. Givens) – 4:43

7. St. James Infirmary (Primrose) – 5:15

8. Huna Buna (C. Givens/Bolin) – 2:26

9. Hard Chargin' Woman (Bolin/Chamberlin/Faris/C. Givens/D. Givens) – 8:40


Letras:

O conteúdo completo das letras pode ser acessado:

https://genius.com/albums/Zephyr/Zephyr-deluxe-edition


Opinião do Blog:

Muito bom trazer a banda Zephyr pela primeira vez no site.


Em sua autointitulada estreia, o grupo aposta em uma sonoridade mais baseada no Blues Rock, com toques de psicodelia e um peso considerável para sua época, muitas vezes um Hard Rock vigoroso.


A banda é bem consistente com sua sólida seção rítmica permitindo boas intervenções de John Faris nos teclados ou da vocalista Candy Givens na gaita. Falando nela, seus vocais poderosos e “exagerados”, por vezes remetem à Janis Joplin.


Porém, é inegável que o maior destaque é para o incrível guitarrista Tommy Bolin, com solos e riffs incríveis, já mostrando o talento que o levaria ao Deep Purple.


Canções como “Sail On”, “Raindrops” e “Somebody Listen” são soberbas e estão entre minhas preferidas, embora aqui não há faixas descartáveis.


Enfim, a estreia do Zephyr é um disco fenomenal que abraça o Blues Rock, flertando com o Hard Rock, e uma peça imperdível de seu tempo.

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