One Night Stand é o terceiro álbum de estúdios da banda norte-americana Fandango. Seu lançamento oficial aconteceu em 1979, através do selo RCA. As gravações ocorreram nos estúdios da RCA e a produção ficou a cargo de Allan Blazek.
Trazemos a banda Fandango para nossas páginas.
Formação
Formado em 1976, o Fandango era inicialmente composto por Joe Lynn Turner nos vocais — e guitarra — Rick Blakemore na guitarra, Bob Danyls no baixo, Denny La Rue nos teclados e Abe Speller na bateria.
Os roqueiros de Nova Jersey do Fandango foram atormentados por infortúnios e desventuras ao longo de sua carreira inglória e agora são mais lembrados por lançar a carreira do vocalista consagrado Joe Lynn Turner, que mais tarde tocaria com Rainbow, Yngwie Malmsteen, Deep Purple e outras bandas de primeira linha. Turner já havia se envolvido em alguns grupos amadores no início dos anos 70, mas foi com a formação do Fandango em 1975 que ele se profissionalizaria oficialmente, passando de incontáveis shows em clubes para um contrato com a gravadora RCA.
Mudanças e o primeiro disco
O baterista Abe Speller logo foi substituído por Lou Mondelli, que tocou em uma música do álbum de estreia homônimo da banda, de 1977, e em todos os seus lançamentos subsequentes. Pouco tempo depois, o segundo tecladista Larry Dawson se juntaria ao grupo, ao lado do percussionista Walter Santos e do pianista Joe De Lia.
Combinando
o AOR suave com que bandas como Boston já atingiam o auge,
com a vertente country dos Eagles e do Allman Brothers
— e um leve toque do jazz do Toto — a estreia da banda se
mantém agradável até hoje. "Headliner" pulsa e
gentilmente dá vida ao álbum, enquanto "Down Down Down"
ilustra habilmente que o Fandango conseguia beijar e acalmar
como ninguém. Turner, é preciso dizer, está gigante, com seus
vocais totalmente espontâneos já cintilantes e emocionantes em
igual medida. Eles também são perfeitos para o som descontraído,
porém técnico, que a banda produziu; Blakemore não se deixa
abater, enquanto a interação no teclado é um deleite de se ver.
Considere o slide jazzístico de "Life Of The Party" e o
puro AOR de "Devil Rain", e é difícil compreender como o
Fandango não conseguiu causar um impacto inicial.
Last Kiss
Um
ano depois, Last Kiss, de 1978, produzido como a estreia por
Neil Portnow, seguiu no mesmo estilo, com a faixa-título suave,
porém insistente, num estilo que mistura Journey e The
Eagles, enquanto "Sure Got The Power" adiciona um toque
de hard rock à mistura, com a dupla de guitarristas possivelmente a
mais exaltada que já havia sido até então. "Mexico" é
quase funk-soul em sua abordagem, embora "Hotel La Rue"
novamente adicione um boogie country à mistura de rock melódico.
Com "Feel The Pain", um rock de ritmo médio, e "I
Keep Going/Hard Bargain", onde Danyls também assume os vocais
principais, novamente pisando um pouco mais fundo no acelerador,
embora seu foco possa estar direcionado para todos os lados, Fandango
poderia arrasar com os melhores.
Rick Blakemore e Joe Lynn Turner
Allan
Blazek estava na mesa de produção do terceiro álbum, One Night
Stand, lançado em 1979. Com sua introdução, o foco muda
ligeiramente, à medida que as guitarras de Turner e Blakemore
assumem posições mais óbvias e frequentes sob os holofotes. Isso
não significa que ainda não haja espaço para o R&B funky,
quase disco, de "Late Nights", ou que "Dancer"
não seja um AOR da mais alta qualidade.
Vamos às faixas:
ONE NIGHT STAND
Um AOR pesado e intenso marca a abertura do disco, com ótima presença da guitarra de Blakemore.
A letra pode ser inferida a uma garota livre:
Well, give her a hand
Raise up your glasses and strike up the band
She's never lonely, there's standing room only
For a onе-night, one-night, one-night stand
Come on, girl
THIEF IN THE NIGHT
O Hard Rock é base para a ótima “Thief in the Night”, com vocais maravilhosos de Turner.
A letra fala de uma mulher quente:
You're like a thiеf in the night
You take my love and you tеll me goodbye
You're like a thief in the night
Stealin' my heart away
Take me away
HARD MAN (BLESS MY SOUL)
Esta música é uma simbiose entre Journey e Allman Brothers, com os teclados muito proeminentes.
A letra fala de um eu lírico que foi usado por uma mulher:
Bless my soul, no one's gonna hurt me
Had my share of pain
But now (but now)
Oh, look at me, mama, I'm a hard man
HARD HEADED WOMAN
Como o próprio nome diz, está é uma canção que explora o peso e a intensidade.
A letra fala sobre um relacionamento complicado:
Hard-headed woman
You need a hard-headed man
I'll be the kind of lover
Gonna make you understand
Hard-headed woman
I'm a hard-lovin' man
One way or another
Gonna make you understand
I WOULD NEVER LEAVE
Esta faixa traz uma balada pouco comovente.
A letra fala sobre um eu lírico que tomou um pé na bunda:
Memories is all that's lеft of you and me
Oh, why can't you see the love wе left behind
Is nothin' but a memory? I just had to set you free
You took the very heart of me, once there was a time
DANCER
“Dancer” possui uma pegada da música pop do fim dos anos 1970.
A letra menciona uma mulher quente:
Dancer (dance)
Let you dance all over my heart
(You got me dancin', got me dancin')
All over again
(Dance, dance, dance)
Fool that I am, oh
LITTLE CHERIE
As guitarras voltam a ser protagonistas na ótima Little Cherie”.
A letra fala sobre o fim de um relacionamento:
Oh, little Cherie
(Don't you know I want you?)
You got me wanting you
(You got me wanting you, oh)
Oh, little Cherie
I miss you already
LATE NIGHTS
“Late Nights” traz um rock bem acessível com boa pegada AOR.
A letra é simples e fala sobre sexo:
Late nights
One more go-around
You better slow down
Before it's too late
TWO TIME LOSER
Blackemore e Turner dividem os vocais em uma faixa divertida, com pegada bluesy.
A letra fala sobre uma prostituta:
She was a barroom queen
Well, that's the way it seemеd when I met her
And underneath those mother-of-pearls
Yeah, beat the heart of a workin' girl
AIN’T NO WAY
Um AOR bem básico, dominado pelos teclados e com vocais de Bob Danyls encerra o disco.
A letra fala sobre frustração:
'Cause I'm out here without you
Show after show
I'm thinkin' about you
I can't hardly wait 'til I'm with you back homе
Considerações Finais
O disco One Night Stand, apesar de sua qualidade, não causou maiores repercussões em termos de paradas de sucesso.
Mas com "Hard Headed Woman" cortante e rosnante, "Hard Man (Bless My Soul)" quase possuindo uma arrogância típica do AC/DC (mas não totalmente) e "Two Time Loser" tentando, mas falhando, não soar como uma cópia completa de "Alright Now" do Free — Turner até adiciona um "hey-yeah!" na introdução, caso você tenha perdido o riff sendo retirado do sucesso mundial — embora One Night Stand dificilmente seja um ‘monstro do metal’, certamente tem um ataque mais pesado e que combinava perfeitamente com o Fandango.
Na
estrada promovendo o disco, a tragédia atingiu o Fandango: 80
mil dólares em seu equipamento foram levados por ladrões após um
show com os Beach Boys, Billy Joel e o Allman Brothers,
deixando o a banda quase falida e completamente desanimada.
A RCA ajudou da melhor forma possível, doando US$ 30.000 para a banda se reerguer, enquanto também foi tomada a decisão de os membros do grupo abrirem mão de seus direitos autorais para arrecadar algum dinheiro. Na verdade, como Turner confirma nas excelentes notas escritas por Malcolm Dome, a vida do Fandango havia sido sugada por esses eventos e era inevitável que a banda se separasse, mas de alguma forma, mesmo com disputas internas sobre a composição das músicas e praticamente tudo o mais, eles conseguiram gravar o melhor álbum de seu breve tempo juntos, no formato de Cadillac.
Com
o fogo na barriga por perderem seus equipamentos e as brigas
internas, um ataque de rock melódico mais pesado subitamente se
tornou evidente, e os menos caridosos entre nós possivelmente
poderiam sugerir que Ritchie Blackmore não roubou apenas o vocalista
do Fandango para seu álbum Difficult To Cure, mas
também o som deles.
Ao longo do texto, há uma nova pegada e foco em Cadillac. Seja pela queda abrupta de "Blame It On The Night" e seu refrão instantaneamente memorável, pela pulsação percussiva e conduzida pelo teclado de "Hypnotized", ou pela faixa-título mais peculiar, quase como Max Webster, este é um álbum que sabe exatamente do que se trata.
Cadillac, o quarto e último disco do Fandango, sairia em 1980.
Formação:
Joe Lynn Turner –Vocal (1, 2, 5-8), co-lead (4, 9), Guitarras
Rick Blakemore – Guitarra, Vocal (3) e co-lead Vocal (4, 9)
Dennis LaRue – Teclados, Backing vocals
Larry Dawson – Teclados
Bob Danyls – Baixo, Backing e Vocal Principal (10)
Lou Mondelli – Bateria
Walter Santos – Percussão
Faixas:
01. One Night Stand (La Rue) – 2:40
02. Thief In The Night (La Rue/Turner/Blakemore) – 3:48
03. Hard Man (Bless My Soul) (Danyls/La Rue/Turner/Blakemore) – 3:56
04. Hard Headed Woman (La Rue/Blakemore) – 3:28
05. I Would Never Leave (La Rue/Turner/Dawson/Blakemore) – 5:21
06. Dancer (La Rue/Turner/Blakemore) - 3:33
07. Little Cherie (La Rue/Blakemore) – 4:05
08. Late Nights (La Rue) – 3:15
09. Two Time Loser (Turner/Blakemore) – 4:29
10. Ain't No Way (Danyls/Turner/Dawson/Blakemore) – 3:48
Letras:
Para o conteúdo completo das letras, acesse:
https://genius.com/albums/Fandango/One-night-stand
Opinião do Blog:
Penso que o texto deixou bem claro que o Fandango teve uma certa dose de azar que o impediu de alcançar maior sucesso comercial, tanto é que o grupo ficou mais conhecido com o sucesso posterior de seu vocalista, Joe Lynn Turner.
Em sue terceiro trabalho, One Night Stand, as influências de bandas como Boston e Journey são ainda muito evidentes, especialmente com as guitarras de Rick Blakemore e os teclados proeminentes. Aliás, Blakemore é um dos pontos altos do disco.
No entanto, neste álbum o grupo funde seu AOR com muitas influências do chamado Southern Rock, evidenciado por canções como “Hard Man (Bless My Soul”, com pegada explícita de bandas como a The Allman Brothers Band.
Embora conheça muita gente que torça o nariz, eu curto os vocais de Joe Lynn Turner, pois penso que ele interpreta muito bem as canções e sua voz limpa e suave se casam perfeitamente com a sonoridade do grupo. Para mim, é o ponto alto do disco.
As letras, no entanto, são absolutamente rasas.
Como destaques, aponto a criativa “Hard Man (Bless My Soul)” e a excelente “Little Cherie”, com um peso considerável para os padrões do disco.
Não, não é que One Night Stand vá mudar a vida de quem o ouvir, mas fãs de AOR e do Joe Lynn Turner certamente irão gostar. Por fim, ao menos para mim, fica explícita a influência que o Fandango teve na fase mais “pop” do Rainbow.
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