14 de julho de 2025

THE CULT - ELECTRIC (1987)

 


Electric é o terceiro álbum de estúdios da banda britânica The Cult. Seu lançamento oficial aconteceu em 6 de abril de 1987, através dos selos Beggars Banquet e Sire. As gravações aconteceram em dezembro de 1986, no Manor Studios, em Oxford, Reino Unido. A produção ficou a cargo de Rick Rubin.


Hora do The Cult retornar ao Blog!





Antecedentes


Love, segundo álbum de estúdio do grupo, saiu em outubro de 1985.


A música e a imagem da banda mudaram de suas raízes punk para influências psicodélicas dos anos 1960. Love foi um sucesso nas paradas, alcançando a quarta posição no Reino Unido e vendendo 100 mil cópias lá, totalizando 500 mil cópias em toda a Europa, além de 100 mil na Austrália e 500 mil nos Estados Unidos. Love alcançou a 20ª posição nas paradas da Holanda, onde permaneceu por 32 semanas.


Do final de setembro de 1985 a junho de 1986, a banda fez uma turnê mundial com o novo baterista Les Warner (que havia tocado com Julian Lennon e com Johnny Thunders). Mais dois singles do álbum Love se seguiram: "Rain" (na 17ª posição nas paradas do Reino Unido) e "Revolution" (na 30ª posição nas paradas do Reino Unido). Nenhum deles chegou às paradas dos EUA. Outro single, "Nirvana", foi lançado apenas na Polônia.


De volta à Inglaterra, a banda se hospedou no Manor Studios em Oxfordshire, com o produtor Steve Brown (que havia produzido Love), e gravou mais de uma dúzia de músicas novas. A banda não gostou do som de seu novo álbum de estúdio, intitulado Peace, e decidiu ir para Nova York para que o produtor Rick Rubin pudesse remixar o primeiro single, "Love Removal Machine".


Ian Astbury



Rubin concordou em trabalhar com a banda, mas somente se eles regravassem a música. Rubin acabou convencendo-os a regravar o álbum inteiro. A gravadora da banda, Beggars Banquet, ficou descontente com a ideia, pois dois meses e 250 mil libras já haviam sido gastas no disco. No entanto, após ouvir a gravação inicial em Nova York, a Beggars Banquet concordou em prosseguir.


O primeiro single, "Love Removal Machine", foi lançado em fevereiro de 1987, e a nova versão do álbum foi lançada em abril daquele ano, agora renomeado como Electric.


Produção


Após o sucesso estrondoso de seu segundo álbum, Love, o Cult começou a trabalhar em um sucessor com o produtor Steve Brown. No verão britânico de 1986, eles gravaram doze faixas no Manor Studio, em Oxfordshire. Essas gravações, que ficaram conhecidas como Manor Sessions, formariam um novo álbum, provisoriamente intitulado Peace. De acordo com o vocalista Ian Astbury, a banda estava insatisfeita com os resultados das sessões, afirmando: "Estávamos em um estúdio residencial em Oxfordshire, lotado de bebida, sem supervisão. Provavelmente aconteceu o mesmo com os Stone Roses ao fazerem The Second Coming. Gastamos um quarto de milhão de libras fazendo um álbum que soava como sopa."


O The Cult viajou para Nova York com a intenção de que Rick Rubin, conhecido por produzir álbuns para artistas de hip hop e para a banda de thrash metal Slayer, remixasse uma das faixas. Rubin criticou o uso de efeitos de guitarra nos discos anteriores da banda por serem "exagerados".


Billy Duffy



Rubin, em vez disso, perguntou à banda se eles estariam interessados em gravar algo mais parecido com o AC/DC ou com o Led Zeppelin dos primeiros tempos.


De acordo com Astbury, "Rick nos perguntou: 'Vocês querem fazer música inglesa de buceta ou querem rock?' Quando a coisa acontece assim, em Nova York, você fica tipo: 'Queremos arrancar os alto-falantes.'"


A banda optou por regravar todas as faixas com Rubin como produtor. Seguindo a visão de Rubin, voltada para o hard rock, Billy Duffy tocou uma guitarra Gibson Les Paul com um amplificador Marshall no álbum e, de acordo com o guitarrista, "nenhum pedal de efeitos [era] permitido, exceto wah-wah".


Duffy afirmou que a mudança no som foi orgânica, afirmando: "Cult sempre foi uma banda movida a riffs, mesmo nos estágios iniciais com o Death Cult e o Southern Death Cult, só que começamos a entrar no fruto mais proibido, que eram os riffs de blues-rock. Isso mudou o senso rítmico da banda, que era muito tribal no início dos anos 80, mudando para uma batida mais rock e swing."


O engenheiro Tony Platt afirmou que Rubin compararia a instrumentação do álbum aos "sons de guitarra de Back in Black, ao som de bateria de Highway to Hell e ao som de voz do Led Zeppelin", tocando trechos de cada disco durante a mixagem. A produção de Rubin enfatizou o bumbo, devido à sua experiência como produtor de hip hop.


Jamie Stewart



Embora todas as doze faixas do Manor Sessions tenham sido inicialmente descartadas, quatro delas apareceriam como lados B de singles de Electric. Outras cinco apareceram em um EP de edição limitada e, com o lançamento de Rare Cult em 2000, o restante das faixas inéditas produzidas por Steve Brown foram disponibilizadas, ainda que em formato de edição limitada. Elas finalmente foram disponibilizadas em um lançamento popular em 2013, como parte do lançamento de Electric Peace.


Vamos às faixas:


WILD FLOWER


Wild Flower” abre o disco com um riff sensacional e uma excelente pegada Hard Rock.


A canção fala sobre uma garota quente:


Wild flower

I love you every hour

Wild flower

Burning down the night

Set the world alight, yeah





Foi lançada como single, atingindo a 24a colocação da principal parada britânica desta natureza.


PEACE DOG


Peace Dog” traz a nova pegada da banda, sendo pesada e potente, além dos bons vocais de Astbury.


A letra faz uma dicotomia com guerra e paz:


Oh, peace is a dirty word

She used to be a painted bird, yeah

And war, she's a whore

Don't you know we love her more and more?


LIL’ DEVIL


Lil’ Devil” é ótima, continuando na pegada do começo do disco com ótimo trabalho de Duffy.


A letra é bem simples:


Come on little devil

Be my little angel

Come on little devil

Be my, yeah, angel, ow


Lil’ Devil” foi um single que atingiu a 11ª posição da principal parada britânica.


APHRODISIAC JACKET


A sonoridade mais bluesy da excepcional “Aphrodisiac Jacket” conta com Duffy e Astbury brilhando.


A letra pode ser interpretada como de conteúdo sexual:


Aphrodisiac jacket

Napoleon machine gun

Livin' on a subway, yeah, yeah

From dusk till dawn, yeah


ELECTRIC OCEAN


Electric Ocean” é mais curtinha, mais direta, contudo, sem abrir mão de uma dose de agressividade.


A letra fala sobre sexo:


Ocean of love

I'm thinkin' of

The place to be

The electric sea


BAD FUN


Bad Fun” apresenta um sentido maior de urgência, com a seção rítmica mais potente.


A letra fala sobre diversão:


Mayhem children take no lip

Rev your engine from the hip

Yeah, nighttime, she's callin' you

Ghetto star, you'll go far

Dress up in your fancy clothes

Set good times to overload

Rhythm like a rumblin' train

Hit those skins, explode my brain





KING CONTRARY MARY


Outra canção mais acelerada e baseada em um bom riff é “King Contrary Mary”, com excelentes vocais de Astbury.


A letra fala sobre contradição:


I took a while and thought about it

Down at the crossroads temptin' fate

I took a while and thought about it

Down at the crossroads temptin' fate


LOVE REMOVAL MACHINE


Love Removal Machine” é uma música de assinatura do Cult, pois expressa o DNA da banda e suas influências de bandas como os Stones, por exemplo.


A letra menciona uma mulher poderosa:


Baby, baby, baby, baby, baby, I fell from the sky

Yesterday, you blew my mind, oh yeah

Having trouble with my direction

Upside-down, psychotic reaction





A faixa atingiu a 18a colocação da principal parada britânica desta natureza.


BORN TO BE WILD


Desnecessária a versão apenas morna do grupo para o clássico “Born to Be Wild”.


A letra clama por liberdade:


Like a true nature's child

We were born

Born to be wild

We can climb so high

I never wanna die


Trata-se de um cover para o clássico lançado originalmente pela banda Steppenwolf.


OUTLAW


O disco sobe novamente de patamar com outra porrada bem direta, “Outlaw”.


A letra fala sobre um personagem deslocado:


Terrorize, prophesize

Small town any place

Prodigal son, hey loyal to none

He had it all to say

Renegade from another world

Child, he was the wild one


MEMPHIS HIP SHAKE


A tremenda, no melhor sentido, “Memphis Hip Shake” encerra o trabalho com muitos ecos de Led Zeppelin.


A letra menciona uma garota:


All the time, baby

All the time, yeah

Baby, get it while it's real good, yeah

All around the world

Sure do need guitar, yeah


Considerações Finais


Electric atingiu a ótima 4ª posição da principal parada britânica, alcançando a 38ª colocação em sua correspondente norte-americana.


A Rolling Stone escreveu que "apesar das sombras pairando sobre o Led Zeppelin, Bon Scott e outros, Electric faz mais do que roubar o caos do metal do passado. Ele se pavoneia, tritura e uiva, tudo bem, mas o faz com irreverência (o que não é surpreendente com o especialista em obscenidades Rick Rubin no comando)."


A Trouser Press escreveu: "Tão sensualmente gratificante quanto brega e retrô-idiota, Electric pode reivindicar uma das piores versões da história de 'Born to Be Wild'."


Ned Raggett, do AllMusic, dá uma nota 4,5 (em 5), apontando: “Embora tanto a banda quanto o álbum tenham recebido muitas críticas por sua aparente imersão em sons e estilos de dinossauros, o resultado final ainda é um grito de energia que exige ser ouvido no volume máximo em arenas, com um soco brusco na bateria de Les Warner para combinar com a ação de acordes poderosos de Duffy”.


A banda fez a turnê com Kid Chaos (também conhecido como "Haggis" e "The Kid") no baixo e Stewart na guitarra base. Mais dois singles, "Lil Devil" e "Wild Flower", foram lançados em 1987. Algumas faixas do álbum Peace original apareceram nas versões single de "Love Removal Machine" e "Lil Devil". O álbum Peace completo só seria lançado em 2000, quando foi incluído como Disco 3 do box Rare Cult.


Nos EUA, o Cult, agora composto por Astbury, Duffy, Stewart, Warner e Kid Chaos, teve o apoio do então desconhecido Guns N' Roses. A banda também se apresentou no Roskilde Festival, na Dinamarca, em junho de 1987.


Durante a parte australiana da turnê mundial, a banda destruiu 30 mil libras em equipamentos e, como resultado, não pôde fazer uma turnê pelo Japão, pois nenhuma empresa alugava novos equipamentos para o conjunto.


Ao final da turnê, o álbum Electric havia sido certificado como Ouro no Reino Unido, mas a banda mal se falava naquela época. Haggis deixou o Cult ao final da turnê de Electric para formar o Four Horsemen, pelo selo Def American de Rubin.


Astbury e Duffy demitiram Warner e sua equipe de empresários Grant/Edwards, e se mudaram para Los Angeles com Stewart. Warner processou a banda diversas vezes por sua demissão, bem como pelo que ele considerou serem royalties não pagos por sua performance no álbum Electric, resultando em longas batalhas judiciais. O Cult assinou um novo contrato de gestão e escreveu 21 novas músicas para seu próximo álbum.


Electric, segundo estimativas, supera a casa de 1 milhão de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.





Formação:

Ian Astbury – Vocal

Billy Duffy – Guitarras

Jamie Stewart – Baixo

Les Warner – Bateria


Faixas:

01. Wild Flower (Astbury/Duffy) - 3:37

02. Peace Dog (Astbury/Duffy) - 3:34

03. Lil' Devil (Astbury/Duffy) - 2:44

04. Aphrodisiac Jacket (Astbury/Duffy) - 4:11

05. Electric Ocean (Astbury/Duffy) - 2:49

06. Bad Fun (Astbury/Duffy) - 3:33

07. King Contrary Man (Astbury/Duffy) - 3:12

08. Love Removal Machine (Astbury/Duffy) - 4:17

09. Born to Be Wild (Bonfire) - 3:55

10. Outlaw (Astbury/Duffy) - 2:52

11. Memphis Hip Shake (Astbury/Duffy) - 4:01


Letras:

Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://genius.com/albums/The-cult/Electric


Opinião do Blog:

O Cult já havia criado uma grande obra em Love, mas neste Electric o grupo decidiu se reinventar.


Ao apostar em um som mais direto e mais simplificado, embora também consideravelmente pesado, o Cult produziu um verdadeiro álbum de guitarras. Duffy é o grande centro das atenções com riffs infernais e solos matadores.


Evidentemente, a categoria de Astbury nos vocais continua em sua excelência, impressionando como ele consegue interpretar as músicas com profundidade. E neste ponto, letras e musicalidade se fundem simbioticamente.


Se há um pecado em Electric que não o permite a perfeição é o desnecessário – e morno – cover para “Born to Be Wild”, sem nenhuma necessidade.


Faixas impressionantes como “Wild Flower”, “Love Removal Machine”, “King Contrary Man” e “Memphis Hip Shake” são pontos altos de toda a discografia do conjunto. Entretanto, nossa preferida continua sendo a inacreditável “Aphrodisiac Jacket”, uma pérola do Cult.


Resumindo: Electric não é apenas um dos melhores álbuns do Cult, mas um dos discos protagonistas do Hard Rock dos anos 1980.

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