16 de novembro de 2022

JUDAS PRIEST - SCREAMING FOR VENGEANCE (1982)

 


Screaming for Vengeance é o oitavo álbum de estúdio da banda britânica Judas Priest. Seu lançamento oficial aconteceu em julho de 1982 através do selo Columbia Records. As gravações ocorreram entre janeiro e maio daquele mesmo ano, nos Ibiza Sound Studios, Ibiza, na Espanha e no Beejay Studios, Orlando, nos EUA. A produção ficou a cargo de Tom Allom.


O Judas Priest retorna ao RAC com um dos seus álbuns mais aclamados pelos fãs. Vai-se abordar os antecedentes para partir-se ao tradicional faixa a faixa.





Antecedentes


Em 1980, o Judas Priest lançou British Steel. As músicas do álbum eram mais curtas e tinham refrões de rádio mais mainstream, mas mantinham a sensação familiar de heavy metal. Faixas como "United", "Breaking the Law" e "Living After Midnight" eram frequentemente tocadas nas rádios.


O próximo lançamento, Point of Entry, de 1981, seguiu a mesma fórmula, e a turnê de divulgação do álbum contou com novas músicas como "Solar Angels" e "Heading Out to the Highway".


Rob Halford



Screaming for Vengeance


Em 1982, o Judas Priest tinha uma de suas melhores formações: Rob Halford nos vocais, K. K. Downing e Glenn Tipton nas guitarras, Ian Hill no baixo e Dave Holland na bateria.


Screaming for Vengeance foi gravado no Ibiza Sound Studios, Ibiza, Espanha (durante esse período, era comum que músicos do Reino Unido gravassem na Europa continental por conta dos impostos). A mixagem e os overdubs foram feitos no Beejay Recording Studios em Orlando, Flórida e no Bayshore Recording Studios em Coconut Grove, na Flórida (ambos nos EUA).


O disco apresentou um som mais Hard e pesado do que o de British Steel e viu a banda voltar ao rock pesado, mais direto, em contraponto a Point of Entry, que soava um pouco mais melódico. O álbum também marca a primeira vez que um baterista tocou em mais de dois álbuns do Judas Priest, com Dave Holland, que também tocou em British Steel e Point of Entry.


A faixa de maior sucesso comercial do álbum, "You've Got Another Thing Comin'", foi uma adição de última hora. De acordo com o guitarrista K. K. Downing, "Ficamos muito felizes com o álbum, mas decidimos mais tarde que poderíamos adicionar mais uma música. Eu sei que tínhamos algumas partes, mas decidimos completar "Another Thing Comin'" durante as sessões de mixagem nos estúdios Bee Jay. Ele se formou rapidamente, e eu lembro que todos nós tivemos um bom pressentimento sobre isso, já que soava como uma boa música de direção e possivelmente uma boa faixa de rádio".


Ian Hill



Rob Halford expressou surpresa com o sucesso da música, dizendo que "essa faixa foi enterrada. Normalmente, as faixas que você acha que vão fazer coisas estão no front-end do lançamento. Mas nossos amigos da Sony disseram: 'Vamos fazer essa música' - E nós realmente não sabíamos o que estava acontecendo. Mas então o feedback estava chegando: 'Ei, o disco está bombando nesta cidade e naquela cidade', e simplesmente decolou."


Vamos às faixas:


THE HELLION


Trata-se de uma intro bem pesada, dando o clima do disco...


ELECTRIC EYE


Um riff insano e vocais matadores de Halford perfazem um clássico do grupo!


A letra foi inspirada na obra de George Orwell, 1984:


You think you've private lives

Think nothing of the kind

There is no true escape

I'm watching all the time


RIDING ON THE WIND


Riding On the Wind” possui um sentido de urgência e guitarras extremamente afiadas.


A letra menciona um ser de poder:


Tearing up through life

Million miles an hour

Blinding all in sight

Surging rush of power


BLOODSTONE


Embora mais cadenciada, “Bloodstone” não abre mão da intensidade, sendo um dos pontos mais altos do álbum.


As letras falam sobre viver de modo simples:


How much longer will it take

For the world to see

We should learn to live

And simply let it be

Bloodstone, bloodstone


(TAKE THESE) CHAINS


(Take These) Chains” traz um momento mais Hard Rock que propriamente Metal, mas também é bem legal.


As letras mencionam um amor que aprisiona:


Reach out to me, as if from the grave

I tried to run but I'm tied to you like a slave

It's my fault loving you so

You were so precious, how could I know

You turned mean overnight

Poor poor me





A canção foi lançada como single para a promoção do disco, mas não repercutiu nas principais paradas de sucesso. Trata-se de um cover para uma música originalmente composta por Bob Halligan Jr.


PAIN AND PLEASURE


Pain and Pleasure” continua navegando em águas mais cadenciadas, mas o peso é dado pela seção rítmica, bem pesada.


A letra revela uma relação de rancor:


Do what you wanna do

Oh what you put me through

How I suffer for your love

Say what you wanna say

You know that you're gonna pay

For all the times that I've cried





SCREAMING FOR VENGEANCE


Screaming for Vengeance” é uma amostra precisa do que é o Judas Priest: rápida, pesada e intensa.


A letra é sobre uma fúria violenta:


Tie a blindfold all around your head

Spin you round in the torture before the dread

And then you're pushed and shoved into every corner

Then they lead you out into the final slaughter


YOU’VE GOT ANOTHER THING COMIN’


You've Got Another Thing Comin'” é um clássico do grupo, uma música incrível, um Heavy Metal mais lento, mas brutal!


A letra possui uma mensagem positiva:


If you think I'll sit around as the world goes by

You're thinking like a fool, cause it's a case of do or die

Out there is a fortune waiting to be had

If you think I'll let it go, you're mad

You've got another thing coming





A música foi o principal single do álbum, atingindo a 66ª e a 67ª posições nas paradas britânica e norte-americana, respectivamente. É um grande clássico do Judas Priest e é responsável por fazer a banda conquistar o público norte-americano.


FEVER


Fever” possui uma construção interessante, que oscila entre passagens suaves e pesadas.


A letra revela sofrimento:


Down on the streets below

Bright city lights would glow

The energy would rise

And through the heat I'd gaze

Still counting empty days

With fire in my eyes

Living through this hell

Can I break this spell


DEVIL’S CHILD


Devil’s Child” encerra o trabalho com peso e muita intensidade.


A letra revela uma figura maligna:


Oh no you're so damned wicked

You got me by the throat

Oh no gotcha claws stuck in me

You never let me go

I believe you're the devil

I believe you're the devil's child


Considerações Finais


Screaming for Vengeance foi um grande sucesso comercial. Catapultado pelo sucesso do single "You've Got Another Thing Comin'", o disco atingiu a 11ª colocação na principal parada britânica, bem como a 17ª em sua correspondente norte-americana.


Screaming for Vengeance foi o grande alavancador do sucesso do Judas Priest na América do Norte. Embora a banda tenha alcançado um culto de seguidores entre o público americano em 1979 e pudesse encabeçar suas próprias turnês, eles venderam "relativamente poucos" discos lá antes de Screaming for Vengeance o qual também foi extremamente bem-sucedido em todo o mundo.


Com o passar do tempo a crítica musical foi reconhecendo o alto valor da obra. O álbum ficou em 15º lugar na lista 25 álbuns de metal mais influentes, da IGN. Screaming for Vengeance também ficou em 10º lugar nos 100 melhores álbuns de metal do Metal-Rules.com.


A revista Kerrang! listou o álbum na 46ª posição entre os "100 Maiores Álbuns de Heavy Metal de Todos os Tempos". Em 2017, ficou em 12º lugar na lista da Rolling Stone dos "100 Maiores Álbuns de Metal de Todos os Tempos". Em 2022, Screaming for Vengeance foi nomeado o número 2 da lista 'Os 25 maiores álbuns de guitarra de rock de 1982' pela Guitar World.


A World Vengeance Tour começou logo após o lançamento do álbum, em julho de 1982, e se concentrou na América do Norte durante os meses seguintes, com o Priest não se apresentando na Europa até dezembro de 1983.


Essa ênfase no público dos EUA foi planejada para estabelecer uma base comercial sólida naquele país, e em particular porque "You've Got Another Thing Comin'" se tornou um grande sucesso. Ela e "Electric Eye" se tornaram itens básicos do setlist ao vivo e algumas das músicas mais tocadas da banda. "Devil's Child" também foi apresentada em várias turnês entre 1982 e 2008, e "Riding on the Wind", "Bloodstone" e a faixa-título também estiveram no setlist de várias turnês.


Para efeito de comparação, "Fever" foi tocada apenas nos dois primeiros shows de 1982, "(Take These) Chains" só apareceu no setlist em 2019, enquanto "Pain and Pleasure" e a instrumental "The Hellion" nunca foram tocadas ao vivo (embora uma gravação da música seja frequentemente tocada antes das apresentações de "Electric Eye").


O lançamento de 30 anos do álbum em 2012 veio com um DVD de um show gravado em maio de 1983 no US Festival, na Califórnia, na última data da Screaming For Vengeance Tour. Durante a turnê americana de divulgação do álbum em 1982, o Judas Priest foi apoiado por bandas como Iron Maiden, Krokus e Uriah Heep.


Screaming for Vengeance já ultrapassou a casa de 2 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.





Formação:

Rob Halford – Vocal

K. K. Downing – Guitarras

Glenn Tipton – Guitarras

Ian Hill – Baixo

Dave Holland – Bateria


Faixas:

01. The Hellion (Halford/Tipton/Downing) - 0:41

02. Electric Eye (Halford/Tipton/Downing) - 3:39

03. Riding on the Wind (Halford/Tipton/Downing) - 3:07

04. Bloodstone (Halford/Tipton/Downing) - 3:51

05. (Take These) Chains (Bob Halligan, Jr.) - 3:07

06. Pain and Pleasure (Halford/Tipton/Downing) - 4:17

07. Screaming for Vengeance (Halford/Tipton/Downing) - 4:43

08. You've Got Another Thing Comin' (Halford/Tipton/Downing) - 5:09

09. Fever (Halford/Tipton/Downing) - 5:20

10. Devil's Child (Halford/Tipton/Downing) – 4:48


Letras:

Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:

https://www.letras.mus.br/judas-priest/#T


Opinião do Blog:

Em minha maneira de absorver música, uma boa palavra para definir Screaming for Vengeance é inspiração.


A banda passava por um ótimo momento, tendo também uma excelente formação, e tudo isto transpareceu no álbum. O Judas Priest estava muito inspirado em Screaming for Vengeance e produziu um dos seus melhores discos.


Oscilando entre passagens mais rápidas e outras mais cadenciadas, a unidade é construída pelo peso, pela intensidade e pelos riffs inspiradíssimos e fazem a união das canções. O resultado é primoroso.


Entre nossas preferidas estão as clássicas “Electric Eye”, “You've Got Another Thing Comin'” e a sensacional “Bloodstone”.


Em resumo: se você quiser saber o porquê do Judas Priest ser uma das maiores e melhores instituições do Heavy Metal, basta ouvir Screaming for Vengeance e conhecerá a resposta.

8 comentários:

  1. Conheci o Judas Priest por meio do "Unleashed in the East", e conversando com um amigo que curtia a banda, perguntei sobre outros bons discos que pudesse adquirir (isso lá pela metade dos anos 80) - e ele me falou deste álbum. Foi difícil de encontrar, já estava se esgotando por aqui, mas valeu a pena!!! Muito tempo depois é que descobri que o encarte original era em amarelo como a capa (na minha edição era em preto e branco), e hoje tenho a edição em CD com o DVD do show no US Festival - muito bom, por sinal. Para mim, é um disco quase perfeito, o repertório é fantástico do começo ao fim e o desempenho da banda é inacreditável.
    Sei que bastante gente prefere os discos dos anos 70, mas para mim os melhores álbuns do Judas são este e o "British Steel". Depois dele tem coisa boa, claro, mas o único disco que se aproxima deste, para mim, é o "Painkiller". Muito legal abrir o site e dar de cara com a resenha de um dos meus LPs favoritos de todos os tempos!

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    1. O Judas Priest é daquelas banda que possuem muitos álbuns bem acima da média, ao menos para mim. Pertenço ao time que prefere a fase do final dos anos 1970, mas não me oponho, de maneira alguma, quem gosta mais desta fase oitentista que é realmente incrível. Eu acho o Screaming for Vengeance um disco incrível. Ótimo ver seus comentários por aqui, amigo Marcello. Abraço!

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  2. Agora sim, finalmente chegou (atendendo a um pedido meu) o disco que o Judas Priest lançou há 40 anos atrás recentemente completados em julho de 2022. Se não levarmos em conta o apenas bom e "modesto" álbum anterior Point of Entry (1981), podemos dizer que Screaming for Vengeance é um dos três álbuns pertencentes da "trilogia de ouro" da banda na primeira metade da década de 80 (os outros dois são British Steel, de 1980, e Defenders of the Faith, de 1984) e um dos 3 melhores discos de metal lançados em 1982 (os outros dois seriam, a meu ver, The Number of the Beast, do Maiden, e Restless and Wild, do Accept), sendo que o Judas Priest ocupa a primeira posição desse meu top 3.

    Voltando ao Screaming for Vengeance, costumo dizer que o álbum é uma continuação de onde o British Steel parou, porém sendo ainda melhor e tão bom quanto o clássico de dois anos antes, mostrando que o heavy metal clássico pode sim se adequar a todos os públicos com a maior facilidade, ao contrário de outras bandas do estilo com vertentes diferentes. Ou seja, Rob Halford e seus comparsas se superaram e arrebataram os corações dos fãs com seu oitavo disco de estúdio, que não á toa tornou-se o mais bem-sucedido da trajetória do JP até os dias de hoje, com mais de 5 milhões de cópias vendidas em todo o mundo.

    Gosto de todas as faixas que compõem este álbum, sem exceção (não tem faixa fraca/ruim por aqui), basicamente Screaming for Vengeance é uma coleção obrigatória de verdadeiros hinos do JP e do heavy metal em geral, mas vou destacar a faixa-título, "The Hellion / Electric Eye", "Riding on the Wind", "Bloodstone", "Devil's Child" (minha favorita, apesar de seu refrão meio "xarope") e o clássico carro-chefe "You've Got Another Thing Coming". Enfim, deixo aqui minha gratidão ao patrão Daniel por ter atendido meu pedido com esta resenha em homenagem á essas quatro décadas muito bem completadas desse verdadeiro marco da história da música em todos os tempos chamado Screaming for Vengeance. Uma obra-prima do Judas Priest e do heavy metal mundial no seu todo.

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    1. Obrigado por contribuir com o post, amigo Igor. Grande abraço pra você!

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    2. Caramba, eu gosto de "Devil's Child"! Não vejo problema com o refrão, talvez o vocal do Halford seja um pouco forçado, mas nada que me incomode.
      Já o "Point of Entry", na minha opinião, é o disco mais injustiçado da carreira do Priest. A única música, para mim, que não está à altura da banda é a enjoativa "You Say Yes", mas "Heading Out to the Highway", "Don't Go" e "Desert Plains" caberiam em qualquer dos melhores discos deles, na minha opinião.

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    3. Para o patrão Daniel: Que é isso, mando-te outro abraço!

      Para o Marcello: o problema de "Devil's Child" é porque eu conheço uns fãs do Priest que simplesmente ODEIAM essa música e não a suportam justamente pelo refrão meio "xaroposo (com eu disse acima), mas isso não impede de ser minha favorita do álbum. E quanto ao Point of Entry, é que eu acho que ficaria melhor se fosse publicado em forma de single (compacto) com "Heading Out to the Highway", "Desert Plains", e "Hot Rockin'", três grandes canções da banda. As outras, sei lá, não passam de enchimento... Mas enfim, ócios do ofício!

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    4. Verdade, "Hot Rockin'" é muito legal! Tinha me esquecido dela

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    5. Isso mesmo, amigo! Para mim, "Hot Rockin'" é uma sobra de British Steel que se fosse aproveitada em Screaming for Vengeance (e não no Point of Entry), seria vista como um clássico hino do Priest, daqueles que a banda toca até hoje em seus shows e que os fãs não se cansam de ouvir. E o clipe dela também é muito hilário, com Halford e sua trupe numa academia malhando... Já viu? Nossa, que bizarrice!

      CORREÇÃO: "...e não a suportam justamente pelo refrão meio 'xaroposo' (como eu disse acima), mas isso não impede de ser minha favorita do álbum."

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