23 de janeiro de 2015

HALFORD - RESURRECTION (2000)


Resurrection é o álbum de estreia da banda Halford. Seu lançamento oficial aconteceu em 8 de agosto de 2000, através do selo Metal God Records. As gravações ocorreram entre agosto de 1998 e junho de 2000. A produção ficou sob responsabilidade de Roy Z.


Halford é um esforço do lendário vocalista do Judas Priest, Rob Halford, em retornar a uma sonoridade mais tradicional do Heavy Metal. O Blog vai tratar de um pouco da história do “Metal God” para depois se ater ao álbum propriamente dito.

De 1974 a 1991, Rob Halford foi a voz do Judas Priest, gravando alguns álbuns fundamentais para a pavimentação e consolidação do Heavy Metal no mundo. Mas quase 20 anos depois do início, em 1991, o relacionamento dele com o restante da banda já parecia estar estremecido.

Um dos fatores tido como estopim final para a ruptura de Halford com o Judas Priest aconteceu em agosto de 1991, durante a turnê que promovia o sensacional álbum Painkiller, de 1990.

Como era de costume, Rob Halford adentrava o palco pilotando uma motocicleta Harley-Davidson. Ele acabou sofrendo uma colisão e caindo da moto, quebrando o seu nariz e perdendo a consciência. Halford acabou se recuperando e fazendo o show.

Anos depois, Rob Halford acabou dizendo que tudo foi apenas um acidente e não teve relevância para a sua saída da banda.

Halford anunciou para a banda, em 04 julho de 1991, que ele estava deixando o grupo e também acabou processando sua gravadora, a Sony, por práticas restritivas. Halford acabaria por deixar a banda em maio de 1992.

Rob Halford
Logo após deixar o Judas Priest, Rob Halford acabou formando outra banda: o Fight.

Primeiramente, Halford acabou convidando o baterista Scott Travis, também ex-integrante do Judas Priest. Completavam o grupo o baixista Jack 'Jay Jay' Brown e os guitarristas Brian Tilse e Russ Parrish.

O Fight acabou deixando dois álbuns de estúdio: o primeiro, War Of Words, de 1993, que possuía uma sonoridade simples e pesada e que atraiu alguns fãs para o trabalho.

O segundo disco, A Small Deadly Space, de 1995, foi gravado após Russ Parrish deixar o grupo e ser substituído por Mark Chausee. O estilo era diferente do primeiro registro, com uma sonoridade mais próxima ao Grunge, sendo rejeitado por boa parte daqueles que haviam apreciado o álbum anterior.

O Fight também lançou um EP chamado Mutations, contendo alguns sons ao vivo e mixagens alternativas.

Halford também havia gravado a canção “Light Comes Out Of Black”, para o filme Buffy The Vampire Slayer. A música teve a parte instrumental provida pelo Pantera, mas Halford não foi creditado.

Após o Fight, Halford colaborou com o guitarrista John Lowery em um projeto musical com influências da sonoridade Industrial, chamado 2wo. O projeto tinha como produção executiva de Trent Reznor e lançado por sua gravadora, Nothing Records.

Depois, Rob Halford sentiu que era o momento de retornar às raízes em sua carreira, tomando parte de um projeto mais voltado ao Heavy Metal tradicional. Seu novo projeto solo seria uma banda batizada com seu próprio nome, o Halford.

Para tanto, chamou como produtor Roy Z que, entre outros trabalhos, havia formado uma parceria formidável com Bruce Dickinson enquanto guitarrista, compositor e produtor de vários trabalhos na carreira-solo de Dickinson.

Patrick Lachman
Para a banda, os guitarristas foram Patrick Lachman e Mike Chlasciak (este último ex-integrante do Isolation Chamber), no baixo Ray Riendeau e na bateria Bobby Jarzombek (ex-integrante do Riot).

Vamos às faixas:

RESURRECTION

Muito peso e intensidade em um criativo riff são as marcas da primeira canção do álbum Resurrection. Homônima ao disco, "Resurrection" é simples e direta, trazendo o típico clima pesado inerente à sonoridade Heavy Metal. Ótimo início para o trabalho.

A letra é uma metáfora para a nova fase de Halford:

Holy angel lift me from this burning hell
Resurrection make me whole
Son of Judas bring the saints to my revenge
Resurrection bring me home


“Resurrection” foi lançada como single, mas não obteve maior repercussão em termos de paradas de sucesso.



MADE IN HELL

O ritmo continua firme e intenso em "Made In Hell". Para o Blog é impossível não associar a canção com o que o Judas Priest já havia feito nos anos 80. O riff é pesado e criativo, possuindo uma certa modernidade com o que o estilo do Heavy Metal apresentava no final dos anos 90.

A letra se refere ao surgimento do estilo:

From memories of '68 when the wizard shook the world
Metal came from foundries where the midlands sound unfurled
The bullring was a lonely place of concrete towers and steel
The coal mines and the industries were all I had to feel



LOCKED AND LOADED

Mais um riff criativo, mas desta feita contando com alguma malícia, é a base da terceira música de Resurrection. O refrão é simples e contagiante. A faixa também conta com bons solos, formando uma composição interessante.

A letra é em tom de vingança:

I'm gonna get to you
Just like you got to me
And then I'll do to you
Just what you did to me



NIGHT FALL

O ritmo continua bastante pesado em "Night Fall". Halford consegue um efeito bastante interessante casando sua potente voz com o andamento mais cadenciado desta canção. O refrão é novamente o ponto alto da composição.

A letra mostra sofrimento romântico:

You love is killing me,
It draws me to the dark
Your veil of ecstasy,
That leaves the telling mark
The spell you cast inside,
Is stabbing through my heart
It reaches deep within,
It´s pulling me apart


Também foi single de Resurrection e não obteve maior repercussão nas paradas de sucesso desta natureza.



SILENT SCREAMS

"Silent Screams" é a maior faixa de Resurrection, superando a casa dos 7 minutos. Seu início é suave, leve e melódico, contando com uma interpretação bem contida de Rob Halford. A canção ganha peso a partir dos 90 segundos, mas com um andamento bastante moroso, deixando-a um pouco arrastada. Próximo aos 4 minutos de duração, a música se torna ainda mais pesada e veloz, flertando moderadamente com uma linha Thrash Metal. O resultado final é uma das melhores composições do disco.

A letra é bem interessante, em uma mistura de virtude e resignação:

I prey upon your broken dreams you
Weakness gives me strength
Im laughing at your silent screams I'll
Crush you with my hate



THE ONE YOU LOVE TO HATE

O peso absurdo e o ritmo intenso estão de volta com tudo em "The One You Love To Hate". O andamento é mais cadenciado, mas os vocais são primordiais para trazerem brilho à faixa. É impossível não associar a sonoridade à excelente carreira-solo de Bruce Dickinson, o qual torna a música ainda mais interessante com sua participação.

A letra remete a um jogo de poder:

You may not like the future
And we're not here to preach to you
We'll take you to the killing floor
You think you want to know me
You think you want to own me
But I have nothing
You can buy

A canção tem participação especial de Bruce Dickinson, fazendo dueto com Rob Halford.



CYBERWORLD

"Cyberworld" mantém o ritmo padrão de Resurrection, com velocidade e peso típicos do Judas Priest oitentista. Rob Halford se aproveita da sonoridade, provendo vocais mais agressivos com sua classe habitual. O solo é bem legal.

A letra se refere ao mundo virtual:

My virus lurks throughout your veins
I'm spreading there inside your brain
A trojan horse that eats your mind



SLOW DOWN

"Slow Down", logo em seus primeiros segundos, também remete ao que Bruce Dickinson fazia em sua carreira-solo. Isto resulta em uma faixa pesada, de Heavy Metal puro, abrilhantada por uma atuação praticamente perfeita de Rob Halford nos vocais, oscilando entre momentos mais contidos e outros mais extravagantes. Ótima canção.

A letra pode ser entendida como um anti-estressante:

Break the strain
Feed my hunger
Tell my mind
To be stronger



TWIST

Com um ritmo bastante interessante, peso e melodia em doses certas, "Twist" é outra faixa bastante interessante do álbum. Rob Halford tem uma atuação novamente decisiva para o sucesso final da canção. O refrão é muito bom.

A letra tem sentido de dominação:

Wander why you try to run
Ought to quit admit I´ve won
No one is gonna hear you cry
Gonna hear you scream
Better get used to knowing
It´s just in your dreams - that you can



TEMPTATION

"Temptation" é um Heavy Metal típico, com muito peso e andamento mais arrastado. A faixa vai crescendo até o refrão, causando um conhecido e eficiente efeito de trazer grandiosidade à composição. Especialmente o primeiro solo de guitarra esbanja feeling. Mais uma marcante canção do disco.

A letra remete a um jogo de poder:

You gave so much to me
You left me feeling numb
So full of emptiness
From stealing what you´ve done
How can you bear
To stand the life you try to live
A sad and broken heart
Is all you´ve left to give



DRIVE

O peso é novamente marcante em "Drive", contando com um riff bastante interessante. O andamento é cadenciado, mas a melodia conta com certa malícia, a qual enriquece a canção. Destaque para a atuação de Jarzombeck na bateria.

A letra é muito simples, referindo-se a carros:

Drive, drive, drive with me
Our love will set you set us free
I´ve got you under my wheels now, baby
You´re moving away too fast
I´ve got you under my wheels now, baby
We´ve got to make it last



SAVIOUR

A décima-segunda - e última - faixa de Resurrection é "Saviour". Uma típica faixa de Heavy Metal, com a cara dos anos oitenta e que é impossível não se recordar do Judas Priest. A música é direta, contando com um riff bastante direto e com o peso na dose certa. Ótimos vocais de Rob, solos impressivos e bateria a mil, enfim, fechando o disco com chave-de-ouro!

A letra, novamente, remete ao poder:

Here I am now, I'm your savior
You can see I'm the one
There's no reason for such treason
Now your end has begun



Considerações Finais

Não há muitas dúvidas como Resurrection colocou o nome de Rob Halford novamente em alta entre boa parte do público fã de Heavy Metal.

Em termos de paradas de sucesso, sua atuação foi discretíssima nas duas mais importantes: 140ª posição na parada norte-americana com a 128ª colocação em sua correspondente britânica.

Entretanto, alçou o 9º lugar na parada japonesa.

Após o lançamento do álbum seguiu-se uma extensa turnê, a qual incluiu uma participação de Halford na 3ª edição do festival Rock in Rio, em janeiro de 2001.

A crítica recebeu bem e consagrou o trabalho. Resurrection está na 54ª posição da lista The Top 100 Heavy Metal Albums, de 2003, da revista online Metal-Rules.com. Também está na 320ª posição da lista The 500 Greatest Rock & Metal Albums of All Time, da revista Rock Hard, de 2005.


Formação:
Rob Halford - Vocal
Patrick Lachman - Guitarra
Mike Chlasciak - Guitarra
Ray Riendeau - Baixo
Bobby Jarzombek - Bateria
Músicos Adicionais:
Roy Z - Guitarra
Bruce Dickinson - Vocal em "The One You Love to Hate"
Pete Parada - Bateria em "The One You Love to Hate"
Ed Roth - Teclados em "Twist" e "Silent Screams"

Faixas:
01. Resurrection (Halford/Lachman/Z/Baxter) - 3:58
02. Made in Hell (Halford/Z/Baxter) - 4:12
03. Locked and Loaded (Halford/Lachman/Z) - 3:18
04. Night Fall (Halford/Lachman/Chlasciak) - 3:41
05. Silent Screams (Halford/Marlette) - 7:06
06. The One You Love to Hate (Halford/Z/Dickinson) - 3:11
07. Cyberworld (Halford/Z/Chlasciak) - 3:08
08. Slow Down (Halford/Z/Marlette) - 4:51
09. Twist (Halligan Jr) - 4:08
10. Temptation (Halford/Lachman/Z/Chlasciak) - 3:32
11. Drive (Halford/Z/Marlette) - 4:30
12. Saviour (Halford/Lachman/Z) - 2:57

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/rob-halford/

Opinião do Blog:
Após deixar o Judas Priest e fazer algumas tentativas musicais diferentes, Rob Halford encontrou novamente o sucesso retornando às origens que o consagraram: o Heavy Metal. Seu nome estará para sempre eternizado como o vocalista do Judas Priest, banda que revolucionou o estilo a partir da metade dos anos 70.

O Blog vai se ater apenas a qualidade do produto musical oferecido por Rob Halford com sua então nova banda, o Halford, em seu álbum de estreia. E o resultado foi muito bom, especialmente, para quem curte o bom e velho Heavy Metal.

O Halford não quis inventar a roda, muito pelo contrário, calcou-se nos pilares do estilo, em suas origens, com pequenos toques de modernidade (um Groove aqui, um peso extremo acolá) e um vocalista inspirado. Mas o tiro certeiro foi a escolha de Roy Z para produtor e que já havia feito um trabalho brilhante ao lado de Bruce Dickinson na carreira-solo do ex-vocalista do Iron Maiden.

Por algumas vezes é possível associar a sonoridade de Resurrection com a que Bruce Dickinson fazia em seus discos solos como Chemical Wedding, por exemplo.

A banda formada por Rob funciona de maneira bastante consistente. Bateria e Baixo estão presentes e fazem seu trabalho de maneira eficiente, assim como as guitarras. O maior destaque individual é mesmo de Rob Halford, bem mais contido, mas com o mesmo brilhantismo de sempre. Seu maior valor é empregar a intensidade vocal exata para engrandecer as faixas.

O disco todo é muito bom e não possui faixas de enchimento, impressionando suas coesão e homogeneidade. Destaques para as ótimas "Made In Hell" e "Temptation", a diretíssima "Saviour", a curiosa "Slow Down" e a preferida do Blog, "Silent Screams".

Mesmo com 12 faixas, Resurrection nunca soa extenso ou cansativo, sendo um deleite para amantes de Heavy Metal. O Halford mostrava a que havia vindo, com canções que cativaram os fãs do estilo, embaladas por uma das vozes mais emblemáticas da história do Rock. Álbum obrigatório!

7 comentários:

  1. Como eu disse em outras vezes, admiro o Judas Priest por ser a minha banda de heavy metal favorita dentre todas, mas confesso que ainda não dei uma conferida neste álbum solo do vocalista Rob Halford, que por sinal é o meu favorito do estilo também, o número 1 juntamente com o eterno Udo Dirkschneider, mais conhecido como o inesquecível líder do grupo alemão Accept.

    Mas ressalto que este disco "Resurrection" possui 4 faixas bônus nas edições especiais de relançamento: "Sad Wings", "Hell's Last Survivor", "Fetish" e "God Bringer of Death". Enfim, prometi e irei cumprir o que eu disse aqui: ouvirei "Resurrection" e depois volto para contar o que eu achei do disco. Salve Rob Halford!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo comentário, prezado Igor. Acho Resurrection um álbum bem legal, Metal bastante tradicional com alguns toques de modernidade, como mencionei no texto. Acho que Halford está até que um tanto quanto mais contido neste disco, mas, mesmo assim, sua atuação é muito boa. Vale à pena conhecer faixas como "Made in Hell" e "Silent Screams".

      Excluir
    2. Valeu pelo recado, amigo. Outra coisa: recomendo uma escutada nos últimos discos do Judas Priest lançados recentemente, Angel of Retribuition (2005) e a edição deluxe de Redeemer of Souls (2014), com mais 5 faixas bônus para acompanhar as 13 lançadas no álbum original.

      Acho que algumas daquelas 5 faixas bônus podiam bem estar no lugar de algumas do álbum original, o que eu achei mais interessante no início, por exemplo: "Creatures" no lugar de "Hell & Back", e "Never Forget" no lugar da deprimente "Beginning of the End" que encerra o álbum original, ao invés de dar aquele clima digno de despedida num álbum de heavy metal tradicional como Redeemer of Souls.

      E para arredondar o tracklist original, mudando de 13 para 14 faixas, destaco "Tears of Blood". Não vou nem falar do duplo-conceitual Nostradamus (2008) porque é um daqueles discos que mais destoam do padrão típico do Judas Priest, mas sua audição não compensa tanto quanto os malhados Rocka Rolla (1974), Point of Entry (1981), Turbo (1986), Ram it Down (1988) e os discos noventistas do grupo com o Tim "Ripper" Owens no lugar de Halford nos vocais.

      Excluir
    3. Desculpe a demora em responder, prezado Igor. Eu tenho o Angel of Retribution e o Redeemer of Souls, mas este último, tenho a versão original, sem os bônus.

      Eu gosto bastante de tudo que o Judas Priest fez até o Painkiller (talvez um pouco menos do Turbo). Há álbuns maravilhosos como British Steel, Defenders of Faith e o Stained Class, alguns, inclusive, que eu já escrevi sobre aqui mesmo no site.

      Detesto a fase com o Tim Owens e acho os discos depois da volta do Halford pouco inspirados. O Angel of Retribution eu acho pesado até demais (para os padrões do Judas, claro) e o Redeemer of Souls eu gosto, penso que é um álbum prazeroso de se ouvir. O Nostradamus eu não gosto nenhum pouco.

      Mas vou procurar ver se encontro estas faixas bônus que você me indicou, meu amigo. Muito obrigado pelo ótimo comentário e grande abraço!

      Excluir
    4. Isso, corra atrás que você verá uma diferença incrível.
      Valeu por citar Defenders of the Faith (1984), melhor disco do Judas na minha opinião, e que quero muito vê-lo aqui no blog, assim como Screaming for Vengeance (1982) e Killing Machine ou Hell Bent for Leather (1979).

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir