11 de setembro de 2011

JUDAS PRIEST - BRITISH STEEL (1980)



British Steel é o sexto álbum de estúdio da banda inglesa de Heavy Metal chamada Judas Priest. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 14 de abril de 1980 e teve a produção de Tom Allon. O álbum foi gravado entre janeiro e fevereiro de 1980, no Startling Studios, em Ascot, na Inglaterra.

Em 1977, o Judas Priest gravou seu terceiro álbum de estúdio, Sin After Sin. O álbum trouxe algumas canções que ficaram bem conhecidas dos fãs, como “Starbreaker”, “Dissident Aggressor” e o cover de John Baez, “Diamonds & Rust”. Foi a primeira vez que um trabalho do grupo entrou nas paradas britânicas.

Nesta época, o baterista Alan Moore havia deixado a banda e o substituto Simon Phillips foi chamado apenas para gravar o álbum. Sin After Sin foi o primeiro trabalho da banda com a gravadora Columbia Records, após a polêmica saída do Judas Priest de sua antiga gravadora, a Gull Records, que culminou com o grupo perdendo os direitos sobre seus dois primeiros álbuns.

Sin After Sin teve produção do, na época, ex-baixista do Deep Purple, Roger Glover em parceria com o próprio Judas Priest. Para a turnê que se seguiu, foi contratado o baterista James Leslie Binks, ou Les Binks.

Impressionados com a performance de Binks durante a turnê, o grupo o convida para se tornar o baterista permanente do Judas Priest.

A formação: Hill, Halford, Downing, Tipton e Binks:



Assim a banda passa a contar com a seguinte formação: Rob Halford nos vocais, Glenn Tipton na guitarra, K. K. Downing na guitarra, Ian Hill no baixo e Les Binks na bateria.

Com esta formação, a banda compõe e grava seu quarto álbum de estúdio, que é lançado em fevereiro de 1978, Stained Class. O álbum trouxe composições creditadas pelos cinco membros da banda, sendo Les Binks creditado como um dos criadores do grande clássico "Beyond the Realms of Death".

Infelizmente, anos depois de seu lançamento, Stained Class recebeu atenção negativa quando dois jovens fizeram um pacto suicida e o realizaram em dezembro de 1985, após ouvirem a faixa “Better By You, Better Than Me”, presente no álbum. Um dos dois jovens conseguiu se matar, enquanto o outro não, mas ficando desfigurado.

A família do jovem sobrevivente entrou com uma ação contra o Judas Priest, alegando que a música possuía mensagens subliminares que incentivavam a prática do suicídio. Obviamente a banda foi inocentada de todas as acusações. Na realidade, o conteúdo da canção é sobre alguém desiludido com o status do mundo atual, abandona seu amor e se une a um esforço de guerra.

Stained Class foi o primeiro álbum do Judas Priest a conseguir entrar na parada norte-americana da Billboard, na 104ª posição.

Ainda em 1978, a banda lançaria seu quinto álbum de estúdio, Killing Machine, em outubro daquele ano. Nos Estados Unidos o disco saiu com o nome de Hell Bent For Leather. Também na versão norte-americana há uma faixa extra, "The Green Manalishi (With the Two-Pronged Crown)" um cover de Fleetwood Mac, que acabou se tornando um sucesso do grupo.

Killing Machine também conseguiu entrar na parada norte-americana, na 128ª posição, graças a ótimas faixas como “Hell Bent For Leather”, “Killing Machine” e “Delivering The Goods”, por exemplo. A gravadora mudou o nome do álbum nos Estados Unidos, alegando que o grupo não necessitava de “implicações homicidas” para a divulgação do trabalho.

Em Killing Machine, o Judas Priest apresentou canções consideravelmente mais curtas e com um maior apelo comercial, entretanto, a banda não abandonou sua pegada fortemente Heavy Metal e o conteúdo lírico sombrio.

A turnê que se seguiu ao lançamento do álbum foi um sucesso e contou com a gravação de apresentações em Tóquio, no Japão para o lançamento de um álbum ao vivo.

Em setembro de 1979 é lançado o ao vivo Unleashed In The East, que trouxe ainda mais sucesso para o grupo britânico. O álbum atingiu a 10ª posição da parada britânica e 70ª posição da parada norte-americana, tornando-se o disco de maior vendagem do Judas Priest até aquele momento.

Algumas críticas foram feitas a Unleashed In The East, as quais diziam que o álbum, lançado como um ‘ao vivo’, teria sofrido diversas melhorias com o grupo em estúdio. Anos mais tarde, quando se encontrava fora do grupo, Rob Halford afirmou que todas as gravações de instrumentos presentes no trabalho são de fato dos shows, mas seus vocais teriam ficado arruinados durante a gravação.

Desse modo, apenas os vocais teriam sido regravados em estúdio, mimetizando o ambiente de uma gravação ao vivo.

Ainda em 1979, Les Binks deixa o Judas Priest, dizendo-se decepcionado com o direcionamento musical adotado pela banda. Seu substituo veio a ser o baterista Dave Holland, que era da banda Trapeze.

Dave Holland:



No início de 1980, a banda se reúne para gravar e compor seu sexto álbum de estúdio, British Steel.

Embora sendo creditado como gravado no Startling Studios, na realidade, British Steel teve sua gravação realizada em Tittenhurst Park. Na verdade, Startling Studios era o estúdio de gravação localizado em uma casa, a Tittenhurst Park.

Tittenhurst Park era a casa em que John Lennon e Yoko Ono moraram no início da década de setenta e na qual John fundou o estúdio Ascot Sound Studios. Quando Lennon se mudou para os Estados Unidos definitivamente, o músico desejava vender a propriedade para alguém que fosse desfrutar os estúdios e ao mesmo tempo cuidar dos mesmos.

Lennon então vendeu Tittenhurst Park para um amigo, seu ex-companheiro de banda, o baterista Ringo Starr, que renomeou o estúdio para Startling Studios.

Quando o Judas Priest foi gravar British Steel, a banda achou a própria casa em Tittenhurst Park mais adequada para a gravação e moveu todo o equipamento de gravação para a mesma.

Como a técnica de Sampling não existia na época, muitos ‘efeitos especiais’ que constam no álbum foram feitos através da criatividade e improvisação da banda. Em “Breaking The Law” foram usadas garrafas de leite esmagadas, em “Metal Gods”, cabos de som arremessados ao solo, tacos de bilhar e até o faqueiro de Ringo Starr sendo batido foram utilizados para reproduzir a marcha dos “Metal Gods”.

A capa de British Steel apresenta uma lâmina, tipo de barbear, com o nome da banda e do álbum impressos na mesma, sendo segurada por uma mão. No Reino Unido, o álbum foi lançado com um desconto especial de 3,99 libras.

“Rapid Fire” abre o álbum. Com um ótimo e rápido riff, a faixa contagia, contando com um belo trabalho de Holland na bateria, que mantém o ritmo da música em alta velocidade. Contando com bons solos e vocais inspirados de Rob Halford. Excelente início de trabalho preparando o ouvinte para o que ainda está por vir.

Um excepcional riff abre a segunda faixa do álbum, o tremendo clássico da banda, “Metal Gods”. A canção apresenta um ritmo bem mais cadenciado que a música predecessora, mas conta com peso na medida exata. E solos inspirados, claro.

A letra fala de uma guerra entre humanos e máquinas que possuem inteligência artificial, as quais os próprios humanos teriam criado.

Presença quase obrigatória nos shows do Judas Priest, “Metal Gods” ainda deu o apelido pelo qual os fãs da banda chamam os membros.

A próxima faixa entrou para a história da banda e, talvez, seja seu maior clássico. “Breaking The Law” levou o Judas Priest ao patamar dos maiores nomes do Rock, sendo uma faixa que é conhecida tanto por fãs de Heavy Metal quanto por ouvintes ocasionais.

A faixa é simples, direta, curta e não possui solo de guitarra. Mesmo assim, na sua simplicidade, acabou conquistando muitos fãs. O riff é sensacional, especialmente na abertura da canção. O refrão é marcante e os vocais de Halford, perfeitos.

“Breaking The Law” foi lançada como single, atingindo a 12ª posição na parada britânica. Também aparece em duas eleições do canal VH1, na 40ª posição das melhores canções de Heavy Metal e a 12ª posição de melhores canções de Hard Rock.

O single "Breaking The Law":



Também há um videoclipe de “Breaking The Law”, clássico, que conta, entre outras cenas, com Rob Halford cantando em um Cadillac conversível.

Desnecessário dizer que é presença obrigatória nos shows da banda desde o lançamento do álbum, sendo que suas versões nos shows da banda são um pouco diferentes da versão de estúdio, ora com andamento mais rápido, ora com um pouco mais de peso, ou mesmo com a inclusão de solo de guitarra na canção. Um verdadeiro hino!

A quarta faixa do álbum é mais uma canção fantástica, “Grinder”. Talvez a faixa mais pesada do álbum, conta com um dos melhores riffs de guitarra da discografia da banda. O dueto de guitarras formado por Tipton e Downing torna a canção ainda mais contagiante. Uma verdadeira aula de Heavy Metal. Vocais precisos e um solo de guitarra sensacional dão ainda mais brilho a esta excepcional faixa!

Outro clássico da banda está presente na quinta faixa do álbum. Trata-se de “United”, que acabou se tornando uma das faixas preferidas dos fãs do Judas Priest, sendo seu refrão cantado em conjunto por Halford e os fãs nas apresentações do grupo.

As letras são verdadeiramente uma homenagem aos fãs da banda que estavam junto ao grupo desde o início do mesmo.

“United” é consideravelmente mais lenta que as canções que a precedem, tendo uma sonoridade bem mais próxima a um Hard Rock, ou mesmo, lembrando o estilo ‘Arena Rock’.

Lançada como single para promover o álbum British Steel, “United” atingiu a 26ª posição da parada britânica de singles.

A sexta faixa do álbum é mais um clássico do Judas Priest, “Living After Midnight”. A bateria inicial da faixa, por Holland, é excelente. O riff, bastante próximo a um Hard Rock, é simples, mais cadenciado, e ao mesmo tempo, empolgante. O solo de Tipton é ótimo.

A canção fala de noitadas e diversão e é bem descontraída. Halford chegou a afirmar que as letras foram inspiradas na época de gravação do álbum, em que ele só ‘funcionava’ no período noturno.

Também foi feito um videoclipe para a faixa, contando com Holland tocando uma bateria invisível em seu início e fãs realizando solos em guitarras de cartolina.

Lançada como single, atingiu a 12ª posição da parada britânica dessa natureza.

"You Don't Have to Be Old to Be Wise" é uma faixa que possui um ritmo mais cadenciado, baseada em um excelente e inspirado riff. Possui uma sonoridade bem clássica, de Heavy Metal clássico. O refrão é ótimo e o maior destaque da faixa é sem dúvida para a atuação vocal de Rob Halford, simplesmente espetacular.

A oitava faixa do álbum é “The Rage”. A canção começa quase com um clima que pode ser inspirado em um reggae, com uma linha de baixo bem concebida por Ian Hill. Mais uma vez os vocais de Rob Halford são um espetáculo. A música é bem mais cadenciada, mas conta com peso na medida certa. Mais uma boa canção.

Fecha o álbum a faixa “Steeler”. É uma canção bem rápida, direta e simples. Conta com um riff bem rápido e que traz um ritmo bastante veloz para a canção. Conta com bons solos e bons vocais, fechando o trabalho com chave de ouro. Não chega a ser um clássico, mas mesmo assim é outra ótima música.

British Steel foi um sucesso quase instantâneo, comercialmente, de crítica e junto aos fãs. Até hoje é o álbum da banda que mais vendeu em todo o mundo.

British Steel atingiu a 34ª posição da parada norte-americana de álbuns, a Billboard, ficando ainda melhor colocado na parada britânica, onde atingiu a 4ª posição.

Em 2009, a banda fez uma turnê pelos Estados Unidos em que tocava British Steel na íntegra e na ordem durante os shows. A banda também já tocou todas as músicas dos álbuns Rocka Rolla (1974) e Defenders Of The Faith (1984), mas nunca na ordem em que apareciam no LP original e nem na mesma turnê.

Talvez a melhor definição para o que representa British Steel tenha sido dito pelo guitarrista da banda norte-americana de Heavy Metal Anthrax, Scott Ian. Segundo ele, British Steel foi o álbum que definiu o Heavy Metal de maneira definitiva, pois afastou de uma vez por todas os últimos traços de blues presentes no gênero e, mais, definindo-o com suas características mais fundamentais.

Ian ainda completa que o nome do álbum, British Steel, seria perfeito. Em suas palavras: "Even the title... how does it get more metal than that?" Nada mais a se declarar.

Formação:
Rob Halford: Vocal
Glenn Tipton: Guitarra
K.K. Downing: Guitarra
Ian Hill: Baixo
Dave Holland: Bateria

Faixas:
01. Rapid Fire (Halford/Tipton/Downing) - 4:08
02. Metal Gods (Halford/Tipton/Downing) - 4:00
03. Breaking the Law (Halford/Tipton/Downing) - 2:35
04. Grinder (Halford/Tipton/Downing) - 3:58
05. United (Halford/Tipton/Downing) - 3:35
06. You Don't Have to Be Old to Be Wise (Halford/Tipton/Downing) - 5:04
07. Living After Midnight (Halford/Tipton/Downing) - 3:31
08. The Rage (Halford/Tipton/Downing) - 4:44
09. Steeler (Halford/Tipton/Downing) - 4:30

Letras:
Para o conteúdo das letras, recomendamos o acesso a: http://letras.terra.com.br/judas-priest/

Opinião do Blog:
Quando se fala de Judas Priest, está se mencionando uma das melhores bandas de todos os tempos. O nome do grupo é praticamente sinônimo de Heavy Metal e os caras se orgulham bastante disso.

Mas o Priest não é ‘apenas’ isto. Embora seja uma banda que sempre baseou sua sonoridade no Heavy Metal clássico, o grupo nunca temeu experimentar e flertar com sonoridades diferentes e seus álbuns apresentam estilos diversificados entre si, quase sempre com resultados muito bons. Portanto, um dos pontos fortes do Judas Priest é sua criatividade.

British Steel representa a obra-prima da banda. É um álbum que apresenta cerca de seis clássicos da banda (as seis primeiras faixas do trabalho). E as outras três também seriam destaques se não estivessem em um disco tão acima da média!

Não há muito o que se falar sobre o álbum. Se você gosta de Heavy Metal, é um álbum obrigatório. Se não é, mesmo assim vale à pena conhecer um dos melhores discos de todos os tempos.

Vídeos Recomendados:

Breaking The Law


United, ao vivo


Metal Gods, ao vivo


Living After Midnight


Grinder, ao vivo


Contato: rockalbunsclassicos@hotmail.com

6 comentários:

  1. Outro comentário excelente, prezado Igor. Judas Priest é uma das melhores portas de entrada para se conhecer o que é Heavy Metal. Outra de minhas bandas preferidas.

    Sua opinião sobre a trilogia do início dos anos 80 foi mais que feliz. São álbuns que eu escuto sempre e adoro.

    Gosto muito do que a banda fez até Painkiller, excetuando-se o Turbo, pois não acho que foi uma aposta muito feliz. Mas é questão de gosto pessoal mesmo. Ótimo comentário.

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  2. "British Steel" é uma obra-prima, e na carreira do Judas Priest, para mim, só é superado pelo "Screaming for Vengeance". Das nove músicas, oito poderiam estar num show da banda sem problema para mim (só "United" não me chama muito a atenção); imagino que muita gente não curta "The Rage" por causa da guitarra meio reggae, mas eu gosto dela porque se diferencia bastante da carreira da banda sem ser ruim. Na minha modesta opinião, o Judas Priest conseguiu passar dez anos sem lançar um disco ruim sequer (de "Sad Wings..." até "Turbo", que considero muito bom, mesmo reconhecendo que foi estragado pela produção - mas aí, dou um desconto, pois quase tudo que foi lançado em 1986 sofre do mesmo problema), tropeçando somente com "Ram it Down" (que ainda assim deixa no chinelo muita coisa por aí).

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    1. Legal ver um fã do Turbo por aqui, esse disco não me desce muito bem, mesmo eu sendo um grande fã do Glam Metal... Obrigado por sua opinião, amigo, concordo com praticamente tudo. Abraço!

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    2. Me desculpe, Marcelo... Mas paro de ouvir o Judas dos anos 80 no Defenders of the Faith (claro sempre começo no British Steel, passo para o Screaming e depois termino no Defenders). Não tenho paciência para ouvir Turbo e nem Ram it Down, e olha que eu já tentei gostar destes dois discos mas não consegui... Tem também o Point of Entry que até vale por algumas músicas boas, mas de todo não é muito empolgante...

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    3. "Turbo" e "Painkiller" são discos especiais para mim porque comprei na época do lançamento ("Ram it Down" também, mas não gostava na época e não gosto até hoje), então faço parte dos poucos que gostam do primeiro e me alinho entre os que acham que o segundo está no nível dos clássicos da banda. Mas que "British Steel" e "Screaming..." são os melhores deles, isso eu não nego!

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