17 de junho de 2018

BARONESS - BLUE RECORD (2009)


Blue Record é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana Baroness. Seu lançamento oficial aconteceu em 13 de outubro de 2009, através do selo Relapse Records. O disco foi gravado no The Track Studios e a produção ficou por conta do renomado produtor John Congleton.

Outra banda do novo milênio estreia nas nossas páginas: o Baroness, com seu álbum Blue Record. Brevemente, vai-se abordar as origens do grupo antes do tradicional faixa a faixa.


Origens do Baroness

O Baroness é uma banda americana de heavy metal de Savannah, Geórgia, cujos membros originais cresceram juntos em Lexington, Virgínia, ambas nos Estados Unidos.

O grupo foi formado em meados de 2003, fundado por ex-membros da banda punk/metal Johnny Welfare and the Paychecks.

O líder do Baroness é John Dyer Baizley, vocalista e guitarrista. Além disso, Baizley é pintor e famoso por ter criado a arte gráfica de várias capas de álbuns de muitos artistas como Kylesa, Pig Destroyer, Darkest Hour, etc; além dos discos do próprio Baroness.

2004 a 2007

Em 3 de agosto de 2004, o Baroness lançou First, um Ep que contava com 3 canções: “Tower Falls”, “Coeur” e “Rise”. (Nota do Blog: Um registro chamado extended play, muitas vezes referido como um EP, é uma gravação musical que contém mais faixas do que um single, mas geralmente não é qualificado como um álbum ou LP).

Em 5 de setembro de 2005, o grupo lançou Second, um segundo Ep, com mais 3 músicas: “Red Sky”, “Son of Sun” e “Vision”.

Já em 2 de julho de 2007, um novo Ep, A Grey Sigh in a Flower Husk, mas, desta feita, dividido com a banda Unpersons. O Baroness lançou 2 canções neste trabalho: “Teiresias” e “Cavite”.

John Dyer Baizley

Primeiro disco

Em 4 de setembro de 2007, o Baroness lançava seu primeiro álbum de estúdio, Red Album. Lançado pela Relapse Records e produzido por Phillip Cope, do grupo Kylesa, o disco foi muito bem recebido.

A capa, belíssima, é obra do vocalista/guitarrista John Dyer Baizley.

Para este disco, além de Baizley, o grupo contou com o baterista Allen Blickle, o guitarrista Brian Blickle e o baixista Summer Welch.

O registro contém alguns verdadeiros petardos do grupo como “Rays on Pinion”, “Grad” e “Wanderlust”, esta última, inclusive, teve seu videoclipe lançado no consagrado programa Headbangers Ball. (Nota do Blog: o Headbangers Ball foi um programa de televisão musical composto por videoclipes de heavy metal na MTV dos Estados Unidos. O programa começou na MTV, no sábado 18 de abril de 1987, tocando videoclipes de heavy metal e hard rock tarde da noite, de artistas bem conhecidos e outros mais obscuros. O show oferecia (e tornou-se famoso por causa disso) um forte contraste com os 40 melhores vídeos de música mostrados durante o dia pelo canal).

O álbum recebeu críticas bastante positivas da imprensa especializada, incluindo o prêmio de álbum do ano pela revista norte-americana de heavy metal Revolver.

Em 1º de dezembro de 2007, o Baroness tocou no Bowery Ballroom, na cidade de Nova York.

Em 20 de setembro de 2008, a banda anunciou via MySpace que o guitarrista Brian Blickle deixava o conjunto, ao mesmo tempo em que apresentava um novo guitarrista, chamado Peter Adams, da banda Valkyrie.

Entre 2007 e 2009, o Baroness excursionou e dividiu o palco com muitas bandas, incluindo nomes como Opeth, Coheed and Cambria, Coliseum, Mastodon, Minsk e Clutch.

Allen Blickle

Novo álbum

Em 18 de maio de 2009, o Baroness entrou no The Track Studio, em Plano, no Texas, para gravar seu segundo álbum completo, Blue Record, produzido por John Congleton (The Roots, Explosions in the Sky, Black Mountain, The Polyphonic Spree).

A capa, lindíssima, é outra vez obra de John Dyer Baizley. Foi o primeiro disco do conjunto a contar com o guitarrista Pete Adams.

O trabalho foi lançado, via Relapse Records, 13 de outubro de 2009.

Vamos às faixas:

BULLHEAD’S PSALM

A primeira faixa é uma pequena introdução instrumental para o disco.



THE SWEETEST CURSE

"The Sweetest Curse" é uma amostra do poder do Baroness. É uma composição pesada, a qual aposta bastante no groove, mas que não abre mão de um senso melódico cativante. O bom trabalho das guitarras encontra suporte em uma seção rítmica encorpada.

A letra é sobre fé e dor:

O'saviour!
There's rotgutted whiskey in ladies
For to ease the pain...
Or drown away

A faixa foi lançada como single, mas não obteve maior repercussão em termos das principais paradas desta natureza.



JAKE LEG

"Jake Leg" apresenta um inspirado trabalho de guitarras, calcado em riffs e, novamente, abusando da melodia. A sonoridade segue entre o Heavy e o Hard, contando com guitarras afiadas e um ótimo ritmo.

A letra reflete necessidades:

The body's a vessel
The hands find a cure
"Flesh is weak!" and my lip needs a meal



STEEL THAT SLEEPS THE EYE

O peso abre espaço para a sensibilidade melódica, em uma canção que flerta com o Folk e conta com ótima atuação do vocalista John Dyer Baizley. Verdadeiramente tocante.

A letra pode ser interpretada como ecos de uma batalha:

Reel in place
'Til the bastards take me away
Sober taste of the eyes



SWOLLEN AND HALO

Novamente, o trabalho das guitarras gêmeas impressiona, construído com riffs magnéticos que hipnotizam os ouvintes. O grupo apresenta sua gama de ótimas referências com a variação de andamento e melodias. Faixa incrível.

A letra é novamente sobre uma guerra:

Now we've wandered through the polestar's dusty floe
And my crown is breath and blood



OGEECHEE HYMNAL

"Ogeechee Hymnal" é outra curta, mas mais que suficiente, prova da categoria do Baroness. Uma melodia pesada, arrastada, mas dominante.



A HORSE CALLED GOLGOTHA

A criatividade do Baroness está ainda mais aflorada na excepcional "A Horse Called Golgotha". A qualidade extraordinária das melodias, a alternância de dinâmica e, obviamente, os riffs inspirados perfazem uma canção muito acima da média. Clássico!

A letra é sobre redenção:

Exorcise the family demons
Stallions on the eilderdown


A faixa foi lançada como single, mas não obteve maior repercussão em termos das principais paradas desta natureza.



O’ER HELL AND HIDE

Nesta música, o Baroness mostra que sua habilidade em construir canções com alternância de dinâmicas e, simultaneamente, apostando sempre na riqueza de melodias é afiadíssima. Composição bem interessante. 

A letra é sobre união:

We spoke with sinners, snakes, and slaves
Daughter of mine
You're coming through

“O’er Hell and Hide” foi lançada como single, mas não repercutiu entre as maiores paradas de sucesso desta natureza.



WAR, WISDOM AND RHYME

O brilhante trabalho da seção rítmica em "War, Wisdom and Rhyme" confere um peso ímpar à composição. Sua estrutura tecnicamente mais intrincada remete à musicalidade de grupos como o Dream Theater. Não duvide, caro leitor, o que se tem aqui é um verdadeiro petardo!

A letra tem uma visão determinista sobre o mundo:

Maybe the sawgrass did feel
Burnt confederate steel
Spoil't milk on the grave



BLACKPOWDER ORCHARD

Pequena faixa instrumental, com um certo toque country, que precede a próxima faixa.



THE GNASHING

"The Gnashing" é outra canção bastante interessante construída com ótimos riffs e uma constante mudança de ritmos. O peso e a melodia se complementam organicamente em outra música bem cativante.

A letra possui sentimento de dor:

All of the rivers are boiling with thirst
All my hands are covered with earth
All of my children that gnash with their teeth
Are paperback novels and dogs scratching fleas



BULLHEAD’S LAMENT

A décima segunda - e última - faixa de Blue Record é "Bullhead's Lament". Embora de curta duração e retomando a sonoridade da primeira música do disco, esta canção abusa do feeling e encerra o álbum de modo emocionante.



Considerações Finais

Blue Record lançou o Baroness para um novo patamar de popularidade.

O disco atingiu o modesto 117º lugar da principal parada norte-americana, a Billboard. Mas foi um feito em se tratando de uma banda jovem.

A crítica recebeu o trabalho muito positivamente. O site norte-americano Pitchfork deu uma nota 8,5 (de 10) ao disco. Já a revista britânica Rock Sound atribuiu nota 9 (em 10) para o álbum.

Phil Freeman, do site AllMusic, dá a Blue Record uma nota 4,5 (de 5), afirmando: “(…) Baroness fez um salto evolutivo sutil, mas inconfundível, neste disco, sua segunda peça completa e uma clara peça de complemento para Red Album. É difícil dizer exatamente o que o novo guitarrista Pete Adams trouxe à banda depois de substituir o irmão do baterista Allen Blickle, Brian, mas a mistura estabelecida pela banda de riffs Southern, viagens instrumentais e concertos intersticiais melódicos, todos impulsionados por um som de bateria particularmente chocalhante e mantidos unidos pelos vocais roucos e limpos de John Baizley, e por uma linda capa de arte, são ainda mais fortes agora do que antes”.

Por fim, Freeman atesta: “Este é um álbum feroz que não tem medo de ser genuinamente belo. Um dos melhores lançamentos de hard rock de 2009”.

Blue Record, mais tarde, seria nomeado o 20º lugar na lista de melhores álbuns de Metal da História, pela revista LA Weekly, em 2013. Além disto, a revista norte-americana Decibel elegeu Blue Record como o álbum do ano de 2009.

Em fevereiro e março de 2010, o Baroness tocou no Australian Soundwave Festival, ao lado de bandas como Clutch, Isis, Meshuggah, Janes Addiction e Faith No More, visitando o Japão em março de 2010, com o Isis.

O Baroness fez uma turnê com muitas outras bandas proeminentes, como apoiar o Mastodon em sua turnê pelos EUA, entre abril e maio de 2010, e ao Deftones, entre agosto e setembro de 2010.

O Baroness foi selecionado como um dos dois atos de apoio (o outro sendo Lamb of God) para o Metallica em sua turnê pela Austrália e Nova Zelândia, no final de 2010.

O Baroness também tocou nos festivais Coachella e Bonnaroo, em 2010.

O Baroness lançaria o ótimo Yellow & Green, seu terceiro álbum de estúdio, em 17 de julho de 2012.



Formação:
John Dyer Baizley - Vocal, Guitarra, Piano
Allen Blickle - Bateria
Pete Adams - Guitarra, Backing Vocals
Summer Welch - Baixo

Faixas:
01. Bullhead's Psalm (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 1:20
02. The Sweetest Curse (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 4:31
03. Jake Leg (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 4:23
04. Steel That Sleeps the Eye (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 2:38
05. Swollen and Halo (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 6:35
06. Ogeechee Hymnal (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 2:36
07. A Horse Called Golgotha (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 5:21
08. O'er Hell and Hide (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 4:22
09. War, Wisdom and Rhyme (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 4:26
10. Blackpowder Orchard (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 1:01
11. The Gnashing (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 4:18
12. Bullhead's Lament (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 2:59

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/baroness/

Opinião do Blog:
Quando se trata de bandas do novo milênio, em termos de musicalidade mais pesada, é obrigatório colocar-se o Baroness como uma das referências. Em pouco mais de uma década, o grupo apresenta uma discografia extremamente sólida e de alto nível.

Sobrevivendo ao terrível acidente de 2012, que quase dizimou o conjunto, será um exercício animador ver até onde a banda poderá chegar uma vez que seus registros são sempre muito interessantes.

Para o RAC, Blue Record representa uma evolução natural de sua curiosa estreia, Red Album, de 2007. Neste disco, a estrutura técnica, intrincada e pesada ganha mais camadas melódicas, aumentando as possibilidades e as fronteiras musicais do Baroness.

É óbvio que a alma da banda é seu líder e frontman, John Dyer Baizley, o qual se revela um criativo compositor e competente vocalista e instrumentista.

Mas o álbum não vive apenas disto. A seção rítmica formada pelo frenético baterista Allen Blickle e pelo baixista Summer Welch mantém o peso e o groove constantes, permitindo que as guitarras brilhem intensamente tanto nos riffs quanto nos solos.

Assim sendo, Blue Record é um disco pesado e inspirado no Heavy Metal, sem dúvidas, mas é ao mesmo tempo riquíssimo em melodias belíssimas e cativantes. Sua riqueza reside, também, em ser técnico, intrincado e absurdamente melódico.

Músicas impressionantes como "The Sweetest Curse", "The Gnashing", e "Swollen and Halo" sustentam as afirmações acima, bem como a 'folk' "Steel That Sleeps the Eye".

Mas o RAC elege a brutal "A Horse Called Golgotha" e a inquietante "War, Wisdom and Rhyme" como suas preferidas.

Por fim, resta recomendar brutalmente Blue Record a nossos leitores, pois se trata de um dos melhores discos de seu tempo. Repetindo sem se importar em soar redundante, será muito interessante descobrir até onde o excelente Baroness chegará, pois a banda vem construindo uma discografia incrível até agora.

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