4 de abril de 2013

UFO - PHENOMENON (1974)



Phenomenon é o terceiro álbum de estúdio da banda inglesa UFO. Seu lançamento oficial ocorreu em 1974, durante o mês de maio. O álbum saiu pelo selo Chrysalis e teve como produtor Leo Lyons.



O UFO é uma banda inglesa que foi formada em agosto de 1969, pela reunião do vocalista Phil Mogg, o baixista Pete Way, o baterista Andy Parker e o guitarrista Mick Bolton. Seu nome inicial foi Hocus Pocus, mas logo foram rebatizados para o nome UFO, o qual também batizava o nome do bar (pub) onde o grupo se apresentava no início de seus trabalhos.

Foi Noel Moore que os levou para a gravadora Beacon Records, através da qual o UFO poderia lançar seu primeiro trabalho de estúdio. O álbum, homônimo à banda, foi lançado em outubro de 1970.

Phill Mogg:


Neste primeiro trabalho, o grupo já apresentava seu Hard Rock, influenciado pelas vertentes do rock progressivo e também de rock psicodélico. A faixa que mais repercutiu, especialmente em terras japonesas, foi uma versão para “C’mon Everybody”, de Eddie Cochran.

Este estilo que misturava progressivo e psicodélico ficou conhecido como ‘Space Rock’. O estilo ficaria ainda mais acentuado no segundo trabalho do grupo, UFO 2: Flying (1971).

Em UFO 2: Flying, há duas faixas especialmente longas, como “Star Storm”, com mais de 18 minutos e a incrível “Flying”, que tem mais de 26 minutos. Mas a faixa “Prince Kajuku” acabou sendo sucesso na Alemanha, permitindo que o grupo fosse naquele país divulgar o álbum.

Na turnê do UFO na Alemanha, uma jovem banda local abriu os shows dos britânicos. Era o Scorpions.

Em janeiro de 1972, o guitarrista Mick Bolton deixou a banda. O UFO já havia realizado que o seu Space Rock estava limitando as possibilidades do grupo e já estavam desejosos de procurarem novos caminhos musicais.

Temporariamente, Larry Wallis e Bernie Marsden foram os guitarristas que cobriram a ausência de Bolton no conjunto. Mas o grupo partiu para buscar um novo guitarrista que viesse e favorecesse a mudança de sonoridade que o UFO queria encontrar.

O nome surgiu para o UFO de sua viagem à Alemanha. Um jovem de 18 anos, guitarrista do Scorpions. Seu nome era Michael Schenker.

Michael Schenker:


Michael, apesar de muito jovem, já era um guitarrista conhecido e respeitado.

A aquisição do novo guitarrista coincidiu com a mudança de gravadora, a Chrysallis, e com o novo produtor, Leo Lyons. Schenker chegou em Outubro de 1973 e já começou a compor e a gravar o novo trabalho da banda, que seria Phenomenon.

As gravações ocorreram no Morgan Studios, em Londres. Já a arte da capa foi desenvolvido por um grupo artístico de Londres conhecido como Hipgnosis.

OH MY

Abre o disco a faixa “Oh My”.

“Oh My” já demonstra que o ‘space rock’ que o grupo fazia ficou no passado. A canção já apresenta um riff simples, mas bem direto e com boa dose de peso, o que se tornaria uma das marcas registradas do grupo.

As letras são simples, refletindo a passagem do tempo e como pequenas coisas remetem às mudanças:

Look in your mirror just to see my face
Two way time, baby, it's no disgrace
Oh my, how the times have changed
Oh my, how the times have changed



CRYSTAL LIGHT

A segunda canção do trabalho chama-se “Crystal Light”.

A segunda música já apresenta o toque de Schenker na composição das músicas no álbum. Ela se inicia com uma melodia suave e tocante, tornando-se mais intensa com o passar do tempo, mas sem perder o enlace melódico inicial. Phil Mogg a canta de maneira envolvente. Linda faixa.

A letra é bonita, sendo construída como uma bela metáfora usando o desvanecer das luzes indicando como desperdiçamos o tempo de nossas vidas:

Crystal light shinin' bright
Shine on down for me
Moon is even passin' by, tryin' not to see
Like a fool I hit that road, did my time at sea
Life was only foolin' me



DOCTOR DOCTOR

A terceira faixa de Phenomenon é um clássico, “Doctor Doctor”.

“Doctor Doctor” começa com uma bela introdução composta por Michael Schenker, repleta de uma suave e doce melodia. Mas logo ela dá lugar a um riff intenso, com certo peso, mas sem nunca perder a sua melodia. O refrão é ótimo e a forma como Phil Mogg a canta, espetacularmente, contribui decisivamente para o sucesso da canção.

As letras são pueris, falam de um amor observado do ponto de vista de uma real obsessão:

She walked up to me
And really stole my heart
And then she started
To take my body apart

Foi lançada apenas como single pela Europa, excetuando-se o Reino Unido. Conseguiu repercussão alguns anos depois de seu lançamento oficial, quando foi relançada em versão ao vivo, para promover o álbum ao vivo Strangers In The Night, que atingiu a posição 35 no Reino Unido.



Algumas versões cover de “Doctor Doctor” são conhecidas, como a do Iron Maiden quando contava com o vocalista Blaze Bayley. Iron Maiden que, aliás, utiliza a versão original da música nos seus shows, momentos antes de entrar no palco.

Obrigatória nos shows do UFO, “Doctor Doctor” é, talvez, o maior clássico do grupo.



SPACE CHILD

A quarta faixa do álbum é “Space Child”.

Nesta linda música, Michael Schenker esbanja sensibilidade com uma melodia incrível que embala toda a canção, que permanece quase todo o tempo mais suave. Mas o mais impressionante é mesmo a atuação do vocalista Phil Mogg que a canta de forma maravilhosa, sensível e intensa. Canção maravilhosa!

As letras são curtas, mas expressam com sensibilidade a transitoriedade da vida:

Goin' through pages
And lookin' down lines and lines
Space of your life is only passing you by
Space child ages as he turns and faces the lie
Then after laughter was caught in his throat as he died



ROCK BOTTOM

O clássico “Rock Bottom” é a quinta faixa de Phenomenon.

Um dos riffs mais sensacionais da história da música embala toda a canção “Rock Bottom”. Phil Mogg está, novamente, brilhante, mas o show mesmo quem dá é o sensacional Michael Schenker. Não bastasse sua brilhante criação do riff, o guitarrista estraçalha nos solos, esbanjando feeling e técnica. Música espetacular.

As letras têm um tom de desespero que é intrigante:

With all the darkness closin' in
Will the light reveal your soul
Just one sweet kiss, on your clay cold lips
long, long sleep you'll never know
Where do we go, where do we go
Where do we go from here



“Rock Bottom” acabou se tornando um dos grandes clássicos da história do UFO. Presença obrigatória nos shows do grupo britânico, também o guitarrista Michael Schenker a executa regularmente com sua carreira pós-UFO.



TOO YOUNG TO KNOW

A sexta canção do álbum é “Too Young To Know”.

A canção tem uma levada bem interessante, quase descompromissada, com um forte toque sessentista. Phil Mogg a canta com muita categoria, acompanhando os ritmos suaves criados pela guitarra de Schenker, com belas melodias vocais. O solo, desnecessário dizer, é brilhante.

As letras são em um tom de flerte e conquista:

Well, I didn't make your time
I never said you were mine
Don't you think you show
I guess I'll have to teach you how to roll



TIME ON MY HANDS

“Time On My Hands” é a sétima faixa do disco.

A faixa começa de uma maneira bastante suave e depois se desenvolve em um Rock bastante melódico e sutil. Mais uma vez a voz de Phil Mogg se destaca através de uma interpretação tocante e que se funde perfeitamente com a melodia desenvolvida. Linda canção.

As letras têm uma clara conotação de perda:

Left me hopin' the wild thoughts I had
My lost feelin' made me so sad
Tried so hard, the smile on my face
Can't get it back a gain, back home with you



BUILT FOR COMFORT

A oitava faixa do álbum é “Built For Comfort”.

Trata-se de uma versão da canção do Bluesman Willie Dixon. Mostra a influência que o UFO tinha do Blues no seu modo de compor Hard Rock. A música permite mais um verdadeiro show do ótimo guitarrista Michael Schenker, esbanjando feeling.



LIPSTICK TRACES

“Lipstick Traces” é a nona canção do álbum.

Trata-se de uma canção bastante tocante, composta por Michael Schenker. A faixa é totalmente instrumental e o guitarrista demonstra seu talento em compor uma belíssima e suave melodia. Pequena, porém, bela música.



QUEEN OF THE DEEP

A décima – e última – faixa de Phenomenon é “Queen Of The Deep”.

“Queen Of The Deep” fecha o trabalho mostrando como o UFO estava investindo em uma sonoridade mais direta. A canção começa com a voz de Phil e a guitarra de Schenker, suavemente, se complementando de maneira tocante. Depois a música ganha um pouco de intensidade e peso, sem nunca perder sua melodia tocante, em uma construção simples e, ao mesmo tempo, genial. Excelente trabalho!

Outra vez as letras têm um tom de finitude da vida, construída de maneira muito inteligente:

Say it's too hard to return
Now it seemed just like a dream
I saw and already seen it
On my tv screen



Considerações Finais

Phenomenon não conseguiu, na época de seu lançamento, entrar nas paradas de sucesso mais consagradas, como Reino Unido e Estados Unidos. Durante as apresentações do grupo, a banda estendia a duração de “Rock Bottom” para promover os solos de Michael Schenker.

Com o passar do tempo e o ganho de popularidade da banda nos Estados Unidos e Inglaterra, Phenomenon começou a ser mais conhecido e acabou se consagrando como um clássico, em especial por possuir os hinos “Doctor Doctor” e “Rock Bottom”.



Após o lançamento do álbum, a banda excursionou bastante até a gravação de seu próximo disco, o também excelente Force It, de 1975.

Formação:
Phil Mogg – Vocal
Andy Parker – Bateria
Pete Way – Baixo
Michael Schenker – Guitarra

Faixas:
01. Oh My  (Way/Mogg) - 2:28
02. Crystal Light  (Schenker/Mogg) - 3:47
03. Doctor Doctor  (Schenker/Mogg) - 4:10
04. Space Child  (Schenker/Mogg) - 4:01
05. Rock Bottom  (Schenker/Mogg) - 6:32
06. Too Young to Know  (Schenker/Mogg/Way/Parker) - 3:10
07. Time on My Hands  (Schenker/Mogg) - 4:10
08. Built for Comfort  (Willie Dixon) - 3:01
09. Lipstick Traces  (Schenker) - 2:20 (instrumental)
10. Queen of the Deep  (Schenker/Mogg) - 5:49

Letras:
Para o conteúdo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/ufo/

Opinião do Blog:
Para o Blog é quase indiscutível o fato do UFO ser uma das melhores bandas de Hard Rock de todos os tempos. Ser citada abertamente como influência para os gigantes do Iron Maiden é uma prova cabal desta afirmação.

Mas não é apenas isto. Indica-se, ao leitor, que ele procure os álbuns lançados pela banda nos anos 70 para que se comprove e saboreie a categoria das composições do grupo britânico.

Phenomenon, o terceiro álbum do grupo, foi onde tudo começou. A banda abandonou um estilo meio delirante e psicodélico (embora interessante) e investiu em uma sonoridade mais Hard Rock, bem direta e forte. Muito graças à chegada de Michael Schenker vindo do Scorpions.

Andy Parker faz bem seu papel na bateria e o baixo de Pete Way está sempre presente. Mas o que mais marca o álbum é o ‘casamento’ perfeito entre a bela voz de Phil Mogg e a extraordinária guitarra de Michael Schenker. Há momentos em que o ouvinte é levado a acreditar que as sílabas pronunciadas por Mogg e as notas tocadas por Schenker são uma única coisa.

As letras são bem consistentes, variando entre canções com conotação mais romântica e, em outras, falam da vida e sua finitude.

Embora o álbum não tenha sido comercialmente relevante, ele é muito importante para o grupo como definidor de um caminho a se seguir. Trouxe para o grupo dois clássicos fantásticos: “Doctor Doctor” e “Rock Bottom”.

Mas, também, trouxe faixas belíssimas menos conhecidas como “Space Child”, “Time On My Hands” e “Queen Of The Deep”. Álbum mais que obrigatório.

Um comentário:

  1. Olá Daniel,Parabéns, meu caro. Fantástica a forma como desenrolou a resenha para esse magnífico álbum. Parabéns!!!
    Outras duas faixas incríveis são: Crystal Light e Built for Comfort.

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