3 de agosto de 2011

JETHRO TULL - AQUALUNG (1971)



Aqualung é o quarto álbum de estúdio da banda inglesa de rock chamada Jethro Tull. Seu lançamento ocorreu no dia 19 de março de 1971 e a produção do mesmo ficou a cargo de Terry Ellis e do vocalista Ian Anderson. As gravações ocorreram entre dezembro de 1970 e fevereiro de 1971 no Island Studios, em Londres, na Inglaterra.

O Jethro Tull é uma banda que passou por várias trocas de formações, sendo que o único membro que permaneceu fixamente no grupo foi o fundador, vocalista e flautista Ian Anderson.

Aqualung foi o primeiro álbum a conter o tecladista John Evan como membro da banda e o primeiro a ter o baixista Jeffrey Hammond, que era amigo de infância do vocalista Ian Anderson.

Aliás, a amizade entre Jeffrey e Ian já havia aparecido antes em outras canções do Jethro Tull, como “A Song For Jeffrey”, “Jeffrey Goes To Leicester Square” e “For Michael Collins, Jeffrey and Me”.

Outra curiosidade sobre o baixista Jeffrey Hammond, é que muitas vezes seu nome era creditado nos álbuns como Jeffrey Hammond-Hammond, pois o nome de solteira de sua também era Hammond, embora não houvesse nenhuma relação de parentesco conhecida entre a mãe e o pai de Jeffrey.

A banda já havia obtido sucesso no Reino Unido com o lançamento de seus álbuns e singles. Em 1969, a faixa “Living In The Past”, uma das mais famosas da banda, já havia conseguido repercussão, sendo lançada unicamente como single e alcançou a terceira posição da parada de singles do país.

Outros singles também conseguiram algum sucesso, como “Sweet Dream”, de 1969 e “The Wich’s Promise”, de 1970.

Um fato interessante na história do Jethro Tull ocorreu em dezembro de 1968, quando a banda foi convidada para participar do The Rolling Stones Rock And Roll Circus, duas apresentações lideradas pelos Stones, em um palco de circo. Na época, o Jethro Tull havia perdido o guitarrista Mick Abrahams e o convidado para tocar a música “A Song For Jeffrey” foi o lendário guitarrista do Black Sabbath, Tony Iommi.

O Island Studios, onde Aqualung foi gravado, era um estúdio novo à época em que o álbum estava sendo gravado. Nele havia apenas dois estúdios de gravação, um menor e um maior. O menor já estava ocupado pelo Led Zeppelin, no qual estava sendo gravado o lendário álbum Led Zeppelin IV, de 1971.

O Jethro Tull ficou no estúdio maior, que fora parte de uma igreja anteriormente. Anos depois, Ian Anderson disse que gravar Aqualung no local foi muito difícil, pois o local era enorme, frio, horrível e cheio de eco.

Neste álbum há muitas letras de Ian Anderson que possuem reflexões sobre a sociedade e a religião. Quando lançado em vinil, o Lado A (faixas 1 a 6) foi chamado de Aqualung e contém músicas voltadas à sociedade, como “Aqualung”, que se refere a um vadio com este nome, “Cross-Eyed Mary”, a qual remete a uma prostituta, ou mesmo “Cheap Day Return”, escrita após Ian visitar seu pai muito doente.

O Lado B do vinil (faixas 7 a 11) foi chamado de My God e nele há faixas com intensa reflexão sobre religião, de maneira mais irreverente e ao mesmo tempo intrigante. São exemplos as canções “My God”, “Hymn 43” e “Wind-Up”. O blog recomenda que o leitor acesse o conteúdo das letras (deixa-se um link abaixo como opção) para que tire suas próprias conclusões.

Mesmo com todo este aparato filosófico, Ian Anderson nega que Aqualung seja um álbum conceitual. Em entrevista ele declarou que o álbum é apenas um apanhado de várias canções diferentes.

A arte da capa foi feita por Burton Silverman, um pintor norte-americano. Ela representa o personagem da canção principal do álbum, o Aqualung. Anderson afirmou que chegou a posar para a concepção da capa, mas Burton afirmou que a imagem é na realidade um autorretrato.

“Aqualung” abre o álbum. É uma ótima faixa, com um riff marcante e ótima atuação vocal de Ian, combinando bastante com o espírito da música. Após o riff poderoso, a música entra em clima praticamente acústico, mas com ritmo contagiante.

Embora uma das faixas mais famosas da banda, não foi lançada como single. Anderson afirmou que a música era muito longa para tocar nas rádios.

Com um ótimo solo, “Aqualung” é uma faixa marcante. Foi considerada por uma eleição do canal VH1 a 90ª melhor música de Hard Rock de todos os tempos. As letras contam a história de um ‘sem-teto’, pedófilo e sujo, sendo escrita por Ian e sua, à época, esposa, Jennie.

“Cross-Eyed Mary” é a segunda faixa do álbum. A flauta de Ian Anderson já pode ser ouvida no início da canção. É uma música com um acompanhamento mais calmo, com destaque para os teclados em bom trabalho na canção.

Nesta música o personagem de “Aqualung” é citado como uma espécie de camafeu, enquanto a “Cross-Eyed Mary” é uma prostituta.

A canção possui alguns covers de bandas conhecidas, como o Elf (banda de Ronnie James Dio) e pela lenda do Heavy Metal, o Iron Maiden.

“Cheap Day Return” é uma faixa pequena e acústica que fala sobre a visita que Ian fez a seu pai severamente doente no dia anterior a que a mesma foi escrita. Embora pequena, tem muito sentimento.

A quarta faixa é “Mother Goose”. É mais uma faixa praticamente acústica, com uma boa levada no violão e, também, podemos ouvir a flauta do vocalista. Ian Anderson faz um bom trabalho também no vocal.

A faixa foi escrita sobre figuras que Ian Anderson viu após dar um passeio por um antigo parque situado em Londres, chamado Hampstead Heath.

“Wond’ring Aloud” é mais uma canção pequena e também acústica, com menos de dois minutos e que conta com uma boa levada no violão. Nela são mais audíveis as orquestrações feitas por David Palmer para o álbum. “Up To Me” tem uma ótima levada e mantém o nível bem alto do trabalho.

“My God” é a maior faixa do álbum, com mais de sete minutos. A música se inicia com um aspecto acústico e um violão bem tocado, sendo cantada em um ritmo bem melancólico. Por volta dos dois minutos, surge a guitarra com um riff bem pesado e marcante. A música também conta com um ótimo solo por parte do guitarrista Martin Barre. Muito destaque, também, para Ian e sua flauta e as boas orquestrações presentes.

“Hymn 43” tem um ritmo mais agitado, com um bom riff e ótimo trabalho nos teclados de John Evan. Ótima faixa. Já “Slipstream” é mais uma faixa acústica e bem pequena do álbum, com pouco mais de um minuto, mas, ao mesmo tempo, bastante tocante.

“Locomotive Breath” se inicia com uma belíssima introdução ao piano com um estilo bem característico do Blues. Tem um ritmo contagiante, contando com um bom riff de guitarra e excelente trabalho de Ian na flauta.

O termo locomotive breath refere-se à fumaça soltada pelos trens do século dezenove, especialmente em sua chegada às estações. As letras mencionam um inevitável acidente de trem, em uma metáfora ao fim de uma vida.

Bandas como WASP e Helloween já fizeram versões para esta ótima música.

Fecha o álbum a música “Wind Up”, que possui mais de seis minutos. A faixa se inicia praticamente acústica e próxima aos dois minutos se transforma em um excelente rock com mais peso, baseada em um riff forte. Mais uma ótima faixa!

Aqualung foi um grande sucesso, chegando até a sétima posição da parada de sucesso dos Estados Unidos , além do quarto lugar na parada britânica.

Irritado com a afirmação que Aqualung seria um álbum conceitual, Ian Anderson começa a escrever o próximo álbum, Thick As A Brick, de 1972, prometendo dar à imprensa o álbum conceitual de todos os tempos.

Estima-se que Aqualung vendeu mais de quinze milhões de cópias até hoje e é sempre presença garantida nas eleições de melhores álbuns de todos os tempos.

Formação:
Ian Anderson: Vocal, Violão, Flauta
Martin Barre: Guitarra
John Evan: Teclado e Piano
Jeffrey Hammond: Baixo, Backing Vocals
Clive Bunker: Bateria e Percussão

Faixas:
01. Aqualung (Anderson/Jennie Anderson) - 6:34
02. Cross-Eyed Mary (Anderson) - 4:06
03. Cheap Day Return (Anderson) - 1:21
04. Mother Goose (Anderson) - 3:51
05. Wond'ring Aloud (Anderson) - 1:53
06. Up to Me (Anderson) - 3:15
07. My God (Anderson) - 7:08
08. Hymn 43 (Anderson) - 3:14
09. Slipstream (Anderson) - 1:13
10. Locomotive Breath (Anderson) - 4:23
11. Wind Up (Anderson) - 6:01

Letras:
Para o conteúdo das letras, recomendamos o acesso a: http://letras.terra.com.br/jethro-tull/

Opinião do Blog:
Jethro Tull é uma banda clássica do rock, que possui ótimas músicas e que tem uma criatividade muito grande, em grande parte propiciada pelo gênio criativo do vocalista e líder da banda, Ian Anderson.

Em Aqualung temos um grande exemplo dessa criatividade do flautista. No álbum há canções que, mesmo pequenas, mostram uma grande inspiração e sentimento em suas passagens acústicas. Ao mesmo tempo encontramos riffs inspirados, pesados e marcantes em algumas outras canções. Músicas como “Aqualung”, “Locomotive Breath”, “Hymn 43” e “Wind Up” são ótimas.

Outro destaque é a qualidade de Ian Anderson na composição das letras das músicas do álbum, seja contando histórias com conteúdo social na primeira parte do álbum, seja fazendo inferências sobre o papel da religião na segunda metade.

Se, por um acaso, o leitor não conhece ou ainda não ouviu Aqualung em sua totalidade, trate de fazê-lo. O álbum é mais que recomendado, é uma obrigação dos fãs de rock ouvi-lo. Obra-prima.

Vídeos Recomendados:

Aqualung, ao vivo


Locomotive Breath, ao vivo


Hymn 43, ao vivo


Wind Up



Sugestões, Críticas e Contatos: rockalbunsclassicos@hotmail.com
Siga-nos no Twitter: @RockAlbunClasic

5 comentários:

  1. Realmente, TAAB é um dos medalhões do estilo. Obrigado por me responder novamente!

    ResponderExcluir
  2. ian anderson é um grande perfomace no palco, toca bem flauta e faz shows com intusiasmo de um jovem de 18 anos,e seus albuns são otimos e nunca me canso de ouvir varias vezes.

    ResponderExcluir
  3. Aqualung é um disco obrigatório na coleção de qualquer fã de rock que se preze. É praticamente perfeito do começo ao final, e a performance da banda é matadora; pena que foi o último disco de Clive Bunker com o grupo (para mim o melhor baterista da história do Jethro Tull, com sua pegada que passava do blues ao rock e ao jazz na maior facilidade). Se eu pudesse corrigir o álbum, trocaria "Wond'ring Aloud" por "Wond'ring Again", do Living in the Past, que na minha opinião materializou o potencial da música. O riff de guitarra de "My God", antes do solo de flauta, é algo para ser ensinado em escola do fundamental. Por fim, quantas bandas tinham algo tão pesado quanto "Hymn 43" em 1971?
    Um adendo: recentemente ouvi Aqualung e The Zealot Gene numa sequência e acompanhando as letras - é impressionante a mudança de tom das letras de Anderson sobre a religião. Uma experiência que te recomendo, se te deixei curioso!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ainda nem ouvi o The Zealot Gene. Mas quando o fizer, vou me atentar a sua dica. Valeu!

      Excluir