6 de junho de 2022

JOURNEY - ESCAPE (1981)

 


Escape é o sétimo álbum de estúdio da banda norte-americana Journey. O lançamento oficial aconteceu em 17 de julho de 1981 através do selo Columbia. As gravações ocorreram entre abril e junho daquele mesmo ano, no Fantasy Studios, em Berkeley, nos Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Mike Stone e Kevin Elson.


Mais de 8 anos depois, o Journey retorna ao Rock: Álbuns Clássicos com seu maior sucesso comercial. Vai-se ater aos fatos que antecederam ao lançamento do disco para depois se ir ao nosso faixa a faixa.




Antecedentes e Departure


Após a turnê em apoio a Evolution (1979), a banda expandiu seu planejamento, incluindo uma operação de iluminação e caminhões para suas apresentações futuras, já que a turnê arrecadou mais de 5 milhões de dólares, tornando a banda tão popular quanto jamais havia sido em cinco anos.


Steve Perry



Depois, a banda entrou no Automatt Studios para gravar seu sexto álbum de estúdio, Departure, que foi lançado em março de 1980, chegando ao 8º lugar na Billboard. O primeiro single do álbum, "Any Way You Want It", alcançou a 23ª posição na Billboard Hot 100, a principal parada de singles norte-americana, em 1980.


Nesta época, o Journey era formado pelo vocalista Steve Perry, pelo guitarrista Neal Schon, pelo tecladista Gregg Rolie, pelo baixista Ross Valory e pelo baterista Steve Smith.


Jonathan Cain


O tecladista Gregg Rolie deixou a banda após a turnê de Departure, para começar uma família e realizar vários projetos solo. Foi a segunda vez, em sua carreira, que ele deixou um grupo de sucesso.


O tecladista Stevie "Keys" Roseman foi contratado para gravar a única faixa de estúdio, "The Party's Over (Hopelessly in Love)", no álbum ao vivo da banda, Captured.


Jonathan Cain



Rolie sugeriu o tecladista Jonathan Cain, do The Babys, como seu substituto permanente. Com os sintetizadores de Cain substituindo o órgão de Rolie, Cain se tornou o novo membro da banda.


Escape


Com Cain se juntando como o novo tecladista, a banda entrou no Fantasy Studios em Berkeley, Califórnia, no final de 1980, lançando seu sétimo álbum de estúdio, Escape, em julho de 1981.


Na capa do disco, o título foi estilizado como E5C4P3. A capa é obra do artista Stanley Mouse. O álbum foi coproduzido pelo ex-técnico de som do Lynyrd Skynyrd, Kevin Elson, e o ex-engenheiro do Queen, Mike Stone, que também projetou o álbum.


Vamos às faixas:


DON’T STOP BELIEVIN’


Don't Stop Believin'” abre o disco com um dos maiores clássicos dos anos 80 na música.


A letra, obviamente, fala de persistência:


Strangers waiting
Up and down the boulevard
Their shadows searching in the night
Streetlights, people
Living just to find emotion
Hiding somewhere in the night




Canção símbolo do Journey, "Don't Stop Believin'" alcançou a 9ª posição da principal parada de singles norte-americana, a Billboard 100.


Jonathan Cain foi quem surgiu com o título da música e o refrão, pois eram palavras que seu próprio pai lhe dizia quando ele pensava em desistir da música. O guitarrista Neil Schon criou a distintiva linha de baixo e Perry sugeriu que Cain compusesse uma peça de sintetizador que complementasse esta linha de baixo. O baterista Steve Smith acrescentou em cima disso com uma batida de rock padrão.


A canção tem amplo uso na indústria do entretenimento. Está diretamente associada aos times esportivos do Detroit Red Wings e o San Francisco Giants. Além disso, era a peça de encerramento do espetáculo Rock Ages, bem como é trilha sonora de incontáveis peças publicitárias.


STONE IN LOVE


Stone in Love” possui as guitarras de Schon bem afiadas.


A letra menciona um amor jovem:


Those summer nights are callin'
stone in love
Can't help myself I'm fallin'
stone in love


WHO’S CRYING NOW


Steve Perry tem ótima atuação individual na bela “Who’s Crying Now”.


A letra menciona dificuldades em um relacionamento:


One love, feeds the fire
One heart, burns desire
One love, who's crying now?
Two hearts, born to run
Who'll be the lonely one?
I wonder, who's crying now?
So many stormy nights
So many wrong or rights




Who’s Crying Now” foi o primeiro singles para promoção de Escape, atingindo a 4ª colocação da Billboard Hot 100.


O vocalista Steve Perry afirmou que ele teve a ideia para o refrão da música enquanto estava dirigindo em Los Angeles. Ele gravou a ideia em seu gravador portátil e levou para o tecladista Jonathan Cain. Cain teria desenvolvida a música de acordo com o que Perry lhe orientava e o próprio Cain escreveu a maior parte das letras.


KEEP ON RUNNIN’


"Keep On Runnin'" é mais direta e roqueira, com bom trabalho de bateria e refrão animado.


A letra fala sobre a agitação do dia a dia:


They get me by the hour
By my blue collar
You're squeezin' me too tight
It's Friday night
Let's run tonight
Till the morning light


STILL THEY RIDE


Still They Ride” é uma linda balada, com Perry atuando de maneira incrível.


O tema da letra é a mudança:


Traffic lights, keepin' time
Leading the wild and restless
through the night


ESCAPE


Escape” possui os teclados dominantes, em uma composição com a cara dos anos 80.


A letra fala sobre liberdade:


Now he's leavin', gettin' out from this masquerade
Oh gotta go
I'm finally out in the clear and I'm free
I've got dreams I'm livin' for
I'm movin' on where they'll never find me
Rollin' on to anywhere
I'll break away, yes I'm on my way
Leavin' today, yes I'm on my way


LAY IT DOWN


Lay It Down” é mais agressiva e dominada pela guitarra de Schon.


A letra fala sobre diversão:


By the midnight hour
We were on our way
She was takin' it higher
Higher, higher, higher, then I heard say


DEAD OR ALIVE


O ritmo intenso de “Dead or Alive” é contagiante, em uma das canções mais divertidas do disco.


A letra menciona um tipo de espião:


He drove a Maserati, lived up in the hills
A cat with nine lives that's gone
Too far to feel the chill
He never though it'd happen
It was his last mistake
'Cause he was gunned down by a
heartless woman's 38


Neal Schon


MOTHER, FATHER


Mother, Father” é mais contida e introspectiva, mas conta com bons vocais de Perry.


A letra fala sobre relações entre pais e filhos:


Through bitter tears
And wounded years, those ties
of blood were strong
So much to say, those yesterdays
So now don't you turn away


OPEN ARMS


Outra bela balada, “Open Arms”, fecha o disco em grande estilo.


A letra fala sobre uma relação ser refeita:


So now I come to you
With open arms
Nothing to hide
Believe what I say
So here I am
With open arms
Hoping you'll see
What your love means to me
Open arms


Open Arms” foi lançada como single, atingindo a 2ª posição da Billboard Hot 100.


Considerações Finais


Com 3 singles muito expressivos, Escape atingiu a inacreditável 1ª posição da principal parada de discos norte-americana, a Billboard 200. Também ficou com o 32º lugar em sua correspondente britânica.


Still They Ride” e “Stone in Love” também foram lançadas como singles em 1982, mas tiveram repercussão menos espetacular que os anteriores.


Mike DeGagne, do AllMusic, deu a Escape uma nota 4,5 (em 5), apontando: "As músicas são atemporais e, como um todo, elas têm uma maneira de reacender a inocência do romance juvenil e a rebeldia de crescer, construído a partir de composições sinceras e musicalidade robusta".


Já a revista Rolling Stone, na época, detestou o trabalho com Deborah Frost chamando o Journey como “posers de heavy metal e a música do álbum como facilmente tocável por qualquer músico de estúdio”.


Em 1988, a revista Kerrang! (através dos leitores) votou em Escape como o melhor álbum AOR de todos os tempos ― e a Classic Rock expressou a mesma opinião em 2008. Em 1989, a mesma Kerrang! classificou Escape na 32ª posição em "The 100 Greatest Heavy Metal Albums of All Time".


Em 2001, a Classic Rock classificou o álbum na 22ª colocação em "The 100 Greatest Rock Albums of All Time". Em 2006, a mesma publicação incluiu-o em seus "200 Greatest Albums of the 80s", como um dos vinte maiores álbuns de 1981.


A banda começou outra longa e bem-sucedida turnê em 12 de junho de 1981, apoiada pelos atos de abertura como Billy Squier, Greg Kihn Band, Point Blank e Loverboy. O Journey abriu para os Rolling Stones em 25 de setembro daquele ano. O show em Houston, em 6 de novembro de 1981, na frente de mais de 20 mil fãs, seria posteriormente lançado em DVD.


Após o sucesso da turnê de 1981, e o estabelecimento completo da banda como uma corporação, incluindo a formação de um fã-clube chamado "Journey Force", o grupo lançou "Only Solutions" e "1990s Theme" para o filme da Disney de 1982, Tron. O Journey continuou em turnê em 1982 com shows na América do Norte e Japão.


Com milhões de discos vendidos, singles de sucesso e ingressos esgotados, a banda entrou novamente no Fantasy Studios no meio de sua turnê de 1982 para gravar seu oitavo álbum de estúdio, Frontiers.


Escape ultrapassa a casa de 10 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.





Formação:

Steve Perry – Vocal

Neal Schon – Guitarra-Solo, Backing vocals

Jonathan Cain – Teclados, Guitarra-Base, Backing vocals

Ross Valory – Baixo, Backing vocals

Steve Smith – Bateria, Percussão


Faixas:

01. Don't Stop Believin' (Perry/Cain/Schon) - 4:11

02. Stone in Love (Perry/Cain/Schon) - 4:26

03. Who's Crying Now (Perry/Cain) - 5:01

04. Keep On Runnin' (Perry/Cain/Schon) - 3:40

05. Still They Ride (Perry/Cain/Schon) - 3:50

06. Escape (Perry/Cain/Schon) - 5:17

07. Lay It Down (Perry/Cain/Schon) - 4:13

08. Dead or Alive (Perry/Cain/Schon) - 3:21

09. Mother, Father (Perry/Cain/M. Schon/N. Schon) - 5:29

10. Open Arms (Perry/Cain) – 3:23


Letras:

Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/journey/


Opinião do Blog:

O Journey retorna ao RAC com seu maior sucesso comercial, Escape.


Lançado na alvorada dos anos 1980, Escape se tornou o modelo a ser seguido para os grupos que quisessem se aventurar pelo estilo conhecido como AOR.


A chegada do tecladista Jonathan Cain se revelou o fator decisivo para que o Journey conquistasse o sucesso definitivo. Cain se mostrou a escolha perfeita, pois sua musicalidade se casou perfeitamente com a sonoridade que o Journey vinha construindo a partir de seu 4º álbum, Infinity.


Aliás, a soma dos teclados de Cain, a guitarra de Schon e os vocais de Perry deram ao AOR do Journey uma assinatura única e que foi exaustivamente emulada, mas jamais igualada, justamente por conta da categoria de seus músicos.


Mas, para o site, Escape jamais foi repetido até mesmo pelo próprio Journey. Uma coleção de composições com personalidade, estilo e execução especiais. Claro, “Don't Stop Believin'” é seu maior expoente, mas escolhem-se “Stone in Love” e “Still They Ride” como as preferidas.


Enfim, se você que está lendo este texto consegue se livrar do preconceito habitual com “Rock comercial” (como se algum outro não fosse), Escape é um dos melhores discos, dentro desta sonoridade, que você ouvirá na vida.

3 comentários:

  1. Como eu comentei no post em que o blog abordou sobre Infinity (1978) há uns anos atrás, eu tinha comentado que o único disco do Journey que eu conheço na íntegra é este primoroso Escape, best-seller de 1981 lançado pela banda (analisado aqui atendendo á um pedido meu), que é a meu ver a culminação (mais precisamente o auge) da evolução musical da banda desde o disco de 1978 por mim citado, cuja intenção era tornar a sua música mais acessível e mais radiofônica ao grande público, se comparar com os três primeiros discos antes do vocalista Steve Perry entrar na banda e dar sua cara mundialmente reconhecida.

    Meus destaques vão para "Don't Stop Believing", "Stone in Love", "Open Arms" (três das músicas mais famosas da banda) e aquela que eu considero a melhor canção da carreira do Journey (na minha opinião), a belíssima "Who's Crying Now". Enfim, parabéns e obrigado ao patrão Daniel por atender novamente a um dos meus pedidos passados com esta resenha maravilhosa sobre este grande trabalho do Journey.

    PS: A coincidência é que na mesma data em que Escape foi lançado, um ano depois, o Judas Priest lançou um de seus grandes clássicos e um dos meus favoritos deles: Screaming for Vengeance, que completou 40 anos de lançamento na data de ontem. Sugiro ao blog uma resenha comemorativa sobre este petardo histórico dos Metal Gods, na minha opinião, uma continuação a altura do clássico British Steel, de 1980.

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    1. Obrigado pelo comentário e pela generosidade, amigo Igor. A sugestão é ótima, espero atendê-la em breve. Abraço.

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    2. Que é isso, patrão... Eu é que sou-lhe grato pela sua compreensão. Abração para você também!

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