14 de outubro de 2021

SOFT MACHINE - THE SOFT MACHINE (1968)

 


The Soft Machine é o álbum de estreia da banda britânica chamada Soft Machine. Seu lançamento oficial aconteceu em dezembro de 1968, através do selo ABC Probe e pelo selo Barclay. As gravações ocorreram em qbril daquele mesmo ano, no Record Plant Studios, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Chas Chandler e de Tom Wilson.





O Começo


A Soft Machine (conhecida como The Soft Machine até 1969 ou 1970) foi formada em meados de 1966 por Robert Wyatt (bateria, voz), Kevin Ayers (baixo, guitarra, voz), Daevid Allen (guitarra) e Mike Ratledge (órgão) mais, apenas para os primeiros shows, o guitarrista americano Larry Nowlin.


Allen, Wyatt e o futuro baixista Hugh Hopper tocaram juntos pela primeira vez no Daevid Allen Trio, em 1963, ocasionalmente acompanhados por Ratledge. Wyatt, Ayers e Hopper foram membros fundadores do The Wilde Flowers, encarnações da qual incluiriam membros de outra banda de Canterbury, o Caravan.


Mike Ratledge



Primeiros Trabalhos


Esta primeira formação da Soft Machine envolveu-se no início do underground britânico, apresentando-se no UFO Club e em outros clubes de Londres como o Speakeasy Club e Middle Earth.


O primeiro single, "Love Makes Sweet Music" (gravado em 5 de fevereiro de 1967, produzido por Chas Chandler), foi lançado pela Polydor em fevereiro, acompanhado de "Feelin' Reelin' Squeelin'" (janeiro de 1967, produzido por Kim Fowley).


Em abril de 1967, o grupo gravou sete canções demo com o produtor Giorgio Gomelsky, no De Lane Lea Studios, que permaneceram inéditas até 1971, em uma disputa judicial sobre os custos do estúdio.


O conjunto também tocou na Holanda, Alemanha e na Riviera Francesa. Durante julho e agosto de 1967, Gomelsky agendou shows ao longo da Côte d'Azur, com o show inicial mais famoso da banda ocorrendo na praça da vila de Saint-Tropez. Isso levou a um convite para tocar na badalada "Nuit Psychédélique" do produtor Eddie Barclay, realizando uma versão de quarenta minutos de "We Did It Again", cantando o refrão repetidamente em uma qualidade de transe. Isso os tornou instantaneamente queridinhos da multidão parisiense "in", resultando em convites para aparecer em programas de televisão e na Bienal de Paris, em outubro de 1967.


Após o retorno da França, Allen (um australiano) foi impedido de entrar no Reino Unido, então o grupo continuou como um trio, enquanto ele retornava a Paris para formar o Gong.


Compartilhando o mesmo gerenciamento de Jimi Hendrix, a banda apoiou a turnê norte-americana do Jimi Hendrix Experience, ao longo de 1968. O primeiro álbum do Soft Machine foi gravado na cidade de Nova York em abril, no final da primeira etapa da turnê.


Kevin Ayers



O Álbum de Estreia


O trio remanescente formado por Ratledge, Ayers e Wyatt foi o responsável por gravar o disco de estreia do Soft Machine. É o único álbum do grupo a apresentar Kevin Ayers como membro.


Robert Wyatt



O álbum foi produzido por Chas Chandler e Tom Wilson e seu conteúdo é tido como uma das raízes essenciais para o rock progressivo e para o jazz-fusion.


Vamos às faixas:


HOPE FOR HAPPINESS


Hope For Happiness” inicia o disco de modo desconcertante, oscilando em uma melodia sombria e angustiante, em claro confronto com uma passagem intensa, baseada no Rock Psicodélico.


A letra fala sobre esperança:


Sun heart burns, moon glow turns

Stars foretell - Hope For Happiness

Hope For Happiness, happiness, happiness


JOY OF A TOY


Joy of a Toy” é uma pequena faixa instrumental que flerta, levemente, com o Jazz.


A faixa foi lançada como single, mas não repercutiu nas principais paradas desta natureza.





HOPE FOR HAPPINESS (REPRISE)


Esta canção é uma retomada da música que inicia o trabalho.


WHY AM I SO SHORT?


Why Am I So Short?” é um Rock bem sessentista, bem curtinha, contando com um bom instrumental.


A letra possui um sentido de narcisismo:


I'm nearly 5 ft. 7 tall

I like to smoke and drink and ball

I've got a yellow suit that's made by Pam

And every day I like an egg and some tea

But best of all I like to talk about me!


SO BOOT IF AT ALL


So Boot If at All” é a peça central do disco e que também surge como uma amostra do potencial do conjunto, com flertes generosos que apontam para o Rock Progressivo.


A CERTAIN KIND


A Certain Kind” é um Rock mais suave, uma espécie de balada, mas com uma pegada mais melancólica.


A letra possui sentido romântico:


And loving you the way I do

Makes everything seem right again

And when you're near I know

I know you just can't see

All the time of day

I know you're mine, and all the time


SAVE YOURSELF


Save Yourself” é um Rock intenso com instrumental mais intrincado, mesmo sendo bem curta.


A letra é sobre um relacionamento:


You gotta save yourself

Don't enslave yourself

Just to save yourself

Stay in your own bed at night


PRISCILLA


Priscilla” é um pequeno movimento insturmental dominada pelos teclados.


LULLABYE LETTER


Lullabye Letter” tem nos teclados sua grande força, contando com um ótimo solo.


A letra é sobre verdade:


I've got lights in my brain

We'll have fights in the rain

You'll be good and bad together

Writing songs and call that the weather


WE DID IT AGAIN


We Did It Again” é extremamente repetitiva, em um esforço menor do álbum.


A letra repete o verso “I Did It Again” exaustivamente.


PLUS BELLE QU’UNE POUBELLE


Plus Belle qu'une Poubelle” é uma pequena canção instrumental que serve de introdução para a seguinte.


WHY ARE WE SLEEPING?


Why Are We Sleeping?” é uma música com mais de 5 minutos e um excelente trabalho do baixo, sendo uma composição com a cara dos anos 60s.


A letra pode ser interpretada como tema de inércia:


My head is a nightclub with glasses and wine

The customers dancing or just making time

While Daevid is cursing, the customers scream

Now everyone's shouting, "Get out of my dream!"


BOX 25/4 LID


Box 25/4 Lid” tem apenas 50 segundos e encerra o disco.


Considerações Finais


The Soft Machine não foi um sucesso comercial, embora tenha atingido a modesta 160ª colocação na principal parada norte-americana desta natureza.


John Bush, do site AllMusic, dá ao trabalho uma nota 4,5 (em 5), apontando: “Uma tentativa selvagem, descontraída e finalmente bem-sucedida de mesclar psicodelia com jazz-rock, a estréia de Soft Machine varia entre canções pop oblíquas tocadas com amor e um conjunto perturbado formado (pelos) o baterista / vocalista Robert Wyatt, o baixista Kevin Ayers e o organista Mike Ratledge”.


Bush, demonstrando o apreço da crítica pelo trabalho, conclui: “Como The Piper at the Gates of Dawn, do Pink Floyd, Vol. 1 foi um dos poucos discos ambiciosos da era psicodélica que realmente cumpriu sua promessa incrível”.


De volta a Londres, o guitarrista Andy Summers, mais tarde do The Police, juntou-se ao grupo após a separação da Dantalian's Chariot (anteriormente Zoot Money's Big Roll Band).


Após algumas semanas de ensaios, o quarteto começou uma turnê pelos EUA com alguns shows solo antes de se reunir com Hendrix durante agosto e setembro de 1968.


Summers foi demitido por insistência de Ayers. Ayers também saiu, amigavelmente, após a data final da turnê no Hollywood Bowl, em meados de setembro, e a Soft Machine se desfez.


Wyatt permaneceu nos EUA para gravar demos solo, enquanto Ratledge retornou a Londres e começou a compor para valer. Uma das demos de Wyatt, Slow Walkin' Talk, permitiu que Wyatt fizesse uso de suas habilidades multi-instrumentista (órgão Hammond, piano, bateria e voz) e contou com Hendrix no baixo.


Em dezembro de 1968, para cumprir obrigações contratuais, a Soft Machine se reformulou, com o ex-road manager e compositor Hugh Hopper no baixo, adicionado a Wyatt e Ratledge e gravou seu segundo álbum, Volume Two (1969), o qual iniciou uma transição para o jazz fusion.





Formação:

Mike Ratledge - Órgão Lowrey Holiday De Luxe, Piano (em 13)

Kevin Ayers - Baixo, Vocal (em 10), Backing Vocal (em 7 e 9), Piano (em 5)

Robert Wyatt - Bateria, Vocal

Músicos Adicionais:

Hugh Hopper – Baixo (em 13)

The Cake – Backing Vocal (em 12)


Faixas:

01. Hope for Happiness (Ayers/Ratledge/Hopper) - 4:21

02. Joy of a Toy (Ayers/Ratledge) - 2:49

03. Hope for Happiness (Reprise) (Ayers/Ratledge/B. Hopper) - 1:38

04. Why Am I So Short? (Ratledge/Ayers/Hopper) - 1:39

05. So Boot If At All (Ayers/Ratledge/Wyatt) - 7:25

06. A Certain Kind (Hopper) - 4:11

07. Save Yourself (Wyatt) - 2:26

08. Priscilla (Ayers/Ratledge/Wyatt) - 1:03

09. Lullabye Letter (Ayers) - 4:32

10. We Did It Again (Ayers) - 3:46

11. Plus Belle qu'une Poubelle (Ayers) - 1:03

12. Why Are We Sleeping? (Ayers/Ratledge/Wyatt) - 5:30

13. Box 25/4 Lid (Ratledge/Hopper) - 0:49


Letras:

Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/soft-machine/


Opinião do Blog:

Apesar de sua inegável contribuição para a história e a formação do Rock (especialmente no que tange ao Progressivo e ao Jazz Fusion), a Soft Machine não é das bandas mais conhecidas do público em geral.


Formado por músicos incontestavelmente competentes, este álbum de estreia demonstra um grupo com uma identidade musical constituída, mas em busca de uma consolidação desta mesma identidade.


Assim, Volume 1 traz canções com viés Rock, mais precisamente próximo do estilo psicodélico, mas com toques de Jazz e arranjos mais elaborados, tudo isto em um processo que contribuiria para a formação do Rock Progressivo.


As letras são na média geral.


O site elege a fulgurante instrumental “So Boot If At All” como sua favorita.


Enfim, Volume 1 ainda não é a prova definitiva de como a Soft Machine foi uma banda única, mas traz claras demonstrações de como o grupo seria um pilar no surgimento de uma forma de se fazer Rock, mais elaborada e mais sofisticada para sua época. Banda imperdível.

7 comentários:

  1. Daniel, no final de semana passado estive mais de 270 km longe de casa. Ansioso por uma nova postagem sua, entrei várias vezes durante o dia no blog, e eis que na noite do dia 10, me deparei com uma postagem triste, de "Adeus". Como acompanho seu blog a muito tempo, ia comentar naquele momento o quanto sentiria falta das suas análises e do seu bom gosto musical, assim que chegasse em casa. Para minha surpresa e alegria, aquela postagem desapareceu alguns dias depois, e no lugar apareceu uma postagem da ótima banda Soft Machine. A vida tem dessas coisas, altos e baixos, eu por sorte peguei COVID-19 em fevereiro, mas foi sintomas leves. Enfim, desejo que você melhore da saúde, e que nos escreva cada vez mais! Vida longa ao blog!

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    1. Grande Reinaldo,

      Muito obrigado pela mensagem. Depois de tudo que passei (estava praticamente morto), é uma enorme alegria receber uma mensagem como esta.

      Eu realmente estava disposto a encerrar o Blog, mas recebi muitas mensagens de amigos pedindo para reconsiderar a decisão... e aqui estou.

      São 10 anos aqui, um trabalho enorme de pesquisa, redação, edição, enfim. Mas mensagens como a sua revigoram e fazem com que eu continue.

      Muito, muito obrigado mesmo. Grande abraço.

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  2. Tenho 38 anos, e quando ouvi pela primeira vez esse álbum, me expandiu a mente. Toco bateria e me fez me apaixonar pela Soft Machine. Dia 03/03/2022 fez dois anos da morte do meu pai, quem me apresentou a Soft Machine em disco de vinil...

    Vale lembrar que o Ayres foi o primeiro artista reconhecido a usar maquiagem num show, em 1966... Grande abraço. Ah, o Robert Wyatt alguns anos depois sofreu um acidente e ficou paralítico (lembram do filme Quase Famosos quando o cara grita I AM A GOLDEN GOD! Foi em homenagem a ele...). E pesquisem sobre o Wyatismo, muito bom...

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    1. Muito obrigado pelo ótimo comentário, Guilherme. Muito legal a sua história que liga seu pai à banda. Eu li mesmo sobre o acidente do Wyatt, mas o post acabou bem focado na história do primeiro álbum, mas que bom que você fez esta ótima lembrança aqui. Valeu mesmo, bem-vindo ao site. Abraços.

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  3. Só faltou comentar a grande contribuição de Allan hodswort, excelente guitarrista

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