10 de setembro de 2020

THE BYRDS - MR. TAMBOURINE MAN (1965)

 


Mr. Tambourine Man é o álbum de estreia da banda norte-americana The Byrds. Seu lançamento oficial aconteceu em 21 de junho de 1965 pela Columbia Records. As gravações ocorreram entre janeiro e abril de 1965, no Columbia Studios, em Hollywood, nos Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Terry Melcher.

 

O RAC trará a estreia da banda The Byrds, Mr. Tambourine Man. Primeiramente, um breve histórico será apresentado, para depois se trazer o faixa a faixa.




Origens

 

O núcleo dos Byrds se formou no início de 1964, quando Jim McGuinn, Gene Clark e David Crosby se juntaram como um trio. Todos os três músicos tinham uma formação enraizada na música folk, com cada um deles tendo trabalhado como cantor folk, no circuito de cafeterias, durante o início dos anos 1960. Além disso, todos eles foram, independentemente uns dos outros, músicos acompanhantes em vários grupos de "folk colegial": McGuinn com os Limeliters e Chad Mitchell Trio; Clark com os New Christy Minstrels e Crosby com Les Baxter's Balladeers.

 

McGuinn também passou um tempo como compositor profissional no Brill Building, em Nova York, sob a tutela de Bobby Darin. No início de 1964, McGuinn se apaixonou pela música dos Beatles e começou a intercalar seu repertório folk solo com versões acústicas de canções dos besouros.

 

Enquanto se apresentava no clube folk The Troubadour, em Los Angeles, McGuinn foi abordado por outro fã dos Beatles, Gene Clark, e a dupla logo formou uma dupla tocando covers dos Beatles, interpretações de canções folk tradicionais e algum material próprio.

 

Logo depois, David Crosby se apresentou à dupla no mesmo The Troubadour e começou a harmonizar com eles em algumas de suas canções. Impressionados com a mistura de suas vozes, os três músicos formaram um trio e se denominaram Jet Set, um apelido inspirado no amor de McGuinn pela aeronáutica.

 

Crosby apresentou McGuinn e Clark a Jim Dickson, que tinha acesso ao World Pacific Studios, onde ele estava gravando demos de Crosby. Sentindo o potencial do trio, Dickson rapidamente assumiu funções de gerenciamento para o grupo, enquanto seu parceiro de negócios, Eddie Tickner, se tornou o contador e gerente financeiro do grupo.

 

Dickson começou a utilizar o World Pacific Studios para gravar o trio enquanto eles aprimoravam sua arte e aperfeiçoar sua mistura de pop dos Beatles e folk estilo Bob Dylan.

 

Estas gravações demo, feitas pelo Jet Set na World Pacific Studios, seriam posteriormente apresentadas nos álbuns de compilação Preflyte, In the Beginning, The Preflyte Sessions e Preflyte Plus.

 

O baterista Michael Clarke foi adicionado ao Jet Set em meados de 1964. Clarke foi recrutado em grande parte devido à sua boa aparência e penteado ao estilo Brian Jones, ao invés de sua experiência musical, que se limitou a ter tocado congas semiprofissionalmente ao redor de São Francisco e L.A.

 

Enquanto a banda continuava a ensaiar, Dickson arranjou um acordo para o grupo com o fundador da Elektra Records, Jac Holzman. O single, que juntou as canções originais da banda "Please Let Me Love You" e "Don't Be Long", contou com McGuinn, Clark e Crosby, complementado pelos músicos Ray Pohlman no baixo e Earl Palmer na bateria, com o nome Beefeaters, que soava apropriadamente britânico e foi lançado em 7 de outubro de 1964.

 

Em agosto de 1964, Dickson conseguiu adquirir um disco da canção, então inédita de Bob Dylan, "Mr. Tambourine Man", a qual ele sentiu que seria um cover eficiente para o Jet Set.

 

Em uma tentativa de reforçar a confiança do grupo na música, Dickson convidou o próprio Dylan para ir ao World Pacific e ouvir o grupo tocar "Mr. Tambourine Man". Impressionado com a interpretação do conjunto, Dylan comentou com entusiasmo: "Uau, cara! Você pode dançar isso!" Este endosso retumbante apagou quaisquer dúvidas remanescentes que a banda tinha sobre a adequação da música.


Jim McGuinn


Logo depois, inspirada no filme A Hard Day's Night dos Beatles, a banda decidiu se equipar com instrumentos semelhantes aos do Fab Four: uma guitarra Rickenbacker de doze cordas para McGuinn, uma bateria Ludwig para Clarke e uma guitarra Gretsch Tennessean para Clark (embora Crosby a tenha confiscado logo depois, resultando na mudança de Clark para o pandeiro). Em outubro de 1964, Dickson recrutou Chris Hillman como o baixista do Jet Set.

 

Contrato

 

Por meio de conexões que Dickson tinha com o empresário Benny Shapiro, e com uma recomendação especial do gênio do jazz Miles Davis, o grupo assinou um contrato de gravação com a Columbia Records em 10 de novembro de 1964.

 

Duas semanas depois, durante um jantar de Ação de Graças na casa de Eddie Tickner, o Jet Set decidiu se renomear como "The Byrds".

 

Em 20 de janeiro de 1965, os Byrds entraram no Columbia Studios em Hollywood para gravar "Mr. Tambourine Man", como seu single de estreia na Columbia.

 

Como a banda ainda não havia se solidificado completamente, McGuinn foi o único Byrd a tocar em "Mr. Tambourine Man" e no lado B, "I Knew Would Want You".

 

Em vez de usar membros da banda, o produtor Terry Melcher contratou uma coleção de músicos de primeira linha, retroativamente conhecidos como Wrecking Crew, incluindo Hal Blaine (bateria), Larry Knechtel (baixo), Jerry Cole (guitarra) e Leon Russell (piano elétrico), que (junto com McGuinn na guitarra) forneceu a faixa de apoio instrumental sobre a qual McGuinn, Crosby e Clark cantaram.

 

No entanto, o uso de músicos de sessão no single de estreia dos Byrds deu origem ao persistente equívoco de que todas as instrumentações do álbum de estreia da banda foram feitas por músicos de estúdio.

 

Enquanto a banda esperava pelo lançamento de "Mr. Tambourine Man", eles começaram a se apresentar na boate Ciro's Le Disc, na Sunset Strip em Hollywood. As aparições regulares da banda no Ciro's, durante março e abril de 1965, permitiu que o grupo aprimorasse sua forma de tocar em conjunto, aperfeiçoasse sua personalidade no palco e expandisse seu repertório.

 

Em 26 de março de 1965, o compositor do single de estreia da banda, Bob Dylan, fez uma visita improvisada ao clube e se juntou ao Byrds no palco para uma versão de "Baby What You Want Me to Do", de Jimmy Reed.

 

A empolgação gerada pelos Byrds no Ciro's rapidamente os tornou uma presença obrigatória na cena noturna de Los Angeles e resultou em hordas de adolescentes enchendo as calçadas do lado de fora do clube, desesperados para ver a apresentação da banda.

 

A Columbia Records finalmente lançou o single "Mr. Tambourine Man" em 12 de abril de 1965. O tratamento completo de uma banda de rock, que os Byrds e o produtor Terry Melcher deram à canção, efetivamente criou o modelo para o subgênero musical chamado folk rock.

 

A guitarra Rickenbacker de doze cordas melódica e estridente de McGuinn - que foi fortemente comprimida para produzir um tom extremamente brilhante e sustentado - foi imediatamente influente e assim permaneceu até os dias de hoje. O single também apresentava outra característica importante do som da banda: seu canto de harmonia clara, que normalmente apresentava McGuinn e Clark em uníssono, com Crosby fornecendo a harmonia alta. Além disso, Richie Unterberger afirmou que as letras abstratas da música levaram a composição de rock e pop a novos patamares; nunca antes um jogo de palavras intelectual e literário tinha sido combinado com instrumentação de rock por um grupo de música popular.

 

Dentro de três meses, "Mr. Tambourine Man" tornou-se o primeiro hit do folk rock, alcançando o 1º lugar nas paradas dos EUA e do Reino Unido. O sucesso do single iniciou o boom do folk rock, entre 1965 e 1966, durante o qual uma série de grupos influenciados pelos Byrds teve sucessos nas paradas americanas e britânicas.


Gene Clark


O próprio termo "folk rock" foi cunhado pela imprensa musical americana para descrever o som da banda, em junho de 1965, mais ou menos na mesma época em que "Mr. Tambourine Man" alcançou o primeiro lugar nos EUA.

 

O álbum

 

Embora a musicalidade da banda tenha melhorado após a gravação de seu single de estreia, foi assumido, tanto pela Columbia quanto pela gerência da banda, que todo o seu álbum de estréia seria gravado com músicos de estúdio.

 

A banda, no entanto, tinha outras ideias e insistiu que eles próprios deveriam executar o acompanhamento instrumental do álbum. No início das sessões de gravação do trabalho, o produtor Terry Melcher se sentiu satisfeito pelo fato do grupo ter polido seu som o suficiente para ser capaz de produzir as faixas de apoio com um som bem profissional e, assim, o Byrds teve permissão para gravar o resto do álbum Mr. Tambourine Man sem qualquer ajuda de músicos de sessão.

 

No entanto, este fato gerou um boato persistente e amplamente divulgado sobre o álbum de que toda a instrumentação foi feita por músicos contratados. Este equívoco é provavelmente devido à confusão entre o single "Mr. Tambourine Man" e o álbum de mesmo nome.

 

O baixista Chris Hillman afirmou que o contraste entre o som mais polido das duas faixas com músicos de sessão ("Mr. Tambourine Man" e "I Knew Would Want You") e o som do resto do álbum é bastante perceptível.

 

A gravação, realizada no Columbia Studios, foi concluída em 22 de abril de 1965.

 

Algumas informações

 

Na maior parte, Mr. Tambourine Man consistia em dois tipos de canções: originais da banda, principalmente escritas por Gene Clark, que foi o principal compositor do grupo durante seus primeiros dezoito meses de existência, e covers de canções folk modernas, compostas principalmente por Bob Dylan.

 

O álbum abre com sua faixa-título escrita por Dylan, que foi um grande sucesso internacional para o grupo, mesmo antes do lançamento do disco. O biógrafo da banda, Johnny Rogan, comenta que as duas características mais distintas da versão de "Mr. Tambourine Man" dos Byrds são as harmonias vocais de Clark, McGuinn e Crosby, e a guitarra Rickenbacker de doze cordas de McGuinn. Esta combinação de guitarra de 12 cordas e canto de harmonia complexa tornou-se o som característico da banda durante seu período inicial.


David Crosby


Outro cover de Dylan, "All I Really Want to Do", foi a primeira música a ser gravada para o álbum, após a sessão de "Mr. Tambourine Man" e "I Knew Would Want You". Melcher se sentiu confiante de que o single de estreia da banda, até então não lançado, seria, no mínimo, um sucesso regional e então ele trouxe o Byrds de volta ao estúdio em 8 de março de 1965 para gravar uma sequência. Esta sessão de gravação de 8 de março rendeu a versão de "All I Really Want to Do" que aparece no álbum, mas a música foi regravada em 14 de abril, e foi esse take posterior que apareceu no lado A do segundo lançamento do single pela Columbia Records.

 

A abundância de material de Dylan no álbum - com três canções tiradas apenas do disco Another Side of Bob Dylan - levou a acusações de que a banda era muito dependente do material de Bob. No entanto, os covers de Dylan, incluindo "Chimes of Freedom", "All I Really Want to Do" e "Spanish Harlem Incident", além da faixa-título, permanecem entre as gravações mais conhecidas do Byrds.

 

Outro cover que enfatizou as raízes da música folk na banda foi "The Bells of Rhymney", composta por Pete Seeger. A música, que contava a triste história de um desastre de mineração de carvão no País de Gales, era relativamente nova no repertório do grupo na época da gravação, tendo sido trabalhada apenas em março de 1965, durante a residência do Byrds na boate Ciro's na Sunset. Embora a música tivesse um tema um tanto sombrio, ela se tornou uma das canções mais populares da banda durante sua residência no supracitado clube.

 

Das originais da banda, três foram escritas exclusivamente por Clark. "I'll Feel a Whole Lot Better" é uma canção que tinha uma semelhança passageira com o hit "Needles and Pins", do The Searchers, e desde seu lançamento, tornou-se um padrão musical de rock, inspirando várias versões de covers ao longo dos anos.

 

A melancólica balada de Clark "Here Without You" detalha uma viagem agridoce pela cidade, em que cada marco e objeto físico lembra o cantor de uma amante ausente, enquanto "I Knew Would Want You" é uma influência de Beatles. Outras duas canções do álbum foram coescritas por Clark e McGuinn: "You Won't Have to Cry", que continha uma letra sobre uma mulher que foi injustiçada no amor, e "It's No Use", que antecipou o som psicodélico de contornos mais rígidos que a banda começaria a explorar no final de 1965 e ao longo de 1966.

 

A banda também fez covers de duas canções não folk no álbum: "Don't Doubt Yourself, Babe" de Jackie DeShannon, que foi uma das primeiras a apoiar a banda, e o clássico da era da Segunda Guerra Mundial, de Vera Lynn, "We'll Meet Again".

 

Capa

 

A foto da banda, obtida com uma lente olho de peixe, na capa do álbum, foi tirada por Barry Feinstein no santuário de pássaros em Griffith Park. A contracapa trazia notas de encarte, escritas na forma de uma carta aberta a um amigo, pelo publicitário da Columbia Records, Billy James. Além disso, a contracapa também apresentava uma fotografia em preto e branco, tirada pelo empresário do Byrds, Jim Dickson, com a banda no palco com Bob Dylan na boate Ciro em L.A.

 

MR. TAMBOURINE MAN

 

A suave e belíssima “Mr. Tambourine Man” já apresenta as credenciais do Byrds, com o abuso, no bom sentido, das harmonias vocais, com o protagonismo de Clark.

 

A letra é um convite para uma viagem em sentido bem amplo:

 

Take me for a trip upon your magic swirlin' ship

All my senses have been stripped

And my hands can't feel to grip

And my toes too numb to step

Wait only for my boot heels to be wanderin'

 


“Mr. Tambourine Man” é um cover da canção de mesmo nome, composta por Bob Dylan. Ela foi o primeiro single do Byrds, lançado antes mesmo do álbum de estreia do grupo e, também, antes do lançamento da versão do próprio Dylan.

 

A canção foi um tremendo sucesso, atingindo o 1º lugar das paradas de singles tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido.

 

I'LL FEEL A WHOLE LOT BETTER

 

Nesta faixa, o grupo aposta em uma abordagem mais rocker, com as guitarras mais protagonistas e um andamento um pouco mais acelerado. Bem interessante!

 

A letra sugere algum tipo de traição:

 

Baby for a long time, you had me believe

That your love was all mine, and that's the way it would be

But I didn't know, that you were putting me on

And I'll probably feel a whole lot better

When you're gone

 

A canção é construída em torno de um riff que Clark admitiu ter sido baseado no cover de "Needles and Pins", do Searchers. O crítico musical Mark Deming disse que, liricamente, "I'll Feel a Whole Lot Better" tem uma visão sardônica do romance, com Clark indeciso sobre se romper um relacionamento com uma mulher que não foi totalmente honesta com ele.

 

Entre versões famosas estão as de Tom Petty e de Johnny Rivers.

 

SPANISH HARLEM INCIDENT

 

Nesta música, o conjunto tenta uma sonoridade folk com forte flerte do rock do início dos anos 60, conseguindo um resultado envolvente.

 

A letra fala sobre uma mulher misteriosa:

 

I been wond'rin' all about me

Ever since I seen you there

On the cliffs of your wildcat charms I'm riding

I know I'm 'round you but I don't know where

You have slayed me, you have made me

I got to laugh halfways off my heels

I got to know babe, will you surround me?

So I can tell if I'm really real

 

“Spanish Harlem Incident” é outra versão de uma canção originalmente composta por Bob Dylan e lançada em seu álbum Another Side of Bob Dylan, de 1964.

 

YOU WON’T HAVE TO CRY

 

Em “You Won’t Have to Cry”, é bem perceptível como os Beatles foram uma influência inicial para os Byrds. Um rock ameno, mas muito elegante, é uma forma de se definir a faixa.

 

A letra tem sentido romântico:

 

There's no reason to feel blue because of what he says to you

And I wouldn't want to see you hurt no more

I could never do you wrong 'cause my love for you's too strong

And you won't have to cry anymore

 

HERE WITHOUT YOU

 

“Here Without You” é mais contida, com um aspecto mais sorumbático, embora o resultado final seja incrível. Linda canção!

 

A letra é romântica:

 

And I wonder is it true

Do you feel the same way too

It's so hard being here without you

Being here without you

 

THE BELLS OF RHYMNEY

 

Uma guitarra mais afiada está presente em “The Bells of Rhymney”, assim como a seção rítmica. Os vocais estão excelentes, especialmente no inspirado refrão.

 

A letra é baseada no poema Gwalia Deserta, do poeta galês Idris Davies:

 

Oh What will you give me?

Say the sad bells of Rhymney

Is there hope for the future?

Say the brown bells of Merthyr

Who made the mine owner?

Say the black bells of Rhondda

And who killed the miner?

Say the grim bells of Blaina

 

A canção é uma versão para “The Bells Of Rhymney”, originalmente gravada por Pete Seeger no álbum Pete Seeger and Sonny Terry, de 1958.

 

ALL I REALLY WANT TO DO

 

Contagiante e extremamente divertida a versão que os Byrds construíram para a interessantíssima “All I Really Want to Do”. Um ponto alto do disco, definitivamente.

 

A letra fala sobre sutis ameaças:

 

I don't want to meet your kin,

Make you spin or do you in,

Or select you or dissect you,

Or inspect you or reject you

All I really want to do

Is, baby, be friends with you




A canção é uma versão para a homônima faixa originalmente composta por Bob Dylan e lançada em seu álbum Another Side of Bob Dylan, de 1964.

 

Esta música foi lançada como single, atingindo a 40ª colocação na principal parada norte-americana desta natureza, conquistando a 4ª posição na sua correspondente britânica.

 

I KNEW I'D WANT YOU

 

Música maravilhosa. A pegada levemente bluesy, associada a vocais mais contidos, fazem um conjunto impressionante.

 

A letra possui teor romântico:

 

I'd like to hold you, if you want me to

I've found something new girl, just by looking at you

And it's in your smile, and it's in the way

I knew I'd want you, oh yeah

 

IT’S NO USE

 

O rock sessentista é reverenciado com muito orgulho em “It’s No Use”. A guitarra está mais ácida e toma conta da musicalidade, incluindo um bom solo.

 

Novamente, a letra tem uma pegada amorosa:

 

It's no use saying you're gonna stay

If you don't want our love to live.

It's no use keeping you around

If you don't want me all the way

 

DON’T DOUBT YOURSELF, BABE

 

Nesta faixa, tanto o tamborim quanto a bateria estão mais exaltados, trazendo um aspecto mais ‘swingado’ para a música, com um resultado final bem cativante.

 

A letra fala sobre crer em si mesmo:

 

Make love straight and narrow, oh oh

Don't doubt yourself, girl

Let you know well

For all the been done to you

 

A canção foi originalmente composta pela cantora norte-americana Jackie DeShannon.

 

CHIMES OF FREEDOM

 

O Byrds mais uma vez demonstra sua grande capacidade em tomar para si músicas de terceiros, com outra versão muito competente.

 

A letra é profunda:

 

Even though a cloud's white curtain in a far off corner flashed

And the hypnotic splattered mist was slowly lifting

Electric light still struck like arrows, fired but for the ones

Condemned to drift or else be kept from drifting

 

Trata-se de outro cover para faixa originalmente composta por Bob Dylan e lançada em seu álbum Another Side of Bob Dylan, de 1964. Além disso, esta é uma das músicas mais profundas de Dylan, pois teria sido inspirada pelo assassinato do presidente americano John F. Kennedy, em 1963.

 

WE’LL MEET AGAIN

 

A décima-segunda – e última – faixa de Mr. Tambourine Man é “We’ll Meet Again”. O disco é encerrado com outra aula de harmonias vocais, em uma canção profundamente tocante.

 

A letra é bastante simples:

 

We´ll meet again, don´t know where, don´t know when

But I know we´ll meet again some sunny day

Keep smiling through just like you always do

Till the blue skies make the dark clouds fade away

 

Trata-se de mais um cover, originalmente composta por Ross Parker e Hughie Charles, e popularizada pela cantora americana Vera Lynn. A versão do Byrds teria sido inspirada pela presença da música no filme Dr. Strangelove, de Stanley Kubrick.

 

Considerações Finais

 

Mr. Tambourine Man fez bastante barulho em termos das principais paradas de sucesso, com o álbum atingindo a 6ª colocação na parada norte-americana e a 7ª posição em sua correspondente britânica.

 

Após o lançamento, a reação crítica ao álbum foi quase universalmente positiva, com a revista Billboard observando que "o grupo combinou com sucesso material folk com arranjos de batida pop-dance, sendo "The Bells Of Rhymney", de Pete Seeger, um excelente exemplo das novas interpretações do folk".

 

Em sua edição de julho de 1965, a revista Time elogiou o álbum afirmando: "Para fazer da música folk a música folk de hoje, este quinteto misturou batidas dos Beatles com lamentos de Lead Belly, criando uma escola intermediária de folk-rock...".

 

No Reino Unido, a NME descreveu a banda e seu álbum de estreia observando: "Eles parecem um grupo de rock, mas são realmente uma boa unidade de folk”. A publicação britânica Music Echo foi também entusiasmada, concluindo que o disco foi "um álbum que facilmente faz jus à promessa de seus grandes singles arrasadores".

 

No entanto, nem todas as críticas sobre o álbum foram positivas: a Record Mirror, no Reino Unido, concedeu ao disco duas estrelas de cinco, ridicularizando-o como, "Os mesmos vocais nada, a mesma guitarra estridente, a mesma batida pesada em quase todas as faixas. Byrds realmente deve tentar obter alguns sons diferentes".

 

O single e o álbum Mr. Tambourine Man instantaneamente estabeleceram a banda em ambos os lados do Atlântico, ‘desafiando’ o domínio dos Beatles e do resto da Invasão Britânica. Os lançamentos também introduziram o novo gênero do folk rock, com a imprensa musical dos Estados Unidos usando primeiro o termo para descrever a mistura de música beat e folk dos Byrds quase ao mesmo tempo em que o single de estreia da banda alcançava o primeiro lugar, como foi afirmado acima.

 

Alguns críticos opinaram que, embora as raízes do folk rock fossem encontradas no renascimento da música folk americana, no início dos anos 1960, com a gravação de "The House of the Rising Sun" pelo Animals e com o estrondo da guitarra de doze cordas do Searchers e dos Beatles, foram os Byrds os primeiros a fundir esses elementos como um todo único.

 

Nos meses que se seguiram ao lançamento do álbum Mr. Tambourine Man, muitos atos começaram a imitar o Byrds. A influência da banda pode ser ouvida em muitas gravações lançadas por artistas americanos em 1965 e 1966, incluindo The Turtles, Simon & Garfunkel, The Lovin' Spoonful, Barry McGuire, the Mamas & the Papas, Jefferson Airplane, We Five, Love e Sonny & Cher

 

Este som de folk rock estridente lançado pelo Byrds em Mr. Tambourine Man também influenciou gerações sucessivas de músicos de rock e pop, incluindo bandas como Big Star, Tom Petty and the Heartbreakers, REM, the Church, Hüsker Dü , entre outros nomes.

 

Em 2003, o álbum foi selecionado pela revista Rolling Stone como o 232º em sua lista the 500 Greatest Albums of All Time, e 233º em uma lista revisada de 2012. Também foi incluído no livro de Robert Dimery, 1001 Albums You Must Hear Before You Die. Foi eleito na 267ª posição na 3ª edição dos 1000 melhores álbuns do escritor britânico Colin Larkin, em 2000.

 

A turnê inglesa de 1965 foi em grande parte orquestrada pelo publicitário do grupo Derek Taylor, em uma tentativa de capitalizar o sucesso do 1º lugar nas paradas do single "Mr. Tambourine Man".

 

Infelizmente, a turnê foi exagerada desde o início, com a banda sendo apontada como "a resposta da América aos Beatles", um rótulo que se provou impossível para o Byrds cumprir. Durante as apresentações, uma combinação de som pobre, saúde do grupo, musicalidade irregular e a presença de palco notoriamente sem brilho da banda, tudo combinado para alienar o público e serviu para provocar um castigo implacável na imprensa britânica.

 

No entanto, a turnê permitiu que a banda conhecesse e se socializasse com vários dos principais grupos ingleses, incluindo Rolling Stones e Beatles. Em particular, o relacionamento da banda com os Beatles seria importante para ambos os conjuntos, com os dois grupos se encontrando novamente em Los Angeles algumas semanas depois, após o retorno dos Byrds à América. Durante este período de confraternização, os Beatles reconheceram o Byrds publicamente como um competidor criativo e nomeando-o como seu grupo americano favorito.

 

O segundo álbum do Byrds, Turn! Turn! Turn!, foi lançado em dezembro de 1965.




 

Formação:

Jim McGuinn – Guitarra-solo, Vocal

Gene Clark – Guitarra-base, Pandeiro, Vocal

David Crosby – Guitarra-base, Vocal

Chris Hillman - Baixo

Michael Clarke - Bateria

Músicos Adicionais:

Jerry Cole – Guitarra-base (01, 08)

Larry Knechtel - Baixo (01, 08)

Leon Russell - Piano elétrico (01, 08)

Hal Blaine - Bateria (01, 08)

 

Faixas:

01. Mr. Tambourine Man (Dylan) - 2:29

02. I'll Feel a Whole Lot Better (Clark) - 2:32

03. Spanish Harlem Incident (Dylan) - 1:57

04. You Won't Have to Cry (Clark/McGuinn) - 2:08

05. Here Without You (Clark) - 2:36

06. The Bells of Rhymney (Davies/Seeger) - 3:30

07. All I Really Want to Do (Dylan) - 2:04

08. I Knew I'd Want You (Clark) - 2:14

09. It's No Use (Clark/McGuinn) - 2:23

10. Don't Doubt Yourself, Babe (DeShannon) - 2:54

11. Chimes of Freedom (Dylan) - 3:51

12. We'll Meet Again (Parker/Charles) - 2:07

 

Letras:

Para o conteúdo completo com das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/byrds/

 

Opinião do Blog:

Mais uma estreia de peso no RAC, com uma das maiores instituições da história do rock: The Byrds.

 

O grupo era formado por um time de primeiríssima linha, mas, claro, seu grande destaque era a forma com que traziam canções de origem Folk para uma roupagem Rock, claramente influenciada pelos Beatles.

 

E nesta fusão, criativa e original, as harmonias vocais construídas por Gene Clark, Jim McGuinn e David Crosby constroem camadas de êxtase substanciais para a sonoridade da banda, que, como resultado final, praticamente tornam suas as composições de terceiros.

 

E o The Byrds é uma amostra de como os Beatles e Bob Dylan foram 2 dos maiores atos artísticos da música do século XX. Sem a existência de ambos, o Byrds jamais teria surgido.

 

Mas não é apenas isto: Gene Clark merece crédito por suas composições próprias, pois são destaques do disco, indiscutivelmente.

 

Por tudo que foi apontado, Mr. Tambourine Man é um dos melhores discos de estreia de todos os tempos. Aqui não há faixas de enchimento ou que soem deslocadas. As letras, especialmente as de Dylan, merecem ser conferidas.

 

Apenas para seguir a tradição, o RAC seleciona "I'll Feel a Whole Lot Better", "Here Without You" e "I Knew I'd Want You" como suas prediletas.

 

Concluindo, Mr. Tambourine Man é um disco de estreia espetacular, extremamente influente e um dos principais motores do então nascente Folk Rock. Um item essencial para ser ouvido e apreciado por todos os fãs de música.

4 comentários:

  1. The Byrds, na minha modesta opinião, é a segunda melhor banda de rock que surgiu nos EUA, perdendo apenas para o Grateful Dead. E seguramente é a única banda da primeira metade dos anos 60 que consegue rivalizar com os Beatles e os Hollies em termos de harmonias vocais. Gosto de todos os discos deles, mesmo o malfadado álbum da reunião de 1973, e gosto de todas as fases da carreira - afinal, que mudanças que eles passaram! É uma pena que Gene Clark (o melhor compositor da turma) não permaneceu muito tempo com o grupo, mas acho que os primeiros quatro discos dos Byrds são praticamente perfeitos, uma sequência realmente impressionante de ótimos trabalhos. Neste disco, para mim, "Here Without You" é A MÚSICA - difícil encontrar algo que se compare nesse longínquo ano de 1965 em termos de beleza.
    Mas sou forçado a admitir: ainda que esteja fortemente calcada na original, a versão de Tom Petty para "I'll Feel a Whole Lot Better" é melhor que a dos Byrds!

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    1. Minha banda americana preferida sempre foi o Metallica, mas não cheguei a fazer um Ranking delas... é um exercício bem complicado. Acho os Byrds muito criativos e este álbum talvez seja mesmo o meu preferido da banda. Também curto muito o Tom Petty. Abração!

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    2. Gosto muito do Metallica, mas acho que sou mais da turma do cheiro de mofo, sou mais pelas bandas dos anos 60 e 70. Por isso minha "santíssima trindade" de bandas americanas é o Dead, Byrds e o Grand Funk. Tom Petty para mim é um artista solo, por mais que os Heartbreakers sejam fantásticos, e para mim, nos EUA está atrás apenas de Dylan e Lou Reed!

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    3. Pois é, eu venho do Metal, então, rsrsrrs. Mas são belíssimas escolhas, amigo, eu adoro o Dylan.

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