7 de novembro de 2016

UFO - FORCE IT (1975)


Force It é o quarto álbum de estúdio da banda britânica UFO. Seu lançamento oficial aconteceu em julho de 1975, com as gravações ocorrendo no Morgan Studios, em Londres, na Inglaterra. O selo responsável foi o Chrysalis Records e a produção ficou sob responsabilidade de Leo Lyons.


Uma das mais brilhantes bandas do Hard Rock setentista volta ao Blog, o UFO. Como de costume, primeiro se tratará dos fatos que antecederam ao lançamento do álbum para depois se abordá-lo, faixa a faixa.

Em maio de 1974, o UFO lançou Phenomenon, uma das obras de arte dos anos 1970. Além disso, o álbum marcou a estreia do talentoso guitarrista Michael Schenker na banda.

Phenomenon contém canções que se tornaram favoritas dos fãs, como "Doctor Doctor" e "Rock Bottom".

O álbum acabou sendo forte influência para a NWOBHM, pois continha riffs fortes e precisos além de viradas na bateria que encantariam um certo Iron Maiden.

Até o momento da turnê do disco, o guitarrista Paul Chapman, ex-Skid Row, juntou-se ao grupo, mas acabou deixando-o em janeiro de 1975 para se juntar ao Lone Star.

Paul Chapman foi trazido para que reforçasse o som das guitarras, sendo a base para que o outro guitarrista, Michael Schenker, brilhasse nos solos e improvisações.

Michael Schenker e Phil Mogg

Mas a parceria duraria apenas até o final da turnê de Phenomenon, pois, segundo declarações da época, Chapman acabou se desentendendo com Schenker.

Segundo Mark Crampton, na realidade, Michael e Paul eram bons amigos, e Paul deixou o grupo devido a diferenças com o resto da banda, e, além disso, fazer uma turnê com o conjunto Lone Star, o qual promovia seu primeiro álbum.

Ainda em 1975, o tecladista Chick Churchill (do Ten Years After) foi contratado para adicionar os teclados em seu novo esforço.

Além disto, a banda também assinou com a empresa Hipgnosis, a responsável por realizar a arte gráfica de capas de álbuns de bandas como Pink Floyd, Led Zeppelin, Yes, Wishbone Ash, Genesis, entre outras.

E a capa de Force It, o futuro álbum do UFO, geraria polêmicas, chegando a ser proibida nos Estados Unidos, por seu conteúdo sexual.

Durante anos, os gêneros do casal na banheira eram desconhecidos, e a nudez estava à beira das normas morais de decência da época.

Os modelos que fizeram a imagem eram, realmente, Genesis P-Orridge e sua namorada, Cosey Fanni Tutti, ambos futuramente fariam parte da banda Throbbing Gristle.

A obra foi suavizada para o lançamento inicial nos Estados Unidos, tornando, o casal na banheira, transparente.

Michael Schenker e Pete Way

Por fim, a arte da capa é um trocadilho com o título do álbum, havendo várias torneiras na imagem.

Vamos às faixas:

LET IT ROLL

O peso típico do Hard Rock setentista comanda a impecável "Let It Roll". O riff principal da canção é incrível e executado de forma perfeita pelo ótimo guitarrista Michael Schenker. Para acrescentar, a seção rítmica faz um trabalho impecável. A seção mais calma e melódica é envolvente, assim como o solo de guitarra de Schenker.

A letra é simples e fala de velocidade:

Cold run speed highway was the place where we all go
When our nerves were razor sharp, and we all let it roll
Let it roll
Let it roll, let it roll
Let it roll



SHOOT SHOOT

Não se engane, "Shoot Shoot" é um Hard Rock venenoso, mas com uma melodia criativa a qual remete ao Rock da década anterior (anos 1960). Claro, Schenker brilha na guitarra, especialmente com um solo infernal, mas o maior destaque são os ótimos vocais de Phil Mogg.

A letra é divertida e envolve um relacionamento:

I've really got to get a fast ride out of here
Gotta get a fast ride out of here
Gotta get a fast ride out of here
Gotta get a fast ride out of here now


Foi o principal single para promover Force It, mas não conseguiu maior repercussão em termos das principais paradas de sucesso desta natureza.



HIGH FLYER

Uma levada simples, melancólica e calma é a marca mais forte de "High Flyer". O baixo de Pete Way dita o ritmo de forma impressiva e Schenker dá uma amostra de seu feeling absurdo no solo de guitarra. Belíssima composição!

A letra mistura nostalgia e melancolia:

Turn to summer, goes so fast
Seems I'll never see you
One weekend and a photograph
Oh, all my boyish dreams


Lançada como single, não repercutiu em termos de paradas de sucesso.



LOVE LOST LOVE

O peso está de volta em "Love Lost Love", contando com um bom riff e muita distorção da guitarra de Schenker, que é quem comanda a canção, ditando sua intensidade. Os vocais acompanham o ritmo, com boa atuação de Mogg.

A letra remete à fugacidade da vida de um rockstar:

Partners in the next bed and they're dancing cheek to cheek
Can't understand their highbrow conversation
Yes, you're pretty, who needs a pretty face
With a hot lips reputation



OUT IN THE STREET

Os teclados de Chick Churchill estão mais proeminentes em "Out in the Street". A faixa aposta na consagrada fórmula de se manter mais calma e cadenciada, ganhando peso e intensidade durante o refrão. Nesta oscilação entre leveza e peso, o UFO compõe outra bela música. O solo de guitarra de Schenker é brutal!

A letra conta a história de uma senhorita:

Lady loves to hang on
Lady liked a real intellectual
Sweet sister your still shaking
And your tragedy is never ending



MOTHER MARY

"Mother Mary" é uma composição que possui um andamento mais cadenciado, mas abusando de um riff muito pesado, flertando deliberadamente com o Heavy Metal da época. É claro que neste tipo de música o guitarrista Michael Schenker se destaca.

A letra questiona crenças preestabelecidas:

Try to make some changes really on the line
Given your religion, never ever time
All the jokers laughing, queens upon the floor
Don't misunderstand it, baby needs some more



TOO MUCH OF NOTHING

O peso e intensidade continuam em alta na, inicialmente, sombria "Too Much of Nothing". O refrão possui uma melodia mais amena, contrapondo-se ao clima mais soturno do restante do faixa. A interpretação do vocalista Phil Mogg é excelente e precisa, realçando a sonoridade. 

A letra apresenta sentido de determinismo:

But the whole world keeps on turnin'
Yes, the whole world keeps on turnin'
But the whole world keeps on turnin'
I just roll along



DANCE YOUR LIFE AWAY

Nesta canção, o grupo aposta em um bom riff, o qual possui doses precisas de peso, melodia e um balanço inegável, sendo este, realçado pelo excelente trabalho da seção rítmica. O baixo de Pete Way se destaca e dita o ritmo da faixa.

A letra é uma metáfora sobre o sistema:

California, you always seem to have the sun
But I never really got near to it
And you try your hand at anything you know
Just to try and earn a dollar



THE KID'S

A nona - e última - faixa de Force It é "The Kids". A canção apresenta um típico Hard Rock setentista, pesado e intenso, mas sem abrir mão da melodia, esta, realçada pela veia criativa inerente do UFO e de seu guitarrista Michael Schenker. A passagem final da música, instrumental, é uma composição de Schenker chamada "Between the Walls". Genial!

A letra fala sobre a intempestividade dos jovens:

This could be for us just any other day
So come on girl, we really got to get away
It's the only chance you'll ever have to change
Or stick in this city will drive you insane



Considerações Finais

Force It continuou a fase ascendente de sucesso da banda, mesmo ainda não sendo seu grande estouro em termos comerciais.

Em termos das principais paradas de sucesso de álbuns, conquistou a modesta 71ª posição da principal parada norte-americana do gênero, a Billboard.

Mais importante que isto, o álbum serviu para consolidar a nova sonoridade Hard Rock do grupo que havia começado a se desenvolver no álbum anterior, Phenomenon.

Eduardo Rivadavia, do site AllMusic, dá ao trabalho uma nota 4 de um máximo possível de 5. Destaca que “Michael Schenker e Phil Mogg realmente começaram a encontrar seu ritmo, como um time de compositores, com seu segundo álbum em conjunto (e quarto lançamento UFO em geral), Force It”. E acaba por concluir: “Um dos melhores álbuns da banda, Force It não decepcionará os amantes do Hard Rock inglês dos anos 70”.

A banda continuou excursionando intensamente, fator este que foi preponderante para o crescimento de sua base de fãs.

Já em maio de 1976, a banda lançaria seu quinto álbum de estúdio, o interessante No Heavy Petting.



Formação:
Phil Mogg - Vocal
Michael Schenker - Guitarra
Pete Way - Baixo
Andy Parker - Bateria
Músicos Adicionais:
Chick Churchill – Teclados

Faixas:
01. Let It Roll (Schenker/Mogg) - 3:57
02. Shoot Shoot (Schenker/Mogg/Way/Parker) - 3:40
03. High Flyer (Schenker/Mogg) - 4:08
04. Love Lost Love (Schenker/Mogg) - 3:21
05. Out in the Street (Way/Mogg) - 5:18
06. Mother Mary (Schenker/Mogg/Way/Parker) - 3:49
07. Too Much of Nothing (Way) - 4:02
08. Dance Your Life Away (Schenker/Mogg) - 3:35
09. This Kid's (Schenker/Mogg) - 6:13

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/ufo/

Opinião do Blog:
Quem acompanha a página do Blog no Facebook sabe que o estilo carro-chefe do Blog é mesmo o Hard Rock setentista, correspondendo a cerca de 25% de nossos posts. Ou seja, a cada 4 postagens, ao menos 1 aborda um álbum do estilo.

Seria incorreto, talvez até mais que isso, insano, esconder dos nossos leitores o fato de que o UFO é uma das bandas prediletas do Blogueiro. O período em que o guitarrista do grupo foi o sensacional Michael Schenker trouxe ao mundo álbuns incríveis, contando com canções memoráveis, entre as melhores do estilo Hard Rock.

Force It é uma amostra da capacidade aguçada do UFO e, também, da inegável química entre Michael Schenker e Phil Mogg, as duas molas propulsoras e criativas do conjunto britânico. Um verdadeiro fã de Hard Rock não passa insensível à qualidade do disco.

Phil Mogg é um ótimo vocalista. Possui uma voz marcante e, mais que isso, uma grande capacidade de emprestar a interpretação perfeita que a sonoridade instrumental solicita. Uma amostra de todo o seu talento está em "High Flyer".

Michael Schenker é garantia de um trabalho eficiente nas guitarras. Force It conta com uma das melhores atuações da carreira de Schenker, como compositor (ao lado de Mogg) e também como guitarrista, basta ouvir seus riffs e solos, esbanjando seu reconhecido feeling.

Completam o time os ótimos Pete Way (baixo) e Andy Parker (bateria), formando uma seção rítmica pulsante e responsável direta pela qualidade do álbum. As letras são legais, na média geral do Rock.

Force It não seria tão marcante se não possuísse canções tão boas. Aqui não há faixas de preenchimento e a audição do disco é rápida e flui naturalmente.

"Let It Roll" é uma pancada típica do Hard Rock setentista, um clássico do UFO e que dispensa maiores apresentações. "Shoot Shoot" mantém a pegada Hard, mas com influências dos anos 60s. "Out in the Street" é criativa e muito melódica.

A pesada "Too Much of Nothing" disputa o posto entre as melhores do álbum com a suave "High Flyer", uma canção com o DNA melódico do UFO e uma amostra do que a banda é capaz.

Concluindo, Force It é outra pérola dos anos 70s dentro da sonoridade Hard Rock e que o Blog a considera entre seus discos preferidos. Peso, melodia e criatividade se unem de forma brilhante pelas mãos do sensacional grupo britânico UFO, constituindo um dos grandes álbuns da discografia desta que é uma das melhores bandas do estilo. Essencial e obrigatório!

2 comentários:

  1. Este disco absurdamente bom é a base para um dos melhores álbuns ao vivo da história, "Strangers in the Night". Trata-se daqueles discos que simplesmente não têm nenhuma música ruim, com a banda extremamente coesa e o Michael Schenker na sua melhor forma. Demorei uns vinte anos para descobrir que "Force It" era um trocadilho com "faucets", daí o fato de a contracapa trazer torneiras em tudo o que é canto. Acho que a produção de Leo Lyons fez bem à banda, que incorporou teclados no som pela primeira vez, adotando-os em definitivo a partir do disco seguinte. Se a gente parar para pensar, a sequência que se inicia com "Phenomenon" e termina com "No Place to Run" consiste em seis álbuns de estúdio e um ao vivo de altíssimo nível - que outra banda conseguiu lançar sete discos muito bons em pouco mais de seis anos?

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    1. O UFO é outro caso de banda com muito menos reconhecimento que o merecido. A fase setentista deles é absurda.

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