22 de setembro de 2025

SOUNDGARDEN - BADMOTORFINGER (1991)

 


Badmotorfinger é o terceiro álbum de estúdios da banda estadunidense Soundgarden. As gravações ocorreram no segundo trimestre de 1991, nos estúdios D, Bear Creek e A&M, todos nos Estados Unidos. O selo é o A&M e a produção ficou a cargo de Terry Date e do próprio grupo.





As origens do Soundgarden remontam a uma banda chamada Shemps, que se apresentava em Seattle no início dos anos 1980, e que apresentava o baixista Hiro Yamamoto e o baterista e vocalista Chris Cornell. Após a saída de Yamamoto, a banda recrutou o guitarrista Kim Thayil como seu novo baixista. Thayil mudou-se de Park Forest para Seattle, com Yamamoto e Bruce Pavitt, este que, mais tarde, iniciaria a gravadora independente Sub Pop.


Cornell e Yamamoto mantiveram contato, e depois que os Shemps se separaram, Cornell e Yamamoto começaram a tocar juntos, e eventualmente se juntaram a Thayil.


O Soundgarden foi formado em 1984 e incluía Cornell (bateria e voz), Yamamoto (baixo) e Thayil (guitarra). O nome do grupo se originou de uma escultura feita de tubo de canalização de vento intitulada A Sound Garden, a qual se encontrava na National Oceanic and Atmospheric Administration, em Seattle.


Kim Thayil



Cornell originalmente tocava bateria enquanto cantava, mas, em 1985, a banda recrutou Scott Sundquist para permitir que Cornell se concentrasse apenas nos vocais.


O Soundgarden assinou contrato com a Sub Pop, e a gravadora lançou "Hunted Down", em 1987, como o primeiro single da banda. Através da Sub Pop, a banda lançou o EP Screaming Life, em 1987, e o EP Fopp, em 1988, e uma combinação dos dois, Screaming Life/Fopp, em 1990.


Embora grandes gravadoras estivessem cortejando a banda, em 1988, o grupo assinou com a gravadora independente SST Records para seu álbum de estreia, Ultramega OK, lançado em 31 de outubro de 1988.


Após a turnê de divulgação do Ultramega OK, a banda assinou contrato com a A&M Records, o que causou um desentendimento entre o Soundgarden e seu público tradicional.


Em 5 de setembro de 1989, a banda lançou seu álbum de estreia por uma grande gravadora, Louder Than Love. Por causa de algumas das letras, principalmente em "Hands All Over" e "Big Dumb Sex", a banda enfrentou vários problemas de varejo e distribuição após o lançamento do álbum. Louder Than Love se tornou o primeiro disco da banda a entrar nas paradas da Billboard 200, alcançando a posição 108 na parada em 1990.


Chris Cornell



O baixista Ben Shepherd substituiu Jason Everman e a nova formação gravou o terceiro álbum do Soundgarden em 1991. Cornell disse que Shepherd trouxe uma abordagem "nova e criativa" para as sessões de gravação, e a banda como um todo disse que seu conhecimento de música e habilidades de composição redefiniram o conjunto.


A banda lançou o álbum resultante, Badmotorfinger, em 8 de outubro de 1991.


Comparado com Louder Than Love, a banda adotou uma abordagem mais colaborativa para o processo de composição de Badmotorfinger. Este foi o primeiro álbum do Soundgarden com o baixista Ben Shepherd, que substituiu Jason Everman em abril de 1990 e Cornell afirmou que Shepherd trouxe uma abordagem "fresca e criativa" para as sessões de gravação, enquanto a banda como um todo disse que seu conhecimento e habilidades musicais (e de composição) redefiniram o grupo.


Com relação às letras, Cornell disse que “tentou não ser muito específico e estava mais interessado em deixar a ambigüidade e [criar] imagens coloridas".


O álbum foi gravado no segundo trimestre de 1991, no Studio D em Sausalito, Califórnia, no Bear Creek Studios, em Woodinville, Washington, e no A&M Studios, em Los Angeles, Califórnia.


O Soundgarden escolheu trabalhar com o produtor Terry Date, como fez em Louder Than Love, porque, de acordo com Cornell, a banda tinha um bom relacionamento com Date e não queria passar pela pressão de tentar encontrar um novo produtor.


Matt Cameron



O logotipo Badmotorfinger na capa do álbum foi desenhado pelo guitarrista Mark Dancey, da banda Big Chief, e consiste em um desenho irregular semelhante a um ciclone, no centro do qual está um triângulo que tem o título do álbum ao longo do perímetro interno e uma vela de ignição no meio.


RUSTY CAGE


Faixa bem pesada e com ótimo refrão, com um andamento mais veloz. Um clássico.


A letra fala sobre liberdade:


But I'm gonna break, I'm gonna break my

I'm gonna break my rusty cage and run

Yeah, I'm gonna break, I'm gonna break my

I'm gonna break my rusty cage

And run





A faixa foi lançada como single, atingindo a 41a posição da principal parada britânica.


OUTSHINED


Mais cadenciada, mas sem abrir mão do peso, “Outshined” é uma excepcional música.


A letra tem clara conotação depressiva:


Well, I got up feelin' so down

I got off bein' sold out

I've kept the movie rollin'

But the story's getting old now

Oh, yeah





A canção foi lançada como single e atingiu a 50a colocação da principal parada britânica desta natureza.


SLAVES & BULLDOZERS


Esta canção é um clássico, flertando com o metal em uma grande atuação do guitarrista Kim Tahyil e vocais excepcionais de Cornell.


A letra fala sobre traição:


So bleed your heart out

There's no more rides for free, yeah

Bleed your heart out

I said, "What's in it for me, yeah?

What's in it for me?"

What's in it for, what's in it for


JESUS CHRIST POSE


O ótimo trabalho da seção rítmica traz uma intensidade e um sentido de urgência a “Jesus Christ Pose”.


A letra faz referências ao sofrimento e à hipocrisia:


Arms held out

In your Jesus Christ pose

Thorns and shroud

Like it's the coming of the Lord

And I swear to you

I would never feed you pain

But you're staring at me

Like I





Mais uma canção lançada como single e atingiu a 30a colocação da principal parada britânica de singles.


FACE POLLUTION


Uma canção curta e direta, apostando mais na velocidade.


As letras falam sobre depressão:


But I don't feel like feelin'

I don't feel like feelin'

I don't feel like feelin'

Feelin' like you


SOMEWHERE


Somewhere” é mais uma ótima faixa, com cadência e bastante peso, com Cornell brilhando nos vocais.


A letra pode ser interpretada com o sentimento de luto:


Somewhere in the dreams the skies hold

Still, the willow weeps on roses for her bed

In laughs of love

Somewhere in the dreams the skies hold

Still, the willow weeps on roses for the dead

In laughs of love


SEARCHING WITH MY GOOD EYE CLOSED


Esta traz uma sonoridade bem rock noventista.


A letra traz o tema da deprssão:


Stop, you're trying to bruise my mind

I can do it on my own

Stop, you're trying to kill my time

It's been my death since I was born

I don't remember half the time if I'm hiding or I'm lost

But-but I'm on my way, on my way


ROOM A THOUSAND YEARS WILD


Ótimo trabalho das guitarras de Tahyill dando bastante peso à canção.


As letras refletem sobre fé e religião:


It seems he's near me as I walk

One who loved what love denied

He lives these years that I walk blind

All these years cannot be mine


Foi mais um single do álbum, sem maiores repercussões.


MIND RIOT


Uma faixa mais lenta, que é carregada pelos ótimos vocais de Cornell.


A letra fala sobre uma mente perturbada:


I was slippin' through the cracks of a stolen jewel

I was tightrope walkin' in two-ton shoes

Now somebody's talkin' of third world war

(I've been caught in a mind riot)

And the police said, "This is normal control"

(I've been caught in a mind riot)


DRAWING FLIES


Mais uma música mais acelerada e direta, com boas doses de peso.


A letra fala sobre uma fossa:


Leaning on the pedestal that holds my self-denial

Firing the pistol that shoots my holy pride

Sitting here like wet ashes with X's in my eyes

And drawin' flies


HOLY WATER


O peso de “Holy Water” é excelente, com óimos riffs de guitarra, em mais uma sonoridade flertando com o Metal.


A letra traz questionamentos de ordem religiosa:


Damn the water if it's life you wanna drink

Mind your mother if it makes you feel at ease

As you're raped by another monkey circus freak

'Cause it's the big lies more likely to be believed, believed


NEW DAMAGE


Outra música muito interessante pra encerrar o disco, com peso e cadência.


A letra faz críticas a ordem mundial vigente na época:


When new damage comes

It's a new word for plague, yeah

A new world order

A new word for hate


Considerações Finais


Badmotorfinger estava programado para ser lançado em 24 de setembro de 1991, mas a A&M Records adiou para 8 de outubro devido a "problemas de produção".


Lançado um mês e meio depois de Ten do Pearl Jam e apenas algumas semanas depois de Nevermind, do Nirvana, e Blood Sugar Sex Magik, do Red Hot Chili Peppers (ambos lançados em 24 de setembro), o disco foi creditado por ajudar a levar o rock alternativo e o grunge para o mainstream.


Embora ofuscado na época de seu lançamento pela popularidade repentina de Nevermind, a atenção que o álbum trouxe para a cena musical de Seattle ajudou o Soundgarden a obter uma exposição mais ampla.


Badmotorfinger atingiu a 39ª colocação tanto na Billboard 200 quanto na principal parada britânica. Seus singles, "Jesus Christ Pose", "Outshined" e “Rusty Cage”, repercutiram na parada britânica, conquistando, respectivamente, as 30ª, 50ª e 41ª posições.


De modo geral, a crítica musical da época recebeu o álbum de modo extremamente positivo.


Após o lançamento de Badmotorfinger, o Soundgarden fez uma turnê na América do Norte durante outubro e novembro de 1991. Após esta turnê, eles foram convidados pelo Guns N' Roses para banda de abertura na Use Your Illusion Tour dessa banda.


Depois disso, o Soundgarden abriu para o Skid Row, na América do Norte, em fevereiro de 1992, na turnê Slave to the Grind daquele grupo. O Soundgarden então foi para a Europa para uma turnê teatral de um mês como atração principal antes de retornar à turnê nos Estados Unidos, incluindo, ainda em 1992, uma turnê pela Europa junto com a banda Faith No More. O grupo lançou Motorvision, que foi filmado no Paramount Theatre, em 1992.


Ben Shepperd



Prêmios


A revista Guitar World colocou o álbum na 45ª posição da lista "100 Greatest Guitar Albums of All Time", em 2006. A revista Revolver, por sua vez, colocou o disco na posição 26 da lista "The 69 Greatest Metal Albums of All Time", de 2002. Em 1998, a inglesa Kerrang!, pôs o álbum no 25o lugar de sua lista "100 Albums You Must Hear Before You Die", em 1998.


A alemã Visions colocou o álbum na 3a posição de sua lista "The Most Important Albums of the 90s", de 1999. No mesmo ano, a australiana Juice, colocou o disco na colocação 48 da lista "The 100 (+34) Greatest Albums of the 90s". Por fim, a The Movement, da Nova Zelândia, no 84o lugar da lista "The 101 Best Albums of the 90s", de 2004.


Badmotorfinger supera a casa de 2 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.





Formação:

Chris Cornell – Vocal, Guitarra-base

Kim Thayil – Guitarra-solo

Ben Shepherd – Baixo

Matt Cameron – Bateria

Músicos Adicionais:

Scott Granlund – Saxofone em "Room a Thousand Years Wide" e "Drawing Flies"

Ernst Long – Trompete em "Face Pollution", "Room a Thousand Years Wide", e "Drawing Flies"

Damon Stewart – Narração em "Searching with My Good Eye Closed"


Faixas:

01. Rusty Cage (Cornell) - 4:26

02. Outshined (Cornell) - 5:10

03. Slaves & Bulldozers (Cornell/Shepherd) - 6:55

04. Jesus Christ Pose (Cameron/Cornell/Shepherd/Thayil) - 5:50

05. Face Pollution (Cornell/Shepherd) - 2:23

06. Somewhere (Shepherd) - 4:20

07. Searching with My Good Eye Closed (Cornell) - 6:31

08. Room a Thousand Years Wide (Thayil/Cameron) - 4:05

09. Mind Riot (Cornell) - 4:49

10. Drawing Flies (Cornell/Cameron) - 2:26

11. Holy Water (Cornell) - 5:07

12. New Damage (Cornell/Cameron/Thayil) – 5:40


Opinião do Blog:

Sim foi uma demora bem grande para se trazer o Soundgarden ao Blog. Felizmente, isto se faz com um de seus melhores trabalhos. Badmotorfinger.


E o disco apresenta uma sonoridade muito agressiva, por vezes entrando no caminho do Heavy Metal, graças ao excelente trabalho do guitarrista Kim Tahyil e da seção rítmica formada por Cameron e Shepperd.


E não há refresco no álbum. Aqui não há baladas, nem suavidade. As canções oscilam entre o grunge/açternativo, com toques de Metal (claras influências de Sabbath).


A atuação vocal de Cornell é soberba. E as letras são outro ponto forte, com uma visão pessimista sobre a vida e sobre o mundo em si. O tom crítico é uma constante.


Destaca-se “Rusty Cage”, “Outshined” e “New Damage”. Nossas preferidas são “Somewhere”, altamente inspirada, e a sensacional “Slaves & Bulldozers”. No entanto, que fique bem claro: aqui não há canções de enchimento ou descartáveis.


Enfim, Badmotorfinger é um dos melhores discos dos anos 1990s, trazendo toda categoria de uma banda do calibre do Soundgarden. Clássico.

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