11 de dezembro de 2012

YES - 90125 (1983)



Post sugerido e dedicado ao amigo Silvio Tavares

90125 é o décimo-primeiro álbum de estúdio da banda inglesa chamada Yes. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 14 de novembro de 1983, com sua gravação acontecendo basicamente em parte do primeiro semestre daquele ano. A produção ficou a cargo do conceituado produtor Trevor Horn e o disco saiu sob o selo da Atco Records.



O espaço aqui é muito pequeno para se contar a história de um grupo como o Yes até o ano de 1983, então, o blog preferiu fazer apenas uma rápida pincelada no passado (glorioso) do conjunto e se ater à época mais especificamente do lançamento de 90125.

O início do Yes data do ano de 1968, quando o baixista Chris Squire foi apresentado ao cantor Jon Anderson, sendo que ambos possuíam interesse em músicas como as de Simon & Garfunkel e, também, em harmonias vocais.

Com uma formação que contava com Jon Anderson nos vocais, Chris Squire no baixo, Peter Banks na guitarra, Tony Kaye no órgão/piano e Bill Bruford na bateria, a banda lançaria seu primeiro álbum, homônimo ao grupo e que é considerado por alguns como o primeiro disco de rock progressivo da história.

Com a mesma formação do grupo, sairia o segundo álbum da banda, Time And a Word, de 1970.

Foi por volta de 1971, já com Steve Howe nas guitarras – substituindo Peter Banks – que o Yes trouxe para o grupo o excelente tecladista Rick Wakeman, para o lugar de Tony Kaye. Wakeman traria para o Yes maiores contribuições para o estilo Progressivo/Sinfônico que a banda tanto gostava.

O primeiro trabalho com Wakeman no Yes foi seu quarto álbum de estúdio, o aclamado Fragile, de 1971.

Durante os anos setenta, o Yes lançou vários álbuns de sucesso, com praticamente todos entre as 10 primeiras posições da parada britânica de discos, sendo que dois deles atingiram o topo: Tales From Topographic Oceans (1974) e Going For The One (1977).

O grupo também sofreu com algumas mudanças de formação durante o período – como a saída de Wakeman em 1974, insatisfeito com o resultado das gravações de Tales From Topographic Oceans – voltando poucos anos depois.

Após a gravação do nono álbum de estúdio do grupo, Tormato (1978), tensões surgiriam dentro do Yes e que causariam algumas mudanças na direção musical do conjunto.

Para o próximo trabalho, o Yes se reuniu em Paris com o produtor Roy Thomas Baker, que durante as sessões musicais favorecia as partes desenvolvidas pelo vocalista Jon Anderson e o tecladista Rick Wakeman. Estas passagens eram mais leves e delicadas, fato este que inervou o grupo formado por Chris Squire, Steve Howe e Alan White, que desejavam uma veia mais rock and roll para as músicas.

Chris Squire


Em 1980, Squire, Howe e White não gostaram de nenhuma das composições apresentadas por Jon Anderson como material para o próximo trabalho, mais uma vez consideradas “leves demais”. Para complicarem mais as coisas, as sessões de gravação tiveram que serem interrompidas, pois Alan White quebrou seu pé enquanto patinava.

Quando o grupo voltou para novas gravações, a situação se tornou irremediável. Diferenças musicais – e, talvez financeiras – fizeram com que Jon Anderson deixasse o Yes. Logo em seguida, pensando em que a banda não conseguiria prosseguir sem sua voz, Wakeman também sai do conjunto.

Em 1980, a dupla pop The Buggles era formada pelo tecladista Geoffrey Downes eo vocalista Trevor Horn, com Brian Lane como um gerente musical. Eles tiveram um sucesso mundial com o single "Video Killed the Radio Star" e estavam trabalhando no mesmo escritório com o Yes.

Inclusive, a dupla já tinha uma música chamada "We Can Fly From Here", que tinha sido escrita com o Yes em mente. Para a surpresa dos The Buggles, eles foram convidados a participar do Yes como membros em tempo integral. Aceitando o convite, apareceram no álbum Drama, de 1980.

O álbum exibiu um som mais pesado, certamente mais rock que o material gravado com Anderson em 1979, abrindo com a faixa "Machine Messiah", certamente bem mais forte que o habitual. O disco alcançou a segunda posição na parada do Reino Unido e 18ª na correspondente norte-americana.

A turnê de 1980, na América do Norte e no Reino Unido, recebeu uma reação mista das audiências. Eles foram bem recebidos nos Estados Unidos e premiados com um certificado comemorativo depois de terem conquistado um recorde de 16 apresentações consecutivas com ingressos esgotados no Madison Square Garden (Nova Iorque), desde 1974.

Após a turnê, o Yes se reuniu na Inglaterra para decidir o próximo passo da banda. Eles demitiram Lane como gerente e Horn escolheu seguir uma carreira na produção musical.

White e Squire foram os próximos a partirem, deixando Downes e Howe, como os únicos membros do grupo. Eles optaram por não continuarem com a banda e seguiram caminhos separados em dezembro de 1980. Uma coletânea de performances ao vivo 1976-1978 foi lançada com o nome de Yesshows, que chegou à 22ª colocação no Reino Unido e à 43ª nos EUA.

O anúncio oficial veio março 1981, confirmando que o Yes já não existia mais. Downes e Howe se reuniram para formar a Ásia com o ex-baixista e vocalista do King Crimson, John Wetton,  e o baterista Carl Palmer; do Emerson, Lake e Palmer.

Squire e White continuaram a trabalharem juntos, inicialmente sessões de gravação com Jimmy Page para uma proposta de banda chamada XYZ (abreviação de "ex-Yes-e-Zeppelin").  Robert Plant também chegou a estar envolvido como vocalista, mas ele perdeu o entusiasmo, citando seu luto pelo recentemente falecido baterista do Led Zeppelin, John Bonham.

O grupo produziu poucas faixas demo, elementos que apareceriam na banda de Page e Paul Rodgers, The Firm, e em canções futuras do Yes, como "Drive Mind" e "Can You Imagine?".

Em 1981, Squire e White lançaram "Run With The Fox", um single de Natal com Squire nos vocais e com letra de Peter Sinfield, que recebeu boa divulgação de rádios nas décadas de 1980 e início de 1990, durante os períodos de Natal. Uma coletânea do Yes, Classic Yes, foi lançada em Novembro de 1981.

Em 1982, Squire e White juntaram-se ao cantor e guitarrista sul-africano Trevor Rabin, em uma nova banda, a qual teria o nome de Cinema. Rabin havia feito o seu nome com um conjunto chamado Rabbitt, posteriormente, lançou três álbuns em carreira solo, trabalhou como produtor musical e até mesmo tocou em uma versão inicial da banda Ásia. Squire também recrutou outro músico que tocou no Yes, Tony Kaye, que cuidaria das partes referentes a teclados no novo grupo. Apesar da presença de três músicos oriundos do Yes, o Cinema não foi, inicialmente, concebido para ser uma continuação do Yes.

A banda Cinema, posteriormente, entrou em estúdio para gravar um álbum. Apesar de Rabin e Squire inicialmente compartilharem os vocais, Trevor Horn foi convidado para o projeto para atuar como vocalista, mas posteriormente mudou de função, tornando-se o produtor da banda. Horn trouxe para as canções da banda efeitos modernos de estúdio e toques digitais usando o CMI Fairlight, além de, também, desempenhar um papel de destaque nos arranjos vocais (contribuindo para os backing vocals).

Trevor Rabin


No entanto, seus confrontos com Tony Kaye (complicados pelo fato de que Rabin estava tocando a maioria dos teclados durante as sessões de gravação), levou à saída de Kaye, após cerca de seis meses de ensaio. Trevor Horn e Trevor Rabin estavam se revezando nos teclados, com Eddie Jobson sendo convidado a entrar para ser tecladista. Por motivos legais, algum tempo depois, Tony Kaye voltou para o grupo e Jobson, caiu fora.

Enquanto isso, Jon Anderson lançou dois álbuns solo desde que deixou o Yes. Também alcançou sucesso com o projeto Jon and Vangelis. Anderson e Squire encontraram-se em uma festa em Los Angeles, e Squire mostrou-lhe faixas demo da banda Cinema e, posteriormente, convidou-o para se tornar o vocalista principal do grupo.

Anderson se juntou ao projeto durante as últimas semanas de sessões de gravações, tendo relativamente pouco contribuído com o processo criativo, apenas adicionando seus vocais e reescrevendo algumas letras.

Por sugestão dos executivos da gravadora, Cinema, então, mudou seu nome para Yes. Rabin inicialmente se opôs a isso, pois, agora, tinha, inadvertidamente, unido-se a uma banda reunida, com uma história, bagagem e expectativas, em vez de ajudar a lançar um novo projeto.

No entanto, a presença de quatro ex-membros da banda Yes (sendo três membros fundadores, incluindo o vocalista principal) sugeriu que a mudança de nome seria uma estratégia benéfica no sentido comercial.

O novo álbum marcou uma mudança radical no estilo musical do Yes. O “novo” grupo adotou um som pop rock, que mostrou pouco de suas raízes progressivas e sinfônicas. Esta encarnação da banda, popularmente, por vezes foi informalmente conhecida como "Yes-West", refletindo a nova base do conjunto, que se moveu para Los Angeles, em vez de Londres.

O nome do álbum, 90125, é originalmente o número de catálogo que a Atco Records deu ao novo disco do Yes. Garry Mouat foi o responsável por desenvolver e criar a capa do trabalho.

OWNER OF A LONELY HEART

Abre o álbum “Owner Of A Lonely Heart”.

O riff inicial até engana, pois é pesado e com ótima pegada, mas ele é apenas a base melódica para o que se ouve depois. A canção é dominada pelos teclados de Rabin, mesmo que em certos momentos sua guitarra seja também ouvida. Jon Anderson canta de maneira bastante suave e melosa, construindo uma música com uma veia pop bastante acentuada.

Embora as letras sejam simples, elas contêm uma mensagem bastante interessante, podendo ser inferida uma mensagem de sentido libertário:

Say you don't want to chance it
You've been hurt so before
Watch it now the eagle in the sky
How he dancin' one and only
You, lose yourself
No, not for pity's sake
There's no real reason to be lonely
Be yourself, give your free will a chance
You've got to want to succeed

“Owner Of A Lonely Heart” é um dos maiores sucessos da carreira do Yes. A canção foi lançada como single e atingiu a 1ª posição da parada de singles desta natureza nos Estados Unidos, conquistando a 9ª colocação em sua correspondente britânica.



A música foi composta originalmente por Trevor Rabin, em 1980, que a “guardou” em uma fita-demo. Rabin chegou a mostra-la para o produtor Trevor Horn, que a descartou completamente de início.

Após a conclusão da gravação de todas as outras faixas de 90125, Horn sentia que o álbum carecia de uma canção com forte apelo para se tornar um single de sucesso. Ao se lembrar da fita-demo de Rabin, Horn sentiu que algumas passagens tinham potencial, e, assim, ele se debruçou sobre a mesma realizando várias modificações na versão original, resultando no que se ouve no álbum.

Além de um videoclipe, “Owner Of A Lonely Heart” está presente em muitas coletâneas do Yes. Também possui incontáveis versões remixadas, além de diversas gravações “covers” por parte de muitos grupos musicais.

É considerada uma canção que influenciou decisivamente a música pop dos anos oitenta. Um dos maiores legados da faixa é, sem dúvida, o início da ZTT Records e do grupo eletrônico The Art of Noise. Sendo um ex-membro do Yes, Trevor Horn teve o papel de produtor global durante a gravação de 90125.

Sua equipe regular incluía Gary Langan, J.J. Jeczalik e Anne Dudley, que trabalharam como músicos de sessão, programadores, engenheiros de teclado e arranjadores em vários projetos de Horn. De posse de uma coleta de amostras e loops diretamente retirados dessas sessões de gravação do Yes (assim como de amostras do trabalho feito no grupo de Malcolm McLaren, Duck Rock, produzido por Horn), a supracitada mesma equipe regular de gravação, posteriormente, formou o Art of Noise sob os auspícios de Trevor Horn, tornando-se o primeiro contratado do selo ZTT Records.

Os ‘samples’ orquestrais e os tambores ensurdecedores de "Owner Of A Lonely Heart" foram reutilizados nas gravações iniciais do The Art Of Noise. O Mix do The Red & Blue para a versão de “Owner Of A Lonely Heart”, incluído no cassete de remix chamado Twelve Inches on Tape, lançado pelo Yes, mostra o emergente som do The Art Of Noise muito claramente.

De acordo com Questlove, baterista do The Roots, "Owner Of A Lonely Heart" continha o primeiro uso de um ‘sample’ como um ‘breakbeat’ (em oposição a um efeito de som). O Yes incorporou cinco segundos de Funk, Inc. 's "Kool Is Back" (1972), um cover de Kool & the Gang "Kool Is Back".



HOLD ON

A segunda faixa de 90125 é “Hold On”.

Em “Hold On”, o Yes continua a apostar em um som pop, baseado em melodias vocais bem características, com o uso de várias vozes simultaneamente. Em alguns momentos a guitarra de Trevor Rabin se faz presente, incluindo um pequeno, mas sensível, solo.

Mais uma vez, as letras são belíssimas. Elas podem ser traduzidas com uma mensagem de esperança, ao mesmo tempo em que flertam com o aspecto de finitude (ou transitoriedade) da vida, de maneira brilhante:

Talk the simple smile
Such platonic eye
How they drown in incomplete capacity
Strangest of them all
When the feeling calls
How we drown in stylistic audacity
Charge the common ground
Round and round and round
We living in gravity
Shake - We shake so hard
How we laugh so loud
When we reach
We believe in eternity
I believe in eternity

“Hold On” foi composta originalmente pelo guitarrista Trevor Rabin, antes de entrar para o Yes, mas como duas canções diferentes: “Hold On” e “Moving In”. À época de gravação de 90125, Chris Squire e Jon Anderson acabaram combinando as duas músicas e fazendo novos arranjos. Tanto que nesta faixa, não somente Trevor Horn é creditado como produtor, tanto que o próprio Yes se dá os méritos da produção.



Lançada como single em 1985, não teve maior repercussão nas paradas de sucesso desta natureza.



IT CAN HAPPEN

A terceira canção do álbum é “It Can Happen”.

Um som típico de cítara indiana acompanhado de uma bateria marcante é o que se apresenta no minuto inicial da música. Depois, a faixa se desenvolve em um misto de um Pop/Rock bem criativo com momentos de um teclado extremamente presente, dando um toque “New Wave” ao que se ouve. Sonoramente, é uma canção menos ‘alegre’ que as anteriores.

As letras, outra vez, são brilhantes. Em “It Can Happen”, pode-se inferir uma tentativa de contrapor o orgulho humano ao fator destino:

It can happen today
As it happens
It happens in every way
This world I like
We architects of life
A song a sigh
Developing words that linger
Through fields of green through open eyes
This for us to see
Look up - Look down

Lançada como single, atingiu a 51ª posição da parada desta natureza nos Estados Unidos. “It Can Happen” foi composta na época em que Chris Squire e Alan White se juntaram a Trevor Rabin, formando o que teria sido a banda Cinema. Quando Jon Anderson se juntou ao novo Yes, ele reescreveu as letras e também fez os vocais da música.



CHANGES

A quarta música do trabalho é “Changes”.

“Changes” deixa o ouvinte intrigado, pois em grande parte da canção, que quase se apresenta como uma balada, misturam-se alguns momentos de um rock quase psicodélico, com doses pequenas – quase homeopáticas – de um pop-rock (mas com a guitarra de Rabin muito presente) e um rock tradicional bem construído. A faixa é absolutamente genial.

Embora “Changes” retrate o ‘batido’ tema do fim de um romance, o Yes o aborda de maneira especial, demonstrando a fase depressiva como agente de transformação da vida:

I look into the mirror
I see no happiness
All the warmth I gave you
Has turned to emptiness
The love we had has fallen
The love we used to share
You've left me here believing
In love that wasn't there

“Changes” também foi um single que falhou ao entrar nas principais paradas de sucesso do gênero. Amostra clara do brilhante compositor que Trevor Rabin era, a faixa foi composta inicialmente por ele antes de formar a banda Cinema. Alan White e Jon Anderson acabaram a modificando para a versão encontrada em 90125.

A banda Din Whitin fez uma versão cover da canção.



CINEMA

A quinta faixa de 90125 é “Cinema”.

“Cinema” é um pequeno momento de volta ao passado do Yes, pois apresenta um pequeno trecho apenas instrumental. A passagem é bem psicodélica, lembrando, em partes, o que o grupo fazia na década de setenta.

A canção é uma das menores na discografia do Yes, embora tivesse sido projetada para ter mais de 20 minutos e sob o nome de “Time”. Foi inicialmente composta no momento em que o grupo que se chamaria Cinema estava se compondo.



LEAVE IT

A sexta música do trabalho é “Leave It”.

“Leave It” se inicia com um coral de vozes cantando de maneira demasiadamente forte. Após este início inusitado, a canção se desenvolve em um pop com fortes influências da chamada música “New Wave”, com boas doses de efeitos eletrônicos e um teclado marcante. Uma faixa bem excêntrica.

Outra vez o Yes esbanja talento na construção das letras, pois a música pode ser entendida em um contexto que simboliza a eterna solidão do músico:

No phone can take your place
You know what I mean
We have the same intrigue
As a court of kings



Lançada como single, alcançou a 24ª e a 56ª posições nas paradas de singles dos Estados Unidos e Reino Unido, respectivamente. Inúmeros remixes foram realizados na música através do tempo.



OUR SONG

A sétima faixa do álbum é “Our Song”.

Em “Our Song”, teclados e guitarras se intercalam de maneira bem criativa. A base da canção é ainda um pop com leves – e bote leve nisso – pitadas de Rock, que dá as caras nos momentos em que a guitarra é reforçada. Mas o melhor da música são os vocais de Jon Anderson. O pequeno solo de Rabin também é interessante.

Nas letras, a cidade de Toledo, em Ohio, na qual a banda fez um show memorável em 1977 e que foi o de maior temperatura (dentro do ginásio) na história do Yes até aquele momento – cerca de 52 graus celsius:

Toledo was just another good stop
Along the good king's highway
My fortification took me by surprise
And hit me sending me sideways

Lançada como single, não obteve maiores repercussões nas principais paradas de sucesso.



CITY OF LOVE

“City Of Love” é a oitava faixa de 90125.

A música segue o mesmo ritmo da faixa anterior, com o teclado e efeitos eletrônicos bem proeminentes, mas, ao mesmo tempo, a guitarra de Rabin aparece em alguns momentos com mais intensidade. Entretanto, a canção é destacadamente pop, com o destaque indo para como as harmonias vocais são unidas, às vezes com realce em Jon Anderson, em outros para os backing vocals.

As letras desta vez são mais simples, em um tom de conquista e luxúria:

Take him for a ride
Have a good time
Like a legend the man he sharp
His woman gladly watching
As he strides out of the dark
Better be quick get away



HEARTS

A nona – e última – música do álbum é “Hearts”.

“Hearts” é a maior faixa de 90125. Ela segue em um ritmo bem cadenciado, em uma fusão de pop com rock tradicional (mesmo que este esteja bem suave). A voz de Jon Anderson imprime uma harmonia melódica que é fundamental para o sucesso da canção. Trevor Rabin faz um belo solo de guitarra no meio da música. Faixa bem cativante.

Com letras brilhantes, “Hearts” faz uma ode à essência da vida, com metáforas representando os momentos mais intensos da existência:

As we flow down life's rivers
I see the stars glow - One by one
All angels of the magic constellation
Be singing us now



Considerações Finais

Comercialmente, não há o que se discutir o sucesso de 90125. O álbum soava contemporâneo, moderno e inspirador; com o advento da MTV norte-americana, os videoclipes retirados das canções de 90125 trouxe uma nova legião de fãs para o grupo que não estava habituada ao antigo Yes.

Em termos de parada de sucesso, o álbum alcançou a 5ª posição na parada norte-americana de álbuns, com a 16ª posição na sua correspondente do Reino Unido.

O sucesso de “Owner Of A Lonely Heart” foi fundamental para alavancar as vendas e repercussão de 90125, especialmente pelo fato de atingir o topo da parada norte-americana de singles.

Também a faixa “Cinema” proporcionou honra ao grupo: ela deu ao Yes seu único prêmio Grammy, como “Best Rock Instrumental Performance”.

Jon Anderson


A turnê da banda entre 1984 e 1985 foi a mais lucrativa de sua história e gerou 9012Live, um filme-concerto dirigido por Steven Soderbergh, com adição de efeitos especiais Charlex que custaram US $ 1 milhão. O mini-LP lançado, em 1985, 9012Live:The Solos, deu ao Yes uma nomeação para um segundo Grammy para o prêmio de Best Rock Instrumental Performance para o solo de guitarra de Squire, uma versão de "Amazing Grace".

Inegavelmente um maior sucesso comercial nos Estados Unidos que no Reino Unido (onde o álbum não foi tão bem, mas longe de ir mal), estima-se que 90125 vendeu mais de 6 milhões de cópias pelo mundo, sendo o mais bem sucedido álbum, comercialmente falando, da história do Yes.

Formação:
Jon Anderson – Vocal
Tony Kaye – Teclados
Trevor Rabin – Guitarras, Backing Vocals, Teclados
Chris Squire – Baixo, Backing Vocals
Alan White – Bateria, Percussão, Backing Vocals
Músicos Adicionais:
Deepak Khazanchi: Citara e Tambura em "It Can Happen"
Graham Preskett: Violino em "Leave It"

Faixas:
01. Owner of a Lonely Heart (Rabin/Anderson/Squire/Horn) - 4:29
02. Hold On (Anderson/Rabin/Squire) - 5:16
03. It Can Happen (Squire/Anderson/Rabin) - 5:29
04. Changes (Rabin/Anderson/White) - 6:20
05. Cinema (Squire/Rabin/White/Kaye) - 2:08
06. Leave It (Squire/Rabin/Horn) - 4:14
07. Our Song (Anderson/Squire/Rabin/White) - 4:18
08. City of Love (Rabin/Anderson) - 4:51
09. Hearts (Anderson/Squire/Rabin/White/Kaye) - 7:39

Letras:
Para o conteúdo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/yes/

Opinião do Blog:
Mudanças na música costumam ser traumáticas, especialmente para a relação entre bandas e suas bases de fãs, em particular no que diz respeito ao Rock. Muitos fãs da vertente não veem com bom grado uma alteração de estilo em seus grupos favoritos.

Em 90125, o Yes abandonou quase que por completo a sua sonoridade característica dos anos 1970, em que o estilo era mais voltado ao Rock And Roll, com um viés progressivo/sinfônico muito marcante.

No álbum em questão, 90125, o Yes virou-se para uma sonoridade muito mais Pop, com boas influências de New Wave e toques com efeitos eletrônicos. O Rock aparece em doses quase homeopáticas, com uma guitarra mais forte aqui e um solinho acolá.

O Blog deve afirmar ao leitor que o estilo em questão do disco não é o prato principal de quem o escreve. Longe disso. Mas é necessário marcar a importância que 90125 teve tanto para o Yes quanto para o desenvolvimento da música pop dos anos 1980. O contraditório é que o espasmo do som setentista na banda dentro do disco, “Cinema”, deu ao grupo seu único prêmio Grammy.

Outra característica marcante de 90125 é o seu conteúdo lírico. As letras são absolutamente sensacionais. Esqueçam abordagens superficiais, romantismo clichê ou músicas sobre bebedeiras ou sexo. O Yes faz reflexões intensas sobre aspectos da vida com toques dotados de profundidade e sutileza. Genial.

Enfim, se o leitor também gosta de uma música mais suave, o álbum é altamente recomendado. O Yes é uma grande banda da história do Rock e marca presença, agora, no Blog.

18 de novembro de 2012

THIN LIZZY - BAD REPUTATION (1977)



Bad Reputation é o oitavo álbum de estúdio da banda irlandesa de Rock chamada Thin Lizzy. O lançamento oficial ocorreu no dia 2 de setembro de 1977, sob o selo Vertigo (no Reino Unido) e pelo Mercury (nos Estados Unidos). As gravações foram realizadas entre maio e junho do mesmo ano, em Toronto, no Canadá. A produção ficou por conta de Tony Visconti.



O Blog já comentou outro álbum do Thin Lizzy, Jailbreak (1976), e, naquela oportunidade, falou-se do início da história do grupo irlandês. A quem se interessar:


Com o grande sucesso de Jailbreak, a banda começou a fazer sucesso tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido. O Thin Lizzy excursionou com grupos como Rush e Aerosmith, assim como estava planejada uma turnê com o Rainbow, mas o líder do grupo Phil Lynott contraiu hepatite e ficou meses sem poder tocar, cancelando a tour.

Enquanto o líder do grupo estava doente, Lynott escreveu o álbum sucessor de Jailbreak, o ótimo Johnny The Fox. As gravações ocorreram em agosto de 1976, e, durante as mesmas, é que começaram a surgir tensões entre o líder do grupo e o ótimo guitarrista Brian Robertson. Um exemplo disto foi o embate em torno da composição da ótima “Don’t Believe a Word”.

Lynott ainda estava profundamente inspirado em Mitologia Celta e nas suas experiências pessoais para compor suas músicas. A turnê para o suporte de Johnny The Fox foi um tremendo sucesso e alavancou ainda mais a popularidade do grupo, permitindo-o que fizesse muitas aparições em programas populares de TV, como o de Rod Stewart na BBC londrina.

Phil Lynott


Outra turnê estava prevista para Dezembro de 1976 em terras norte-americanas, mas um acontecimento iria mudar os planos e o destino do Thin Lizzy.

Brian Robertson sofreu uma lesão na mão ao tentar proteger o cantor e amigo Frankie Miller, em uma briga no clube Speakeasy em Londres. Miller foi convidado a improvisar com a banda de reggae Gonzalez, mas estava bêbado, ofendendo o guitarrista Gordon Hunte, do grupo Gonzalez. Hunte atacou Miller com uma garrafa nos camarins e Robertson interveio, sofrendo danos nas artérias e nervos de sua mão.

Robertson posteriormente quebrou a perna de Hunte, quebrou a clavícula de outro homem, e deu uma cabeçada em um terceiro, antes de ser atingido na cabeça com uma garrafa, deixando-o inconsciente.

Brian Robertson, inclusive, afirma que, ao contrário de relatos da época, ele não estava bêbado e só tinha ido ao local para uma refeição.

Mas Lynott ficou furioso e acabou substituindo Robertson por seu grande amigo, o lendário e talentoso guitarrista Gary Moore, para mais uma turnê nos Estados Unidos, desta vez como banda suporte para o Queen. A excursão foi um tremendo sucesso e Phil perguntou a Gary se ele queria permanecer com o Thin Lizzy, mas Moore acabou rejeitando o convite e voltou para seu conjunto à época, o Colosseum II.

Embora não tivesse sido demitido do grupo, Robertson ficou em uma posição incômoda no grupo, chegando a iniciar planos de formar uma nova banda com Jimmy Bain, do Rainbow.

Thin Lizzy foi para o Canadá para gravar seu próximo álbum de estúdio, o oitavo, como um trio: Phil Lynott como baixista e vocalista, Scott Gorham nas guitarras e Brian Downey na bateria.

Scott Gorham começou gravando todas as partes de guitarras do álbum. Entretanto, após um mês já de gravações, Brian Robertson se juntou ao grupo e gravou a guitarra-solo em três músicas, bem como teclados. Ao final do ano, Robertson seria reintegrado ao Thin Lizzy.

Scott Gorham


A arte da capa é muito simples e representa a formação do Thin Lizzy para a gravação do álbum: uma fotografia contando apenas com Lynott, Downey e Gorham.

SOLDIER OF FORTUNE

Abre o álbum a ótima “Soldier Of Fortune”.

A canção começa simples, com destaque para a forma como Phil Lynott a canta, de maneira cativante, como se tornou uma das marcas registradas do Thin Lizzy. O riff é bem simples, mas empolga. O ritmo da música segue bem animado, em um ótimo trabalho das guitarras e o acompanhamento da bateria é muito legal.

As letras retratam uma das grandes misérias humanas: a guerra. Na faixa, parte-se do ponto de vista de um soldado que retornou de uma guerra e que, mesmo com esta finalizada, ele nunca se sentiu fora de uma batalha.

The battle's over the war is won
But this soldier of fortune he will carry on
He will carry on when all hope is gone
He will carry on



BAD REPUTATION

Homônima ao álbum, a segunda faixa do disco é “Bad Reputation”.

Um riff cheio de ritmo e com ótima pegada setentista é a marca desta excelente canção. Há mesmo uma sensação mais pesada na música, podendo se inferir um leve flerte com o Heavy Metal da época. Lynott faz linhas vocais ao seu estilo, mas de uma maneira mais suavemente rasgada, construindo uma das melhores faixas do grupo!

As letras são bem simples, falando de alguém que possui má reputação:

You got a bad reputation
That's the word out on the town
It gives a certain fascination
But it can only bring you down

Mesmo não sendo lançada como single, “Bad Reputation” acabou se tornando um dos clássicos do Thin Lizzy, sendo muito executada nas rádios britânicas no momento em que o álbum foi lançado.

A famosa banda norte-americana Foo Fighters fez uma versão para “Bad Reputation”, a qual foi lançada no álbum de covers Medium Rare, de 2011. Também o conjunto 24-7 Spyz fez uma versão para o clássico.

“Bad Reputation” também é encontrada no game Guitar Hero II, além de ser trilha sonora para o documentário Dogtown and Z-Boys, de 2001.



OPIUM TRAIL

A terceira música do disco é “Opium Trail”.

A faixa é bem direta e lembra o ritmo empregado na anterior, “Bad Reputation”. O riff tem certo peso e é rápido, com mais um grande trabalho das guitarras. O solo é espetacular, sendo tocado pelo ótimo Brian Robertson. Lynott canta de sua forma característica – o que é ótimo – em mais uma ótima canção do álbum.

As letras retratam a chamada trilha do ópio:

I took a line that comes from the golden states of Shan
The smugglers trail that leads to the opium den
The Chinese connection refines to heroin
Depart the heart you crave again



SOUTHBOUND

A quarta canção de Bad Reputation é “Southbound”.

A música traz a sonoridade mais clássica do Thin Lizzy, sendo construída com um riff cheio de ritmo, apostando bastante em uma melodia mais suave e, ao mesmo tempo, cativante. Lynott emprega um tom bastante leve em sua voz, mas carregada de sentimento. “Southbound” é outro grande momento do disco.

As letras podem sugerir uma grande metáfora sobre o envelhecer:

Hey, you're not getting any younger
The wild west has already been won
Northern lights are growing colder
And the old eastern ways are gone



DANCING IN THE MOONLIGHT (IT’S CAUGHT ME IN ITS SPOTLIGHT)

A quinta faixa do disco é “Dacing In The Moonlight (It’s Caught Me In Its Spotlight)”.

A canção aposta em um ritmo bem suave e interessante, com um leve toque de blues e, até mesmo, de Jazz. Isto faz com que a música se torne bastante intrigante. O solo é muito bom – composto por Gorham – e a presença do saxofone dá um toque diferente à faixa, tornando-a um ponto diferente dentro do álbum.

As letras revelam alguém que aproveita a vida, em um certo tom romântico.

But I'm dancing in the moonlight
It's caught me in its spotlight
It's alright, alright
Dancing in the moonlight
On this long hot summer night

“Dancing In The Moonlight” foi lançada como single para promover o álbum Bad Reputation e acabou se saindo de maneira realmente boa. Atingiu a 14ª posição na parada de singles britânica, conquistando a 4ª posição na sua correspondente irlandesa.



A banda norte-americana The Smashing Pumpkins fez, por diversas vezes, apresentações ao vivo em que tocavam este clássico do Thin Lizzy, embora com um toque acústico.



KILLER WITHOUT A CAUSE

A sexta música do álbum é “Killer Without A Cause”.

“Killer Without A Cause” tem um riff bem forte e pesado, novamente podendo ser vista como um flerte com o Metal da década de setenta. O peso se mantém por toda a faixa e outra vez Brian Robertson faz solos muito bons. Mais para o final, a canção dá uma suavizada, mas não deixando, jamais, de ser empolgante. Ótima música.

As letras são bem simples e contam a vida de um assassino:

The same old confrontation
At the bar in the saloon
But it's just another tricky situation
The underworld operation lies in ruins



DOWNTOWN SUNDOWN

A sétima música de Bad Reputation é “Downtown Sundown”.

A canção começa com uma sonoridade bem suave e com certo swing, desenvolvendo-se em um ritmo leve e cativante, quase como uma balada. A voz de Lynott acompanha toda esta construção musical, soando bastante melosa. Uma boa faixa.

A letra da música tem certa conotação de fé:

Please believe in love
I believe there is a God above
For love
And He's coming, yes He's coming



THAT WOMAN’S GONNA BREAK YOUR HEART

A oitava faixa do trabalho é “That Woman's Gonna Break Your Heart”.

Outra vez, o Thin Lizzy aposta em guitarras com linhas bastante melódicas e cheias de ritmo, ora em momentos mais suaves, ora com mais pegada – em especial no solo. Lynott canta de forma bem expressiva, e a seção rítmica faz um acompanhamento primordial para o sucesso de mais uma boa música.

As letras tem clara referência a uma decepção amorosa:

You don't know now
But it's the wrong card you're choosing
That deck you're using
Is stacked against romance



DEAR LORD

A nona, e última, canção do álbum é “Dear Lord”.

A última canção de Bad Reputation volta a ter uma pegada bem hard, típica do Thin Lizzy, com Lynott contrapondo o ritmo mais forte com sua voz repleta de suavidade e melodia. No solo que é feito por Scott Gorham, ele expõe seu ótimo feeling. “Dear Lord” fecha o trabalho em alto nível.

Há uma conotação mítica/religiosa nesta faixa:

I'm down deep and I need your help
There's no one to turn to and I can't help myself
Dear Lord hear this call
Oh Lord save my fall



Considerações Finais

Bad Reputation foi um grande sucesso comercial. Além de sua qualidade, as posições nas paradas de sucesso indicam a boa repercussão do trabalho. Alcançou a excelente 4ª posição na parada britânica de álbuns, assim como a boa 39ª posição na sua correspondente norte-americana. Ainda obteve a 9ª posição na parada sueca.

Para alguns críticos musicais, Bad Reputation é um álbum ainda melhor que seu predecessor, Johnny The Fox. O disco soa mais direto e pesado, sem muitas “firulas”.

O crítico Stephen Thomas Erlewine chega a colocar Bad Reputation no mesmo nível de Jailbreak, disputando a posição de melhor álbum da história do Thin Lizzy. Ele afirmou que parte do sucesso do trabalho é devido à produção de Tony Visconti. Disse, também, que a ausência de Brian Robertson não foi tão sentida devido ao trabalho duplo do guitarrista Scott Gorham. O trabalho “mais pesado que o Thin Lizzy fez até o momento”.

Como foi dito, Robertson acabou sendo reintegrado ao conjunto no final de 1977. Entretanto, ele ficaria na banda até o dia 6 de julho de 1978, quando participou do último show com a banda, pois as tensões entre ele e Phil Lynott atingiram proporções insuperáveis.

Bad Reputation acabou sendo o último álbum de estúdio do Thin Lizzy que contou com contribuições de Brian Robertson.



Formação:
Phil Lynott – Baixo, Vocal, Gaita
Scott Gorham – Guitarras (solo e base)
Brian Robertson – Guitarra-solo nas faixas 3, 6 e 8, Teclados
Brian Downey – Bateria, Percussão

Músicos Adicionais:
Mary Hopkin-Visconti – Backing Vocals em "Dear Lord"
John Helliwell – Saxofone, Clarineta

Faixas:
01. Soldier of Fortune (Lynott) – 5:18
02. Bad Reputation (Downey/Gorham/Lynott) – 3:09
03. Opium Trail (Downey/Gorham/Lynott) – 3:58
04. Southbound (Lynott) – 4:27
05. Dancing in the Moonlight (It's Caught Me in Its Spotlight) (Lynott) – 3:26
06. Killer Without a Cause (Gorham/Lynott) – 3:33
07. Downtown Sundown (Lynott) – 4:08
08. That Woman's Gonna Break Your Heart (Lynott) – 3:25
09. Dear Lord (Gorham/Lynott) – 4:26

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/thin-lizzy/

Opinião do Blog:
Quando o Blog comentou sobre o álbum Jailbreak, toda a categoria do Thin Lizzy já havia sido ressaltada.

Em Bad Reputation, a qualidade do grupo irlandês é mantida em um de seus melhores momentos, pois o álbum é realmente incrível. As diversas influências musicais do grande mentor Phil Lynott é demonstrada em faixas que conseguem ser diversificadas entre si, que vão de quase baladas a canções que flertam com o Heavy Metal setentista.

Músicas como “Dance in The Moonlight”, “Bad Reputation”, “Soldier Of Fortune” são verdadeiros clássicos do grupo. Além disto, há outras excelentes composições como “Opium Trail” e “Killer Without A Cause”. Scott Gorham fez um trabalho muito bom na ausência quase completa do ótimo Brian Robertson.

Embora conhecido, o Thin Lizzy não é tão consagrado como o blogueiro pensa que deveria o ser. Uma das bandas pioneiras das guitarras gêmeas, o Blog recomenda que o leitor busque mais material do grupo irlandês. Altamente recomendado pelo Blog.

7 de novembro de 2012

BAD COMPANY - BAD COMPANY (1974)



Post dedicado a Lígia Polizzi

Bad Company é o álbum de estreia e homônimo à banda inglesa, obviamente, chamada Bad Company. Seu lançamento oficial aconteceu no dia 26 de junho de 1974, com a produção a cargo do próprio grupo. As gravações ocorreram no mês de novembro de 1973, em Headley Grange (com os estúdios móveis de Ronnie Lane), em East Hampshire, na Inglaterra. O disco saiu sob o selo Swan Song.



Quando o Blog fez a resenha do álbum Fire And Water (1970), da banda Free, mencionou-se parte da história de dois dos fundadores do Bad Company, o vocalista Paul Rodgers e o baterista Simon Kirke. A partir dela é que se começará o texto sobre o Bad Company. Para quem se interessar, o post sobre o Free: http://rockalbunsclassicos.blogspot.com.br/2012/05/free-fire-and-water-1970.html

Assim que o Free se desfez, Paul Rodgers e Simon Kirke quiseram formar um novo conjunto para trabalharem. A ideia que surgiu foi a de formar um “supergrupo” e, assim, prosseguirem com suas carreiras.

Para o trabalho das guitarras, o escolhido foi o ex-guitarrista da banda Mott The Hoople, o ótimo Mick Ralphs. Ele seria responsável, no futuro, por várias composições (isoladamente ou em parceria) de sucesso do Bad Company.

Mick Ralphs:


Para o baixo, o escolhido foi o baixista Boz Burrell, que havia tocado na excelente banda setentista King Crimson.

O nome da banda, Bad Company, teria sido sugerido por Paul Rodgers, o qual seria completamente fascinado pelo filme de mesmo nome, Bad Company, de 1972, um Western com direção de Robert Benton e estrelado por Jeff Bridges.

Rodgers, em entrevista, rechaçou esta ideia, explicando que a ideia do nome surgiu de uma imagem que ele viu em um livro de moral Vitoriana, na qual uma criança inocente está olhando para uma personagem desagradável, a qual está encostada em um poste de luz. A legenda da imagem dizia “cuidado com as más companhias” – em inglês: “beware of Bad Company”.

A banda assinou contrato com a Swan Song Records (Atlantic Records) na América do Norte e com a Island Records para outros países. A Island Records tinha sido a gravadora que detinha os direitos do Free e do King Crimson no Reino Unido, além de haver lançado os 4 primeiros álbuns do Mott The Hoople.

A Atlantic, por sua vez, lançou os primeiros álbuns do King Crimson e do Mott The Hoople nos Estados Unidos através de um contrato com a Island Records.

O manager do Bad Company acabou sendo Peter Grant, que, na época, também conseguiu ser o gestor do Led Zeppelin. Ele ficaria com o grupo de Paul Rodgers até 1982, quando a Swan Song Records faliu.

O álbum foi gravado em um local chamado Headley Grange, em East Hampshire, na Inglaterra, com ajuda dos estúdios móveis de Ronnie Lane. Foi neste local que o Led Zeppelin compôs e/ou gravou algumas canções dos álbuns III, IV, Houses Of The Holy e Physical Graffiti.

Paul Rodgers:


CAN’T GET ENOUGH

Abre o álbum a clássica “Can’t Get Enough”.

Um riff simples, mas contagiante, embala a primeira canção do álbum Bad Company. O ritmo é simples, típico dos anos setenta, contribuindo para um clima bastante descontraído da faixa. O trabalho da seção rítmica é ótimo, assim como a atuação de Paul Rodgers. Excelente música.

As letras falam de um romance:

Well it's late, and I want love
Love that's gonna break me in two
Don't hang me up in your doorway
Don't hang me up like you do
Come on, come on, come on and do it
Come on, and do what you do

“Can’t Get Enough” é um grande clássico do Bad Company, tida por muitos, como sua canção de maior sucesso. Até mesmo nos dias atuais (38 anos após seu lançamento), continua sendo uma canção com grande veiculação nas rádios britânicas e norte-americanas.

Lançada como single, atingiu a excelente 5ª posição na parada de sucesso norte-americana desta natureza. Na parada britânica correspondente, uma ótima 15ª posição.



A canção aparece no filme “What the Bleep Do We Know!?” (2004) e tem uma versão gravada pelo guitarrista americano Frank Lee Sprague. Um verdadeiro clássico do Rock & Roll.



ROCK STEADY

A segunda faixa do álbum é “Rock Steady”.

“Rock Steady” resgata um pouco da sonoridade que Rodgers e Kirke experimentavam no Free, pois tem aquele toque bluesy característico. Com um riff repleto de melodia e ritmo, o resultado da canção é excepcional. Com uma atuação brilhante de Paul Rodgers nos vocais, temos outro clássico do grupo!

As letras também têm uma conotação mais romântica:

Turn on your light
and stay with me a while
and ease your worried mind
Turn on light ( now babe )
and stay with me a while
and rock steady

“Rock Steady” acabou se tornando uma das faixas prediletas entre os fãs da banda!



READY FOR LOVE

Outra excelente faixa é a terceira de Bad Company, “Ready For Love”.

Em um tom mais suave e repleto de melodia, “Ready For Love” é uma canção bastante cativante e com um feeling tremendo. A guitarra de Mick Ralphs traça linhas brilhantes, casando-se com uma atuação vocal extremamente talentosa de Paul Rogers. O refrão é simples e, simultaneamente, perfeito. Um clássico.

As letras ainda apostam em uma temática romântica, mas, desta vez, em um tom ambíguo de depressão contrapondo à esperança:

Walkin' down this rocky road
Wondering where my life is leadin'
Rollin' on to the bitter end
Finding out along the way
What it takes to keep love living
You should know how it feels, my friend

“Ready For Love” foi composta por Mick Ralphs ainda nos tempos de Mott The Hoople, presente no álbum All The Young Dudes, de 1972. Mas acabou se tornando mais um clássico do Bad Company, sendo uma canção muita querida entre os fãs do conjunto.



DON’T LET ME DOWN

A quarta música do trabalho é “Don’t Let Me Down”.

A canção tem um ritmo bem suave e cativante, com um toque bluesy bem interessante. Sue Glover e Sunny Leslie contribuem com backing vocals que intensificam a emoção da faixa no refrão, bem como o saxofone de Mel Collins. O solo de Ralphs também é ótimo. Embora lenta, “Don’t Let Me Down” conquista os ouvintes.

As letras possuem uma conotação cheia de remorso:

If I had a love that was so true
Then I wouldn't have to make do
With the half a love that I have found
That is tear in me down to the ground



BAD COMPANY

Homônima ao álbum e à banda, a quinta faixa do disco é “Bad Company”.

Com uma belíssima introdução ao piano acompanhando uma atuação vocal maravilhosa de Paul Rodgers, “Bad Company” já mostra que é uma canção contagiante. Suas linhas melódicas e leves na maior parte da música contrastam com o maior peso da guitarra no refrão (e no belo solo), mas produzindo um efeito perfeitamente interessante. Pesa, além disso, a atuação extraordinária do vocalista, mais uma vez. Faixa extraordinária.

As letras apresentam um discurso juvenil de afirmação, baseado em poder conquistado por rebeldia e armas:

Rebel souls, deserters we are called
Chose a gun and threw away the sword
Now these towns, they all know our names
Six gun sound is our claim to fame
I can hear 'em say

Lançada como single, não obteve repercussão nas paradas de sucesso do gênero. Entretanto, por ser uma canção de qualidade inquestionável, acabou se tornando outra das músicas prediletas dos fãs do conjunto.



THE WAY I CHOOSE

A sexta faixa de Bad Company é “The Way I Choose”.

Mais uma vez o grupo aposta em uma sonoridade bem suave e leve e com linhas melódicas bastante cativantes. “The Way I Choose” é a maior faixa de Bad Company e, mesmo sendo uma balada, não deixa o ritmo do disco cair. Destaque para a seção rítmica e o saxofone de Mel Collins.

As letras têm um significado de conquista amorosa:

I live my life the way that i choose
I'm satisfied nothing to lose
I dont ask no favor i dont know the reason why
If i dont ask no questions i dont get no lies



MOVIN’ ON

A sétima canção do álbum é “Movin’ On”.

“Movin’ On” é mais um clássico do Bad Company. É, também, a menor faixa do álbum de estreia do grupo. Um típico rock setentista clássico, possui um riff bem animado e contagiante, mesmo sendo simples. A guitarra de Mick Ralphs é o ponto mais alto da música, com um solo muito bom.

As letras se referem à vida de músico, itinerante e agitada:

Get up in the morning and it's just another day
Pack up my belongings I got to get away
Jump into a taxi and the time is getting tight
I got to keep a moving I got a show tonight



Lançada como single, conseguiu destaque na parada norte-americana, atingindo a ótima 19ª posição. Também conseguiu a 30ª colocação no Canadá. É mais um clássico deste extraordinário álbum do Bad Company.



SEAGULL

A oitava – e última – faixa de Bad Company é “Seagull”.

A canção “Seagull” é bem suave, acústica, com apenas a voz e o violão de Paul Rodgers, formando um tom muito emotivo. Rodgers, que é o único músico do grupo que participa da faixa, canta-a de maneira emocionante, sendo o fator fundamental de sua qualidade.

O tom melancólico da sonoridade da canção é perfeitamente refletido em suas letras:

Here is a man asking the question
Is this really the end of the world?
Seagull, you must have known for a long time
The shape of things to come
Now you fly, through the sky, never asking why,
And you fly all around 'til somebody, Shoots you down



Considerações Finais

Bad Company foi o álbum de estreia do conjunto e foi um tremendo sucesso. Em termos de paradas de sucesso, sua categoria é incontestável: 1º lugar na parada norte-americana, 3ª posição na sua correspondente britânica, além da 7ª no Canadá e 17ª na Noruega.

Para se ter uma ideia do sucesso do disco, ele permaneceu cerca de 25 semanas consecutivas na parada de álbuns britânica. A tradicional revista Kerrang! o colocou na 40ª posição de sua lista de "100 Greatest Heavy Metal Albums of All Time", de 1989.

Em 2006, uma versão limitada do álbum (formato CD) em ouro 24k foi lançada. É o 46º disco mais vendido da década de setenta.

Desde o seu lançamento oficial, estima-se que mais de 5 milhões de cópias do álbum Bad Company foram vendidas.



Formação:
Paul Rodgers – Vocal, Guitarra-Base em "Can't Get Enough", Piano em "Bad Company" e "Don't Let Me Down", todos os instrumentos em "Seagull"
Mick Ralphs– Guitarra, Teclado em "Ready for Love"
Simon Kirke – Bateria
Boz Burrell – Baixo

Músicos Adicionais:
Sue Glover e Sunny Leslie – Backing Vocals em "Don't Let Me Down"
Mel Collins – Saxofone

Faixas:
01. Can't Get Enough (Ralphs) – 4:16
02. Rock Steady (Rodgers) – 3:46
03. Ready for Love (Ralphs) – 5:01
04. Don't Let Me Down (Rodgers/Ralphs) – 4:22
05. Bad Company (Rodgers/Kirke) – 4:50
06. The Way I Choose (Rodgers) – 5:05
07. Movin' On (Ralphs) – 3:21
08. Seagull (Rodgers/Ralphs) – 4:06

Letras:
Para o conteúdo complete das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/bad-company/

Opinião do Blog:
Quando o Blog falou sobre o Free, todo o talento de Paul Rodgers como vocalista foi devidamente (e justamente, frise-se) enaltecido. Sua atuação no álbum de estreia do Bad Company é, mais uma vez, excepcional. Seu talento foi todo colocado de forma decisiva a contribuir com o sucesso do trabalho.

Rodgers juntamente com o guitarrista Mick Ralphs compuseram – em conjunto ou isoladamente – grandes músicas neste álbum. Ralphs produziu riffs e linhas de guitarra belíssimos, sendo também importante na qualidade do que se ouve.

O disco de estreia do Bad Company é bom como se fora uma coletânea. Não é todo trabalho que possui faixas do calibre de “Movin’ On”, “Can’t Get Enough”, “Rock Steady”, além das sensacionais “Ready For Love” e “Bad Company”.

A banda Bad Company é um dos expoentes dos anos setenta no Rock & Roll. Rodgers e Kirke conseguiram, após saírem do Free, manter a categoria de seus trabalhos formando um ótimo conjunto e gravando vários álbuns de muita qualidade durante aquela década.

Bad Company é um dos álbuns favoritos deste blogueiro em todos os tempos. Banda e álbuns mais que obrigatórios para os fãs do Blog!