8 de setembro de 2017

ROUGH CUTT - ROUGH CUTT (1985)


Rough Cutt é o álbum de estreia da banda norte-americana de mesmo nome, obviamente, o Rough Cutt. Seu lançamento oficial aconteceu em 30 de novembro de 1985, através do selo Warner Bros. As gravações ocorreram no estúdio The Record Plant, em Los Angeles, nos Estados Unidos. A produção ficou por conta do renomado Tom Allom.

O Rough Cutt nunca atingiu o sucesso que almejava, mas a banda ficou conhecida pelos inúmeros músicos que fizeram parte do conjunto e conquistaram a fama depois, em outros grupos musicais. Como de costume, resumidamente se contará a história da banda para depois se ater ao álbum propriamente dito.


Observação aos leitores: infelizmente, não encontrei todas as letras disponíveis nos sites que costumeiramente procuro estas informações para publicar os posts. O encarte do meu CD de Rough Cutt não contem as letras das músicas. Se algum leitor encontrar estas informações, entre contato com o RAC que terei o maior prazer em atualizar este post!

Primórdios do grupo

A primeira formação do Rough Cutt incluía o vocalista Paul Shortino, o baterista Dave Alford, o guitarrista Jake E. Lee, o tecladista Claude Schnell e o baixista Joey Cristofanilli.

Em San Diego, Jake E. Lee liderou uma banda chamada Teaser, supostamente nomeada após o primeiro álbum solo do guitarrista Tommy Bolin, de quem Lee era um fã declarado. Teaser foi a banda oficial do primeiro “teen night club” de San Diego, o StraitaHead Sound.

Em 1980, Lee se juntou a uma banda de Hard Rock de San Diego chamada Mickey Ratt, a qual, depois de se mudar para Los Angeles, tornar-se-ia a popular banda de Glam Metal Ratt. Eles lançaram o single “Dr. Rock/Drivin on E”, que era distribuído gratuitamente para os fãs em seus shows ao vivo.

A música “Tell the World” foi incluída na primeira edição da influente coletânea Metal Massacre (1982), um álbum que também contou com a primeira música do Metallica, “Hit the Lights”.

Entretanto, Lee logo deixou o Ratt para se juntar ao Rough Cutt, que na época era produzido por Ronnie James Dio e gerenciado pela esposa do baixinho, Wendy.

Claude Schnell, por sua vez, deixou a cidade de Nova York, sua terra natal, para passar vários anos em Buffalo, onde mais amizades musicais de longo prazo foram forjadas, principalmente com os baixistas Billy Sheehan e Joe Cristofanilli, e com o baterista Pete O'Donnell.

Paul Shortino
Ao chegar em Los Angeles no início dos anos 80, não demorou muito para que os talentos virtuosos de Schnell estivessem em alta demanda. Ele tomou parte primeiramente no Magic! e depois no Rough Cutt.

Tanto Lee como Alford também estiveram anteriormente em outra banda de Los Angeles, o Ratt. Tanto Schnell quanto Cristofanilli já estiveram na banda Magic!.

Dois outros ex-membros do Ratt, o guitarrista Chris Hager e o baixista Matt Thorne - ou Matt Thorr - (o qual substituiu Cristofanilli) também logo se juntariam ao Rough Cutt.

Depois de sua partida, Cristofanilli temporariamente se juntou ao próprio Ratt, mais tarde unindo forças com membros da banda Sin, lançando o álbum Made In Heaven sob o nome de Jag Wire, em 1985.

Saída de Jake E. Lee

Lee deixou o Rough Cutt em 1982, fez um teste e foi contratado por um curtíssimo período pela banda Dio, acabando por ser o substituto do falecido Randy Rhoads como guitarrista de Ozzy Osbourne.

Lee, por sua vez, foi substituído por Craig Goldy, anteriormente de uma banda da cidade de San Diego chamada Vengeance.

O grande Ronnie James Dio influenciou muito o desenvolvimento do Rough Cutt. A esposa de Dio, Wendy Dio, era a gerente do grupo e Dio ajudou a escrever uma das músicas da banda.

O Rough Cutt contribuiu com duas faixas, “A Little Kindness” e “Used & Abused”, ambas produzidas por Dio e com Jake E Lee na guitarra, para a coletânea LA's Hottest Unsigned Bands, lançada em 1983.

Outra faixa produzida por Dio , “Try A Little Harder”, desta feita com Craig Goldy na guitarra, apareceu na compilação KLOS 95 1/2: Rock to Riches, junto com outro projeto de Wendy Dio, o NuHaven, lançada no final de 1983.

Goldy logo deixou a banda para tocar no Giuffria, e mais tarde na banda de Dio. Goldy foi substituído por Amir Derakh, outro guitarrista oriundo de San Diego.

Depois de se formar em 1981 na Mission Bay High School, em San Diego, Califórnia, Derakh havia tocado guitarra para as bandas locais Armed & Ready e Emerald.

Consolidação da banda

A formação ficou solidificada com Shortino nos vocais, Alford na bateria, Derakh e Hager nas guitarras e Thorne no baixo.

Dave Alford

Uma vez que o Rough Cutt se estabilizou, foi oferecido um contrto com a gravadora Warner Bros. Records, em 1984.

A banda ganhou a exposição nacional quando apareceu no programa de TV Rock Palace executando as músicas “Crank It Up”, “Dreamin' Again”, “Street Gang Livin'” e “Try A Little Harder”. O programa era apresentado pelo comediante Howie Mandel e a gravação ocorreu em 1º de janeiro de 1984, no Hollywood Palace, hoje chamado de Avalon Hollywood. (Nota do Blog: Howard Michael "Howie" Mandel (nascido em 29 de novembro de 1955) é um comediante, ator, apresentador de televisão e dublador canadense. Ele é bem conhecido como apresentador do programa norte-americano do canal NBC, Deal or No Deal. Antes de sua carreira como apresentador de game show, Mandel era mais conhecido por seu papel como o Dr. Wayne Fiscus, um dramático interno do ER, no drama médico da NBC, St. Elsewhere. Ele também é famoso por ser o criador e estrela do desenho infantil Bobby's World, no Brasil, O Fantástico Mundo de Bobby).

O Rough Cutt também fez o seu caminho para a Europa, apresentando-se no famoso Marquee Club de Londres, Inglaterra, em 13 de abril de 1984, e tocando em um show mal promovido no Fabrik, em Hamburgo, Alemanha, ambos anteriormente à gravação de seu primeiro álbum de estúdio.

Depois de esperar por cerca de um ano para trabalhar com o produtor Ted Templeman, o qual havia sido o responsável pela banda assinar contrato com a Warner Bros., o Rough Cutt decidiu gravar seu autointitulado álbum de estreia, Rough Cutt, com o produtor Tom Allom.

Rough Cutt em 85

Ted Templeman estava ocupado produzindo tanto o Van Halen quanto o vocalista David Lee Roth na época.

Tom Allom, o qual ficou conhecido por ser o produtor de álbuns clássicos como British Steel, Screaming for Vengeance e Defenders of the Faith, todos do Judas Priest, assumiu a produção.

Vamos às faixas:

TAKE HER

A primeira música do disco é "Take Her", contando com um ritmo cadenciado. O riff principal é simples, pesado, mas funciona de maneira satisfatória. O refrão é bem legal e o solo de guitarra também agrada. Bom começo.

A letra fala de um coração partido:

You were bad I've seen it all the laughter the pain
Shelter from the storm would always stop the rain
If I had the chance the choose between the victim and the crime
If you dared to look away because you take your time



PIECE OF MY HEART

"Piece of My Heart" é uma balada, com bonita melodia e uma intensidade bem suave. As guitarras estão bem leves e há um trabalho eficiente da bateria de Dave Alford. Os bons vocais de Paul Shortino também merecem destaque.

A letra é romântica:

You're out on the streets looking good,
And baby deep down in your heart i guess you know that it ain't right,
Never, never, never, never, never, never hear me when i cry at night,
Babe, i cry all the time!
And each time i tell myself that i, well i can't stand the pain,
But when you hold me in your arms, i'll sing it once again

Trata-se de uma versão para a música de mesmo nome originalmente composta por Jerry Ragovoy e Bert Berns, gravada pela primeira vez pela notável Erma Franklin, em 1967.



NEVER GONNA DIE

Em "Never Gonna Die", o trabalho do baixista Matt Thorr é mais notável, formando uma boa dupla com o baterista Dave Alford. A sonoridade desta canção é um Hard Rock que flerta abertamente com o AOR, permitindo uma musicalidade completamente acessível.

A letra é uma ode à juventude:

They say we can't be angels
I say i knew that all along
I don't need social standing
I'm gonna stand where i belong

A canção é uma versão para “Never Gonna Die”, da banda The Choirboys, presente no autointitulado disco de estreia do grupo, lançado em 1983.



DREAMIN' AGAIN

"Dreamin' Again" possui um ritmo lento e arrastado, com a seção rítmica ditando o andamento da canção. O peso aparece no ótimo refrão, o qual possui um excelente trabalho de Backing Vocals. A correta atuação dos vocais de Paul Shortino aliada aos bons solos dos guitarristas Amir Derakh e Chris Hager perfazem um dos pontos altos do álbum.

A letra é sobre perseverança:

In the dead of the day
My mind drifts away
To a place that's all my own
I close my eyes
To my surprise I'm dreaming again, oh no
Now the picture is clear
And there is nothing to fear
If they should turn out the lights
If I face my fears, They'll all disappear
Like things that go bump in the night!



CUT YOUR HEART OUT

Pesada e direta ao ponto, assim é "Cut Your Heart Out". A musicalidade flerta deliberadamente com o Heavy Metal oitentista, com um riff principal excelente e muito peso nas guitarras de Derakh e Hager, ambos solando muito bem. Excelentes vocais de Shortino.



BLACK WIDOW

É muito impressionante o peso absurdo de "Black Widow". A sonoridade é muito densa, com o ritmo absolutamente arrastado, mas com uma intensidade metálica muito efusiva. Os vocais de Shortino se casam bem com o instrumental. Grande música!

A letra tem teor sexual:

The fires of darkness
That locks me within
This evil woman
She knows no sin



YOU KEEP BREAKING MY HEART

Nesta faixa, a banda aposta em uma sonoridade bastante oitentista. "You Keep Breaking My Heart" é uma típica balada, com uma sonoridade até que bem envolvente, leve e melancólica, mas que ganha força e peso no refrão. Mas é uma boa composição.



KIDS WILL ROCK

"Kids Will Rock" apresenta uma sonoridade Hard Rock bem simples, mas que flerta, em alguns momentos, com bandas como The Police. O refrão é mais tradicional, com as guitarras dominando e muitos Backing Vocals.



DRESSED TO KILL

"Dressed to Kill" retoma a musicalidade tradicional do grupo. O ritmo cadenciado é dominado pela distorção das guitarras de Hager e Derakh, dando peso, mas não abrindo mão da melodia. Os vocais de Shortino são bons e engrandecem a música.

A letra tem sentido de sensualidade:

She gives me thrills, gives me chills
She's the woman who's dressed to kill
Cheap thrills, cold chills
She's the woman who's dressed to kill
She gives me thrills, cheap thrills
She's dressed to kill


SHE'S TOO HOT

A décima - e última - faixa de Rough Cutt é "She's Too Hot". A típica sonoridade Hard Rock/Glam Metal marca a derradeira composição do disco. O peso associado a um ritmo malemolente contagia e a sonoridade lembra o grandioso Mötley Crüe. Encerra o álbum de maneira contagiante.



Considerações Finais

Apesar de sua qualidade, Rough Cutt não obteve maior repercussão, nem por parte de paradas de sucesso e menos ainda em termos comerciais.

Entretanto, a crítica gostou do trabalho. Eduardo Rivadavia, do site AllMusic, em uma revisão retrospectiva, dá ao trabalho uma nota 4 de um máximo de 5 possível. E destaca: ““Take Her” e “She's Too Hott” juntaram-se à Hard “Cutt Your Heart Out” como claros pontos de destaque ao apresentarem certos truques “formuláicos” de composição de com cargas irreprimíveis de energia”.

Por fim, Rivadavia conclui: “Em suma, embora o primeiro trabalho do Rough Cutt abalou com pedigree e profissionalismo (e até inteligência acima da média para bandas normais de Hair Metal daquele tempo, vamos ser justos), seus sulcos polidos eram, apenas, um pouco civilizados demais para atrair os consumidores de metal típicos da década de 1980”.

A banda viajou extensivamente pelos Estados Unidos como grupo de abertura para o Krokus em sua turnê do álbum The Blitz, ao lado do Accept. Em seguida, o conjunto fez uma extensa turnê com Dio, que promovia o disco Sacred Heart, entre agosto e dezembro 1985.

O Rough Cutt também fez parte do lendário festival Super Rock '85, em 10 de agosto de 1985, no Odaiba-Undohiroba, em Tóquio, no Japão, compartilhando o palco com nomes do calibre de Dio, Foreigner, Sting e vários grupos japoneses.

O show foi comemorado com o lançamento da VHS intitulado Super Rock In Japan '85; o Rough Cutt apareceu com 4 músicas de seu álbum de estreia: “Black Widow”, “Take Her”, “Dreamin' Again” e “Piece of My Heart”.

O grupo chegou a lançar um segundo álbum de estúdio, Wants You!, em 1986.



Formação:
Paul Shortino - Vocal
Amir Derakh - Guitarra
Chris Hager - Guitarra
Matt Thorr - Baixo
Dave Alford - Bateria, Backing Vocal

Faixas:
01. Take Her (Hager/Thorr/Shortino/Alford/Goldy/Dio) - 3:39
02. Piece of My Heart (Berns/Ragovoy) - 4:44
03. Never Gonna Die (Carr/Gable) - 4:21
04. Dreamin' Again (Alford/Hager/Thorr/Shortino/W. Dio) - 5:34
05. Cutt Your Heart Out (Hager/Thorr/Shortino) - 2:28
06. Black Widow (Derakh/Alford/Thorr/Shortino/W. Dio) - 4:33
07. You Keep Breaking My Heart (Derakh/Hager/Thorr/Alford/Shortino) - 5:13
08. Kids Will Rock (Thorr/Shortino) - 4:02
09. Dressed to Kill (Hager/Alford/Shortino) - 4:16
10. She's Too Hott (Hager/Alford/Shortino) – 3:27

Letras:
Parte das letras está disponível em: https://www.letras.mus.br/rough-cutt/

Opinião do Blog:
Primeiramente, o RAC gostaria novamente de pedir desculpas aos nossos leitores, pois, apesar de se tentar muito, não conseguiu-se encontrar todas as letras das canções presentes em Rough Cutt para que se pudesse fazer o post completo. Novamente, pede-se desculpas.

O Rough Cutt não fez muito sucesso comercial, mas o grupo permaneceu na memória dos fãs, especialmente os de Glam Metal, por conta de vários músicos de sucesso (em outros conjuntos), em algum momento, terem feito parte da banda. Os guitarristas Jake E. Lee e Craig Goldy são bons exemplos disso.

Mas o álbum de estreia do grupo, Rough Cutt, é um bom trabalho, principalmente interessante para fãs do Hard Rock oitentista.

Musicalmente, a banda é bem coesa e o forte do conjunto é seu palpável entrosamento. Uma competente seção rítmica e bons guitarristas permitem com que o eficiente vocalista Paul Shortino possa se destacar de maneira pouco acima dos demais.

O Rough Cutt aposta no Hard Rock/Glam Metal como a base de sua sonoridade e é através dele que constrói suas composições ou mesmo baseia as versões covers as quais apresentam em seu álbum de estreia. O resultado é muito consistente.

A interessante versão para "Never Gonna Die" é um momento cativante do disco, especialmente com seu toque AOR. A boa balada "You Keep Breaking My Heart" também é outro bom momento do álbum.

Mas o RAC aponta suas favoritas: o petardo alucinante "Cutt Your Heart Out" é um Heavy Metal de alto padrão, muito cativante. A bela "Dreamin' Again" é uma canção cativante e sombria, bem como a pesadíssima "Black Window", possivelmente, a favorita do site. Estas duas últimas com a participação de Wendy Dio na composição.

Enfim, Rough Cutt mostra uma banda em busca de sucesso e que possuía uma convincente formação. O Rough Cutt não obteve reconhecimento comercial e nem de crítica, mas deixou um bom álbum de estreia que, se não apresentava nenhuma novidade, ao menos possuía boas composições executadas de maneira cativante. Disco indicado para fãs de Hard Rock e Glam Metal.

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