11 de setembro de 2016

AC/DC - FOR THOSE ABOUT TO ROCK WE SALUTE YOU (1981)


For Those Abou to Rock We Salute You é o oitavo álbum de estúdio da banda australiana AC/DC. Seu lançamento oficial aconteceu em 23 de novembro de 1981 através do selo Atlantic Records. As gravações ocorreram entre os meses de maio e setembro daquele mesmo ano, em Paris, na França. A produção ficou por conta do famoso Robert John “Mutt” Lange.


Após um longo período, o AC/DC volta ao Blog com um de seus mais bem-sucedidos álbuns de estúdio, For Those About to Rock We Salute You. O Blog vai tratar dos fatos que antecederam seu lançamento para depois se ater às faixas do disco.

Em 25 de julho de 1980, o AC/DC lançava um dos mais emblemáticos álbuns da história do Rock, o fantástico Back in Black.

O disco conquistou a 1ª posição da principal parada britânica de álbuns, com a correspondente 4ª colocação na correspondente norte-americana. Além disso, permaneceu incríveis 131 semanas consecutivas na Billboard!

Além de contar com canções clássicas como a faixa-título, “Hells Bells” e “You Shook Me All Night Long”, entre outras, o álbum foi uma grande homenagem ao vocalista Bon Scott, falecido meses antes de seu lançamento.

Não bastasse apresentar seu novo vocalista, Brian Johnson, Back in Black abriu as portas não apenas dos Estados Unidos para o AC/DC, mas de todo o planeta para a banda.

Brian Johnson

Até meados de 1981, Back in Black continuava como um fenômeno. Ele foi o maior sucesso comercial da banda, de longe, ganhando o status de platina várias vezes, um feito ainda mais notável porque ele apresentou um novo vocalista, Brian Johnson, conforme dito anteriormente.

Na verdade, Back in Black foi um tal sucesso que a Atlantic Records finalmente lançou o álbum Dirty Deeds Done Dirt Cheap, de 1976, nos Estados Unidos, um disco o qual a gravadora havia inicialmente rejeitado por conta da produção precária.

Além disso, a Red Bus Records lançou um álbum de gravações do grupo Geordie, antiga banda de Johnson, sob o nome de Brian Johnson e Geordie, para tentar ganhar dinheiro com o enorme sucesso do AC/DC.

Em dezembro de 1980, o filme Let There Be Rock, com filmagens de concertos e entrevistas com a banda na estrada, durante a turnê de Highway to Hell (com Bon Scott ainda vivo), foi lançado na França, sendo um enorme sucesso: de acordo com o livro de Murray Engelheart, AC/DC: Maximum Rock & Roll (2006), o filme fez um milhão de dólares em vendas de bilhetes em Paris, enquanto 300.000 pessoas em todo o resto do país também o assistiram - uma resposta quase sem precedentes para um filme musical, que custou cerca de 100 mil dólares.

Engleheart também afirma que o Rolling Stones ofereceu ao AC/DC o valor de um milhão de dólares para abrir pelo menos uma data em sua turnê norte-americana de 1981, mas a banda declinou do convite, pois estava focada em terminar seu novo álbum.

Em julho de 1981, a banda começou a trabalhar no álbum, no EMI Pathe-Marconi Studios, em Paris, na França, com o produtor Robert John "Mutt" Lange, mas ficaram insatisfeitos com o som, optando por gravar as faixas básicas em um antigo armazém na periferia da cidade com o auxílio do estúdio móvel Mobile One.

Malcolm Young

Os vocais foram adicionados mais tarde, no Family Sound studio e os overdubs feitos no HIS Studios.

Em setembro, o álbum foi finalizado. Em Novembro de 1992, o guitarrista Malcolm Young recordou a Mark Blake, da Metal CD: "Eu não acho que ninguém, nem mesmo a banda ou o produtor, poderia dizer se ele soou certo ou errado. Todo mundo estava farto de todo o álbum".

Em 2006, o engenheiro de som Tony Platt afirmou no AC/DC: Maximum Rock & Roll: “Eu acho que houve um sentimento geral de que Back in Black foi o auge de como o AC/DC deveria sempre ser produzido. For Those About to Rock estava um pouco 'superproduzido' em termos do que a banda deveria estar”.

A capa do álbum, embora simples, também se tornou uma imagem icônica do grupo australiano. Vamos às faixas:

FOR THOSE ABOUT TO ROCK (WE SALUTE YOU)

Um dos riffs mais icônicos criados pela banda abre os trabalhos na faixa-título. O ritmo é lento, com o peso na dose certa, tudo isto recheado por uma das mais impressionantes atuações do vocalista Brian Johnson à frente do AC/DC. Os tiros de canhões ajudam a dar um ar épico à composição. Enfim, uma das melhores canções da história do Rock. 

A letra fala do sentimento sobre a própria banda:

We're just a battery for hire with the guitar fire
Ready and aimed at you
Pick up your balls and load up your cannon
For a twenty-one gun salute

“For Those About to Rock” é um dos maiores clássicos do AC/DC.


O título e o tema central da canção são baseados em uma saudação antiga usada por prisioneiros romanos a serem executados no Coliseu: “Ave, Caesar, morituri te salutant” ( “Ave, César, nós, os que estão prestes a morrer, o saudamos” - em inglês: “Hail Caesar, we who are about to die, salute you”).

No entanto, Angus Young disse mais tarde que a inspiração para os canhões veio de uma fonte muito diferente. A banda estava trabalhando nas primeiras gravações da canção no mesmo dia do casamento da Princesa Diana, do Reino Unido, e o evento era transmitido pela TV.

Segundo a lenda, Angus recordou que “alguém assistia ao casamento no quarto ao lado... nós estávamos tocando uma parte da música, quando os canhões foram saindo e nós paramos um segundo e foi... hmmm... realmente parece muito bom”.

Esta coincidência também levou a um canhão ser o destaque na capa do álbum e do single, bem como canhões de Napoleão, em tamanho natural, tornarem-se um atrativo regular nos shows do AC/DC. Os canhões, disparados durante a execução da canção, são misturados com fogos de artifício.

Lançada como single, conquistou a 15ª posição da principal parada britânica desta natureza.

Nos esportes norte-americanos, a faixa é usada em larga escala, por equipes como o New England Patriots (NFL), Columbus Blue Jackets (NHL) e Houston Texans, (também da NFL). Aparece no filme Jerry Maguire (1996), dirigido por Cameron Crowe e estrelado por Tom Cruise.

Outra vez no cinema, o filme School of Rock (2003), dirigido por Richard Linklater e estrelado por Jack Black, utiliza expressões ligadas à música, com a personagem de Black dizendo: “For those about to rock, I salute you!”.

A banda Godflesh fez uma versão para “For Those About to Rock”. A canção também é utilizada pelo grupo Slipknot antes de adentrar ao palco para um show.



PUT THE FINGER ON YOU

Já na segunda faixa, o grupo deixa de lado o peso mais intenso da primeira música, apostando mais em uma melodia maliciosa, embora a velocidade tenha sido aumentada. Johnson faz bons vocais, mas as guitarras não aparecem tanto.

A letra possui conotação sexual:

Sneaking up on your front door
You can feel it on your ankle
Feel it on your knee
Feel it on your thigh
Can you feel me?



LET'S GET IT UP

"Let's Get It Up" apresenta um riff muito bom, com as doses de intensidade e malícia típica dos melhores momentos do estilo Hard Rock. Desta forma, a massa sonora se casa perfeitamente com a forma "safada" como Brian Johnson interpreta a letra na música. Certamente uma das composições mais subestimadas do AC/DC. Ótimo solo de Angus Young na guitarra.

Novamente, a letra é de conotação sexual:

Loose lips, sink ships
so come aboard for a pleasure trip
it's high tide so let's ride
the moon is rising and so am I
I'm gonna get it up
Never gonna let it up
Crusing on the seven seas
A pirate on my knobby knees
I'll never go down, never go down


Lançada como single, atingiu a 44ª colocação na principal parada norte-americana desta natureza, conquistando a 13ª posição na correspondente britânica.



INJECT THE VENOM

Forte e intensa, com boas doses de peso, assim é "Inject the Venom". O riff primordial da música é excelente, tornando a composição uma das mais pesadas de todo o álbum. Angus, como de costume, brilha na guitarra, mas o grande destaque vai para a atuação magistral dos vocais de Brian Johnson, dando a intensidade perfeita que a parte sonora exige.

A letra possui sentido de determinação:

Got no heart, no - feel no pain
Take your soul and - leave a stain
Come choose your victim
Take him by surprise
Go in hard and get him right between the eyes and



SNOWBALLED

Em "Snowballed", o grupo aposta na fórmula de uma música curta, simples e rápida, apenas cadenciando o ritmo em um refrão bem enxuto. O riff principal é legal, Johnson atua de maneira competente nos vocais e o solo é bem convincente.

A letra é em tom de rebeldia:

Crashed out on the market, out (blood) on the floor
Busted man on show
Bundled out of the City, out of the door
Thrown up against the wall
Put out of the picture
Axe about to fall walk before you throw (cry)



EVIL WALKS

"Evil Walks" apresenta um ritmo mais cadenciado, embora simples. O riff principal é bem legal, mas, para o Blog, a mixagem final deixou ausente uma dose de peso que seria primordial para elevar a composição (e que está presente no refrão, o qual é excelente). Angus faz um solo de guitarra muito especial na metade final da música. Boa aparição do baixista Cliff Williams.

A letra pode ser interpretada com temática de magia:

C'mon weave your web
Drown in your ocean
You got 'em tied to your bed
With your dark, dark secrets
And your green, green eyes
You black widow



C.O.D.

"C.O.D." é a menor canção do disco e vai diretamente ao ponto em seus poucos mais de 3 minutos. O riff é cheio de malícia e com a dose necessária de peso. Bom refrão e belo solo de guitarra do Angus Young. Bem legal.

A letra é em tom de gozação, brincando com uma doença venérea:

The call of a dog
Cry of a bitch!
The sign of the sinner's
The size of his itch, yeah!



BREAKING THE RULES

Nesta faixa, o AC/DC aposta em um andamento mais lento e o ritmo arrastado é embalado pela voz de Brian Johnson e o baixo de Cliff Williams dita o ritmo. O solo de guitarra de Angus Young conta com muito feeling.

A letra pode ser entendida como uma crítica aos políticos:

They got regulation ties
Regulation shoes
Those regulation fools
With their regulation rules



NIGHT OF THE LONG KNIVES

A música é uma das típicas canções que o grupo fazia nos anos 80, ou seja, indo direto ao ponto com um riff simples e com algum peso. O refrão, mais arrastado, ficou legal, muito graças à boa performance de Brian Johnson.

A letra é sobre a “Noite das Facas Longas”, ocorrida na Alemanha Nazista, em 1934:

Where's that saviour, where's that lay?
When you're praying for your life
Who's that fighting back to back?
Who's defending whose attack?



SPELLBOUND

A décima - e última - faixa de For Those About to Rock (We Salute You) é "Spellbound". Logo de cara o ouvinte sente que o peso estará presente na derradeira música do disco. O riff principal é bem pesado e o andamento é mais lento e arrastado. A canção flerta mais proximamente ao Heavy Metal clássico, com um ar sombrio, especialmente em se tratando de AC/DC. O solo de guitarra de Angus Young é ótimo, mas o brilho mais intenso é para a soberba atuação de Brian Johnson.

A letra pode ser inferida como um sentimento de resignação:

I'm sliding on an oil slick
Blinded on a bad trip
Yes and nothing's going to change it
I can do nothing right
Can't even sleep at night
My feet have left the ground
I'm spinning round and round



Considerações Finais

Baseado no sucesso de sua faixa-título e de seu álbum anterior, For Those About to Rock We Salute You acabou, também, fazendo bastante barulho e sendo muito bem-sucedido.

O álbum atingiu a magnífica 1ª posição da principal parada norte-americana de discos, a Billboard. Também conquistou a excepcional 3ª colocação na sua correspondente britânica. Ainda ficou com os 3º, 4º e 1º lugares nas paradas de Austrália, Canadá e França, respectivamente.

Este é o único álbum de estúdio do AC/DC para o qual o grupo não filmou vídeos promocionais. Algumas performances ao vivo das 3 primeiras faixas do álbum (assim como outras faixas de outros discos) foram filmadas em shows, em Maryland (EUA), nos dias 20 e 21 de dezembro de 1981, sendo usadas como material promocional e vistas em muitos canais de música naquele período.

Após o lançamento do disco, a banda embarcou em sua primeira turnê (em grandes arenas) pela América do Norte, do final de 1981 até o início de 1982.

Para a faixa-título, grandes canhões foram colocados no palco, prontos para irem de acordo com a canção no álbum. Durante a turnê, foram utilizadas luzes com mais de 100.000 watts de potência no palco.

Os canhões ficavam acima das matrizes de alto-falantes. A popularidade da faixa-título foi tal que em quase todos os concertos ao vivo que o AC/DC fez depois de seu lançamento, a música é executada como encerramento dos shows e é sempre acompanhada por uma salva de tiros de canhões no palco.

Curiosamente, turnês posteriores tiveram que lidar com a passagem dos grandes canhões utilizados nos shows em fronteiras internacionais, criando situações estranhas com funcionários aduaneiros.

A crítica especializada recebeu o álbum de maneira positiva. A revista Rolling Stone dá ao trabalho uma nota 4 de um máximo de 5. Já o crítico Steve Huey, do AllMusic, dá ao disco uma nota 3 de um máximo de 5, atestando: “a própria banda abrandou o ritmo frequentemente, parecendo menos agressiva e inspirada. Há ainda algum material decente aqui – como a faixa-título”.

Para o álbum seguinte, Flick of the Switch (1983), o AC/DC rompeu com o produtor Robert John “Mutt” Lange, em uma tentativa de seu som voltar a soar menos produzido.

Estima-se que For Those About to Rock We Salute You supere a casa dos 4 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.



Formação:
Brian Johnson - Vocal
Angus Young - Guitarra
Malcolm Young - Guitarra, Backing Vocals
Cliff Williams - Baixo, Backing Vocals
Phil Rudd - Bateria, Percussão

Faixas:
01. For Those About to Rock (We Salute You) (Johnson/Young/Young) - 5:44
02. Put the Finger on You (Johnson/Young/Young) - 3:25
03. Let's Get It Up (Johnson/Young/Young) - 3:54
04. Inject the Venom (Johnson/Young/Young) - 3:30
05. Snowballed (Johnson/Young/Young) - 3:23
06. Evil Walks (Johnson/Young/Young) - 4:23
07. C.O.D. (Johnson/Young/Young) - 3:19
08. Breaking the Rules (Johnson/Young/Young) - 4:23
09. Night of the Long Knives (Johnson/Young/Young) - 3:25
10. Spellbound (Johnson/Young/Young) - 4:30

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/ac-dc/

Opinião do Blog:
Back in Black mudou a vida do AC/DC de uma forma completa e definitiva. Vendeu - e até hoje vende - horrores e elevou a banda australiana ao patamar das maiores bandas de Rock de todos os tempos. O conjunto passou a se apresentar em arenas lotadas e ser atração principal em diversos festivais pelo mundo.

A estreia de Brian Johnson não poderia ter sido mais exitosa. Sua voz e o seu jeito de cantar se casaram de maneira sublime com a sonoridade da banda, mesmo que seu estilo fosse particularmente diferente de seu antecessor, o saudoso Bon Scott.

Imagine, caro leitor, que não deve ter sido fácil pensar e compor um sucessor para um álbum tão bem-sucedido como Back in Black. E agora, mais de 30 anos depois, pode-se dizer que o AC/DC cumpriu a tarefa de maneira exitosa.

É claro que o AC/DC se comporta de maneira muito orgânica. A seção rítmica funciona de modo muito simples, ditando o andamento das composições. Malcolm Young é como um relógio suíço, impecável na guitarra-base, permitindo que o outro guitarrista, seu irmão Angus, voe alto nos solos.

Mas o maior brilho individual de For Those About to Rock We Salute You é do vocalista Brian Johnson. Para o Blog, é neste álbum que Brian tem sua melhor atuação à frente da banda, talvez, até em um nível superior ao do antológico álbum anterior.

Confira as letras, elas seguem o padrão do AC/DC, em sua maioria, no melhor estilo "Sexo, drogas e rock 'n' roll".

For Those About To Rock não está no mesmo patamar de Back in Black, claro, mas isto não é demérito algum, já que este é uma pedra preciosa do Rock. Um dos problemas de 'For Those' é sua produção exagerada que retira um pouco da crueza e rusticidade do AC/DC, parte constituinte de seu DNA. Uma mixagem mais "pobre" faria uma faixa como "Evil Walks" soar de maneira melhor. Talvez, o produtor "Mutt" Lange tenha exagerado na dose.

Mas o disco traz algumas canções que estão entre as mais interessantes da carreira da banda com Brian Johnson nos vocais e que, não se sabe o porquê, permanecem em um limbo, esquecidas pelos fãs.

Claro, só a imortal, antológica e inacreditável faixa-título já valeria o álbum. "For Those About to Rock (We Salute You)" briga ferozmente pelo lugar de canção que sintetiza tudo que o AC/DC representa para o mundo do Rock.

A animada "Let's Get It Up" é uma típica música do conjunto, construída com as doses exatas de peso e malícia. A pesada "Inject the Venom" conquista com um riff precioso e criativo.

Ainda se tem a pesada "Spellbound", contando com uma atuação soberba de Brian Johnson, muito peso em um flerte deliberado com o Heavy Metal. Música especial na discografia da banda.

Enfim, For Those About to Rock We Salute You é mais um álbum do AC/DC a aparecer no Blog. A banda é, bem possivelmente, a mais querida pelo blogueiro e um de seus álbuns mais importantes não poderia deixar de aparecer por aqui. É uma das boas amostras do talento do vocalista Brain Johnson e ainda apresenta o grupo australiano muito próximo de seu ápice criativo. Álbum muito bem recomendado pelo Blog! 

3 comentários:

  1. Considero este um bom álbum, mas não é tão inspirado quanto Highway to Hell e Back in Black. Apenas isso.

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    1. Certamente, meu caro Igor. Obrigado pelo comentário. 'Highway', Back in Black e 'Let There' são sensacionais. Abraço!

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