3 de julho de 2015

RUSH - FLY BY NIGHT (1975)


Fly By Night é o segundo álbum de estúdio da banda canadense Rush. Seu lançamento oficial aconteceu em 15 de fevereiro de 1975 pelo selo Anthem Records. As gravações se deram entre dezembro de 1974 e janeiro do ano subsequente, no Toronto Sound Studios, na cidade de Toronto, no Canadá. A produção ficou por conta de Terry Brown e da própria banda.


Uma das mais criativas, técnicas e influentes bandas do Rock em todos os tempos: este é o Rush. O blog vai relatar um breve histórico da fundação do grupo para depois se ater ao álbum.

A primeira formação do Rush data do ano de 1968 e foi formada no bairro de Willowdale, em Toronto, Ontário, no Canadá. A banda era formada pelo guitarrista Alex Lifeson, pelo baixista e vocalista Jeff Jones e o baterista John Rutsey.

Poucas semanas após sua formação, e antes mesmo de sua segunda apresentação, o baixista e vocalista Jones deixou a banda e foi substituído por Geddy Lee, um colega de escola de Lifeson.

Depois de várias reformas no line-up, a considerada primeira encarnação oficial do conjunto foi formatada em maio de 1971, consistindo em Lee, Lifeson, e Rutsey. O primeiro manager do grupo foi Ray Danniels, também da cidade de Toronto, e um frequentador habitual dos primeiros shows do Rush.

Geddy Lee
Após conquistarem estabilidade no line-up e aprimorarem suas habilidades no circuito de bares/escolas locais, os membros da banda lançaram seu primeiro single, "Not Fade Away", um cover da música de Buddy Holly, em 1973.

O Lado B do supracitado single continha uma composição original, "You Can't Fight It", creditada a Lee e a Rutsey.

O single causou pouca repercussão e, por conta da indiferença da gravadora que o lançou, a banda resolveu fundar seu próprio selo independente, denominado Moon Records.

Com o auxílio de Danniels e do engenheiro recém-contratado, Terry Brown, a banda lançou seu álbum de estreia auto-intitulado, em março de 1974.

Embora um bom trabalho, contando com ótimas canções como “Finding My Way”, “In The Mood” e “Working Man”, a imprensa especializada considerou o trabalho altamente derivado do gigante inglês Led Zeppelin.

Até então, o Rush possuía limitada popularidade local. Foi aí que o álbum de estreia da banda chegou à WMMS, uma estação de rádio em Cleveland, Ohio, nos Estados Unidos. Donna Halper, um diretor musical e DJ que trabalhava na estação, selecionou "Working Man" para sua playlist regular.

A música ressoou entre os fãs de hard rock e esta recém-descoberta popularidade levou o álbum a ser lançado pela Mercury Records em todos os Estados Unidos.

Imediatamente após o lançamento do álbum de estreia, em 1974, Rutsey foi forçado a deixar a banda devido a problemas de saúde (decorrentes da diabetes) e seu desgosto em geral sobre passar a vida em turnê. Sua última apresentação com o Rush foi em 25 de julho de 1974.

O Rush realizou audições para conseguir um novo baterista e, eventualmente, selecionou Neil Peart como substituto de Rutsey. Peart entrou oficialmente para a banda em 29 de Julho de 1974, duas semanas antes da primeira turnê norte-americana do grupo.

O grupo fez seu primeiro show juntos, abrindo para o Uriah Heep e o Manfred Mann, com a presença de mais de 11.000 pessoas na Arena Civic, em Pittsburgh, Pensilvânia, em 14 de agosto daquele mesmo ano.

Além de se tornar o baterista da banda, Peart assumiu o papel de principal letrista, antes ocupado por Lee, o qual tinha muito pouco interesse em escrever, apesar de ter composto as letras do primeiro álbum da banda. Em vez disso, Lee, juntamente com Lifeson, focaram-se, principalmente, nos aspectos instrumentais do Rush.

Em dezembro de 1974, o grupo começaria a compor e gravar seu segundo álbum, o primeiro após a adição do baterista Neil Peart.

Alex Lifeson
O disco veria a inclusão do primeiro mini-conto épico da banda , “By-Tor & the Snow Dog”, repleto de arranjos complexos e um formato multi-seção.

Os temas líricos também passariam por mudanças dramáticas após a adição de Peart, muito em conta do amor do baterista pela literatura de fantasia e ficção científica.

Apesar destas muitas diferenças, no entanto, algumas das músicas e canções espelhavam o estilo de blues encontrado na estréia do Rush.

A produção ficou a cargo de Terry Brown e do próprio Rush. A capa traz a figura de uma coruja. Fly by Night foi gravado no Toronto Sound Studios, em Overlea Boulevard, Toronto, no Canadá.

Vamos às faixas:

ANTHEM

Um interessante riff, ancorado por uma introdução marcante de bateria, dá início à primeira faixa de Fly By Night. Logo o ritmo se torna bastante melódico, sendo envolvido pela peculiar voz de Geddy Lee. O solo de guitarra é bastante interessante, com muito feeling. Ótimo início, com forte influência do Hard Rock setentista.

"Anthem" traz letras inspiradas em elementos da filosofia de Ayn Rand:

Live for yourself
There's no one else more worth living for
Begging hands and bleeding hearts
Will only cry out for more




BEST I CAN

Ritmo, e até um certo swing, podem ser sentidos já no início da segunda canção do trabalho, "Best I Can". Há uma perceptível influência de Led Zeppelin, mas a faixa ainda se mantém repleta da personalidade única do Rush. Destaque absoluto para a bateria de Neil Peart, que deixa tudo ainda mais profundo.

A letra é sobre ter fama e sucesso:

You can tell me that I got no class
Look around, you'll see who's laughin' last
Don't give me speeches 'cause they're oh so droll
Leave me alone, let me rock and roll




BENEATH, BETWEEN & BEHIND

Nesta canção, o Rush aposta em um Hard Rock com uma certa pegada Bluesy, mas com muito peso e intensidade. Os vocais de Geddy Lee se casam perfeitamente com a parte instrumental, além do fato de seu baixo estar ainda mais presente. Boa canção!

A letra é focada em fantasia:

Beneath the noble bird
Between the proudest words
Behind the beauty, cracks appear
Once with heads held high
They sang out to the sky
Why do their shadows bow in fear?




BY-TOR & THE SNOW DOG

Com pouco mais de 8 minutos, "By-Tor & The Snow Dog" é a maior faixa de Fly By Night. A canção é dividida em 4 partes, com a terceira sendo subdividida em outras 4 (favor verificar a seção Faixas para maiores detalhes, mais abaixo). Como a música é mais longa, conta com trechos instrumentais mais extensos nos quais os membros do Rush esbanjam toda sua técnica. A sonoridade predominante é mesmo o Hard Rock, com flertes com o Heavy Metal, e outros momentos mais intrincados. Faixa exuberante!

A letra tem inspiração em um caso do roadie da banda, Howard Ungerleider, e também possui profunda influência literária:

At The Tobes Of Hades
At the Tobes of Hades
The Tobes of Hades
Lit by flickering torchlight
The Netherworld is gathered in the glare
Prince By-Tor takes the cavern
To the north light
The sign of Eth is rising in the air
By-Tor, knight of darkness
Centurion of evil
Devil's prince




FLY BY NIGHT

"Fly By Night" é um Hard Rock simples, direto e sem maiores rodeios. Nem por isso deixa de ser uma composição completamente envolvente, com um refrão forte e que gruda na cabeça do ouvinte. O solo de Lifeson é muito bom, funcionando de modo a engrandecer ainda mais a canção. Excelente momento do disco.

A letra é baseada na experiência que Neil Peart teve ainda como jovem músico, quando saiu de sua pequena cidade natal no Canadá e foi para a Inglaterra:

Fly by night, away from here
Change my life again
Fly by night, goodbye my dear
My ship isn't coming and I just can't pretend



Lançada como single, não repercutiu em termos de paradas de sucesso. Depois, quando lançada novamente para promover o ao vivo All the World's a Stage, atingiu a 88ª posição na parada norte-americana desta natureza.

Além disso, é o single mais bem sucedido da carreira do Rush, superando a marca de 5 milhões de cópias vendidas até 2009.

Além de aparecer em episódios de séries de TV como Supernatural e Degrassi High, a música está disponível no game Rock Band 3. É uma das muitas canções famosas do Rush.



MAKING MEMORIES

Já em "Making Memories" o Rsuh apresenta uma introdução mais leve e suave, ao violão clássico, até o momento em que baixo e bateria entram em ação, aumentando a intensidade da faixa. Trata-se de um Rock muito competente, com ótimo ritmo e melodia. Outro bom solo de Alex Lifeson.

A letra tem inspiração sentimental:

You know we're having good days
And we hope they're gonna last
Our future still looks brighter than our past
We feel no need to worry
No reason to be sad
Our memories remind us, maybe road life's not so bad

Lançada como single, não causou maiores repercussões em termos de paradas de sucesso.



RIVENDELL

Uma bela e suave melodia marca toda a extensão de Rivendell, a qual possui um clima tomado pela calma e harmonia. O ar bucólico da sonoridade casa-se perfeitamente com a descrição da região que dá nome à música, brilhantemente retratada na obra "O Senhor dos Anéis". Uma peça diferente no álbum.

Como o próprio nome indica, “Rivendell” é baseada na obra de J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis:

I've traveled now for many miles
It feels so good to see the smiles of
Friends who never left your mind
When you were far away
From the golden light of coming dawn
Till the twilight where the sun is gone
We treasure every season
And every passing day




IN THE END

A oitava - e última - faixa de Fly By Night é "In The End". Os primeiros 1 minuto e 40 segundos da canção chegam a enganar o ouvinte, pois a mesma segue o embalo de sua predecessora. Mas logo o Hard Rock, pesado e cheio de cadência, proposto majoritariamente pela banda durante o álbum, está de volta. Bom riff, intensidade e vocais precisos encerram o disco com chave-de-ouro.

A letra fala de relacionamentos:

Well, I can see what you mean
It just takes me longer
And I can feel what you feel
It just makes you stronger




Considerações Finais:

Fly By Night é daqueles ótimos trabalhos que só ganharam maior reconhecimento com o sucesso posterior da banda.

Em termos de paradas de sucesso, o álbum passou praticamente em branco. Conquistou a modestíssima 113ª posição na parada norte-americana desta natureza, não causando nenhuma repercussão na correspondente britânica.

Entretanto, ficou com a 9ª colocação na parada canadense.

Embora ainda embebido no Hard Rock, Fly By Night é o passo inicial do Rush em busca de modelar o tipo de sonoridade que seria seu carro-chefe anos mais tardes.

Ainda em 1975, o grupo lançaria seu terceiro disco, o controverso Caress Of Steel.

Fly By Night supera a casa de 1 milhão de cópias vendidas apenas na América do Norte.

Neil Peart

Formação:
Geddy Lee - Vocal, Baixo, Guitarra Clássica
Alex Lifeson - Guitarra
Neil Peart - Percussão

Faixas:
01. Anthem (Peart/Lee/Lifeson) - 4:26
02. Best I Can (Lee) - 3:24
03. Beneath, Between & Behind (Peart/Lifeson) - 3:00
04. By-Tor & the Snow Dog (Peart/Lee/Lifeson) - 8:37
I: At The Tobes Of Hades
II: Across The Styx
III: Of The Battle
a. Challenge And Defiance
b. 7/4 War Furor
c Aftermath
d. Hymn Of Triumph
IV: Epilogue"
05. Fly by Night (Peart/Lee) - 3:20
06. Making Memories (Peart/Lee/Lifeson) - 2:56
07. Rivendell (Peart/Lee) - 5:00
08. In the End (Lee/Lifeson) - 6:51

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indica-se o acesso a: http://letras.mus.br/rush/

Opinião do Blog:
Pense em uma banda que seja emblemática e fundamental para o Rock, com uma base fidelíssima de fãs e que permanece sendo influência marcante para um sem número de jovens grupos: este é o Rush. Mais que uma banda, o grupo canadense é uma verdadeira instituição do estilo.

Mais que isso, o Rush sempre esteve ancorado no talento extraordinário de seus músicos, os quais continuamente esbanjavam sua invejável técnica em prol de suas composições. Alex Lifeson, Geddy Lee e Neil Peart estão no Olimpo do Rock.

Fly By Night é apenas o segundo álbum de um grupo que teve, durante toda sua trajetória, e até hoje, a marca da inquietude. O Rush sempre buscou novas sonoridades e estilos musicais para fundir com sua excelente e inconfundível personalidade musical.

Portanto, no álbum aqui apresentado, a banda ainda possuía como base sonora o Hard Rock setentista, com uma também inegável influência do Led Zeppelin. Simultaneamente, a banda constrói, ao longo das oito canções, sua pegada e sonoridade exclusivas.

Até mesmo um ponto que causa um pouco de polêmica, ou seja, a voz de Geddy Lee, casa-se perfeitamente com a parte instrumental. E, na realidade, o Blog é incapaz de sequer imaginar outro vocalista para toda a carreira do Rush. Geddy é extremamente competente, também, como vocalista.

Como destaques temos a ótima "Best I Can", a tocante e sensível "Rivendell" e o clássico indiscutível "Fly By Night". Mas, para o Blog, "By-Tor & The Snow Dog" é a melhor composição do disco. Um pequeno embrião da sonoridade que tornaria o Rush conhecido em todo o mundo pouco tempo depois.

Concluindo, Fly By Night ainda não é o Rush clássico e que conquistaria todo o mundo anos depois em peças fundamentais como 2112 (1976) ou Moving Pictures (1981), por exemplo. Mas mesmo assim, a banda presenteia o ouvinte com ótimas composições e uma pegada Hard Rock com muita personalidade. Álbum excelente e altamente recomendado pelo Blog!

2 comentários:

  1. Já vi muitas listas do tipo "Do Pior para o Melhor" colocando "Fly By Night" entre os piores discos do Rush. Se, por um lado, é uma baita injustiça, por outro só reforça o crescimento que a banda teria ao longo dos seus discos até "Signals" - a partir deste o grupo estagnou um pouco, e só se recuperou nos anos 90. Este, para mim, é um daqueles discos que a maioria das bandas dos anos 70 teriam dado um braço e uma perna para lançar, de tão bom que é. E a capa é uma das mais lindas da história do rock, na minha opinião. A única música, para mim, que destoa do alto nível das demais, é "Best I Can" - já li em algum lugar que ela seria uma sobra do primeiro LP, mas não tenho mais informações. Você sabe alguma coisa a respeito, Daniel?

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    1. Assino embaixo do comentário, Marcello. Quanto a "Best I Can", já havia ouvido o mesmo comentário, mas nunca consegui confirmar...

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