26 de julho de 2011

DEEP PURPLE - IN ROCK (1970)



In Rock é o quarto álbum de estúdio da banda de Hard Rock inglesa chamada Deep Purple. Ele foi lançado oficialmente no dia 3 de Junho de 1970 e a produção ficou a cargo da própria banda. Foram utilizados os estúdios IBC, De Lane Lea e o famoso Abbey Road Studios, em Londres, na Inglaterra. As gravações ocorreram de agosto de 1969 a maio de 1970.

No início de 1969, o Deep Purple era formado pelo guitarrista Ritchie Blackmore, o tecladista Jon Lord, o baterista Ian Paice, o vocalista Rod Evans e o baixista Nick Simper. Com esta formação a banda gravou seus três primeiros álbuns de estúdio.

O Deep Purple excursionou bastante pelos Estados Unidos para promover os três primeiros álbuns que tiveram relativo sucesso por lá. No início de 1969 a banda volta para a Inglaterra e grava um single chamado “Emmaretta”, que teve seu nome baseado em Emmaretta Marks, que tomava parte em um musical chamado Hair e a quem o vocalista Rod Evans tentava seduzir.

“Emmaretta” foi a última gravação do Deep Purple a conter o vocalista Rod Evans e o baixista Nick Simper antes de suas demissões. Blackmore passa a procurar um novo vocalista e se interessa por Terry Reid, que havia rejeitado uma proposta do Led Zeppelin um ano antes. Mesmo considerando a proposta atraente, Reid estava mais focado no lançamento de sua carreira solo.

Então Blackmore voltou sua atenção para o vocalista da banda Episode Six, a qual havia lançando vários singles no Reino Unido, mas sem obter o sucesso desejado. O baterista do Episode Six era Mick Underwood, um velho amigo do guitarrista do Purple Ritchie Blackmore. Underwood apresentou ao Deep Purple o vocalista de sua banda. Seu nome era Ian Gillan.

Não apenas o vocalista do Episode Six despertou o interesse de Blackmore, mas também o baixista da banda, chamado Roger Glover. Os dois, então ingressam o Deep Purple e acabam por ‘matar’ o Episode Six.

Assim o Deep Purple passa a ter sua formação da seguinte forma: o guitarrista Ritchie Blackmore, o tecladista Jon Lord, o baterista Ian Paice, o baixista Roger Glover e o vocalista Ian Gillan. Esta formação é conhecida pelos fãs como MK II e foi a mais clássica da história da banda.

O próximo trabalho da banda com a nova formação foi o single “Hallelujah”, com pouca repercussão. O trabalho seguinte traria fama ao grupo, mas criaria certa polêmica. Concerto For Group And Orchestra, de 1969, foi uma obra em três atos composta por Jon Lord como um projeto solo, mas que a banda acabou topando em realiza-la com a Royal Philharmonic Orchestra, de Londres, com a condução de Malcolm Arnold. Ian Gillan escreveu as letras para o álbum.

Foi uma das primeiras ações de um grupo de rock trabalhando com uma orquestra. O lançamento deu publicidade para o Deep Purple, mas que acabou sendo conhecida como “a banda que tocou com a orquestra”. Isto deixou Gillan e Blackmore bastante insatisfeitos, pois eles desejavam direcionar a banda para um estilo calcado no Hard Rock.

Para reforçar isso, a banda lança o single “Black Night”, um grande sucesso que traz uma das faixas mais históricas da banda, presença obrigatória nos shows. “Black Night”, uma canção bem ao estilo Hard Rock desejado por Gillan e Blackmore, alcança a segunda posição na parada britânica de singles.

Para aproveitar o sucesso de “Black Night”, era a hora de se lançar um álbum forte o suficiente para projetar a banda. Havia chegado a hora de In Rock.

A arte da capa foi inspirada pela imagem do Monte Rushmore, perto de Keystone, em Dakota do Sul, nos Estados Unidos. Na capa, as faces dos presidentes norte-americanos foram substituídas pelas faces dos membros da banda com o acréscimo de uma, logicamente.

A sonoridade da banda é consideravelmente diferente daquela apresentada nos três primeiros trabalhos de estúdio. A começar pelo entrosamento entre os teclados de Jon Lord e a guitarra de Ritchie Blackmore. A seção rítmica também melhorou incrivelmente com a presença do ótimo Roger Glover, com seu estilo se adequando perfeitamente com o de Ian Paice. E, com todo respeito a Rod Evans, não há comparação entre ele e a atuação de Ian Gillan.

O órgão ‘distorcido’ de Jon Lord começa a atuar mais significativamente a partir de In Rock e o Deep Purple passa a construir uma identidade musical única, que a diferenciava das outras bandas da época.

A ótima “Speed King” abre o álbum, mostrando a fúria e o desejo da dupla Gillan e Blackmore de construírem uma sonoridade mais pesada. O riff é excepcional, a música é rápida e marcante, contando com um show de Gillan nos vocais.

A canção apresenta um ótimo exemplo de que improviso durante a gravação no estúdio pode sim ter um bom resultado. As letras foram escritas por Ian Gillan que as escreveu misturando algumas letras de músicas de Elvis Presley, Little Richard e Chuck Berry, conforme iam aparecendo em sua cabeça. A canção é uma grande homenagem aos pais do rock and roll.

Foi sempre presença marcante nos shows da banda com a formação MK II, especialmente no ‘bis’. Mas não esteve tão presente com outras formações da banda.

A segunda faixa do álbum é a também muito boa “Bloodsucker”. É outra faixa bem no estilo Hard Rock que o Deep Purple consagraria no decorrer dos anos setenta. No meio da música há uma ótima combinação entre Blackmore e Lord e os vocais de Gillan se apresentam em ótima sintonia com a faixa.

A terceira faixa do álbum é a épica “Child In Time”, canção com mais de dez minutos de duração. Uma das mais incríveis músicas da discografia do Deep Purple.

A inspiração para a parte musical da faixa veio de uma outra canção chamada “Bombay Calling”, de uma banda de rock psicodélico chamada It’s Beautiful Day. Certa vez Ian Gillan ouviu Jon Lord tocando esta música em seu órgão Hammond e Gillan disse que poderiam construir uma canção em torno daquela sonoridade.

Lord trabalhou nisto e, paralelamente, Blackmore foi criando uma nova sonoridade para a faixa a partir de sua guitarra. O guitarrista que quase sempre utilizava uma Fender Stratocaster, gravou a faixa com uma Gibson ES-335.

Liricamente, a inspiração de Ian Gillan foi a guerra fria e o momento sombrio que o mundo passava durante aqueles tempos da disputa entre Estados Unidos e União Soviética. Isso se reflete na faixa, com a parte mais calma sendo dominada pelos teclados de Lord e a voz quase sussurrante de Gillan que posteriormente evoluem para a dominância da guitarra de Blackmore com gritos angustiantes de Gillan. O solo é excepcional.

O guitarrista Ingwie Malmsteen fez um ótimo cover desta música. “Child In Time” foi presença marcante nos shows da fase inicial do Deep Purple, mas depois foi desaparecendo do set list, pois o avançar da idade de Ian Gillan aumentou consideravelmente a dificuldade de cantá-la ao vivo.

A faixa também foi trilha sonora de alguns documentários e filmes e a introdução de teclado de Jon Lord foi usada em diferentes oportunidades por diferentes músicos.

“Flight Of The Rat” é um hard rock com quase oito minutos de duração e possui um excelente riff de Blackmore. A música possui dois grandes solos, um executado por Lord e o outro por Blackmore, sendo ambos muito bons, com muito feeling. Era raramente tocada ao vivo.

“Into The Fire” possui um riff inicial muito marcante que acabe se estendendo por toda a música. A forma com que Ian Gillan canta a música combina de forma perfeita com a faixa, ficando de maneira contagiante. O solo de Blackmore é excelente, tocado de maneira mais lenta, esbanja feeling. Ótima faixa!

“Living Wreck” inicia com destaque para o ótimo baterista Ian Paice, tocando de maneira bem simples. A faixa foi lançada como lado B do single “Black Night” no Reino Unido e foi raramente tocada ao vivo. O refrão é cantado de maneira muito bonita, com sentimento.

Fecha o álbum a ótima “Hard Lovin’ Man”.  A canção se inicia com Roger Glover fazendo uma linha de baixo simples que é rapidamente marcada pelo riff furioso de Blackmore e pelos teclados de Lord. Nesta canção novamente Lord e Blackmore fazem seus solos separadamente. Inclusive, Lord considera este seu melhor solo nas gravações de estúdio do Deep Purple. Destaque para os vocais de Gillan, ótimos.

O álbum fez muito sucesso na Europa, alcançando a quarta posição na parada de sucessos britânica.

Após o lançamento do álbum, o Deep Purple começou uma extensa turnê para promove-lo, a “In Rock World Tour”, que duraria cerca de quinze meses. Relançamentos posteriores do álbum incluem “Black Night” como faixa adicional, lembrando que esta não estava inclusa no álbum original.

Formação:
Ian Gillan – Vocal
Ritchie Blackmore – Guitarra
Roger Glover – Baixo
Jon Lord – Teclado
Ian Paice – Bateria

Faixas:
01. Speed King (Gillan/Blackmore/Glover/Lord/Paice) - 5:49
02. Bloodsucker (Gillan/Blackmore/Glover/Lord/Paice) - 4:10
03. Child in Time (Gillan/Blackmore/Glover/Lord/Paice) - 10:14
04. Flight of the Rat (Gillan/Blackmore/Glover/Lord/Paice) - 7:51
05. Into the Fire (Gillan/Blackmore/Glover/Lord/Paice) - 3:28
06. Living Wreck (Gillan/Blackmore/Glover/Lord/Paice) - 4:27
07. Hard Lovin' Man (Gillan/Blackmore/Glover/Lord/Paice) - 7:11

Letras:
Para acesso ao conteúdo das letras, recomendamos o acesso a: http://letras.terra.com.br/deep-purple/

Opinião do Blog:
In Rock é o álbum do Deep Purple que apresentou ao mundo sua sonoridade mais característica, da forma como ficou conhecida mundialmente. O álbum é um dos pilares do Hard Rock moderno.

Das bandas antigas de Hard Rock e Heavy Metal, a marca registrada do Deep Purple eram os teclados de Jon Lord, sempre tocados com muita inspiração e ótima qualidade, notadamente se comparada aos contemporâneos do Black Sabbath e Led Zeppelin, que não possuíam teclados.

Também a forma como Ritchie Blackmore tocava sua guitarra influenciou muitos guitarristas que surgiram depois. Riffs velozes e precisos e solos muito inspirados, com muito sentimento, esbanjando feeling.

In Rock tem muito de tudo isto em faixas rápidas como “Speed king” e “Into The Fire”. Mas o grande clássico é inegavelmente “Child In Time”, para este blog, uma das melhores canções de todos os tempos, repleta de sentimento, mudanças de ritmos e uma interpretação vocal de Ian Gillan memorável.

Assim, In Rock é mais um álbum clássico extremamente recomendado pelo blog.

Vídeos Recomendados:

Child In Time


Speed King


Into The Fire


9 comentários:

  1. Deep Purple é de fato uma grande banda..formada por músicos exemplares,que sabem se expressar atravéz de suas músicas, que são tocadas e cantadas com muito sentimento,deixando-as assim mais emocionantes !
    Todas as músicas desse álbum são ótimas..."Child in Time" é uma das minhas preferidas; solos magníficos ! >.<

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  2. Também gosto demais desse álbum, ele é perfeito. Child In Time é magnífica, muito emocionante mesmo. Concordo com você, Karen.

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  3. Tirando o que foi feito em Concert for Group & Orchestra (1969) e os três álbuns anteriores, pode-se dizer que o verdadeiro começo para o Deep Purple (em termos de sonoridade) ocorreu neste excelente In Rock. O bem-sucedido single "Black Night" foi apenas um aperitivo para o que viria, mas foi neste álbum que a sonoridade da banda se definiu. Não há muito o que falar sobre as entradas dos mestres Ian Gillan (vocalista) e Roger Glover (baixista) na banda do polêmico guitarrista Ritchie Blackmore, o competente baterista Ian Paice e o genial/saudoso tecladista Jon Lord (formando assim a formação mais clássica do DP, conhecida como MK II) e sobre este álbum - primeiro de uma série de 7 lançados por esta formação (em décadas distintas). O que eu posso dizer aos que não conhecem o Deep Purple e que querem conhecer a banda, é que comecem com este álbum In Rock!

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    1. Ótimo comentário, Igor. Eu também não gosto muito do que o Purple fez antes do In Rock, mas a partir dele a banda fez discos fundamentais para a história do Rock. Abraço!

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    2. Pra mim, o Deep Purple é com a formação MK II. Sinceramente nunca gostei das outras formações da banda...

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    3. Eu não consigo achar defeitos na formação com David Coverdale e Glenn Hughes, dois monstros sagrados do Rock/Hard Rock setentista, e que gravaram Burn e Stormbringer, 2 álbuns incríveis. Mesmo o Purple com Tommy Bolin, um puta guitarrista, é muito bom. Mas gosto é gosto e eu respeito quem não admira essas formações, só não compreendo.

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  4. "In Rock" foi o disco que realmente apresentou o Deep Purple ao mundo - como ele deveria ser (nada contra a Mk I, cujo som é interessante, mas Rod Evans não estava à altura). Lembro-me de um amigo ter me emprestado uma fita cassete com "Flight of the Rat" ao vivo, que me deixou alucinado e me fez buscar o LP, já que ela não estava em nenhum dos discos do grupo que eu já tinha (só para descobrir que a tal versão ao vivo era meramente a de estúdio com palmas gravadas). Acho que Ian Gillan pagou o favor a Mick Underwood convidando-o para participar da Gillan - mas fico pensando se Nick Simper perdoou o baterista, porque eram amigos de longa data e Glover acabou pegando o emprego. Li que Simper ligou p*** da vida para Underwood reclamando de ter sido demitido... Mas ganhamos nós, porque Glover se ajustou perfeitamente ao Purple.

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    1. Eu até curto o Evans (gravei um vídeo sobre ele), mas o Gillan é incomparável. Escrevi este texto há 11 anos, e ainda bem que no vídeo para o meu canal eu teci comentários diferentes. In Rock é um dos grandes discos de todos os tempos.

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